quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Em meio a um possível anacronismo e uma “boa gestão”, Ilhéus se Reúne



*Por Leno Miranda

A cidade conhecida mundialmente pelos romances de Jorge Amado se encontra numa situação caótica. Os serviços públicos não funcionam bem, o servidores públicos municipais estão em greve exigindo melhores salários e, o prefeito Jabes Ribeiro diz que a prefeitura está falida. Curiosamente, este mesmo prefeito concedeu aumentos gigantescos para os cargos de confiança, sem sequer abrir as contas para provar o quanto poderia ou não gastar. Paralelo a estes fatos, o governo federal concedeu desonerações fiscais às empresas de transporte urbano no intuito de baratear as tarifas, porém o prefeito se omite desse debate, obrigando assim que juventude, organizada como o movimento de nome Reúne Ilhéus, protagonize a manifestação mais longa da história da cidade, acampados em frente a sede do governo – o apoio massivo da população a esses jovens é claro e evidente. A cidade está extremamente mal cuidada, dentre outras trapalhadas do poder executivo. E, para fechar, a reprovação de Jabes passa da casa dos 80 %.

Frente a todos esses problemas, comenta-se muito que isso talvez aconteça por que o prefeito tem como livro de cabeceira “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. Logo pensei que seria uma daquelas brincadeiras, com um tom de verdade, que se faz para alguns políticos. Fiquei relutante em acreditar. Não estou sendo contra a leitura de Maquiavel, a questão é outra. Este autor teve a coragem de apontar, de forma direta, ações que eram praticadas na política do momento – por volta do século XVI. É importante lembrar que o livro não foi feito para ser publicado – pois se assim o fosse, tenho minhas dúvidas se o conteúdo dos escritos seriam os mesmos . “O Principe” foram, dentre outras coisas, conselhos para Lorenzo de Médici, dando dicas de como se governar e se manter no poder. Por detrás desses conselhos, a intenção de Maquiavel era de que com os escritos chegando à mão de Médici, ele, Maquiavel, pudesse ser reconduzido à vida pública. Diante disso, esta obra se coloca como um clássico para a ciência política e é leitura obrigatória nessa área. Reafirmo: este livro não se resumia em “conselhos de como se governar” – pontuava também a unificação da Itália, trás uma noção de Estado, propõe dissociar a ética política da religiosa, dentre outras coisas que não são o foco principal do que se está sendo abordado.

A questão é que, diante das atitudes do prefeito – disseminar mentiras e o medo sobre o Reúne Ilhéus, bem como em relação aos servidores em greve para tentar enfraquecê-los, tomar posturas autoritárias e truculentas perante a estes, ser irredutível nos seus posicionamentos, etc – fica denotado que Jabes pode estar  cometendo um anacronismo – ou seja, querendo implementar, nos mesmos moldes, algumas ideias, que foram de um tempo autoritário, nos dias de hoje. Fato que para um acadêmico, que deve ter um certo acúmulo teórico (pelo menos se pressupõe), seria um tanto quanto embaraçoso. Por isso, torço para que essa afirmação sustentada por muitos não seja verdade. 

Não é que a consulta de certos teóricos não podem contribuir na atuação prática. Mas, consultar Maquiavel, para poder agir de forma parecida das como ele aconselha para governar – sendo que o mesmo não vivia e nem aponta o viés democrático – é no mínimo a prova que Jabes já perdeu o time da política e de que ele deve estar perdido no tempo e no espaço. 

Da mesma forma, torço para que ele mude de postura – fará bem para ele e, mais ainda, para a população. Jabes não é um político inexperiente. Ele precisa entender, como muitos prefeitos o fizeram – ou pelo menos tentaram demonstrar isso depois que as manifestações tomaram as ruas do país – que é um servidor público que tem como seus chefes o povo da cidade que governa. Ele deve ouvir a voz que vem das ruas, que não aceita mais falta de transparência, descaso, truculência, má gestão, descaso com os serviços públicos e o favorecimento indiscriminado ao empresariado – a exemplo do que acontece com o setor de transportes.

Esta brava juventude do Reúne Ilhéus já cravou este movimento na história. Elas e eles estão doando sua força e seus dias para lutar por políticas publicas que beneficiem de fato o povo de Ilhéus – completando hoje, dia 1º de agosto de 2013, 17 dias acampados à frente da prefeitura, o maior e mais longo protesto que Ilhéus já viu. Da mesma forma, Jabes Ribeiro tem seu nome cravado na história: como o gestor público que mais favoreceu ao empresariado do transporte municipal, dando direito a que este setor possa ter reajustes anuais por mais de duas décadas. O prefeito poderia aproveitar o momento para mudar a história que será contada em relação a ele: de também ser a pessoa que percebeu que se deve governar de fato para o povo, reduzir a tarifa de ônibus, acabar com os reajustes anuais para o setor, melhorar visivelmente os serviços públicos oferecidos à população e, conceder o tão esperado aumento para os servidores municipais. Caso contrário, suas gerações futuras carregarão para todo sempre este peso negativo nas costas.

Muitos devem estar se perguntando: eu entendi a crítica apontada em relação ao anacronismo, mas onde entra a “boa gestão” citada no título do texto? 

Com tudo que foi dito, fica nítido que a gestão municipal não esta ruim... ela está péssima! Porém, no governo atual, Jabes mantém uma coerência em relação as suas gestões passadas: favorecer uma minoria e deixar o povo à deriva. É neste sentido que aponto a “boa gestão”. Ela está “sendo boa” para quem ele sempre governou, mas não para o povo que é quem mais precisa. Inclusive, acredito eu, que o atual mandato dele não está servindo nem para benefício próprio, pois a reprovação beira os 100 %, o deixando quase como inimigo público número um.

Desta forma – não podia ser diferente do que aconteceu em Itabuna, onde o único voto contra o aumento das passagens no Conselho de Transporte foi nosso – o Diretório Central dos Estudantes da UESC, DCE Livre Carlos Marighella, reafirma o total apoio as pautas do Reúne Ilhéus, principalmente na luta pela redução da tarifa de ônibus para R$ 2,00; conclama a população ajudar ainda mais nesta luta que trará benefício a todas e todos ilheenses; bem como apoia a valorização do servidor público municipal nos seus diversos aspectos, inclusive no salarial. Esta luta é de todas e todos nós!!! Por isso, a região e o Brasil observam atentos os desdobramentos decorrentes da intransigência do então prefeito da terra de Gabriela . Tudo isso  faz com que Ilhéus se Reúna cada vez mais!!!

Há braços de luta!!!

(*) Leno Miranda é estudante de Ciências Sociais e atual Presidente do DCE da UESC

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A "vanguarda popular" da direita sai do armário

Leiam com atenção... apesar de um pouco extenso, é um ótimo mapeamento da direita e sua organização no Brasil. Vejam os nomes e constatem como eles têm o controle (ou estão no controle) da grande mídia. Não é sem sentido que a Judith falou que a oposição no Brasil é a imprensa!

O conservadorismo em ação
 

Alex Solnik: A vanguarda popular da direita sai do armário

publicado em 26 de dezembro de 2012 às 10:55
Detalhe de banner do Endireita Brasil (reprodução Viomundo)
20 de dezembro de 2012 – 15:13 | Home > Revista Brasileiros 62
Vanguarda popular: a direita sai do armário (com roupas de esquerda)
O que pretendem os jovens brasileiros de direita, liderados pelo Instituto Millenium
Alex Solnik, na revista Brasileiros, sugestão do Igor Felippe


É didático assistir à palestra de Helio Beltrão Filho postada no site do Instituto Mises Brasil, do qual é o presidente. Ele fala em perfeito inglês na sede do Mises americano, em Auburn, Alabama, mostrando entusiasmo e alegria. "Hoje é carnaval no meu País, o Brasil", diz ele, esbanjando simpatia. "Os brasileiros estão gozando do seu sagrado direito à felicidade… Eu digo no sentido bíblico…"
 
Risos discretos pontuam sua observação. O jovem Helio Beltrão Filho vai em frente: "Com toda a festa que ocorre hoje no meu País, escolhi estar aqui porque a minha festa é aqui".
Ele é a face mais visível e, ao mesmo tempo, menos assustadora da articulação de direita que grassa no Brasil desde 2005. Assustador é o brasão do Instituto Mises Brasil que lembra, por tudo, a TFP (Tradição, Família e Propriedade). O lema do instituto é "Propriedade, Liberdade e Paz".
 
O rosto do brasão é do "patrono" do instituto, o economista conservador austríaco de origem judaica Ludwig von Mises, de frente e de perfil. A imagem de perfil guarda uma profunda semelhança com o general Costa e Silva. Talvez seja uma menção proposital. Helio Beltrão, pai do jovem Helio, foi ministro dos presidentes Costa e Silva e João Figueiredo. Presidiu a Petrobras e foi acionista do Grupo Ultra. Com sua morte, as ações foram herdadas pelo filho.
 
O brasão é medieval, mas sua utilização é moderna. Ele aparece estampado em camisetas, bonés, chaveiros, moletons, adesivos, todos os tipos de acessórios familiares aos jovens. Até mesmo em shapes de skate. Acompanhado de frases como "Inimigo do Estado", "Privatização Total" e "Imposto é Roubo", o busto de Von Mises também aparece isolado em camisetas, fora do brasão. Talvez uma tentativa de transformá-lo em Che Guevara da direita. Todos os produtos são vendidos na loja virtual do instituto.
 
