domingo, 20 de novembro de 2011

A HISTÓRIA NOS CHAMA... (Carta aos Estudantes da UESC)

Estamos vivendo em nossa Universidade um daqueles períodos históricos que são divisores de águas. É um período em que a realidade e a história nos fazem um convite muito importante: avaliar como está sendo conduzida a nossa Universidade e decidir sobre o seu futuro, que acaba sendo também o nosso. A tarefa que está a nossa frente não é difícil: escolher entre se conformar com o que está posto ou optar pela MUDANÇA.

Quanto à primeira opção, se lembrarmos da condução da UESC nos últimos tempos – com o atual reitor viajando, e cuidando da ABRUEM, muito mais do que da UESC – veremos que a vice-reitora e candidata da atual gestão, teve reais condições de melhorar as políticas voltadas para o corpo estudantil, mas não foi isso que ocorreu. Ou seja, ela tem um histórico de gestão administrativa na UESC, que não se resume aos últimos quatro anos, e a Universidade continua sem uma política séria de Permanência Estudantil, sem Creche, sem Residência Universitária, sem posto de saúde, e com o Restaurante Universitário (RU) sem uma estrutura nutricional (comida de péssima qualidade e cardápio repetitivo) e estrutura física também inadequada (é apertado, está cheio de infiltrações e goteiras).

Já a segunda opção, da RENOVAÇÃO COM MUDANÇA, com Valter como reitor e Mayana como vice, apresenta-se com total atenção voltada para as reivindicações do corpo estudantil. Observando a real importância da permanência e do bom desempenho dos discentes, a chapa da RENOVAÇÃO propõe uma política séria e bem definida de Permanência Estudantil. O exemplo disso é o compromisso para a criação de uma Pró-reitoria específica, para que se tenha maior poder e autonomia nessas ações – a “Pró-reitoria de Assuntos Estudantis”. Essa mesma chapa também aponta para a solução das demandas que sempre foram cobradas por nós, mas nunca atendidas: a CRIAÇÃO DE UMA RUBRICA PRÓPRIA (uma verba específica, que só pode ser gasta com este fim) para a implementação dessas políticas de permanência; a criação de Creche; implementação de uma Residência Universitária; criação de Posto de Saúde. A melhoria e ampliação dos serviços (inclusive o aumento dos almoços subsidiados) do Restaurante, bem como a ampliação e o reajuste do valor das bolsas também estão contemplados no projeto de RENOVAÇÃO E MUDANÇA.

Reafirmando: não somos contra os almoços subsidiados! O que não concordamos é com a utilização – de forma ELEITOREIRA E OPORTUNISTA – de um ganho da greve para TENTAR PROMOVER A CANDIDATA DA REITORIA, e para PROMOVER O ATUAL REITOR, QUE É CANDIDATO A PREFEITO DE ILHÉUS. Também queremos um RU que possa atender a comunidade com uma boa estrutura física, com alimentação de qualidade e que mais almoços possam ser subsidiados.

Observado o quadro em que estamos inseridos e a clara opção de MUDANÇA E RENOVAÇÃO que deve ser feita, cabe levantar alguns aspectos. Não existe espaço vazio na política! Se nos ausentamos de um processo como este, os espaços serão ocupados por pessoas que vão querer fazer o que bem quiser deles e, com isso, continuaremos governados por pessoas que priorizam poucos ao invés de atender as demandas de um todo.

A UESC não vai se resumir a essa eleição, mas o resultado dela vai perdurar por quatro anos. E, o momento de mostrarmos que queremos uma Universidade pública, realmente democrática, que governe para todos e com transparência na gestão, é agora. Por isso, é muito importante que atendamos a esse chamado que a história nos faz, participando efetivamente dessa eleição e manifestando nossa opinião de forma massiva nas urnas pela RENOVAÇÃO, no dia 30/11, optando por Valter como Reitor e Mayana como Vice-Reitora.

Coletivo 13 de maio assina esse texto.

Esse é o Restaurante Universitário que queremos para UESC?

Se o restaurante Universitário da UESC já não tinha estrutura para atender a comunidade acadêmica, agora depois da implementação dos 400 almoços, em boca de eleição, a estrutura (física e alimentícia) que já era ruim, ficou pior. Até interditaram a parte superior do Restaurante.
Esse é o Restaurante Universitário que queremos? Ou essas práticas são eleitoreiras mesmo, para tentar beneficiar a chapa da atual gestão (CHAPA 1), e Joaquim, candidato a prefeito de Ilhéus?
Vamos abrir o olho!

[Fotos tiradas uma semana após a implementação dos almoços subsidiados(a 1ª e 2ª fotos são das fezes do passarinho que está na 3ª foto)]








Fonte: http://rumasemnoticias.blogspot.com/2011/11/esse-e-o-restaurante-universitario-que.html

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Divisões no Movimento Estudantil da USP e desdobramentos atuais

Dividido em tribos, movimento estudantil enfrenta radicalismos

O coro “Ocupa! Ocupa!” contrapunha-se ao “Senta!Senta”, que tentava amainar o ímpeto de ocupação, na Assembleia Geral dos estudantes da USP do dia 1º de novembro, que decidiu encerrar a ocupação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e terminou com um grupo de alunos na reitoria da Universidade. Os gritos de guerra refletiam os sentimentos conflitantes entre os participantes do fórum, com aproximadamente mil pessoas. E que, quase uma semana depois, ainda fornece pistas sobre o complexo mosaico que é a maior universidade do país.

No dia 27 de outubro, a autuação de três estudantes da FFLCH por consumo de maconha iniciou um movimento de protestos contra a Polícia Militar na faculdade e, depois de uso de força de ambas as partes, a ocupação da administração da própria faculdade. No dia 1º, o movimento se mudou para a Administração Central. Na manha desta terça-feira 8 a Tropa de Choque da Polícia Militar entrou na universidade e executou a reintegração de posse decretada pela Justiça, desocupando o prédio e prendendo cerca de 70 estudantes.

Dos cerca de 89 mil alunos, a grande maioria divide seu tempo entre estudos, estágio e cursos de línguas. A despolitização é geral, ao contrário do que sugere a imagem do “estudante da USP” estereotipado nas últimas semanas. Dentre os ativos no movimento estudantil, há tanto uma minoria afeita a gestos radicais, como é o caso dos três grupos que encampam a ocupação na reitoria, estudantes ditos “independentes”, cuja atuação ocorre sobretudo nos diversos centros acadêmicos das unidades, e militantes de partidos de alguma imersão na política “real”, mas tidos na sociedade como grupos de extrema-esquerda – entre eles, PSOL e PSTU são os mais expressivos.

A decisão de ocupar o prédio administrativo da reitoria no dia 1º criou uma polêmica sobre a validade ou não do ato. Isso porque a mesa da assembleia já havia decretado seu fim quando um grupo composto sobretudo de membros dos Movimentos Negação da Negação (MNN), LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária – Quara Internacional) e Partido da Causa Operária (PCO) decidiram pela ocupação. Ao mesmo tempo, alguns alunos dizem que a mesa da Assembleia do dia 1º, que culminou com o ato, foi alvo de manobra.

Esse enfrentamento entre forças do próprio movimento estudantil é permeado pela questão da Polícia Militar no Campus e pela legalização da maconha. Nesse quesito, a divergência ocorre com a ala mais à direita, menos organizada em relação a movimentos e partidos, mas que soube preparar um protesto de cerca de 300 pessoas pedindo a presença da Polícia na terça-feira 1º – e que tem tido vertiginoso crescimento nos últimos anos.

O sociólogo Carlos Henrique Metidieri Menegozzo, especialista em movimento estudantil, tenta explicar o surgimento de tantas divergências no mesmo ambiente. “A Universidade deixou de ser um espaço de convívio e de troca de experiência”, afirma. Segundo ele, um dos fatores é que, ao longo das últimas décadas, o ensino tornou-se mais técnico, houve uma desvalorização progressiva de cursos de áreas mais filosóficas e a comunidade universitária tornou-se diluída, fragmentada. Isso se reflete na sociabilidade dos estudantes. “O processo hoje é de formação de guetos dentro da universidade”, diz. “São diversas tribos unversitárias, que se diferenciam culturalmente, criando um problema de diálogo”, aponta.

