A desarticulação dos adversários protegeu o Palácio do Planalto de ter de enfrentar debates públicos sobre o assunto mais delicado dos cem primeiros dias de mandato de Dilma Rousseff, a inflação. Mesmo assim, governo reúne dados que reafirmam 'herança maldita' de Fernando Henrique para Lula e negam quadro semelhante de Lula para Dilma.
Por André Barrocal
BRASÍLIA – Com os adversários desarticulados - o ex-presidente Fernando Henrique causando polêmica ao pregar que oposição concentre-se na classe média, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) encrencando-se como motorista, os grupos do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e de José Serra lutando pelo controle tucano em São Paulo [grifo meu(Leno Miranda): só falta aqui criação do PSD, que está desmontando outros partidos] –, o governo Dilma Rousseff não precisou, até agora, enfrentar um debate político sobre o assunto mais delicado de seus cem dias de mandato, a alta da inflação. Mesmo assim, reuniu dados e preparou-se, caso a oposição consiga rearrumar-se e parta para o confronto.
As informações procuram mostrar como a transição do governo Fernando Henrique para o governo Lula foi mais problemática do que a de Lula para Dilma. E que buscam rechaçar tentativas de comparar a “herança maldita” que o ex-presidente Lula e o PT afirmam terem recebido, com uma “herança igualmente maldita” que teriam deixado para Dilma.
Para o governo atual, a política monetária do último ano de Fernando Henrique negligenciou a inflação, ao cortar ou manter os juros por dez meses, mesmo com o avanço dos preços no período. A taxa só subiu depois do primeiro turno da eleição de 2002, dificultando o trabalho da administração que se iniciaria em 2003. Já a gestão Lula aumentou o juro no mês seguinte àquele em que Dilma deixou de ser ministra para disputar a eleição. E repetiu a dose mais duas vezes antes do pleito.
A consequência, segundo os dados do governo aos quais Carta Maior teve acesso, é que a inflação encontrada por Dilma em janeiro foi de 7,8% ao ano, caso o índice de dezembro de 2010 seja anualizado. Lula administrou, nesta comparação, inflação que beirava 30%. De janeiro a março de 2011, os preços acumulam alta inferior à metade daquela combatida no mesmo período de 2003 por Lula, 2,4% e 5,4%, respectivamente.
Apesar do aumento da inflação no começo de 2011, a cesta básica ficou 1,9% mais barata. Em 2002, último ano de Fernando Henrique, a cesta básica disparou 32%. No derradeiro de Lula, galopou menos, 14% - e isso porque, diz o governo de hoje, a cotação mundial dos alimentos avançou acima de 70% no ano passado, ainda como efeito da crise financeira mundial de 2008; na média de 2003 a 2009, a cesta básica encareceu sempre abaixo da meta de inflação.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17724
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