Guevara de Mickey Mouse
A direita se modernizou, essa é a verdade. ("E a esquerda ficou velha", comenta um amigo, guerrilheiro dos anos 1970). Helio Beltrão Filho é um importante articulador da aliança de direita no Brasil, mas não é o único a utilizar as mesmas armas da esquerda para outros fins.
 
O Movimento Endireitar, por exemplo, comercializa uma coleção de camisetas com nome muito sugestivo: Vanguarda Popular. Vanguarda Popular Revolucionária é o nome do grupo de guerrilha em que atuou, na juventude, a presidenta Dilma Rousseff. Faz parte da coleção de estampas uma montagem em que um Che Guevara aparvalhado aparece vestindo orelhas de Mickey Mouse. Em outros modelos, há inscrições como Enjoy Capitalism, grafada com as letras da Coca-Cola.
 
Há dezenas de blogs de direita explícita rolando na internet. Mas o mais importante deles é um portal que se chama Instituto Millenium. É um senhor portal. Perdão, ele não se assume de direita. Mas nem precisava se assumir. O flerte com a direita é explícito. Basta conhecer a lista dos institutos associados, OSCIPs ou ONGs criados depois do Millenium – Movimento Endireita Brasil, Mises Brasil, Instituto Ling, Instituto Liberal, Instituto Liberdade, Instituto de Estudos Empresariais…
 
Dez ao todo. Ou consultar a lista de livros indicados com destaque para Por que Virei à Direita, assinado por Luiz Felipe Pondé, João Pereira Coutinho e Denis Rosenfield. O curioso é que o contraponto a esse lançamento da Editora Três Estrelas (de propriedade do grupo Folha de S. Paulo) – A Esquerda que Não Teme Dizer seu Nome, de Vladimir Safatle da mesma editora – é tacitamente ignorado.
 
Por trás de um nome solene, Millenium, não poderia haver menos solenidade no organograma. Os dirigentes fazem parte do Conselho de Governança, há Câmaras de Doadores, de Mantenedores, o linguajar remete aos tempos dos Cavaleiros da Távola Redonda.
 
Pedro Bial é fundador
Mas não importa. O portal é grandioso. Não podia ser diferente, se dois de seus pilares são Roberto Civita e Grupo Abril e João Roberto Marinho, sem Rede Globo, porque os dois outros irmãos não estão no jogo. Roberto e João Roberto são mantenedores e integram o Conselho de Governança. Nomes de alta estirpe comandam a operação, como Jorge Gerdau Johannpeter, Armínio Fraga, Helio Beltrão Filho (novamente) e outros rostos conhecidos da TV também estão lá. Pedro Bial, por exemplo, é fundador e curador.
A lista de doadores traz uma surpresa: Leandro Narloch. Um nome familiar. Há muitas semanas frequenta a lista de best sellers da revista Veja, publicada pela Editora Abril, e cujo redator-chefe, Eurípedes Alcântara, integra com Antonio Carlos Pereira, chefe dos editorialistas do Estadão, o Conselho Editorial do Instituto Millenium. Há pouco tempo, o best seller de Narloch, Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, ganhou uma réplica de Luiz Felipe Pondé, que lançou o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. E também entrou na lista de best sellers da Veja.
 
Haja colaboradores!
Convém explicar que o Millenium é um portal de artigos e notícias (texto e vídeo) fornecidos por seus 450 colaboradores e especialistas. Você leu certo: 450. Ives Gandra Martins, Nelson Motta, Marcelo Madureira, José Padilha, Josué Gomes da Silva, Claudia Costin, Bolívar Lamounier, Reinaldo Azevedo, Eurípedes Alcântara, Roberto da Matta, Pedro Malan, Carlos Vereza, Luiz Felipe D'Ávila, Carlos Alberto Sardenberg, Demetrio Magnoli e Marco Antonio Villa, entre muitos outros. Nenhuma revista tem tantos. Nem a Veja. Nenhum jornal. Nem o Estadão, nem a Folha. Ninguém.
 
Amaury de Souza
Mas antes de ser portal, Millenium é um instituto sediado no Rio de Janeiro, que promove fóruns, simpósios e colóquios sobre os temas que mais lhe são gratos: a forma de diminuir o tamanho do Estado brasileiro e como preservar a liberdade de expressão que, segundo seus líderes, está ameaçada.
 
O interessante é que, quando a liberdade de expressão não foi apenas ameaçada, mas suprimida nos tempos da ditadura militar, esses mesmos paladinos da democracia não foram vistos nas trincheiras da liberdade de expressão. Muito ao contrário.
 
Presidente do Instituto Milleniun até 17 de agosto último, quando não resistiu a um câncer do pâncreas, aos 69 anos, o cientista político Amaury de Souza tem, em seu pomposo e elogiado currículo, passagem como professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (ECEME), o que leva a crer que ele e os militares dividiam, no mínimo, as mesmas convicções.
 
Tanto é verdade, que, em 1999, ele recebeu da Escola Superior de Guerra a Medalha do Mérito Marechal Cordeiro de Farias. Que serviços terá ele prestado à ditadura? Não foram pequenos, caso fossem não seria tão grande a honraria. Sua barba bem comportada jamais compareceu a algum protesto, nos anos 1960 e 1970, contra a censura à imprensa
.
Denúncia do Casseta
De 2005 para cá – enquanto vivo, claro – à frente do Millenium, Amaury de Souza organizou colóquios, simpósios e fóruns a dar com pau. Um deles, denominado Democracia e Liberdade de Expressão, em 24 de março de 2010, com a participação impagável de Reinaldo Azevedo e Marcelo Madureira. Esses encontros se resumem em cada um dos participantes listar o que há de pior no Estado brasileiro sob a batuta do PT.
Marcelo Madureira, que era conhecido até então apenas como humorista, fez uma denúncia sensacionalista: a democracia no Brasil estava em perigo. "Quero denunciar o seguinte: a sociedade brasileira é vítima de ataques à democracia! São ataques à democracia, como o mensalão é um ataque à democracia, a legislação eleitoral é um ataque à democracia. E a sociedade tem de reagir com firmeza a isso!".
 
"Eu sou de direita!"
Reinaldo Azevedo mal tinha saído das fraldas, fez 3 anos em 1964, muito cedo para entender o que estava acontecendo. Em 1968, completou o sétimo aniversário. Mas, em 1984, quando ele estava com 21 e todas as pessoas de bem do Brasil foram às ruas para derrubar a ditadura militar sem um tiro sequer, não sabemos onde Reinaldo Azevedo se encontrava. Nos palanques das Diretas Já não foi visto.
 
Hoje, no entanto, ele se acha em condições de dar aulas sobre democracia, como fez nesse fórum do Instituto Millenium, em que deblaterou sobre política e economia com a mesma falta de conhecimento: "Todos nos tornamos reféns de uma questão que se chama estabilidade econômica. A ditadura militar ruiu por conta da inflação e, enfim, a militância, etc. Mas por conta da inflação, que se estendeu Nova República adentro, de maneira dramática (…). Nós tínhamos um partido que passou vinte e tantos anos fazendo a guerra de valores, sabotando todas as tentativas de estabilização, as honestas e as atrapalhadas, de maneira que chega em 2002, o PT se elege, faz uma carta ao povo brasileiro e todos, especialmente os setores mais conservadores, fatias importantíssimas do empresariado: 'Ahhh, eles aderiram finalmente à economia de mercado, então vamos todos respirar aliviados. Finalmente, eles não vão querer fazer o socialismo'. (Levantando a voz, quase colérico.) A questão é se eles conseguiriam fazer se quisessem! (Mais calmo). Porque não conseguiriam! E por quê? Eles nos ofereceram estabilidade e, então, de algum modo, nós entregamos tudo a eles".
 
Reinaldo Azevedo continua: "Existe uma guerra em curso. O lado de cá, o lado de cá que eu digo é o lado da democracia…Marcelo Madureira disse: 'Eu sou PSDB'. Eu não sou! Sou de direita! O PSDB não é. É da direita democrática. Eu sou um liberal democrata, não sou um social democrata!".
 
O verme dos arrozais
No dia 20 de março de 2012, Arnaldo Jabor dá a sua contribuição ao Fórum Democracia e Liberdade de Expressão do mesmo Instituto Millenium: "Vamos falar claro: o Lula, apesar de bater cabeça pros dois lados, de bater uma no cravo e outra na ferradura, uma na caldeirinha e outra na cruz, ele manteve os bolchevistas, os jacobinos fora do poder de alguma maneira. Manteve certa cerca ao jacobinismo. Com seu temperamento conciliador, etc. E chega momento em que fica até repulsivo. Mas ele conseguiu isso. É um mérito real. Agora, o perigo é que… Eu conheço, como alguns aqui conhecem, como o Amaury (de Souza) conhece cabeça de comunista. Cabeça de comunista não muda, ela é feita de pedra, de granito, aquilo não muda. Fui do Partido Comunista, mudei, mas sou um caso raro… Sou um comunista autocrítico. Não aquelas autocríticas que eles faziam, extraordinárias… Eu me lembro de uma famosa do Lin Piao que começava assim: 'Eu sou um cão imperialista, eu sou um verme dos arrozais…".
Mas o que eles querem, afinal, com tudo isso? Qual é o objetivo? Derrubar o governo atual? Tomar o poder? Como? Talvez a melhor resposta seja a intervenção de Alberto Carlos Almeida no 5o Colóquio Impostos, Consumo e Cidadania no dia 24 de agosto de 2010, em que ensina a um pequeno grupo de formadores de opinião como convencer a população brasileira a exigir do Congresso Nacional a redução de impostos: "O que a população quer é redução de impostos de alimentos. Nós temos de mobilizar a sociedade brasileira e simplesmente dizer: vamos colher dez milhões de assinaturas para os congressistas votarem redução de impostos nos alimentos. Isso pode virar um rastilho de pólvora. Aí, precisaremos de alguns mecenas. Você vai falar para os empresários: 'Temos de reduzir impostos e vocês são mecenas'. 'Não, eu não vou contribuir porque tenho medo do governo.' Então, esqueçamos, vai cada um para sua casa sonegar impostos. O brasileiro é pragmático. Ele quer comprar mais. O brasileiro não tem doutrina contra o imposto, contra o governo. Tem de vender isso pra ele. 'Ah, você quer comprar mais? Então, assina aqui a favor da redução de impostos.' Pronto!".
 