No Facebook, trava-se outra batalha entre as diversas facções dos estudantes. Um cartaz com 1527 compartilhamentos circulava pela rede intitulada “Dois tipos de alunos da USP” com fotos dos protestos a favor da PM e os dizeres “O primeiro tipo estuda, trabalha, defende a lei, quer segurança na USP, agem democraticamente e não têm medo de mostrar seus rostos (sic)” e fotos dos alunos da ocupação e a frase “O segundo tipo de alunos raramente estuda, não trabalham, desrespeitam a lei, defendem traficantes, impõem sua vontade de maneira não democrática e escondem seus rostos da mesma forma que os criminosos (sic)”. Outro, dizia “Eu não fumo maconha e sou contra a PM no Campus”.

Além da fragmentação e falta de diálogo, existe também a emergência de movimentos radicais para os dois extremos. São processos distintos, explica Menegozzo. Os da esquerda, na definição sociológica, são em parte resultantes de uma ideologia do descondicionamento de classe, “surgida quando o estudante é desobrigado de criar condições para seu próprio sustento”. Nesse caso, o estudante universitário, em sua maior parte de classe média e relativamente dependente dos pais, tem a impressão de que pode tudo.

“O aluno imagina que pode assumir um comportamento político desligado de condições materiais e de interesses de sua classe origem”, comenta o especialista. Essa ideologia, diz, é a base da construção de políticas muito extremadas, que não conseguem perceber certas limitações objetivas impostas ao avanço de suas lutas.

Já a direita, segundo Menegozzo, é reflexo da expressão de um movimento da classe média de maneira geral e que influencia o comportamento estudantil. “Com o governo Lula, há uma mudança no posicionamento das classes”, afirma. Enquanto segmentos da classe trabalhadora ascenderam a um status de classe média (a “Classe C”) e a classe rica foi favorecida pelas políticas econômicas, a “velha” classe média teve uma sensação relativa de perda de status e poder. O crescimento do pensamento conservador neste setor foi, portanto, uma reação a esse sentimento de “queda”. O movimento estudantil reproduz essa polarização, afirma o especialista. São exemplos disso as declarações contra as cotas raciais para o ensino superior, os movimentos contra nordestinos, entre outros.

Outro ponto destacado pelo pesquisador é a falta de diálogo entre a reitoria e os alunos. “O fato de a instituição estar fechada para o debate leva a uma certa polarização de posições”, comenta. Na mesma linha, a “grife” das humanas da instituição, como José Geraldo Souto Maior, da Faculdade de Direito, Vladimir Safatle, da Filosofia e Raquel Rolnik, da Arquitetura, manifesta-se contra o que chamam de autoritarismo da reitoria.

“A atual reitoria tem dificuldades de dialogar com todos os setores da comunidade acadêmica”, escreveu Safatle. “Há um enorme ‘déficit’ democrático na Universidade de São Paulo que de um tempo pra cá a comunidade acadêmica, integrada por professores, alunos e servidores, tem pretendido pôr em debate”, defendeu Souto Maior. Rolnik aliou esse debate também à falta de mobilidade espacial no campus como um dos fatores de insegurança no campus – que está no cerce, portanto, da discussão sobre o policiamento no local. “O modelo urbanístico do campus, segregado, unifuncional, com densidade de ocupação baixíssima e com mobilidade baseada no automóvel é o mais inseguro dos modelos urbanísticos, porque tem enormes espaços vazios, sem circulação de pessoas, mal iluminados e abandonados durante várias horas do dia e da noite”.


Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/dividido-em-tribos-movimento-estudantil-enfrenta-radicalismos/

A JPT e a revolução democrática

*Por Joanna Paroli

O II Congresso da Juventude do Partido dos Trabalhadores está inserido em um cenário de importantes mudanças globais e em um momento em que a juventude retoma a centralidade para as necessárias transformações. Situamos o congresso nesse contexto, pois acreditamos que ele não deva ser apenas um evento interno do PT, mas um espaço que pode contribuir globalmente com o fortalecimento do partido nesta segunda década do século 21.

De maneira geral, as respostas ultraliberais à crise mundial têm prevalecido nos países centrais. A ausência de alternativas à esquerda reflete o duro golpe sofrido pelos trabalhadores e a desorganização dos partidos socialistas nesses países. Também não seria errado afirmar que a manutenção de um cenário diferente na América do Sul e no Brasil, em particular, está diretamente relacionado à presença do campo democrático e popular, dirigido pelo PT, no governo do nosso país.

Após a terceira vitória consecutiva sobre os conservadoras no país, o PT precisa se revitalizar, reforçando a sua opção pelo socialismo democrático e recompondo laços com a juventude brasileira. Acreditamos que as gerações constroem sua identidade apropriando-se das lutas latentes do período, conduzindo eventos marcantes e constituindo uma memória coletiva. Isto é, formar a geração da revolução democrática exige o fortalecimento cada vez maior dos laços do PT com a luta democrática e socialista.

Em todo o mundo a juventude, mais uma vez, tem demonstrado ser a ponta de lança das grandes lutas contra o capitalismo. No Brasil vivemos ainda uma situação nova. As conquistas vivenciadas nos últimos anos está formando uma geração diferente que está recompondo os sonhos aniquilados pelo neoliberalismo ao mesmo tempo em que constrói uma intervenção mais realista e pragmática. Soma-se a isso o fator demográfico do país, os jovens representam 25% da população brasileira, a juventude adquire uma dimensão estratégica para o PT e para o sucesso do nosso projeto no Brasil.

Fortalecer uma organização partidária que dê conta de dialogar com a juventude brasileira é fundamental nesse contexto. Conquistar definitivamente essa nova geração significa manter vivo o projeto petista por pelo menos mais 30 anos. Por isso, acreditamos que os desafios do II Congresso da JPT não são apenas da juventude petista, mas do conjunto do partido.

Internamente, precisamos cada vez mais de um partido democrático e militante, e de uma juventude mais fortalecida para disputar seus rumos. O 4º Congresso do PT sinalizou com a renovação como necessidade na nossa organização partidária. Não só os 20% de jovens, mas também a decisão de paridade entre homens e mulheres nos espaços de direção caminharam nesse sentido. A formalização, no Estatuto, do entendimento da JPT como instância e a importância de valorizá-la política e materialmente, abre muitas possibilidades para os próximos anos.

Precisamos instituir direções municipais que disseminem as discussões encaminhadas nas instâncias estaduais e nacional e dê vida ativa à nossa juventude. Nessa gestão que se encerra, tivemos bons momentos de mobilização, como a Caravana Nacional nas eleições de 2008 e o Encontro Nacional em 2010. Entretanto, no conjunto das atividades, acumulamos pouco para a construção política da JPT. Para além do modelo organizativo, é preciso pensar uma diretriz política que organize a próxima gestão e faça o diálogo com os estados e municípios.

A JPT, tanto na sua tarefa partidária como na militância cotidiana no movimento social e na esfera institucional, não deve titubear na defesa radical do programa socialista. Isso significa unificar as agendas e construir mobilização popular. O governo Dilma precisa aprofundar as mudanças promovidas nos últimos oito anos. Por exemplo, a inclusão social deve ser combinada com mais distribuição de renda e construção de autonomia. No bojo das Políticas Públicas de Juventude (PPJs), é necessário desenvolver uma Política de Estado, com marcos legais e planejamento, além de reforçar o conjunto de políticas que indiretamente impactam a vida dos/as jovens.

Para a juventude trabalhadora, em específico, o maior dilema é o de conciliar o tempo de trabalho e estudo. É preciso mais políticas públicas que valorizem o direito ao tempo livre e acesso ao lazer e bens culturais para as juventudes. Em paralelo, é necessário fortalecer a agenda do trabalho decente, combatendo mecanismos de precarização e flexibilização das relações de trabalho que afetam duramente a vida dos jovens. Deve ser assegurado o direito ao acesso e permanência na sala de aula, nos Ensinos Médio e Superior, evitando a entrada precoce do/da jovem no mundo do trabalho.

Por fim, é importante formular uma política que conduza a organização de base da JPT, pautada no fortalecimento do processo de formação dos filiados e militantes juvenis e da importância da discussão feminista na nossa juventude. Somado a isso, a juventude deve ser o setor de vanguarda no PT, articulando pautas que dialogam com a dimensão das liberdades individuais: respeito à diversidade como estruturante das relações sociais, luta pela legalização do aborto e autonomia das mulheres. Para isso, é preciso sair do II Congresso com uma campanha pública, que em nossa opinião deve ter o mote dos “Direitos da Juventude”, que cumpra o papel de mobilizar a juventude petista militante e disputar os valores do conjunto da juventude brasileira.

