[Notícias à Esquerda(por Leno Miranda): Como o governo Dilma é de coalizão¹ – assim como o de Lula - , fica claro que iria existir a disputa entre os que defendem uma intervenção maior do Estado, e os que defendem que o Mercado mande mais. E este embate no governo atual entre Estado e Mercado se da principalmente entre Mantega e Palocci, respectivamente.
Nunca fui um fã de Palocci – inclusive não acho que ele deveria estar na Casa Civil - , mas acreditava que por essas denuncias (com mania de grandeza), sobre a empresa dele, ele não deveria sair do governo – pois a mídia está dando um volume para a notícia que ela não tem. Só que fica evidente, cada vez mais, que o Ministro Chefe da Casa Civil é muito pró-mercado (vejam a entrevista abaixo de um ex ministro de FHC... reparem a confiança que ele tem no Palocci). E para quem defende um projeto de Esquerda cada vez mais consolidado no país, o interessante é que na disputa acima mencionada, o Estado leve vantagem.
Em decorrência disso, prefiro uma guinada à Esquerda cada vez maior.
(¹) A aliança – ou a coalizão – é feita não por que o PT deixou a ideologia de lado. Como há um balanceamento entre os poderes executivo e legislativo (e o judiciário também... mas nesse caso só me refiro aos dois poderes citados) – nenhum governa sozinho - se precisa ter maioria no Congresso para tocar suas pautas. Por causa disso a aliança é necessária. A não ser que se mude a legislação – e mesmo assim seria difícil de não se existirem alianças... política também é dialogar com o diferente.]
Nunca fui um fã de Palocci – inclusive não acho que ele deveria estar na Casa Civil - , mas acreditava que por essas denuncias (com mania de grandeza), sobre a empresa dele, ele não deveria sair do governo – pois a mídia está dando um volume para a notícia que ela não tem. Só que fica evidente, cada vez mais, que o Ministro Chefe da Casa Civil é muito pró-mercado (vejam a entrevista abaixo de um ex ministro de FHC... reparem a confiança que ele tem no Palocci). E para quem defende um projeto de Esquerda cada vez mais consolidado no país, o interessante é que na disputa acima mencionada, o Estado leve vantagem.
Em decorrência disso, prefiro uma guinada à Esquerda cada vez maior.
(¹) A aliança – ou a coalizão – é feita não por que o PT deixou a ideologia de lado. Como há um balanceamento entre os poderes executivo e legislativo (e o judiciário também... mas nesse caso só me refiro aos dois poderes citados) – nenhum governa sozinho - se precisa ter maioria no Congresso para tocar suas pautas. Por causa disso a aliança é necessária. A não ser que se mude a legislação – e mesmo assim seria difícil de não se existirem alianças... política também é dialogar com o diferente.]
Entrevista: política econômica põe governo Dilma à esquerda de Lula
[Postado na fonte dia 22 de Maio de 2011 - 17:33h]
Ex-ministro tucano, Luiz Carlos Mendonça de Barros, 68, traça diferenças entre Lula e Dilma. Conclui que a atual política econômica está mais à esquerda. Nesta entrevista, fala de inflação e sugere redução no crescimento.
Também advoga a implantação de quarentena para o capital externo.
Para Mendonça, as finanças vão ficar menos confiantes no governo se o ministro Antônio Palocci (Casa Civil) cair. Executor de boa parte da privatização nos anos FHC, avalia que o PSDB é hoje um partido mais medíocre. (Fonte: Folha de S.Paulo)
Folha - Quais são as diferenças ente Dilma e Lula?
Luiz Carlos Mendonça de Barros - A economia de Lula era continuidade da de FHC. Quando a inflação ameaçava subir, o BC aumentava juros. Está claro que Dilma mexeu nessa lógica. O pessoal da Unicamp passou a ter papel de formulador de política. O Banco Central de [Henrique] Meirelles tinha uma linha mais liberal, de gente do mercado financeiro. O BC de Dilma é formado por burocratas.
Existe uma visão de que o BC era sempre capturado pelas finanças.
Não era capturado. O BC reproduzia a leitura que o mercado financeiro tem da política econômica.
E agora não mais?
Não. Há diferença de comportamento. É muito difícil para um burocrata ir contra a hierarquia. Com Lula, havia um conflito entre BC e Fazenda. Quem ganhava era o BC. Houve uma inversão. A política econômica é conduzida por [Guido] Mantega. No sistema de metas, está se levando em consideração o custo para o crescimento. E usam outros instrumentos além dos juros, como as medidas macroprudenciais.
O mercado financeiro está insatisfeito?
Quer acreditar que não mudou nada. Está num período de grandes incertezas.
O mercado está sendo prejudicado?
Não, mas muda a forma de trabalhar. O mercado detesta mudança. O governo Dilma -e daí a importância da questão do Palocci- tem uma irracionalidade. Tem um lado que aparentemente é dominante e que tem uma leitura diferente da de Lula. E o Palocci é um sinal de que a racionalidade anterior não está abandonada.
O sr. acha que ele vai ficar?
Não sei. A Bolsa caiu, o dólar subiu. É porque tem uma insegurança latente. Se Palocci sair, vai ter um efeito importante sobre expectativas. Vai ficar menos confiante na política do governo. É importante mostrar que Dilma tem política diferente.
É mais à esquerda?
O pensamento econômico do governo Dilma é mais à esquerda do que na época de Lula. Tem uma ideia de intervenção mais forte do Estado. Com Lula havia um certo conflito. A macroeconomia era bem ortodoxa, mas o Estado intervinha. Com Dilma aumentou essa contradição.
Ela é mais ideológica. Não percebeu a herança maldita de Lula. O crescimento do consumo foi forte e não foi acompanhado pelo investimento produtivo. Entraremos num período em que a inflação vai cair porque tem deflação nas commodities.
O país pode se desamarrar do sistema de metas de inflação?
Não, porque é preciso uma referência. Sou a favor de um sistema de metas que leve o custo da convergência da inflação em consideração. Mas fazer isso agora é complicado. Bagunça as expectativas.
É preciso reduzir o crescimento agora?
Não há dúvida. O aspecto mais preocupante é o mercado de trabalho. No início de Lula o desemprego era de 12%. Hoje é de 6%. Isso faz uma diferença brutal.
Fonte: http://www.diap.org.br/index.php/noticias/agencia-diap/17135-entrevista-politica-economica-poe-governo-dilma-a-esquerda-de-lula
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