O mundo da demagogia
Conselheiro de políticos, Alberto Carlos Almeida, a quem, aliás, Reinaldo Azevedo chama de "trapaceiro" e "plagiador", enquanto é taxado por ele de "ultradireitista", tem uma visão muito particular sobre democracia: "Democracia, por definição, é o mundo da demagogia! Ou você vai chegar na campanha e dizer: 'Olha, vou aumentar seus impostos. Por favor, vote em mim!'? Você tem de prometer reduzir imposto! Quando chegar lá, você vê o que vai fazer! É assim que funciona em qualquer lugar do mundo!".
 
Amparado em pesquisas, revela conhecer as entranhas do pensamento da classe média brasileira: "Funcionário público para a população brasileira se resume a três: policial, médico e professor. O resto que se dane! A população pensa assim. Porque é quem lida com ela".
Ele tem a fórmula para acender o pavio de sua revolução contra a grandiosidade do Estado: "A comunicação com o povo brasileiro é simples: 'Olha, vamos reduzir impostos, mas não vamos mexer em direito trabalhista e vamos impedir que aconteça greve de policial, médico e professor. Você me apoia?'. Ele vai dizer: 'Claro que apoio'. A comunicação tá pronta".
Por trás de tantas palavras, pesquisas e elucubrações de tantos luminares como Alberto Carlos Almeida – a maioria de barba bem aparada, geralmente grisalha e um estranho modo empolado de falar – há um projeto que pode ser sintetizado dessa forma. O que eles querem primeiro é "levantar" a população contra o Estado, convencê-la de que é muito grande e ineficaz, que o caminho para tal é diminuir impostos.
Cortar impostos, em última análise, equivale a dar menos dinheiro para o Estado petista. Com menos Estado, com menos impostos a serem recolhidos, o governo do PT fica fragilizado, perde sua base de sustentação, que são os pobres e, então, a direita poderá entrar com seu discurso nesse vácuo. E tentar o caminho das urnas. Será? Mas quem será seu líder?
 
Nêumanne: não sei de nada
Um paraibano alto, de cabeça grande, que fala grosso. Essa é uma descrição aproximada e sintética de José Nêumanne Pinto, cuja foto e nome constam da lista de colaboradores e especialistas do Instituto Millenium.
No café que marcamos em um bar do bairro de Higienópolis, na região central de São Paulo, ele nega conhecer o Instituto Millenium. A situação se inverte: ele pede que eu explique do que se trata.
"Mas sua foto está lá, com seu nome e seus artigos", tento argumentar. Ele alega pirataria. Ademais, não tem tempo para ler todos os blogs e portais que replicam seus artigos. Não são seus três empregos os responsáveis por lhe tomar tanto tempo.
Em um dia apenas, ele escreve um editorial para o Jornal da Tarde, grava um comentário político para a Rádio Jovem Pan e outro para o Jornal do SBT. Perde mais tempo, porém, com outras dores de cabeça. Ele tornou-se alvo, uma espécie de Geni, na qual os petistas já se acostumaram a jogar pedra. Claro que a resposta dos petistas é muitas vezes mais virulenta que seus comentários anti-Lula. (Em seu livro mais recente, O Que Sei de Lula, ele acusa o ex-presidente da República de ter delatado colegas na época do sindicato de São Bernardo do Campo.) Um deles começou a denunciá-lo sistematicamente por estupro.
 
"Pegamos o Nêumanne"
O que mais machucou Nêumanne, no entanto, foi saber, por meio de um amigo comum, que o ministro da Justiça José Eduardo Cardoso tinha comemorado a denúncia, antes de a Justiça considerá-la falsa e obrigar o Google a retirá-la, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia. "Pegamos o Nêumanne", teria comentado o ministro. Outra aporrinhação partiu de um sujeito que decidiu enviar ameaças de morte, via internet, para ele "parar de falar mal do Lula". Uma das mensagens mostrava um revólver apontado para o jornalista. O autor foi identificado, compareceu à delegacia, prestou depoimento e foi liberado.
Tento arrancar de Nêumanne alguma reação. Pergunto se não se incomoda em participar de uma orquestração de direita, mesmo sem se dar conta disso. Ele não dá a mínima, diz apenas: "Ah, eles me convidam de vez em quando para alguma conferência, mas nunca fui". Nêumanne admite, no entanto, conhecer o presidente do Instituto Millenium, Amaury de Souza. "Ele é meu amigo. E não é de direita." (Uma semana depois do nosso encontro, Amaury de Souza morreu.)
 
Tropa de elite
Outra foto e nome que estão lá e ninguém mandou tirar: José Padilha, o diretor de Tropa de Elite. Ele também não dá muita importância ao e-mail que lhe envio, pois o que recebo de volta é uma mensagem de sua assessora, Rafaela Panico, com o seguinte teor: "O José Padilha está em pré-produção com seu próximo filme no exterior. Ele está muito ocupado e não está podendo dar entrevistas nem por e-mail nesse momento. Peço desculpas e espero poder te ajudar em uma próxima oportunidade".
 
Quem diria: Bolívar Lamounier também aparece como colaborador e especialista do Instituto Millenium. Eu jamais o identificaria com o pensamento de direita. Mas ele é parceiro de Amaury de Souza no livro A Classe Média Brasileira: Ambições, Valores e Projetos. Bolívar mantém certa distância do Millenium, pero no mucho: "Eu participei uma vez ou duas de seminários deles. Não tenho participação regular e não sou articulista, mas não vejo motivos para criar arestas, só se houver um problema específico".
 
"Cuide dos seus comunistas"
No tempo em que bandeiras vermelhas da TFP saíam às ruas de São Paulo para combater as bandeiras vermelhas do comunismo – anos 1960, 70 –, jornalistas de esquerda predominavam nas redações. Um empresário reconhecidamente de direita, como Roberto Marinho, não deixava os militares prenderem "seus" comunistas para não desfalcar seu time. "Cuide dos seus comunistas que eu cuido dos meus", disse certa vez a um general de plantão no poder.
 
Os "comunistas" tinham fama de trabalhadores sérios, competentes e criativos. Dono de jornal, precisava vender jornal. Ainda que houvesse censura, imprensa precisava ser de "oposição".
Ninguém compra um jornal para ler elogios. O empresário não corria riscos de ver a ideologia de seu funcionário estampada nas páginas. Disso cuidava a censura. Do esquerdista, o empresário aproveitava o talento, a força de trabalho, o fato de ser "pau pra toda obra".
Era contraditório: a direita tinha ganhado a guerra pelo poder, mas a esquerda comandava as redações. A esquerda mandava tanto na imprensa, que um grupo de jornalistas do Pasquim conseguiu acabar com a carreira do mais famoso cantor da época, Wilson Simonal, acusado de ser dedo-duro da direita. Em uma ditadura de direita, a esquerda derrubou um artista de direita!
 
Diogos Mainardis
Mais adiante, anos depois, a situação se inverteu. A ditadura caiu, em 1985, graças ao empenho da esquerda, pois a direita ficou até a última hora ao lado da ditadura militar. Mas nas redações a situação se inverteu. A direita ocupou as posições da esquerda. Havia, em 2002, apenas um Diogo Mainardi – que saiu da Veja e entrou na Globo News. Agora, são dezenas.
 
Para ter um bom emprego, bem remunerado, numa publicação de grande porte, a senha agora é ser de direita. Mais precisamente: falar mal de Lula e do PT. Falar mal de Lula e do PT passou a significar espaço garantido nos grandes veículos de comunicação, com as devidas recompensas monetárias.
 
Os esquerdistas perderam seu encanto? Seu talento? Não. Com o advento da democracia e o fim da censura, manter esquerdistas tornou-se perigoso. Agora, eles podem esparramar sua ideologia nas páginas dos jornais e revistas. A censura acabou. Ao invés de vigiá-los, os patrões (de direita) preferem contratar profissionais de direita, que pensam como eles (os patrões). Devido a esse fenômeno, o pensamento de direita está disseminado em um número cada vez maior de veículos de comunicação no Brasil.
 
"Por que todo mundo tem de ser progressista?"
Não por acaso, ideias de direita estão de volta à circulação no Brasil. Seus principais propagadores são jovens, como Ricardo Salles, um advogado de 37 anos, de São Paulo, que em nada lembra, no trajar, um sujeito de direita. Mas é. Tanto é que o grupo que preside se chama Movimento Endireita Brasil. Em seis anos, desde 2006, ele conseguiu aglutinar 450 participantes ativos
.
Salles já foi candidato pelo PFL, hoje critica o DEM. Está filiado ao PSDB, mas não se entusiasma pelo partido. Participa das atividades do Instituto Millenium, mas gostaria que ele se assumisse como direita, assim como o Endireitar.
Numa rápida conversa que tivemos em seu escritório, ele disse, em resumo, o que pensa sobre as desigualdades sociais no Brasil: "Tem muita gente que é pobre porque não quer trabalhar! Tem muita gente que não vai pra frente na vida porque não quer se esforçar. Tem muita gente que comete o crime porque realmente não tem valores. Não tem nada a ver com problema social, que ela foi criada em favela".
Ideologia: "Por que todo mundo tem de ser de esquerda? Por que todo mundo tem de ser progressista? Por que todo mundo tem de ser pró-interferência do Estado na economia? Pró-Bolsa Família? Pró-BNDES?".
 