(*)Joanna Paroli é ex-diretora da UNE e militante do partido na Bahia, candidata à secretária Nacional de Juventude do PT pela tese Avante!


Fonte: http://avantejpt.org/2011/11/11/a-jpt-e-a-revolucao-democratica/

A JPT e a revolução democrática

*Por Joanna Paroli

O II Congresso da Juventude do Partido dos Trabalhadores está inserido em um cenário de importantes mudanças globais e em um momento em que a juventude retoma a centralidade para as necessárias transformações. Situamos o congresso nesse contexto, pois acreditamos que ele não deva ser apenas um evento interno do PT, mas um espaço que pode contribuir globalmente com o fortalecimento do partido nesta segunda década do século 21.

De maneira geral, as respostas ultraliberais à crise mundial têm prevalecido nos países centrais. A ausência de alternativas à esquerda reflete o duro golpe sofrido pelos trabalhadores e a desorganização dos partidos socialistas nesses países. Também não seria errado afirmar que a manutenção de um cenário diferente na América do Sul e no Brasil, em particular, está diretamente relacionado à presença do campo democrático e popular, dirigido pelo PT, no governo do nosso país.

Após a terceira vitória consecutiva sobre os conservadoras no país, o PT precisa se revitalizar, reforçando a sua opção pelo socialismo democrático e recompondo laços com a juventude brasileira. Acreditamos que as gerações constroem sua identidade apropriando-se das lutas latentes do período, conduzindo eventos marcantes e constituindo uma memória coletiva. Isto é, formar a geração da revolução democrática exige o fortalecimento cada vez maior dos laços do PT com a luta democrática e socialista.

Em todo o mundo a juventude, mais uma vez, tem demonstrado ser a ponta de lança das grandes lutas contra o capitalismo. No Brasil vivemos ainda uma situação nova. As conquistas vivenciadas nos últimos anos está formando uma geração diferente que está recompondo os sonhos aniquilados pelo neoliberalismo ao mesmo tempo em que constrói uma intervenção mais realista e pragmática. Soma-se a isso o fator demográfico do país, os jovens representam 25% da população brasileira, a juventude adquire uma dimensão estratégica para o PT e para o sucesso do nosso projeto no Brasil.

Fortalecer uma organização partidária que dê conta de dialogar com a juventude brasileira é fundamental nesse contexto. Conquistar definitivamente essa nova geração significa manter vivo o projeto petista por pelo menos mais 30 anos. Por isso, acreditamos que os desafios do II Congresso da JPT não são apenas da juventude petista, mas do conjunto do partido.

Internamente, precisamos cada vez mais de um partido democrático e militante, e de uma juventude mais fortalecida para disputar seus rumos. O 4º Congresso do PT sinalizou com a renovação como necessidade na nossa organização partidária. Não só os 20% de jovens, mas também a decisão de paridade entre homens e mulheres nos espaços de direção caminharam nesse sentido. A formalização, no Estatuto, do entendimento da JPT como instância e a importância de valorizá-la política e materialmente, abre muitas possibilidades para os próximos anos.

Precisamos instituir direções municipais que disseminem as discussões encaminhadas nas instâncias estaduais e nacional e dê vida ativa à nossa juventude. Nessa gestão que se encerra, tivemos bons momentos de mobilização, como a Caravana Nacional nas eleições de 2008 e o Encontro Nacional em 2010. Entretanto, no conjunto das atividades, acumulamos pouco para a construção política da JPT. Para além do modelo organizativo, é preciso pensar uma diretriz política que organize a próxima gestão e faça o diálogo com os estados e municípios.

A JPT, tanto na sua tarefa partidária como na militância cotidiana no movimento social e na esfera institucional, não deve titubear na defesa radical do programa socialista. Isso significa unificar as agendas e construir mobilização popular. O governo Dilma precisa aprofundar as mudanças promovidas nos últimos oito anos. Por exemplo, a inclusão social deve ser combinada com mais distribuição de renda e construção de autonomia. No bojo das Políticas Públicas de Juventude (PPJs), é necessário desenvolver uma Política de Estado, com marcos legais e planejamento, além de reforçar o conjunto de políticas que indiretamente impactam a vida dos/as jovens.

Para a juventude trabalhadora, em específico, o maior dilema é o de conciliar o tempo de trabalho e estudo. É preciso mais políticas públicas que valorizem o direito ao tempo livre e acesso ao lazer e bens culturais para as juventudes. Em paralelo, é necessário fortalecer a agenda do trabalho decente, combatendo mecanismos de precarização e flexibilização das relações de trabalho que afetam duramente a vida dos jovens. Deve ser assegurado o direito ao acesso e permanência na sala de aula, nos Ensinos Médio e Superior, evitando a entrada precoce do/da jovem no mundo do trabalho.

Por fim, é importante formular uma política que conduza a organização de base da JPT, pautada no fortalecimento do processo de formação dos filiados e militantes juvenis e da importância da discussão feminista na nossa juventude. Somado a isso, a juventude deve ser o setor de vanguarda no PT, articulando pautas que dialogam com a dimensão das liberdades individuais: respeito à diversidade como estruturante das relações sociais, luta pela legalização do aborto e autonomia das mulheres. Para isso, é preciso sair do II Congresso com uma campanha pública, que em nossa opinião deve ter o mote dos “Direitos da Juventude”, que cumpra o papel de mobilizar a juventude petista militante e disputar os valores do conjunto da juventude brasileira.

(*)Joanna Paroli é ex-diretora da UNE e militante do partido na Bahia, candidata à secretária Nacional de Juventude do PT pela tese Avante!


Fonte: http://avantejpt.org/2011/11/11/a-jpt-e-a-revolucao-democratica/

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Marx e os (novos) “governos técnicos”

Grécia, Itália e os sagazes sarcasmos de Marx sobre os “governos técnicos”

*Por Marcello Musto

Se retornasse ao debate jornalístico no mundo de hoje, analisando o caráter cíclico e estrutural das crises capitalistas, Marx poderia ser lido com particular interesse hoje na Grécia e na Itália por um motivo especial: a reaparição do “governo técnico”. Na qualidade de articulista do New York Daily Tribune, um dos diários de maior circulação de seu tempo, Marx observou os acontecimentos político-institucionais que levaram ao nascimento de um dos primeiros “governos técnicos” da história, em 1852, na Inglaterra: o gabinete Aberdeen (dezembro de 1852/janeiro de 1855).


A análise de Marx é notável por sua sagacidade e sarcasmo. Enquanto o Times celebrava o acontecimento como um sinal de ingresso “no milênio político, em uma época na qual o espírito de partido está destinado a desaparecer e no qual somente o gênio, a experiência, o trabalho e o patriotismo darão direito a acesso aos cargos públicos”, e pedia para esse governo o apoio dos “homens de todas as tendências”, porque “seus princípios exigem o consenso e o apoio universais”; enquanto os editorialistas do jornal diziam isso, Marx ridicularizava a situação inglesa no artigo “Um governo decrépito. Perspectivas do gabinete de coalizão”, publicado em janeiro de 1853.

O que o Times considerava tão moderno e bem articulado, era apresentado por Marx como uma farsa. Quando a imprensa de Londres anunciou “um ministério composto por homens novos”, Marx declarou que “o mundo ficará um tanto estupefato ao saber que a nova era da história está a ponto de ser inaugurada por cansados e decrépitos octogenários (...), burocratas que participaram de praticamente todos os governos desde o final do século passado, frequentadores assíduos de gabinetes duplamente mortos, por idade e por usura, e só mantidos vivos por artifício”.

Para além do juízo pessoal estava em questão, é claro, o de natureza política. Marx se pergunta: “quando nos promete a desaparição total das lutas entre os partidos, inclusive o desaparecimento dos próprios partidos, o que o Times quer dizer?” A interrogação é, infelizmente, de estrita atualidade no mundo de hoje, no qual o domínio do capital sobre o trabalho voltou a tornar-se tão selvagem como era em meados do século XIX.

A separação entre o “econômico” e o “político”, que diferencia o capitalismo de modos de produção que o precederam, chegou hoje ao seu ápice. A economia não só domina a política, fixando agendas e decisões, como retirou competências e atribuições que eram próprias desta, privando-a do controle democrático a tal ponto que uma mudança de governo já não altera as diretrizes da política econômica e social.

Nos últimos 30 anos, inexoravelmente, o poder de decisão foi sendo transferido da esfera política para a econômica, transformando possíveis decisões políticas em incontestáveis imperativos econômicos que, sob a máscara ideológica do “apolítico”, dissimulam, ao contrário, uma orientação claramente política e de conteúdo absolutamente reacionário. O deslocamento de uma parte da esfera política para a economia, como âmbito separável e inalterável, a passagem do poder dos parlamentos (já suficientemente esvaziados de valor representativo pelos sistemas eleitorais e majoritários e pela revisão autoritária da relação entre Poder Executivo e Poder Legislativo) para os mercados e suas instituições e oligarquias constitui, em nossa época, o maior e mais grave obstáculo interposto no caminho da democracia. As avaliações de Standard & Poor’s, os sinais vindos de Wall Street – esses enormes fetiches da sociedade contemporânea – valem muito mais do que a vontade popular.

No melhor dos casos, o poder político pode intervir na economia (as classes dominantes precisam disso, inclusive, para mitigar as destruições geradas pela anarquia do capitalismo e a violência de suas crises), mas sem que seja possível discutir as regras dessa intervenção e muito menos as opções de fundo.

Exemplos deslumbrantes disso são os acontecimentos dos últimos dias na Grécia e na Itália. Por trás da impostura da noção de um “governo técnico” – ou, como se dizia nos tempos de Marx, do “governo de todos os talentos” – esconde-se a suspensão da política (referendo e eleições estão excluídos), que deve ceder em tudo para a economia. No artigo “Operações de governo” (abril de 1853), Marx afirmou que “o mínimo que se pode dizer do governo de coalizão (“técnico”) é que ele representa a impotência do poder (político) em um momento de transição”. Os governos já não discutem as diretrizes econômicas, mas, ao contrário, as diretrizes econômicas é que são as parteiras dos governos.

No caso da Itália, a lista de seus pontos programáticos ficou clara em uma carta (que deveria ter sido secreta) dirigida pelo Banco Central europeu ao governo Berlusconi. Para “recuperar a confiança” dos mercados, é preciso avançar pela via das “reformas estruturais” – expressão que se tornou sinônimo de dano social – ou seja, redução de salários, revisão de direitos trabalhistas em matéria de contratações e demissões, aumento da idade de aposentadoria e privatizações em grande escala. Os novos “governos técnicos” encabeçados por homens crescidos sob o teto de algumas das principais instituições responsáveis pela crise (veja-se os currículos de Papademos e de Monti) seguirão esse caminho. Nem é preciso dizer, pelo “bem do país” e pelo “futuro das gerações vindouras”, é claro. Para o paredão com qualquer voz dissonante desse coro.

Mas se a esquerda não quer desaparecer tem que voltar a saber interpretar as verdadeiras causas da crise em curso e ter a coragem de propor e experimentar as respostas radicais exigidas para a sua superação.

(*) Marcello Musto é professor de Ciência Política na Universidade York, de Toronto.

Fonte:
http://www.sinpermiso.info/textos/index.php?id=4558

Tradução: Katarina Peixoto


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18956

Capitalismo ou democracia

[postado na fonte em 13/11/2011]

Por Emir Sader

Até um certo momento os grandes empresários mantinham um baixo perfil. Quase tinham vergonham de serem tão ricos em sociedades tão pobres. Ou também preferiam não chamar a atenção sobre as fontes da sua riqueza.

A passagem à hegemonia neoliberal, com a criminalização do Estado e da política, e a exaltação do mercado e das empresas, promoveu também a imagem dos grandes empresários. Começaram a proliferar as biografias e auto-biografias de empresários. Todos teriam nascido pobres e ascendido com muito trabalho, enfrentando todas as dificuldades, exibindo-se assim como exemplos para todos das possibilidades de ascensão ampla e irrestrita.

Da apologia dos empresários como modelo de cidadãos se passou às tentativas de sua promoção como bons governantes. Se deram certo dirigindo suas empresas, teriam que dar certo como governantes. Ainda mais que passou ao centro da agenda política o tema dos “excessivos gastos do Estado”. Ninguém melhor do que um empresário para racionalizar os gastos do Estado.

Como se a lógica da busca do lucro das empresas privadas se aplicasse ao Estado. A empresa privada busca lucros e dar satisfação aos acionistas. O Estado tem que defender os direitos da cidadania, de todos, privilegiando especialmente os mais pobres. Roberto Campos dizia que as empresas estatais deveriam dar lucro, da mesma forma que as empresas privadas. Isto é, queria que o direito de todos fosse prejudicado em favor da eficiência. Os serviços públicos, por exemplo, deveriam obedecer a esses critérios, ao invés de garantir o direito do acesso de todos à educação, à moradia, à saúde publica, à luz, à agua.

Berlusconi tornou-se o modelo mesmo do tipo de empresário de sucesso que se propôs a governar o pais com os mesmos critérios das suas empresas. Como muitos, ele encabeça um grande conglomerado de empresas, de distintos setores, incluindo a Fininvest e o monopólio dos meios de comunicação. Este aspecto, multiplicado pela mídia estatal, permitiu aumentar ainda mais o controle sobre a formação da opinião pública.

Durante quase duas décadas Berlusconi dirigiu a Itália, coincidindo com a decadência do país, misturado com casos reiterados – e assumidos – de escândalos sexuais e de corrupção, promovendo a vulgaridade e o escracho como estilo de política. Não foi a oposição, nem as mobilizações populares ou as denúncias que terminaram derrubando Berlusconi, mas ataques especulativos, mostrando que nem um grande empresário está imune a eles.

Pinera se elegeu no Chile com a mesma fama de empresário de sucesso. Impulsionado pela ditadura militar - em que seu irmão foi ministro do Trabalho do Pinochet, tristemente célebre por ter introduzido o tema da “flexibilização laboral” -, o grupo se expandiu, nas asas da expansão da Lan Chile, chegou até a comprar o Colo Colo, mesmo que torcendo para outro time.

Pinera gozou de uma lua-de-mel, mas logo começaram a se acumular crises, com mobilizações sociais contra o governo de diferentes setores, até que os estudantes expressaram o descontentamento com a privatização da educação publica – realizada por Pinochet -, catalizando o descontentamento popular. A capacidade de mobilização dos estudantes – que conseguiu agregar o movimento sindical – gerou uma crise política nacional, com o desgaste radical da popularidade de Piñera. De nada lhe adiantou sua capacidade de gerenciamento empresarial. O Estado é outra coisa, pertence à esfera política, é radicalmente diferente do mercado.

Como aqui, os governos neoliberais governavam para 1/3 da população, isto é, para o mercado, para os que tem poder aquisitivo garantido. Para isso basta um empresariado ou alguém com mentalidade empresarial. As políticas de inclusão social promoveram o resgate da política, da esfera dos direitos, do povo como cidadania. Disso os empresários, com sua mentalidade de busca do lucro, não entendem. A lógica do lucro é contraditória com a democracia.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=818

sábado, 12 de novembro de 2011

Um desafio a memória da UESC

Geralmente, toda época de eleição acontece algo do tipo...

Tem coisas que são obrigação de um prefeito, para que ele faça, no mínimo, uma gestão razoável. Porém, alguns desses gestores não fazem praticamente nada a gestão inteira. Só quando estão perto das eleições decidem fazer, DE FORMA ATROPELADA, aquelas coisas que deveriam ser sua obrigação durante todo o seu mandato. Calçam ruas, tapam buracos, cortam a grama, pintam meio fio, dentre outros, de forma que dure até passar o período do pleito – para em outra eleição fazer a mesma coisa. Desafiam a memória do eleitorado, só para causar a falsa impressão que fizeram alguma coisa durante os anos que só governaram para resolver os interesses dos seus.

Qualquer semelhança com a Universidade Estadual de Santa Cruz NÃO é mera coincidência.