Lady Baginski
O discurso de Ricardo Salles, contrário a qualquer ditadura, até à militar, virou lugar comum entre os jovens direitistas brasileiros. E também a versão de que a ditadura de direita no Brasil foi um mal menor, estabelecida para evitar uma ditadura de esquerda que estaria sendo engendrada.
Talvez a mais excêntrica das jovens brasileiras de direita atualmente seja a advogada de Caxias do Sul de apenas 22 anos, muito bonita e ligeiramente punk. Usa piercing no lábio inferior.
Embora defenda a legalidade democrática, Cibele Bumbel Baginski ou Lady Baginski, como ela prefere ser chamada, decidiu, com seu grupo, em junho deste ano, relançar um partido que foi criado para apoiar a ditadura militar de 1964: Arena. Ela jura de pés juntos à Brasileiros que ditadura não é papo para ela, o nome é só um nome. No entanto, muita água ainda vai rolar debaixo da ponte até que sua Arena reúna os 500 mil votos necessários para disputar eleições em 2014, como ela e seu grupo planejam.
 
Nenhum partido, em uma democracia, é óbvio, vai declarar publicamente que pretende chegar ao poder pela força, e não pelo voto. É pelo voto. Hitler chegou ao poder pelo voto. A incógnita é como a direita vai agir depois de chegar ao poder pelo voto. O problema não é a direita entrar, é a direita sair. É uma hipótese bem difícil de acontecer, essa de a direita chegar ao poder pelo voto no Brasil.
 
Políticos experientes não se arriscam a fundar um partido de direita em um País com as desigualdades sociais do Brasil. Os partidos de direita sempre tiveram de esconder a palavra direita. Direita não dá voto. Qual é o discurso da direita para o povão? Para o trabalhador? Quando a direita foi a favor de aumentar salário de trabalhador?
A direita só tem discurso para a classe média e daí pra cima. A direita só terá sucesso eleitoral no Brasil quando a classe média tiver votos suficientes para elegê-la. Enquanto os pobres e os trabalhadores formarem a maioria dos brasileiros, a direita não terá vez nas urnas.
 
Direitas Já
Suponhamos, no entanto, que ela ganhe uma eleição presidencial. Governo da direita democrática. Como o governo de Lady Baginski vai reagir em caso de greve de trabalhadores? Como será seu diálogo com os índios? E com os sem-terra? E com os sindicatos? A direita no poder saberá negociar com o Congresso Nacional ou vai impor sua vontade pela força? E se o Congresso Nacional resolver peitar o governo de direita, o que poderá acontecer?
 
"O voto não vem em primeiro lugar", antecipa-se um dos participantes de um blog chamado Direitas Já, Renan Felipe, de 21 anos. Antes, é necessário conscientizar a população, o que o seu e outros dezenas de blogs de direita estão fazendo atualmente.
 
Tanto Lady Baginski quanto Renan Felipe estão nas águas da direita sem conhecer muito bem aquele que foi e é até hoje a expressão máxima desse caminho político, o abominável Adolf Hitler. "Ele tinha qualidades e defeitos como qualquer ser humano", arrisca La Baginski. "Li Mein Kampf, assim como muitos outros para trabalho escolar, superficialmente, como material de pesquisa. Sobre o autor da obra, diria que tem um estilo de escrita que não é extremamente cativante, apesar de objetivo nas suas ideias e, bem ou mal, acreditava no que dizia. Teve defeitos e qualidades, como todos os seres humanos. Como político, creio que cometeu erros crassos e deu vazão a consequências muito desagradáveis de se rememorar na história."
 
Falando à Brasileiros, Renan Felipe culpa a esquerda pela existência da direita: "Esse é um preconceito muito difundido no Brasil, que é o de associar nacional-socialismo ou fascismo com direita política. Tanto o nacional-socialismo quanto o fascismo nascem da esquerda política e se dirigem para o centro, mesclando elementos de nacionalismo e socialismo. Nunca li o livro de Adolf Hitler, apenas excertos, discursos e citações. De modo geral, as ideias nacional-socialistas são ruins porque mesclam tudo que não presta: socialismo, racismo e nacionalismo fanático".
 
A direita brasileira nunca esteve tão ativa intelectualmente como hoje. A direita brasileira nunca teve adeptos tão jovens como tem hoje. O que falta ainda à direita brasileira é um grande orador – parafraseando a epígrafe de Hitler aqui acima – capaz de ganhar a maioria dos brasileiros para a "causa".
 
SÓ NÃO VALE DAR TIRO NO BLOGUEIRO
Seu lema é: "Estamos chegando! A nova direita do Brasil!". Suas palavras de ordem são: "Deus é supremo… Comunismo é do demo!", "Vote no PT de novo para ele entrar mais fundo no rabo do povo", "Diga não à política narcótica vermelha". Sua mensagem, ele transmite em vídeo postado em seu blog, que faz referências ao Movimento Endireita Brasil. Ricardo Gama é bem diferente de outros direitistas, que falam para a classe média de forma tranquila e ponderada. Ele tenta ser entendido pelo povão, seu discurso é mais chulo e ditatorial: "Ahhh… As minhas razões e as minhas emoções pra fazer esse vídeo… É sobre o vídeo que eu fiz sobre o Sérgio Cabral e o Anthony Garotinho que postei agora no meu blog… Tão me metendo porrada… Dá mais porrada! Só não vale dar tiro no blogueiro!"
 
Gama fala mais: "Mermão, quando Garotinho foi governador do Rio, eu não morava aqui, eu morava em Minas. Hoje, eu tô no Rio de Janeiro. Você tá criticando Garotinho, você tá criticando Sérgio Cabral, tão dizendo que os dois… Critica, mermão, mas faz alguma coisa!". Mais ainda: "Mas olha só: não faz só no mundo virtual, não, faz no mundo real também. O governo do Anthony Garotinho já passou, agora tá no governo Sérgio Cabral, que tá essa zona toda e ninguém faz porra nenhuma!". Outro: "Ficam teclando na internet. Poucos têm coragem de dar as caras. Liberdade de expressão! Senta porrada no deputado Anthony Garotinho! Mas por quê? Quando ele era governador, nego não saiu na rua quando ele fez alguma coisa errada, claro que ele deve ter feito alguma coisa errada, ninguém é perfeito".
 
Gama continua: "Mas por que o povo não saiu na rua? Não quebrou a porra toda? Não se rebelou? Agora ficam criticando! Agora tá o Sérgio Cabral, roubando pra caralho, ninguém faz porra nenhuma! E aí o quê? Quando entrar o próximo governador…" Ele escreve mais: "Mermão, não fica só no protesto virtual… Dá as caras! Sai na rua! Se mobiliza! Reclama! Reclama com o atual, porque o passado não adianta mais, não". Outro post: "Em 2014, vai ter eleição. Preste atenção em quem você vai votar, mas reclama, mermão! Pode me usar. Pode me xingar. Pode me meter a porrada. Mas reclama! Digita aí mesmo. Mas vê se faz um favor: sai na rua!" Ainda: "A vida, mermão, não é só futebol, novela e mulher bonita na praia. 'Ah, eu não gosto de política'. Foda-se que você não gosta. Mas você é governado por políticos e a sua omissão tá fazendo o povo viver na merda! Eu sou Ricardo Gama. Um abraço. Aflora, meu irmão! Põe pra fora! Vamo dar um basta!".
 
QUEM É QUEM NO MILLENIUM
Um dos fundadores e curadores é o conhecido apresentador do BBB Brasil, da Rede Globo, Pedro Bial. Mas o Instituto Millenium é composto por:
Câmara de Fundadores e Doadores
Uma lista de 16 nomes, entre eles, os mais conhecidos são Guilherme Fiuza (jornalista), Gustavo Franco (ex-presidente do Banco Central no governo FHC), Helio Beltrão Filho (presidente do Mises Brasil e sócio e ex-presidente do Grupo Ultra), Paulo Guedes (economista) e Pedro Bial (apresentador do BBB, da TV Globo)
Câmara de Mantenedores
Alguns: Roberto Civita (presidente do Grupo Abril), João Roberto Marinho (um dos sócios da Rede Globo), Arminio Fraga (economista do governo FHC), Helio Beltrão Filho, Jorge Gerdau Johannpeter (presidente do Grupo Gerdau), Josué Gomes da Silva (filho de José Alencar, vice-presidente da República no governo Lula), Maristela Mafei (presidente da Máquina Public Relations), Nelson Sirotsky (presidente do Grupo RBS)
Câmara de Instituições
Confederação Nacional dos Jovens Empresários, Espírito Santo em Ação, Instituto Atlântico, Instituto de Cultura da Cidadania, Instituto de Estudos Empresariais, Instituto Liberal, Instituto Liberdade,
Instituto Ling, Instituto Mises Brasil e Movimento Endireita Brasil
Conselho de Governança
Presidente Amaury de Souza (morto em agosto passado), Antonio Carlos Pereira, Helio Beltrão Filho, João Roberto Marinho, Jorge Gerdau Johannpeter, Luiz Eduardo Vasconcelos, Roberto Civita, Paulo Guedes, Salim Mattar, William Ling e Pedro Henrique Mariani
Gestor do Fundo Patrimonial Armínio Fraga
Conselho Editorial
Antonio Carlos Pereira e Eurípedes Alcântara
Mantenedores e Parceiros
Abril, Gerdau, Localiza, Statoil (Grupo Líder), Suzano (Grupo Master), Instituto Ling, Mises Brasil (Grupo Associado), Thomsom Reuters, Maquina Public Relations, Grupo M&M, Grupo RBS, O Estado de S. Paulo
Doadores
Uma lista extensa, da qual constam João Roberto Marinho, Roberto Civita, Arminio Fraga, Josué Gomes da Silva, Leandro Narloch (o escritor best seller)
 
POR QUE NINGUÉM MATOU ESSE CARA?
"Não ignoro que é pela palavra muito mais do que por livros que se ganha os homens: todos os grandes movimentos que a História registrou ficaram a dever muito mais aos oradores do que aos escritores" Adolf Hitler, em Mein Kampf.
Fui ler, depois de velho (para esta reportagem) o tal do Mein Kampf, do canalha Adolf Hitler. Fiquei indignado. E recomendo a leitura para que todos percebam que esse foi o maior canalha da História.
 
O que ele escreve sobre os judeus é asqueroso. Não entendo como algum judeu alemão não o matou naqueles idos de 1924, quando ele escreveu esse lixo de ofensas. O maior gênio da humanidade, então, se chamava Albert Einstein, um judeu. E alemão. O maior gênio do cinema era outro judeu Charles Chaplin. Hitler, no entanto, afirma que os judeus "até parecem gente", "não tomam banho", "são covardes", e os insulta com um sem-número de impropérios que só podiam sair da boca de um covarde, sádico, imoral e genocida, cujo assassinato, então, poderia ter salvo milhões de vidas de pessoas maravilhosas.
 
Fonte: http://elinalvabastos.blogspot.com.br/2013/01/alex-solnik-vanguarda-popular-da.html

As sementes reacionárias

Redes sociais, livros e até novos partidos mobilizam os jovens conservadores. Mas o PSDB não representava a social-democracia?

por Willian Vieira, em CartaCapital

Ser de direita parece algum tipo de peste”, filosofa a gaúcha Cibele Baginski, líder do grupo de jovens responsável pela façanha simbólica de refundar a Aliança Renovadora Nacional, partido que deu apoio à ditadura e agora ressurge das cinzas, ao menos no nome e na ideologia. “Meu bom senso diz que estar nessa posição política pode ajudar mais as pessoas e tornar a sociedade melhor.”
Apesar de premiada com uma bolsa do ProUni (programa federal criado por Lula que ampliou o acesso à universidade), a estudante de direito de 23 anos e piercing no lábio prega a redução do Estado e a “abolição de quaisquer sistemas de cotas” ou “condições especiais” e se diz pronta a atender aos anseios de “muitas pessoas que estavam sem voz, como eu”.
De sua pena saíram as pérolas do estatuto e do programa impressos no Diário Oficial da União, como a “luta contra a comunização da sociedade” e o retorno das aulas de educação moral e cívica. “Creio que, ao permitir a divergência de opinião, a Arena vá trazer um novo horizonte para a democracia no País”, diz. Agora só faltam as 491 mil assinaturas para obter o registro partidário e poder disputar eleições.
Menos pela representatividade e mais pela escolha infeliz, a estudante surgiu como o retrato da nova direita. “É surpreendente fundar um partido com esse nome, já que a Arena foi formada por correligionários da UDN e do PSD que participaram da conspiração para depor João Goulart”, diz Lucia Grinsberg.
Ao pesquisar como a legenda serviu de “bode expiatório” para os ditadores, a professora da Unirio identificou uma rejeição histórica à marca. “As referências à Arena eram marcadas pelo deboche. Nenhum político queria se identificar com a Arena publicamente, porque sua memória está carregada de conteúdos negativos como o adesismo e a subordinação.”
Em 1979, por exemplo, quando o Diretório Nacional distribuiu um questionário, os poucos integrantes a responder sugeriram a troca de nome.
Mas o que está em jogo, além da diversão midiática, é a consolidação às claras de um neoconservadorismo nos moldes americanos, em boa medida revigorado pela juventude. Uma pesquisa do Datafolha de 2008 sustenta que 37% dos jovens brasileiros se declaram de direita (contra 35% da população em geral), enquanto 28% se dizem de esquerda.
Tal parcela, não representada por DEM e companhia, permite à nova direita se organizar eleitoralmente, com cartilha regida por valores político-econômicos e morais. No primeiro caso se enquadram os partidos que tentam se formalizar nos últimos anos, como o Federalista, o Libertários e o Novo, cuja maioria dos integrantes é de jovens interessados em livrar suas vidas da interferência estatal. Os federalistas defendem a descentralização administrativa; o Novo, o lema “gestão eficiente” do centro-direita europeu; e os anarcocapitalistas “libertários”, a privatização geral da existência.
Os valores morais são a bandeira de agremiações menores, que demandam a regulação dos “bons costumes” e colocam a nova Arena no chinelo. “Não conheço ninguém que leve a sério essa menina”, diz Arthur Quindos, ex-aluno de ciências sociais da USP e um dos fundadores da União Conservadora Cristã (UCC), criada in loco para se contrapor à “hegemonia da esquerda” no ensino de humanidades.
Pensadores conservadores como Edmund Burke e Russel Kirk forneceram as bases teóricas. Jesus completou a doutrina. E a UCC ganhou fama ao disputar o diretório central dos estudantes. Perdeu e, ao que parece, não deve sair dos muros da universidade.
Mais representativa é a posição do analista Marcelo Ribeiro, da Juventude do DEM. A despeito do pragmatismo do maior partido de direita (que não se admite assim, tanto que mudou de nome, de Partido da Frente Liberal para Democratas), seus jovens, imbuídos de liberalismo e conservadorismo anglo-saxões, querem uma direita pura, “o que se poderá em breve chamar, sem constrangimento, de direita política brasileira”.
E é a esquerda que alimentaria o fenômeno, diz Ribeiro. Seu vaticínio é apocalíptico. “Ausente de lastros familiares e valores saudáveis”, a esquerda despertará “uma reflexão política cada vez mais de direita nos jovens brasileiros”, criando uma demanda por instituições conservadoras e “vindo a formar uma geração de homens e mulheres, de direita, que estão prestes a participar do jogo político.”
É em sites, fóruns e redes sociais que essa nova direita se cristaliza. Caso do “Cons”, cujo estatuto demanda o “exercício da defesa do conservadorismo.” Para se associar, é preciso “assumir-se Conservador (a)”, defender o direito à vida “desde a sua concepção”, “os valores e costumes da família tradicional” e o cristianismo. Um texto de Ribeiro resume a ideologia. “Enquanto o nosso inimigo está a dizer: ‘Nunca antes na história deste país…’, nós alertamos: não há progresso sem fundamentos morais e preservação de valores como a vida, a propriedade e a fé.”
Claro, nesse vasto cenário há um espacinho para certa moderação. “Somos uma Juventude de Centro”, diz Alan Schoeninger, presidente do PSD Jovem em Santa Catarina. O partido mal fez um ano, mas seus jovens já saem à cata de adeptos e, apesar de não se declararem direitistas, elencam valores conservadores. “Defendemos a iniciativa e a propriedade privadas, a economia de mercado como o regime capaz de gerar riqueza e desenvolvimento”, afirma o rapaz de centro. “O brasileiro se mostra conservador, e com os jovens isso não é diferente.”
É a direita mais radical, porém, que cresce mais. Que o diga o pernambucano Antonio Silva, o Vulto da zona leste paulistana, ex-integrante do grupo skinhead Carecas do Subúrbio e hoje líder da Resistência Nacionalista, organização de extrema-direita nascida como “grupo de estudos” e hoje essencial às passeatas direitistas – tudo organizado de forma virtual. “A internet possui papel fundamental, uma vez que possibilita um estreitamento nos laços entre conservadores de diversos cantos do País.”
Seu site resistencianacionalista.com traz cartazes para download: um deles ovaciona Gustavo Barroso, líder da Ação Integralista Brasileira, nitidamente fascista. Há ainda um informativo com textos como “Metrossexual, Viadagem pós moderna!” e uma revista homônima, cujo editorial se declara “a voz da extrema direita nacionalista”, “mesmo que ela doa a muitos”.
Uma ideologia juvenil que grassa também nas redes sociais. Uma página chamada “Rota na USP” é emblemática. “Você é a favor da PM na USP? Está cansado dos criminosos piquetes e das manifestações violentas destruidoras do patrimônio público?”, diz a página – com link para a “Frente Estudantil Contra-Revolucionária!, que vê como “raio de luz a contra-revolução, baseada pelo professor católico Plínio Corrêa de Oliveira.”
Para Márcia Carneiro, estudiosa do integralismo brasileiro, ser de direita passou a ser atrativo ao jovem no momento em que a divulgação de tais mensagens nas redes sociais ganhou aspectos modernos. “Estar incluído em um grupo que acolha suas raivas, recalques e intolerâncias faz-lhes sentir confortáveis em um mundo que a abertura de oportunidades fere as suas arrogâncias.”Filhos de uma “velha classe média que se recusa a compartilhar os ganhos econômicos e sociais com a nova classe média”, esses jovens não teriam mais receio de se assumir como de direita. Antes, diante da negação do PT no governo, orgulham-se disso.
Mas a direita também lê em papel: são livros repletos de preconceitos e distorções históricas, comuns desde que o PT chegou ao poder com Lula, rapidamente resenhados nos redutos conservadores da mídia. Um expoente dessa literatura é Leandro Narloch, fenômeno de vendas com seus “guias politicamente incorretos” que vertem para o senso comum a história do Brasil e da América Latina. Teria ele encontrado um nicho carente na direita juventil? “Acho que sim, muita gente percebeu que os leitores estão cansados de lugares-comuns da esquerda”, diz.  A biblioteca virtual do “Cons” amplia a lista. Há desde livros do economista Rodrigo Constantino (de Privatize Já) ao Orvil da FAB; de Os Dez Princípios Conservadores, de Russel Kirk, a Rompendo o Silêncio, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. No hall de referências nativas há ainda “acadêmicos” como os filósofos Luis Pondé e Denis Rosenfield e os jornalistas Olavo de Carvalho e Reinaldo Azevedo. São as inspirações de Cibele e tantos outros jovens.
Se o estardalhaço em torno da nova Arena soa artificial, o pensamento por trás dela, não. “Seria preciso discutir o que a refundação de um partido criado por um regime ditatorial diz sobre a construção da memória da ditadura”, reflete a historiadora Samantha Quadrat, da UFF.
Em um país que anistiou torturadores, a memória coletiva escamoteou o fato de que a ditadura “tinha de fato o apoio de parcelas significativas da sociedade”, que ainda hoje se lembram com carinho do passado autoritário. A recuperação da sigla seria só um exemplo. A historiadora, que pesquisou a juventude pinochetista no Chile dos anos 1970, diz ser utópica a ideia de que todo jovem é progressista, em nenhum lugar do mundo. “Não era assim em 1968, não é assim hoje.”

Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/willian-vieira-as-sementes-reacionarias.html

Mello: 'faz de conta' do Congresso tem que terminar

Ministro do STF criticou deputados e senadores por descumprirem o prazo para redefinir rateio de fundo dos Estados e disse que o Legislativo só vai se firmar diante da sociedade quando agir com tempo e modo

3 de Janeiro de 2013 às 06:15

247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello criticou o Congresso por descumprir o prazo estabelecido pela corte para editar novos critérios para o rateio do FPE (Fundo de Participação dos Estados).
"O que tem que haver é o término dessa inapetência do Congresso. Ele só vai se firmar diante da sociedade quando agir com tempo e modo. O faz de conta em que ele atua tem que terminar. O Brasil não pode continuar a ser esse país de faz de conta", disse Marco Aurélio.
O FPE define detalhes dos repasses da União aos estados e Distrito Federal com base na arrecadação de tributos como o Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O Congresso tinha até o final de dezembro para cumprir a determinação dada em 2010 pelo Supremo para votar uma lei complementar que defina os novos critérios de distribuição.
Segundo o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), relator da proposta da nova divisão, os repasses devem continuar sendo feitos da mesma forma que já acontecem.
“Esse prazo acabou agora [votação]. Não tem jeito [...] A orientação do Tesouro, e que estamos admitindo, é manter o pagamento como está. Tem uma legislação, o STF disse que tem de mudar, mas o Congresso não quis mudar. A secretaria do Tesouro é pagadora. Ela vai manter isso. Se eu tivesse suspensão, seriam R$ 50 bilhões a menos no país inteiro”, disse.
O texto mantém os repasses atuais para 2013 e 2014, e determina que os recursos adicionais sejam repartidos levando em consideração os critérios de população e renda domiciliar per capita, com previsão de transição das regras a partir de 2015.

Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/89547/Mello-%27faz-de-conta%27-do-Congresso-tem-que-terminar.htm

Jornais espanhois noticiam que Chavez está vivendo com a ajuda de aparehos

:
Adán Chávez foi chamado a Havana pelas filhas do presidente da Venezuela; ele deve autorizar a separação de Chávez das máquinas que o mantêm vivo; inconsciente e com febre, líder se alimenta por sonda há vinte um dias, informam jornais espanhóis; teve cinco metros de intestino retirados; autoridades reconhecem estado "delicado"
3 de Janeiro de 2013 às 12:27
247 – As filhas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamaram a Havana, onde está internado, o irmão dele, Adán Chávez, para tomar a decisão de desligar os aparelhos que mantêm sua vida de modo artificial. Jornais espanhóis noticiam que Chávez passou as últimas horas desacordado e com febre. Ele teria se alimentado por sonda nos últimos 21 dias. A última operação a que ele se submeteu teve o objetivo de retirar cinco metros de intesino, em razão de uma metástase.
O vice-presidente Nicolás Maduro também esta em Havana, no hospital em que Chávez está internado, desde a semana passada. Na Venezuela, a população se reveza em vigílias mas já espera pela notícia da morte do presidente a qualquer momento. Ausência de Chávez deverá mudar fortemente o quadro político na América Latina.

Aos 10 anos do PT no poder, Falcão mapeia inimigos

Presidente do partido que completa uma década no Palácio do Planalto vê adversários instalados na mídia e no Judiciário; Rui Falcão aposta no 5º Congresso do PT, no meio do ano, para atualizar programa "à luz de erros e acertos desses dez anos"; eleições para todos os diretórios e abaixo-assinado por reforma política são as prioridades

3 de Janeiro de 2013 às 06:13

247 – O risco de uma crise institucional, a partir de uma posição de força do poder Judiciário frente ao Legislativo e, até mesmo, ao Executivo, está nas contas do presidente do PT, Rui Falcão, para 2013.
"Há um perigo muito grande de o Judiciário procurar assumir funções que não lhe competem e, inclusive, tentar se sobrepor à soberania que é do povo e não de algum dos três poderes", avaliou Falcão em entrevista coletiva durante a posse do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Ele refutou a avaliação de que PT sofreu um trauma em razão dos resultados do julgamento da Ação Penal 470. "Tivemos um grande ano em 2012, com uma expressiva grande vitória nas eleições municipais", desviou. Deu, porém, um sinal de autocrítica, disparando uma farpa na direção das demais legendas.  "Eventualmente temos enveredado por práticas que são correntes em outros partidos mas que o PT não deveria ter enveredado", afirmou.
Mas o tom de preocupação com o que virá pela frente ficou claro no diagnóstico feito sobre quem são, hoje, os maiores adversários do partido que completa dez anos na Presidência da República.
"Um dos nossos erros, talvez, foi não localizar imediatamente quem são nossos principais adversários", admitiu. "Há uma oposição extrapartidária localizada em grandes grupos econômicos que não se conformaram até hoje com as transformações que o país vem sofrendo e não querem abdicar de seus privilégios. Não quero nominar os grupos mas eles são fortes, muito fortes, estão presentes na nossa sociedade diariamente, fazem opinião".
Mesmo sem apoio da presidente Dilma Rousseff, o PT segundo Falcão, vai insistir na defesa de uma nova legislação para regular os meios de comunicação no País. "Para a imprensa o que nós queremos é mais liberdade de expressão", afirmou Falcão.

Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/poder/89476/Aos-10-anos-do-PT-no-poder-Falc%C3%A3o-mapeia-inimigos.htm

Wagner coordenará Dilma-2014 no Nordeste

3 de Janeiro de 2013 às 06:53

247 - Depois de alguns dias de descanso na base naval de Aratu, na Bahia, a presidente Dilma Rousseff se diz pronta para a batalha de 2014, já tendo definido o governador Jaques Wagner como um de seus coordenadores de campanha. É o que relata o colunista Claudio Humberto. Leia abaixo:
Com a saúde
em alta, Dilma faz
planos para 2014
Após refazer exames médicos de rotina, todos com resultado “dentro da normalidade”, segundo o médico Roberto Kalil, a presidenta Dilma Rousseff afirmou ao governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), que está “pronta para batalha” em 2014. Em encontro na base naval de Aratu (BA), onde passa o feriadão, Dilma disse a Wagner que está confiante sobre manter espaço político no Nordeste e avançar em SP.
Portas abertas
A aposta da presidenta é que a eleição do petista Fernando Haddad em São Paulo abra as portas para seu crescimento no estado em 2014.
Boa aceitação
Além das camadas mais pobres, onde o ex-presidente Lula é popular, Dilma acredita ter ganhado espaço entre as classes média e alta.
Retrospectiva
A presidenta avalia que o saldo do governo em 2012 “foi positivo” e vislumbra colher fruto de novos programas ainda este ano.
Coordenador oficial
Segundo lideranças partidárias, Dilma teria convidado o governador Jaques Wagner para coordenar sua campanha no Nordeste em 2014.