Depois de um longo tempo com o Restaurante Universitário (RU) funcionando a R$ 4,50 (valor inacessível para muitas pessoas); depois de um bom tempo com RU sem uma estrutura mínima (se antes já estava ruim, quem está indo comer no RU agora, depois que aumentou o contingente -principalmente em dias de chuva- sabe do que estou falando); depois de uma ocupação legítima feita pelos estudantes exigindo a comida a preço acessível e mais uma série de melhorias; DEPOIS DA ATUAL GESTÃO TER 8 ANOS PARA MUDAR ESSA SITUAÇÃO... A reitoria (Adélia e Joaquim), junto com o campo majoritário do DCE (UJS e PSOL), se aproveitaram para, NA BOCA DA ELEIÇÃO PARA REITOR, tentar tirar vantagem e iludir a comunidade acadêmica, lançando 400 almoços (mesmo com péssimas refeições e estrutura) a preço de R$ 1,00.

A implementação dessa ação é resultado - ou melhor, ganho - da ultima greve, que foi realizada pelos professores, estudantes e técnicos ligados a movimentos verdadeiramente de LUTA em defesa da Universidade Pública, gratuita e qualidade.

A reitoria se omitiu perante a greve: falou no começo que dava razão aos professores, e logo em seguida arrancou os portões com o pretexto que iria consertá-los – mas eles foram encontrados quase no final da greve, abandonados pelos cantos da UESC, e em pior estado do que estavam antes de serem retirados com essa desculpa esfarrapada. E, a prova maior que a reitoria se omitiu perante o corte de gastos do Governo do Estado (o que ocasionou a greve) é que no CONSEPE do dia 02/09/11, o Reitor Joaquim afirmou que não teria problemas termos mais cortes e congelamentos de verbas daqui para a frente, pois isso já estava acontecendo a três anos, e a UESC estava funcionando “normalmente” - só se for para ele, que vive trancado na torre, viajando, ou envolvido com a ABRUEM (associação que Joaquim é mais presidente dela do que reitor da UESC).

Não nos esqueçamos que essa tentativa desesperada de (tentar) fazer o que não conseguiu, DURANTE 8 ANOS, tem como pano de fundo A CANDIDATURA DO ATUAL REITOR À PREFEITURA DE ILHÉUS, e também a intenção de GARANTIR SEU GRUPO NO PODER POR MAIS 4 ANOS.

Para organizarmos nosso presente, e planejarmos bem o nosso futuro, é preciso que conheçamos bastante o nosso passado - pois tudo que faremos hoje, ou amanhã, é feito com o resultado que veio de ontem. É fundamental que essa ponderação seja feita, pois não é uma questão de “pura e simples reclamação”, ou de “não reconhecimento de ganhos”. É uma questão de atentarmos para o que vem sendo feito (no nosso passado e presente), e as tentativas OPORTUNISTAS e ELEITOREIRAS de nos dar uma falsa memória, ou ilusão, de que a atual reitoria da UESC (Adélia[a atual candidata] e Joaquim) vem trabalhando a nosso favor. Só assim conseguiremos nos planejar e trabalhar para que escolhas melhores sejam feitas, e que tenhamos um futuro mais proveitoso e digno PARA TODOS, e sem pessoas que desafiem nossa memória e nossa inteligência.

O Coletivo 13 de maio assina esse texto

domingo, 6 de novembro de 2011

O Crepúsculo do Império e a Aurora da China

(*) Durval de Noronha Goyos lançará o livro "O Crepúsculo do Império e a Aurora da China", publicado pela Observador Legal, na próxima quinta-feira, dia 10 de novembro, das 19h às 22h, na Livraria da Vila, Alameda Lorena 1731, Piso Térreo - Jardins, São Paulo, SP. Luiz Alberto Moniz Bandeira assina o prólogo ao livro, que publicamos a seguir.

Prólogo

“In the councils of government, we must guard against the acquisition of unwarranted influence, whether sought or unsought, by the military-industrial complex. The potential for the disastrous rise of misplaced power exists and will persist.

We must never let the weight of this combination endanger our liberties or democratic processes. We should take nothing for granted. Only an alert and knowledgeable citizenry can compel the proper meshing of the huge industrial and military machinery of defence with our peaceful methods and goals, so that security and liberty may prosper together.”

Dwight Eisenhower [1]

O crepúsculo do Império e a aurora da China é uma excelente imagem que Durval de Noronha Goyos escolheu para intitular a série de artigos sobre o declínio dos Estados Unidos, como potência econômica hegemônica, e o advento da China, que se tornará a maior economia mundial, em 2016.

Trata-se de um conjunto de artigos muito importantes e oportuno, porquanto apresenta uma lúcida percepção das mudanças na correlação mundial de forças, demonstrando a erosão que corrói o Império Americano, à beira da recessão e cuja segurança depende cada mais do poder militar, a um custo insustentável, em contraste com o alvorecer da China, a crescer 9.5%, em 2011, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), não obstante a profunda crise econômica e financeira na qual os Estados Unidos e a União Européia estão submersos.

Há alguns acadêmicos que tentam negar o declínio, com o argumento de que os EUA ainda são a maior potência militar do planeta, havendo conquistado a hegemonia com a 2ª Guerra Mundial e consolidado e ao fim da Guerra Fria. Realmente os Estados Unidos possuem um poderio militar incomparável, com um poder de destruição sem paralelo na história e dispõem de meios para intervir imediata e efetivamente em qualquer região do mundo.

Desde as bombas nucleares lançadas contra Hiroshima e Nagasaki, matando um total de cerca de 199.000 pessoas [2], em 1945, os Estados Unidos produziram cerca de 70.000 armas nucleares de 72 tipos. Ao fim da Guerra Fria, em 1991, possuíam um arsenal ativo da ordem de 23.000 artefactos nucleares dos 26 tipos principais. E nunca cessaram completamente de produzi-los [3]. Um estudo realizado no Brooking Institute, de Washington, estimou que os custos em armamentos nucleares, desde a II Guerra Mundial até 2007, foram da ordem de US$ 7,2 trilhões, e o total dos gastos militares, no mesmo período de meio século, alcançou o montante de US$ 22,8 trilhões [4].

De acordo com o Annual Report of Implementation of the Moscow Treaty, os Estados Unidos mantinham, em 31 de dezembro de 2007, cerca de 2.871 ogivas nucleares estratégicas em condições operativas, i. e., prontas para lançamento, mais 2.500 como reserva (ativas e inativas), e outras 4.200 retiradas para seu desmantelamento. O total do stock era de 9.400 armas nucleares, de todas as categorias [5].

Após a II Guerra Mundial, os Estados Unidos instalaram bases militares nos mais diversos países da Europa, tais como Alemanha, França, Grã-Bretanha, Espanha e Itália, a pretexto de conter a União Soviética e a expansão do comunismo. E, durante a Guerra Fria, estacionaram armamentos nucleares em 27 países estrangeiros e territórios, entre os quais Japão, Alemanha, Groenlândia e Turquia. O Bloco Socialista e a União Soviética implodiram entre 1989 e 1991. Os partidos comunistas virtualmente desapareceram na Europa. Entretanto, em 2006, os Estados Unidos ainda possuíam um arsenal de 9.960 ogivas intactas, das quais 5.735 eram consideradas ativas e operacionais. E, de acordo com o Department of Defense’s 2010 Base Structure Report, o Pentágono ainda mantém um total de 4.999 instalações militares em 50 Estados americanos, sete territórios e em outros 38 países estrangeiros. No exterior, a maioria das instalações, que incluem bases do Exército, Marinha, Força Aérea, Marine Corps, Washington Headquarters Services (WHS), está na Alemanha (218), Japão (115) e Coréia do Sul (86). [6]

Segundo as estimativas, o total, em todo o mundo, ultrapassa 1.000 bases militares. Alguns calculam 1.077, outros 1.088, outros 1.160 ou mesmo 1.180. Realmente o número pode ser mais alto, porém ninguém está certo quanto ao total [7]. E desde os atentados terroristas de 11 de setembro o número ainda mais recresceu, com a instalação de bases no Quirguistão, Paquistão, Afeganistão, Uzbequistão, Iraque, Djibouti e em diversos outros países da Ásia e da África, bem como da América Latina. O que realmente conta é a obsessão do Pentágono por controlar o mapa do gás e do petróleo.

Contudo, desde a derrota das potências do Eixo, em 1945, os Estados Unidos não venceram nenhuma outra guerra. A guerra na Coréia (1950-1953) demonstrou que não eram onipotentes. Henry Kissinger qualificou como “inconclusive” essa guerra, que deixou um saldo de 150.000 americanos mortos, feridos e desaparecidos. A guerra no Vietnã (1959-1975) resultou em um dramático fiasco. Comprovou que a força militar dos Estados Unidos, por maior que fosse, não lhes podia assegurar o triunfo.

Os Estados Unidos possuíam (e possuem) ilimitada capacidade de destruição, inclusive armas nucleares, mas não tinham condições políticas e morais para usá-las. As conseqüências seriam imprevisíveis. Porém todo o seu poderio militar não bastava para dar-lhes a vitória sobre forças que viviam no seu próprio habitat, na mais perfeita simbiose com a natureza e sobreviviam nas condições mais primitivas, combatiam extremamente bem, com eficiência e recebiam o mais amplo suporte da população, em todos os lugarejos do Vietnã do Sul. E, desde 2001-2003, os Estados Unidos estão chafurdados nas guerras no Afeganistão e no Iraque, onde os ataques e atentados se intensificaram, países dos quais não conseguem retirar totalmente suas tropas.

O relatório Costs of War, preparado por acadêmicos, participantes do Eisenhower Research Project do Watson Institute for International Studies, da Brown University, informa que os custos financeiros das Operations Enduring Freedom, Iraqi Freedom, New Dawn, situam-se entre US$ 3,2 e US$ 4 trilhões. Há muitos outros custos que não puderam ser quantificados, mas as guerras contra o terror, empreendidas pelos Estados Unidos, foram quase totalmente financiadas por empréstimos, juros de US$ 185 bilhões já pagos ou a pagar, e outro US$ 1 trilhão pode aumentar até 2020 [8]. Somente o complexo industrial-militar recebeu os benefícios.

O poderio militar dos Estados Unidos, no entanto, tem limites econômicos e financeiros. O crescimento das despesas militares no exterior, subindo US$ 800 milhões, em 1967, e mais US$ 600 milhões, em 1968, produziu forte impacto sobre o balanço de pagamento dos Estados Unidos, que teve um déficit de US$ 9,8 bilhões em 1970 [9]. O saldo comercial entre 1970 e 1971 desapareceu, em conseqüência do declínio das exportações, desde 1968. A inflação, da ordem de 1,5% em 1961, saltou para 4,7%, em 1968/69 [10]. O PIB dos Estados Unidos, que se duplicara durante a Segunda Guerra Mundial e representara 34% da produção mundial até 1970, baixou para menos de 30%, em 1971. O dólar enfraqueceu-se. E a vulnerabilidade econômica dos Estados Unidos abalou a estabilidade do sistema monetário internacional, que passara a depender de sua política monetária, manejada unilateralmente, desde o Acordo de Bretton Woods (Bretton Woods Agreement), de 1944, estabelecendo que cada país devia manter a taxa de câmbio de suas moedas, indexada de certo modo ao dólar, cujo valor estaria baseado no padrão-ouro, numa base fixa de 35 dólares por onça Troy (31,103478 gramas de ouro).

Os presidentes Lyndon Johnson (1963-1969) e Richard Nixon (1969-1974) não cumpriram, entretanto, as regras para as relações comerciais e financeiras acordadas em Bretton Woods. Emitiram e lançaram em circulação mais dólares do que podiam lastrear com o ouro existente no Fort Knox, conforme o acordo de Bretton Woods, a fim de financiar as importações dos Estados Unidos e os custos da Guerra Fria e da guerra no Vietnã, Camboja e Laos. Todas as reservas de ouro estocadas no Fort Knox já estavam virtualmente esgotadas em 1970. Só restavam 1.000 das 8.500 toneladas que supostamente lá estavam depositadas. E as reservas em dólar, em posse dos bancos estrangeiros, haviam saltado de US$ 23,8 bilhões para US$ 36 bilhões, em julho de 1971 e, no mês seguinte, para US$ 40 bilhões, três vezes mais do que os Estados Unidos necessitavam para honrar as obrigações contraídas em Bretton Woods [11].

Daí que, naquele ano, sem, consultar os demais países, o presidente Nixon aboliu, unilateralmente, a conversibilidade direta do dólar em ouro. A ordem monetária e o Sistema Bretton Woods de coordenação econômica internacional sofreram um colapso. E, dois anos depois, em 1973, o presidente Nixon, ante o agravamento da crise, teve de desvalorizar o dólar, em 10%, rompendo tanto o Smithsonian Agreement quanto o European Joint Float, e pavimentando o caminho para a livre flutuação das moedas. O dólar, que só os Estados Unidos podiam produzir, transformou-se na divisa fiduciária internacional. O presidente da França, general Charles de Gaulle, acusou então os Estados Unidos, de assumirem um “privilégio exorbitante”, na medida em que podiam continuar financiando seus déficits com a emissão de mais dólares e colocá-los em circulação [12].

A ruptura definitiva do padrão-ouro, a contundente derrota no Vietnam, o escândalo de Watergate e o apoio aos golpes militares e às ditaduras na América Latina e em outras regiões, entre outros fatores, começaram a assinalar o declínio econômico, político e moral dos Estados Unidos. O complexo industrial-militar já havia capturado e mantinha como refém todos os governos, fossem do Partido Republicano ou Democrata. E seus gastos militares continuaram a crescer, para a sustentação da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, gerando a necessidade de permanente guerra e de reais ou supostas ameaças à segurança nacional dos Estados Unidos, a fim de consumir os armamentos produzidos e reproduzir o capital.

De 1940-1996, os Estados Unidos gastaram, no mínimo, US$ 5,5 trilhões em seu programa de armamentos nucleares, sem contar as cifras da produção de armamentos convencionais. E esse valor não incluía US$ 320 bilhões estimados para os futuros custos anuais de armazenamento e remoção do valor acumulado do lixo radioativo e tóxico, em mais de cinco décadas, US$ 20 bilhões para o desmantelamento do sistema de armas nucleares e remoção dos excedentes materiais atômicos. Com todos esses elementos contabilizados, o total dos custos do programa de armamentos nucleares dos Estados Unidos, até 1996, ultrapassou o montante US$ 5,8 trilhões [13]. E nenhum governo podia converter realmente a indústria bélica para fins civis, sem acarretar profundas implicações políticas, na medida em que aumentaria o número de desempregados e abalaria as atividades econômicas de diversas regiões (Texas, Missouri, Florida, Maryland e Virginia), onde estão as indústrias especializadas em armamentos com tecnologia intensiva de capital, cujo interesse é experimentá-los em guerras reais, a fim de que o Pentágono possa esvaziar os arsenais, promover os armamentos, vendê-los a outros países e fazer novas encomendas, que geram polpudas comissões e dividendos.

Muitas outras regiões dos Estados Unidos são beneficiadas pela produção, deslocamento, operações e manutenção das forças nucleares. Conforme avaliou de William J. Weida, do Brooking Institute, a Califórnia, a partir de 1980, passou a depender mais do que qualquer outro Estado das despesas militares do Pentágono, a maioria das quais nos programas dos bombardeiros B-1 e B-2, os mísseis Trident I e Trident II, os mísseis MX, bem como do projeto Strategic Defense Initiative e do programa de satélites Military Strategic and Tactical Relay (MILSTAR) [14]. Em 1986, as corporações empreiteiras (contractors) do Pentágono, na Califórnia, receberam 20% do orçamento de Departamento de Defesa, enquanto Nova York, Texas e Massachusets apropriaram-se de 21% [15]. Os imensos custos dos Estados Unidos com a produção de armamentos não decorrem tanto de fatores de segurança quanto de incoercíveis necessidades econômicas.

O Império Americano necessita de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva e evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos Estados americanos, cuja receita depende da produção de armamentos.

Embora os Estados Unidos ainda sejam o pólo do sistema capitalista mundial, sua hegemonia cada vez mais se desvanece. Como bem salientou Durval de Noronha Goyos, o Império Americano está falido. Com um PIB da ordem de $14,66 trilhões (2010 est.), sua dívida pública, em 9 de setembro de 2011, já estava em cerca de US$ 14,71 trilhões, dos quais US$ 10,07 trilhões em poder do público e US$ 4,64 trilhões administrados pelo governo federal. Em fim de junho de 2011 seu PIB era estimado em cerca de US$ 15,00 trilhões, porém com uma dívida pública equivalente a 98% desse montante [16]. E seu déficit comercial, em junho deste mesmo ano, 2011, aumentou para US$ 53,1 bilhões contra US$ 50,8 bilhões, em maio.