Aos 78%, Dilma encara um 2013 cheio de desafios

A presidente tem popularidade recorde, mas ainda precisa fazer a economia voltar a crescer, ampliar investimentos públicos e privados em infraestrutura e cumprir a promessa de resgatar 6 milhões de brasileiros da extrema pobreza; na relação com o Congresso, falta apaziguar conflitos na base e aprovar o próprio orçamento de 2013


3 de Janeiro de 2013 às 08:46

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff completou metade de seu mandato com 78% de popularidade, mas começa 2013 com o desafio de conter a desaceleração da economia, pôr em prática o pacote de melhorias na infraestrutura e logística, além de ampliar o alcance dos programas sociais para tirar cerca de 6 milhões de brasileiros da extrema pobreza.
Em 2012, o Brasil atingiu o menor índice de desemprego da história (1,7 milhão de postos de trabalho gerados até outubro) e cerca de 4 milhões desde o começo do governo Dilma. O fortalecimento do emprego e do mercado interno deverá ser mantido como estratégia do governo para continuar a enfrentar a crise financeira em 2013. Depois do crescimento de 2,7% em 2011,  a economia brasileira deve alcançar apenas 1% em 2012.
Ao longo do ano, a área econômica apostou em medidas de desoneração, tanto para o setor produtivo quanto para os consumidores, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), prorrogada mais de uma vez.
Na área de infraestrutura, no segundo semestre Dilma lançou um pacote de concessões para o setor de logística – com investimentos de R$ 133 bilhões em 15,7 mil quilômetros de rodovias e ferrovias,  para o setor elétrico – que vão resultar na redução de tarifas de energia para os consumidores. Também foram divulgadas medidas para a modernização de portos e aeroportos.
Além do pacote de concessões, em 2012, segundo números do governo, 38,5% das obras e ações de grande complexidade da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) foram concluídas, com R$ 272,7 bilhões executados até agora. No entanto, obras importante para o país, como as dos estádios para a Copa da Confederações e Copa do Mundo não foram concluídas no tempo previsto.
No combate à pobreza –  principal meta de seu governo, segundo palavras da própria presidenta – os números foram positivos em 2102, mas ainda restam 3,4% da população do país na extrema pobreza, cerca de R$ 6,5 milhões de brasileiros. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lançado no fim de dezembro, mostrou que a criação do Programa Brasil Carinhoso, um braço do Brasil sem Miséria voltado a crianças de até seis anos, alcançou bons resultados na retirada de brasileiros da faixa de extrema pobreza, principalmente nessa faixa etária.
O desafio da presidenta na área social para a próxima metade de seu mandato será manter o ritmo de ações e conseguir atingir todas as famílias em situação de vulnerabilidade social. Segundo o Ipea, se o Brasil Carinhoso tivesse sido implementado em 2011, a taxa de pobreza extrema poderia ter caído para 0,8% da população, muito abaixo dos 3,4% calculado pelo instituto.
No Congresso Nacional, depois de 2012 com relação delicada e pelo menos uma grande derrota, a primeira tarefa do governo será aprovar o Orçamento de 2013, que não foi votado no fim de dezembro e só irá a plenário dia 5 de fevereiro.
O clima político tenso em alguns momentos – com a abertura da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira e as convocações de ministros para depor em comissões – não chegou a prejudicar consideravelmente as votações de interesse do governo.
Na lista de projetos que passaram pelo Congresso, estão medidas provisórias como a que criou a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a que que tratou da renovação das concessões de empresas do setor elétrico e da redução em 20% na conta de luz, além dos os projetos de reajuste salarial do funcionalismo público federal, da distribuição dos royalties do petróleo, a Lei Geral da Copa, a reserva de cotas sociais e raciais nas universidades públicas e a extensão do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento e para a área da saúde.
A grande derrota foi o Código Florestal, que dividiu a base aliada e foi aprovado conforme interesses da bancada ruralista, contrariando a proposta defendida pelo Executivo e flexibilizando a legislação ambiental brasileira.

Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/poder/89561/Aos-78-Dilma-encara-um-2013-cheio-de-desafios.htm

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Os problemas do bolsa-família americano

A direita brasileira adora falar mal do Bolsa-Família.
Tenta fazer crer que é uma invenção do populismo e do assistencialismo tipicamente latino-americanos. Sempre vem com aquela conversa mole:
– Só no Brasil mesmo!
Viaja, mas não aprende.
Todo país com alguma seriedade e certo grau de riqueza tem Bolsa-Família.
A Europa desenvolvida tem diversas modalidades de ajuda social.
Nem a liberal Inglaterra escapa.
Os Estados Unidos, apesar da oposição ferrenha do direitismo republicano, seguem a mesma balada. Distribuem bolsa-família, enfrentam os efeitos perversos produzidos por esse mecanismo, convivem com a crítica fácil ao assistencialismo, não sabem como inserir os beneficiados no mundo do trabalho – pois falta emprego – e tocam em frente do jeito que dá.
Podiam aprender com o Brasil cujo modelo é mais avançado.
O modelo americano privilegia o analfabetismo em certos casos.
O brasileiro obriga a estar na escola.
A direita brasileira americanófila não conta essa parte.
Vai um artigo direitoso do New York Times, publicado pelo UOL, como presente de fim de ano para a turma que adora os leopardos desdentados de plantão na mídia nacional, os Pondé, Demétrio Magnoli, Marco Antônio Villa, Merval Pereira, Ricardo Noblat, Ferreira Gullar, Ricardo Setti, Lauro Jardim, Dora Krammer, Eliane Cantanhede e outros felinos que usaram as patinhas para publicar centenas de textos com ou sem marcas de presas, fazendo-se de autônomos por corresponderem plenamente à ideologia visionária dos seus patrões e aos interesses isentos dos seus veículos, sendo pisoteados o tempo todo pelo talento e a independência de Jânio de Freitas, Elio Gaspari, Clóvis Rossi, Carlos Heitor Cony, Paulo Henrique Amorim e até do eterno, barroco, permanente e irrefreável Mino Carta, um italiano casca grossa que tenta ser romancista em português com a leveza, a elegância, a sutileza e os passos de balé de um tigre aposentado.
A mídia brasileira é sempre a mesma. O promissor Alberto Dines, seguindo o refrão dos colegas mais experientes e acompanhando o tom dos patrões, logo depois do golpe de 1º de abril de 1964, atolando-se em elogios aos golpistas: “Golpe ou contragolpe? Minas marcha contra Goulart. Enfim, apareceu um homem para dar o primeiro passo. Este homem é o mais tranquilo, o mais sereno de todos os que estão na cena política. Magalhães Pinto, sem muitos arroubos, redimiu os brasileiros da pecha de impotentes”.
Só não era a origem do PIG por ser uma continuação do jornalismo lacerdinha.
Nada mudou.
Só o meu espírito de final de ano.
Feliz 2013!
*

Para continuar em programa de assistência a deficientes intelectuais, famílias carentes mantêm analfabetismo dos filhos nos EU