Os Estados Unidos estão chafurdados em dívidas, por diversos fatores, sobretudo porque produzem menos do que consomem. Dependem de tudo, inclusive de capitais e financiamentos. Como bem observaram Bill Bonner e Addison Wigging, “a nação mais rica, mais poderosa do mundo, depende das poupanças dos países mais pobres” [17].

Em 2007, David M. Walker, Comptroller General of the United States (1998- 2008), advertiu que o governo americano estava sobre uma “burning platform” de insustentáveis políticas e práticas, com déficits fiscais, crônica insuficiência de recursos para a assistência à saúde, imigração e comprometimentos militares além-mar, ameaçando uma crise, se não fosse logo tomada uma atitude [18]. E apontou “striking similarities” entre a situação do Império Americano e os fatores que produziram a queda de Roma, inclusive o “declining moral values and political civility at home, an over-confident and over-extended military in foreign lands and fiscal irresponsibility by the central government”. [19]

Ao contrário do Estados Unidos, cuja crise financeira praticamente havia principiado nos anos 1970, quando o governo do presidente Richard Nixon não pôde sustentar o dólar com o padrão-ouro, a China, após o falecimento de Mao Tse-tung, começou economicamente a aflorar. Deng Xiaoping (1904-1997), ao recuperar o poder, após um período de ostracismo durante a chamada Revolução Cultural (1966-1976), tratou de empreender as reformas econômicas, de modo similar ao que Lenin tratou de promover na Rússia, após o término da guerra civil em 1921, quando a gravidade de sua situação econômica, social e política, atingira as mais trágicas dimensões e ameaçara a própria sobrevivência do Estado soviético. Diante de tal situação, Lenin recuou do “comunismo militar” ou “comunismo de guerra”, implantado durante os anos da guerra civil.

Com a adoção da NEP (Novaia Ekonomitcheskaia Politika), ele restabeleceu o funcionamento da economia de mercado, instituindo o capitalismo de Estado, não como propriedade e operação das empresas pelo Estado, mas como capitalismo privado, permitido e controlado pelo Estado.

Deng Xiaoping e os dirigentes da China haviam percebido que não podiam manter o mesmo modelo de socialismo, implantado na União Soviética por Stalin, após extinguir a NEP em 1927, pois nem Marx nem Engels jamais conceberam o socialismo como via de desenvolvimento ou modelo alternativo para o capitalismo, senão como consequência de seu desenvolvimento. Sem o rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e o constante progresso dos meios de transporte e de comunicação, com que a burguesia arrastava até as nações mais bárbaras à civilização [20], não seria possível chegar ao socialismo.

O que o viabilizava, cientificamente, era o alto nível de desenvolvimento das forças produtivas, que o capitalismo impulsionava, porquanto somente seria possível realizá-lo, elevando a oferta de bens e serviços, em quantidade e em qualidade, a um nível em que a liquidação das diferenças de classe constituísse verdadeiro progresso e tivesse consistência, sem acarretar consigo o estancamento da sociedade e, inclusive, a decadência do seu modo de produção [21].

Ao fim dos anos 1970, a China começou a promover reformas econômicas, autorizando os chineses a realizar empreendimentos comerciais privados e abrindo o país aos investimentos estrangeiros. O Estado deixou de ser o único dono dos meios de produção. E Deng Xiaoping, visando a revitalizar a economia a partir das zonas rurais, instituiu o estabelecimento de contratos de produção com agricultores individuais e o desenvolvimento de empresas rurais, do mesmo modo que, no setor urbano, concedeu autonomia de gestão às empresas estatais e promoveu a descentralização regional, investimentos e desregulamentação dos preços. Jiang Zemin e Li Peng, sucedendo a Deng Xiaoping, impulsionaram a reorganização institucional no governo e no Partido Comunista da China, e empreenderam a reforma do sistema financeiro, reforma fiscal, e estabeleceram o regime empresarial.

Tais reformas possibilitaram o extraordinário crescimento econômico [22], cuja taxa subira de 4,5%, na década de 1960-1970, para 5,8%, entre 1970 e 1980, e saltara para 8,5%, na década de 1980-1990, enquanto a taxa de crescimento dos Estados Unidos declinava de 3,8%, na década de 1960-1970, para 2,7%, entre 1970 e 1980, e 2,8%, na década de 1980-1990, baixando para - 0,7%, em 1991, ano em que a própria União Soviética se desintegrou, após a dissolução do Bloco Socialista.

A China, em termos estratégicos, tornou-se para os Estados Unidos o mais importante país do mundo no último quartel do século XX e começou a receber enorme influxo de homens de negócios das potências capitalistas do Ocidente. Atualmente, 2011, a China é o maior credor dos Estados Unidos, com reservas de mais de US$ 3 trilhões, como salientou Durval de Noronha Goyos, das quais apenas US$ 1,145 trilhão estão investidos em U.S. Treasuries, pouco mais de um terço do volume total, dado que, diante da extrema fragilidade da economia americana, ela continua a diversificar o perfil de suas aplicações em outras divisas.

A dívida soberana dos Estados Unidos, evidentemente, já não é o instrumento mais seguro para armazenar o valor das reservas. Contudo, a China ainda não pode desfazer-se totalmente das reservas em dólares, que agora representam apenas pouco menos de 10% do PIB americano, porquanto a quebra dos Estados Unidos também lhe traria imensos prejuízos. Não sem razão Wen Jiabao, primeiro-ministro da República Popular da China, declarou que

“however, when we talk about the primary stage, we should not just think about the underdeveloped productive forces. We should also recognize that the socialist system still has room for improvement and that it is not yet a mature one. Comrade Deng Xiaoping pointed out that in essence, socialism is about liberating and developing the productive forces, eliminating exploitation and polarization, and ultimately, it is about achieving prosperity for all.”

E acentuou que

“without the sustained and full development of productive forces, it will be impossible to achieve social fairness and justice, an essential requirement of socialism” [23]

Wen Jiabao previu o “primary stage of socialism for the next 100 years” e afirmou que o Partido Comunista da República Popular da China persistiria executando as reformas e inovação para assegurar o vigor e vitalidade e assegurar o socialismo com as características chinesas [24]. Isto não significa que a aurora da China possa já configurar o advento do socialismo. O capitalismo foi o único modo de produção que teve a capacidade de expandir-se por todos os continentes e estabelecer, com a criação do mercado mundial e a divisão internacional do trabalho, uma ordem econômica internacional, integrando, como um bloco assimétrico, potências industriais e países agrícolas e atrasados ou em desenvolvimento, denominados periféricos e emergentes. Daí a impossibilidade de instituir, na moldura nacional, um sistema harmônico e auto-suficiente, com todos os ramos econômicos, sem considerar as condições geográficas, históricas e culturais do país, que somente constitui um elemento da unidade econômica mundial. E, conforme Karl Marx concluiu das suas pesquisas, uma formação social nunca des¬morona sem que as forças produtivas dentro dela estejam suficientemente desenvolvidas, e que as novas relações de produção superiores jamais aparecem, no lugar, antes de que as condições materiais de sua existência sejam incuba¬das nas entranhas da própria sociedade antiga [25].

A emergência da China como a maior potência econômica mundial marcará o século XXI.

Luiz Alberto Moniz Bandeira
St. Leon-Rot (Baden-Württemberg), set. 2011


NOTAS

[1] “Military-Industrial Complex Speech”, Dwight D. Eisenhower, 1961 Public Papers of the Presidents, Dwight D. Eisenhower, 1960, p. 1035- 1040.

[2] Atomic Archive. The Atomic Bombings of Hiroshima and Nagasaki. http://www.atomicarchive.com/Docs/MED/med_chp10.shtml

[3] U.S. Nuclear Weapon Enduring Stockpile
http://nuclearweaponarchive.org/Usa/Weapons/Wpngall.html

[4] Stephen I. Schwartz . “The Costs of U.S. Nuclear Weapons”. James Martin Center for Nonproliferation Studies - Monterey Institute for International Studies. http://www.nti.org/e_research/e3_atomic_audit.html

[5] U.S. Departament of State. 2008 Annual Report on Implementation of the Moscow Treaty - Bureau of Verification, Compliance, and Implementation (VCI) - Washington,DC - May 13, 2008. FAS Strategic Security Blog. Comments and analyses of important national and international security issues
http://www.fas.org/blog/ssp/2009/02/sort.php
McNamara, Robert. “Apocalypse Soon”. Foreign Policy, May/June 2005. http://www.foreignpolicy.com

[6] Departament of Defense – Base Structure Report – FY 2010 Base line - http://www.acq.osd.mil/ie/download/bsr/bsr2010baseline.pdf

[7] The Nation - America's Empire of Bases 2.0 - 2011-01-10 (http://www.thenation.com); Turse, Nick. Empire of Bases 2.0 - Does the Pentagon Really Have 1,180 Foreign Bases? http://www.tomdispatch.com/archive/175338/

[8] Brown University – ‘Costs of War’ Project - “Estimated cost of post-9/11 wars: 225,000 lives, up to $4 trillion” - June 29, 2011-09-04 - http://news.brown.edu/pressreleases/2011/06/warcosts

[9] SOLOMON, Robert. The international monetary system, 1945-1976: an insider’s view. New York: Harper & Row, pp. 102-103.

[10] NIXON, Richard M. Memoirs. New York.: Grosset & Dunlap, 1978, p. 516.

[11] BUNDY, William. A tangled web: the making of foreign policy in the Nixon presidency. New York: Hill and Wang – Farrar, Straus and Giroux, 1998, p- 361.

[12] Norte-Sur. Un programa para la supervivencia. Informe de la Comisión Independiente sobre Problemas Internacionales del Desarrollo presidida por Willy Brandt. The Independente Comisión on International Development Sigues. Bogotá: Editorial Pluma, 1980, p. 305.

[13] SCHWARTZ, Stephen I. (ed.). Atomic Audit : The Costs and Consequences of U. S. Nuclear Weapons since 1940- Washington: Brookings Institution Press, 1998, p.3.

[14] WEIDA, William J. „The Economic Implications of Nuclear Weapons and Nuclear Dterrence”, in SCHWARTZ, Stephen I. (ed.). Atomic Audit : The Costs and Consequences of U. S. Nuclear Weapons since 1940- Washington: Brookings Institution Press, 1998, p. 524.

[15]Ibidem, p. 524, n. 10.

[16] The Budget Control Act & Federal Deficit Reduction - September 20, 2011
http://edr.state.fl.us/Content/presentations/Budget/TheBudgetControlAc

[17] BONNER, Bill & WIGGIN, Addison. Empire ob Debt. The Rise of an Epic Financial crisis. New Jersey: John Wiley & Sons, 2006, p. 276

[18] Jeremy Grant. “Learn from the fall of Rome, US warned”. Financial Times. 14/08/2007.

[19] Ibidem.

[20] MARX, Karl & ENGELS, Friedrich Ausgewählte Werke. Band II, Berlim, - Dietz Verlag, 1981, p. 8-9.

[21] Engels, F. "Soziales aus Rußland", in Marx. & Engels, Band 18, 1976, pp. 556-559. Esse mesmo artigo consta também em: Marx, K. e Engels, F. Ausgewählte Schriften, Band II, Berlin, Dietz Verlag, 1976, p. 39.

[22] Na China, o setor privado passou a representar 39% do PIB, o setor público, 36%, sendo os 25% restante creditado à produção das áreas rurais e às cooperativas.

[23] Wen Jiabao - “Our Historical Tasks at the Primary Stage of Socialism and Several Issues Concerning China's Foreign Policy” – Tradução oficial. Embassy of The People’s Republic of China in Uganda, ug.china-embassy.org/eng/xwdt/t302141.htm

[24] bidem.

[25] “Eine Gesellschaftsformation geht nie unter, bevor alle Produktivkräfte entwickelt sind, für die sie weit genug ist, und neue höhere Produktionsverhältnisse treten nie an die Stelle, bevor die materiellen Existenzbedingungen derselben im Schoß der alten Gesellschaft selbst ausgebrütet worden sind.” Marx, Karl, Zur Kritik der Politischen Ökonomie Vorwort, in Marx, K. e Engels, F. Werke, Band 13, Berlin, Dietz Verlag, 1981, pp. 8-9.,


Fonte: http://cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18903

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Governo quer participação social como política de estado

Planalto quer participação social como política de Estado até 2014


Por André Barrocal

BRASÍLIA – A Secretaria Geral da Presidência pretende transformar em política de Estado até 2014, último ano do governo Dilma Rousseff, o processo de participação social na construção de políticas públicas. Para isso, vai elaborar projeto de lei com uma proposta de Política Nacional de Participação Social para ser operado por um Sistema Nacional de Participação Social, rede que interligaria órgãos federais, estaduais e municipais.


O primeiro passo para a elaboração do projeto foi dado com a realização de um seminário inédito no qual a Secretaria discutiu o tema com cerca de 350 representantes de movimentos sociais. Por dois dias, os movimentos apresentaram a visão deles e uma série de sugestões sobre como deveria ser o sistema.

Eles defendem, por exemplo, que a participação chegue a áreas sensíveis, como a política econômica; cotas orçamentárias para programas propostos pela sociedade; estímulo a adesão das pessoas ao sistema, inclusive com financiamento; e que os próprios gestores, às vezes de perfil burocratizado, sejam capacitados para entender e aceitar a participação social.

Agora, a Secretaria Geral vai pegar as contribuições e fazer uma espécie de depuração entre o que seria viável – técnica e politicamente -, para, depois, negociar com os movimentos aquilo que foi selecionado. Não há prazo para que isso ocorra, apenas o desejo de que uma lei possa ser aprovada pelo Congresso até 2014. “Queremos que, no futuro, nenhuma política pública deixe de ter participação da sociedade”, disse a coordenadora do seminário, Lígia Alves Pereira.

Os movimentos gostaram do seminário e apoiam o objetivo, assumido no encontro pelo ministro chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, de que a participação social vire política de Estado. “O cidadão vai recupar a capacidade de influenciar a política pública”, disse Henrique Parra Parra Filho, do fórum de debate político na internet Cidade Democrática, resumindo o sentimento geral.

O secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, ficou satisfeito com a receptividade dos militantes sociais, que puderam dizer que sentem e pensam, mesmo que nem sempre haja convergência com o que o governo pretende ou pode fazer. “O grande desafio agora é dar capilaridade a essa participação social até o poder local”, afirmou.

Ao converter a participação social em política de Estados, a Secretaria Geral tentará tornar estados e prefeituras mais permeáveis aos movimentos. Para os militantes, a porosidade federal não se repete no resto da administração pública.

Reflexões materialistas e dialéticas

Não nascemos sabendo "ser indivíduo"; aprendemos ser indivíduo. Com isso, não é a nossa consciência q determina a realidade; e sim a realidade q determina a consciência. Se a realidade é o presente -que é o resultado ("de um todo") do passado até este momento- , e "o todo" do presente condiciona nosso pensar, podemos, entendendo essa dinâmica, analisar com calma o presente, para escolher melhor o nosso futuro.

Leno Miranda

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dobradinha PSOL(Freixo) / PV(Gabeira) é possível no Rio

Resolução do PSOL abre caminho para aliança com Gabeira, que pede tempo

Por Jorge Lourenço

Divulgada na manhã desta quarta-feira, a resolução da executiva estadual do PSOL mostrou que o partido está aberto a alianças na briga pela Prefeitura do Rio de Janeiro. A abertura, por motivos ideológicos, é restrita à candidatura de Marcelo Freixo à Prefeitura. Ou seja, para os vereadores, nada de alianças.

Desejo verde

Segundo a resolução, o objetivo da candidatura "é construir uma proposta de programa com as forças democráticas da sociedade civil que busquem uma alternativa ao modelo imposto na atual gestão". O recado está bem claro: o PSOL quer Fernando Gabeira (PV) ao lado de Freixo no palanque. Cobiçados por outros candidatos, os verdes pedem paciência e querem primeiro formular seu próprio programa antes de oficializar as alianças.

Aspásia no páreo

Segundo Gabeira, o PV ainda está dividido entre apoiar algum candidato à Prefeitura ou lançar Aspásia Camargo para o cargo. A candidatura própria serviria para manter a força que a legenda adquiriu no Rio de Janeiro nos últimos anos.


Fonte: http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2011/10/05/resolucao-do-psol-abre-caminho-para-alianca-com-gabeira-que-pede-tempo/