The New York Times Nicholas D. Kristof
Em Jackson, Kentucky (EUA
  • Jonathan Palmer/The New York Times Courtney Trent (dir.), da Save the Children, realiza visitas domiciliares a mães carentes nos EUA, com o  propósito de ajudá-las a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa de criar um filho. As visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idadeCourtney Trent (dir.), da Save the Children, realiza visitas domiciliares a mães carentes nos EUA, com o propósito de ajudá-las a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa de criar um filho. As visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idade
Às vezes, a cara da pobreza nos Estados Unidos se apresenta dessa forma: pais da região montanhosa dos Apalaches retirando seus filhos das aulas de alfabetização. As mães e os pais dessa parte do país temem que, caso seus filhos aprendam a ler, eles terão uma probabilidade menor de se qualificar para receber o cheque mensal entregue àqueles que têm algum tipo de deficiência intelectual.
Muitas das pessoas que moram em casas móveis nas encostas locais são pobres e desesperadas, e o cheque mensal no valor de US$ 698 por criança, pago pelo programa de Renda Previdenciária Suplementar, representa uma ajuda e tanto – e esses pagamentos continuam sendo enviados às famílias até que a criança complete 18 anos.
“As crianças são retiradas do programa de alfabetização porque os pais podem perder o cheque caso elas continuem”, disse Billie Oaks, que dirige um programa de alfabetização em Breathitt County, região pobre do Estado norte-americano do Kentucky. “É de partir o coração”.
É doloroso para um liberal admitir isso, mas os conservadores têm razão quando sugerem que a rede de proteção social norte-americana pode ocasionalmente aprisionar as pessoas em uma dependência avassaladora. Nossos programas de combate à pobreza resgatam muitas pessoas da miséria, mas, às vezes, produzem efeitos negativos.
Alguns jovens dessa região não servem as forças armadas (que representam a rota de fuga tradicional para os norte-americanos pobres e residentes em áreas rurais), pois é mais fácil contar com os vales-alimentação e os pagamentos relacionados a deficiências.
Os programas de combate à pobreza também desestimulam o casamento: em um programa como o como o Renda Previdenciária Suplementar, cujo critério básico repousa sobre as condições financeiras dos beneficiários, uma mãe que esteja criando seu filho pode receber uma quantia maior do governo se não se casar com aquele cara trabalhador de quem ela gosta. No entanto, o casamento é uma das melhores saídas para reduzir a pobreza. Nas casas mantidas por casais, apenas uma criança em 10 cresce na pobreza, enquanto que, nas casas mantidas apenas pela mãe, quase a metade das crianças cresce na pobreza.
Mais angustiante ainda são os pais que acreditam que é melhor que a criança permaneça analfabeta, pois, assim, a família conseguirá reivindicar um cheque-deficiência todos os meses.
“Uma das maneiras de entrar para esse programa é ter problemas na escola”, observa Richard V. Burkhauser, economista da Universidade de Cornell, um dos autores de um livro sobre os programas de subsídio a deficientes lançado no ano passado. “Se você vai bem na escola, você ameaça a renda dos pais. É um incentivo terrível”.
Aproximadamente quatro décadas atrás, a maior parte das crianças abrangidas pelo programa de Renda Previdenciária Suplementar tinha graves deficiências físicas ou retardo mental, condições que dificultavam que seus pais se mantivessem empregados. E elas perfaziam cerca de 1% de todas as crianças pobres dos EUA. Mas, atualmente, 55% das deficiências que o programa abrange são incapacidades intelectuais um tanto indefinidas, que não chegam a configurar retardo mental e para as quais o diagnóstico é menos claro. Mais de 1,2 milhão de crianças norte-americanas – um total de 8% de todas as crianças de baixa renda – estão atualmente inscritas no programa de Renda Previdenciária Suplementar como deficientes, o que gera um custo anual de mais de US$ 9 bilhões.
É claro que isso é um fardo para os contribuintes, mas pode ser ainda pior para as crianças cujas famílias têm um interesse enorme em seu fracasso escolar. Essas crianças podem não se recuperar nunca mais: um estudo de 2009 descobriu que, quando completam 18 anos, quase dois terços dessas crianças fazem a transição para o programa de Renda Previdenciária Suplementar para adultos deficientes. Elas podem nunca chegar a ter um emprego durante toda a vida e estão condenadas a uma existência de pobreza patrocinada pelo seguro-desemprego – e esse é o resultado de um programa destinado a combater a pobreza.
Não há dúvida de que, para algumas famílias que têm crianças com graves deficiências, receber os cheques do programa Renda Previdenciária Suplementar é vital. Mas a conclusão é que não deveríamos tentar combater a pobreza com um programa que, às vezes, é usado para perpetuá-la.
Uma funcionária do distrito escolar local, Melanie Stevens, explica a situação da seguinte maneira: “O maior desafio que enfrentamos no papel de educadores é descobrir como conseguiremos quebrar essa dependência do governo. Na segunda série, eles têm um sonho. Na sétima série, eles têm um plano”.
Sempre há o perigo de tirarmos conclusões inflexíveis demais a respeito de um problema – o combate à pobreza – que é tão complexo quanto os próprios seres humanos. Eu não sou especialista em pobreza doméstica. Mas, para mim, uma lição empírica que se pode tirar dessa questão é a seguinte: apesar de precisarmos de redes de seguridade social, o foco deve se voltar para a geração de oportunidades – e, o que é ainda mais difícil, para a criação de um ambiente que faça com que as pessoas aproveitem as oportunidades que lhes são apresentadas.
Para tentar descobrir o que isso pode significar, eu acompanhei o trabalho da Save the Children, uma organização de assistência que, na cabeça da maioria de nós, atua apenas em países como Sudão ou Somália. Mas a Save the Children também atua para criar oportunidades aqui nos Estados Unidos, em lugares como a casa móvel de Britny Hurley – e a organização oferece um modelo daquilo que realmente funciona.
Hurley, 19, é amável e fala rapidamente com um forte sotaque das colinas, de maneira que, às vezes, eu tinha dificuldade para entendê-la. Hurley diz que ela foi estuprada por um membro de sua família quando tinha 12 anos, e que, em seguida, outro membro da família a apresentou aos narcóticos. Hurley diz que ficou viciada principalmente em analgésicos, que são amplamente traficados na região.
Dotada de uma inteligência afiada, Hurley já quis ser médica. Mas seus vícios e sua natureza rebelde fizeram com que ela fosse expulsa da escola durante o ensino fundamental. E, aos 16 anos, ela se envolveu com um namorado e logo teve um bebê.
No entanto, existem formas de quebrar esse ciclo. Isso é o que a Save the Children está fazendo na região: a organização trabalha com as crianças enquanto elas ainda são maleáveis, numa abordagem que deve funcionar como peça central do programa de combate à pobreza dos EUA. Quando a questão é pobreza, a resposta quase sempre está nas crianças.
A Save the Children treina membros da comunidade para que façam visitas domiciliares a mães em situação de risco, como Hurley, e para que ajudem a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa mais difícil do mundo: a tarefa de criar um filho. Essas visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idade.
Acompanhei Courtney Trent, 22, que é uma das coordenadoras do programa para a primeira infância, em suas visitas a várias casas. Ela incentiva as mães (e os pais, caso eles estejam por perto) a ler para as crianças, a contar histórias, a conversar com elas e a abraçá-las. Se os pais não sabem ler, Trent os estimula a virar as páginas de livros ilustrados e falar sobre o que estão vendo.
Em cada visita, Trent leva alguns livros – e traz de volta aqueles que havia deixado em sua visita anterior. Muitas das casas visitadas por ela não possuem nenhum livro infantil.
Ela se sentou no chão da sala de estar de Hurley, tirou um livro de sua bolsa e incentivou-a a ler para seu filho de 20 meses, Landon. Hurley disse que, quando ela era criança, ninguém nunca leu para ela. E afirmou que está determinada a mudar esse padrão.
“Eu só quero que ele vá para a escola”, disse ela a respeito de Landon. “Eu quero que ele vá para a faculdade e que saia deste lugar”. Hurley disse que não está mais usando drogas e que está trabalhando em tempo integral em uma lanchonete fast food da rede Wendy’s. Além disso, ela espera voltar para a escola e se formar enfermeira. Eu apostaria nela – e em Landon.
“Quando as crianças vêm até nós por meio desse programa e frequentam nossa escola, conseguimos perceber uma grande diferença”, disse Ron Combs, diretor da escola primária Lyndon B. Johnson, também localizada na região dos Apalaches. “Dessa forma, elas ficam realmente preparadas. Caso contrário, as crianças ficam tão atrasadas que têm dificuldade para se recuperar depois”.
“Quando elas estão no segundo ou no terceiro ano do ensino básico, já dá para ter uma boa ideia de quem vai abandonar a escola”, acrescentou ele.
Um grupo de professores estava na sala enquanto eu conversava com Combs, e todos eles concordaram com as afirmações do diretor. Wayne Sizemore, diretor de educação especial em Breathitt County, explica a situação dessa forma: “Quanto mais cedo nós conseguirmos atraí-los, melhor. É como construir o alicerce de uma casa”.
Eu não pretendo sugerir que os programas de combate à pobreza dos EUA são um fracasso total. Pelo contrário, eles estão fazendo uma diferença significativa. Hoje, quase todas as casas aqui da região montanhosa dos Apalaches têm energia elétrica e água corrente, e as pessoas não estão morrendo de fome.
O nosso sistema político criou uma rede de seguridade social especialmente sólida para os idosos, com foco na Previdência Social e no Medicare, pois os idosos votam. Essa rede de seguridade social fez baixar a taxa de pobreza entre os idosos de aproximadamente 35% em 1959 para menos de 9% hoje em dia.
Como as crianças não têm voz política, elas têm sido negligenciadas – e substituíram os idosos como o grupo etário mais pobre de nosso país. Hoje, 22% das crianças vivem abaixo da linha da pobreza.
Entre as famílias norte-americanas que hoje vivem na pobreza, oito de cada 10 têm ar condicionado e a maioria tem máquina de lavar e secadora. Quase todas as famílias têm fornos de micro-ondas. O que elas não têm é esperança. Dá para perceber isso aqui na cidade de Jackson, nas adolescentes que circulam pela ponte localizada sobre a bifurcação norte do rio Kentucky. Nesse local, elas tentam negociar seus corpos em troca de analgésicos ou metanfetaminas.
Um crescente conjunto de pesquisas realizadas com bastante rigor sugere que a estratégia mais eficaz para evitar esse tipo de situação é trabalhar desde cedo com as crianças e investir em sua educação – além de tentar estimular e apoiar o casamento. Aplausos ao prefeito Juliano Castro, de San Antonio, por ele ter apoiado uma iniciativa que se tornou referência: Castro determinou a adição de um oitavo de 1% ao imposto de consumo local para financiar um programa de pré-jardim de infância. Intervenções precoces não são uma bala de prata, e até mesmo programas que se mostram bem-sucedidos durante fases experimentais muitas vezes não funcionam quando ampliados para públicos maiores. Mas nós acabamos pagando pela pobreza de uma maneira ou de outra, e a educação precoce, adotada já na primeira infância, é muito mais barata do que o encarceramento de adultos. Eu espero que as negociações orçamentárias realizadas em Washington sejam capazes de nos oferecer uma oportunidade para retirar dinheiro do programa de Renda Previdenciária Suplementar e, em vez disso, investir em iniciativas de educação infantil. Uma das razões pelas quais as iniciativas anti-pobreza não avançam nos EUA é o fato de a questão ser simplesmente invisível.
“As pessoas não querem falar sobre a pobreza na América”, disse Mark Shriver, que gerencia os programas nacionais da Save the Children, enquanto percorríamos o estado do Kentucky. “Falamos mais sobre a pobreza na África do que sobre a pobreza na América”.
Na verdade, durante a campanha eleitoral de 2012, a questão da pobreza quase não foi mencionada. Um estudo realizado pela Fairness & Accuracy in Reporting, órgão de fiscalização liberal, conseguiu detectar discussões sérias a respeito da pobreza em apenas 0,2% das notícias de campanha.
Não existe uma solução mágica para a questão, e ajudar as pessoas é difícil. Uma mulher que conheci, Anastasia McCormick, me disse que seu carro de US$ 500 havia quebrado e que ela tinha de caminhar mais de 6 km para ir e voltar do trabalho em uma pizzaria. E essas caminhadas vão ficar cada vez mais difíceis, pois ela está grávida de gêmeos que devem nascer em abril.
Em algum momento da gravidez, McCormick não será capaz de manter seu emprego e, então, terá dificuldade para pagar suas contas. Ela alugou uma máquina de lavar roupa e uma secadora, mas está com os pagamentos atrasados e, por isso, os aparelhos poderão ser retirados de sua casa em breve. “Eu recebi um aviso de que eles vão cortar o fornecimento de energia elétrica para a minha casa”, acrescentou ele, “mas, quando isso acontece, eles dão um mês para que a gente pague a conta”. A vida dela é assim, uma montanha-russa que foi construída, em parte, por ela mesma.
Eu não quero descartar ninguém, mas admito que os esforços para ajudar McCormick podem ter um resultado não muito claro. E quanto aos gêmeos que ela está esperando? Há tempo para transformar a vida deles, e eles – assim como milhões de crianças como eles – devem ser uma prioridade nacional. Eles são pequenos demais para fracassar.

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=3707