domingo, 8 de maio de 2011

Convenção do PSDB termina sem acordo e explicita divisão

A convenção do PSDB de São Paulo, realizada neste sábado, expôs ainda mais a falta de rumo e unidade dos tucanos. Divididos e em profunda crise, eles não conseguiram chegar a um acordo sobre a vaga de secretário-geral da sigla e adiaram para quinta (12) a eleição do novo diretório estadual. No evento, enquanto José Serra reconhecia a crise na legenda, Geraldo Alckmin negava. O partido também não foi capaz de afinar o discurso sobre a possibilidade de uma fusão com o DEM ou de aliança com o PSD.

Numa estratégia para tentar demonstrar união, os dois principais líderes da legenda no estado, Serra e Alckmin, chegaram lado a lado ao encontro partidário. Mas, depois de iniciado o evento, ficou evidente o racha na legenda.

O atual secretário-geral do PSDB-SP, Cesar Gontijo, que é apoiado pelo deputado federal José Anibal, não aceitou abrir mão da cadeira para acomodar o deputado federal Vaz de Lima, que é aliado do ex-governador José Serra.

Os tucanos só concordaram na indicação do deputado estadual Pedro Tobias para presidir o diretório. Com isso, a reunião realizada neste sábado na Assembleia Legislativa paulista foi encerrada antes do previsto, e a decisão final, adiada para quinta.

Serra e Alckmin

Sem sintonia, o governador Geraldo Alckmin e o candidato derrotado à Presidência José Serra discursaram no evento e deixaram o local antes do fim das negociações pelos cargos de direção. Enquanto José Serra preferiu admitir a crise que o partido atravessa, inclusive "em nível federal", cobrando unidade, Geraldo Alckmin preferiu dizer que "há fragmentações", mas que culpá-lo por isso é "maquiavelismo".

"Existe uma crise no PSDB, por que negar? Mas o que querem de nós, até o eleitor do PT, é que saibamos fazer oposição. O problema não é divisão no partido, mas honrar os votos que recebemos. O maior risco que as oposições correm é perder tempo com disputas fantasmas. Cadê o PSDB, como um todo, defendendo suas ideias?", disse Serra.

Ele minimizou a saída de seis vereadores do partido na capital paulista. "Foi um episódio localizado o encaminhamento dessas pessoas no diretório da capital. É normal na vida partidária que existam desentendimentos e desenlaces desse tipo."

Serra ainda completou dizendo que as fofocas desanimam a militância. "A lógica do fuxico, das intrigas, desanimam quem votou em nós, enfraquecem o ideal", declarou.

Sem citar nomes, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, alfinetou o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, dizendo que a "proliferação de partidos" e a "proximidade com as benesses dos governos" é prejudicial.

Alckmin chamou as divisões dentro do partido de "fragmentações", desmentindo o colega. "Não há crise no PSDB, o que existe é o PSDB resistindo. Eu sinto é ânimo do PSDB!", declarou.

O governador de São Paulo aproveitou para dizer que é "inacreditável" responsabilizá-lo pelo mal-estar entre seus apoiadores e os de Serra. "É inacreditável, é maquiavelismo de quem quer abalar as oposições", disse, para então criticar veladamente um aliado de Serra, Kassab. "De Gaulle dizia que a França era difícil de governar pela quantidade de partidos que era tão grande quanto a quantidade de queijos", disse.

O ponto em que os dois caciques foram convergentes foi quanto à necessidade de manter o ideal da sigla e de defender o voto distrital. Dentro da estratégia de forçar uma aproximação, eles trocaram afagos no palanque. "Só quero que o governo do Alckmin dê certo, não porque eu goste do Geraldo, e eu gosto dele, mas por São Paulo", afirmou. Alckmin instou o partido a combater o que chamou de fofocas. "Falou mal do Serra, falou mal de mim", disse.

Fusão

De acordo com o portal R7, alguns dos maiores caciques do PSDB de São Paulo admitiram a possibilidade do partido se fundir ao DEM, pelo menos depois das eleições municipais de 2012. O único a descartar foi Serra.

O primeiro a falar sobre o tema foi o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB), que chegou a comparar a fundação do PSD (do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab) com a do PSDB, partido que se originou do PMDB em 1988. Ele disse que “em toda história de partido há grupos insatisfeitos”.

Sobre a fusão com o DEM, ele disse que “não é nada para agora, isso seria uma hipótese que não é apropriada para ser discutida nas eleições municipais”. “Depois das eleições municipais, sim (...) A conjuntura econômica, política do pais levar a isso (...) Mas agora está fora da nossa pauta”, disse.

Outro que não descartou a possibilidade foi o senador paulista Aloysio Nunes, para quem a junção pode mesmo a ocorrer, mas “não a curto prazo”. Foi o mesmo que disse o deputado federal José Anibal, que negou a fusão imediata entre os dois partidos, mas admitiu essa possibilidade para depois das eleições de 2012. “Aí será uma nova realidade. Mas essa ideia é muito associada ao enfraquecimento da oposição, e nós não estamos fracos.”

Aliança com PSD

Apesar das críticas veladas de Alckmin durante o evento, alguns tucanos defenderam uma aliança do PSDB com o recém-criado PSD. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foi um dos que pautaram a aproximação com o partido do prefeito Gilberto Kassab, nas eleições municipais de 2012.

O tucano disse considerar a nova sigla uma aliada, apesar da aproximação entre Kassab e a presidente Dilma Rousseff."Eu não considero o PSD nosso adversário. Fundamento é do nosso campo", afirmou o senador.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), também avaliou como possível a aliança para as eleições gerais de 2014. O senador ponderou, contudo, que antes é necessário aguardar uma melhor definição dos rumos da nova sigla. "Uma aproximação eleitoral é possível", disse o tucano, ao chegar para a convenção estadual. "Nós não sabemos que partido será o PSD, se será oposição ou governo."

Apesar do aceno, Alvaro Dias criticou a criação da nova sigla. "Eu não vejo que o PSD seja uma lição em matéria de identidade programática", disse. "O Brasil não precisa de novos partidos e de novas siglas. O Brasil não precisa de siglas, porque já tem siglas demais."

Kassab fala em "independência"

Longe da convenção, Kassab afirmou, neste sábado, em Teresina, onde esteve para fundar o PSD no Piauí, que o seu partido adotará uma linha de independência política pela miscigenação e o número de adesistas.

"Vamos conviver com uma transição, aqueles que apoiaram a presidente Dilma continuam. Aqueles que não apoiaram terão liberdade para dar apoio em alguns momentos ou não dar apoio, de acordo com sua convicções", afirmou Kassab, ainda numa linha liberal.

Para ele, "a prioridade zero é fundar o partido e depois disputar as eleições em 2012. (…) O partido é independente pela peculiaridade da sua formação. No ano seguinte às eleições presidenciais, não tem sentido um partido nascer com uma visão de trazer incoerência com seus membros. No Piauí, por exemplo, uns membros tiveram conduta na eleição presidencial e outros membros outra conduta. Então vamos conviver com esta transição. Cada um segue as suas convicções", acrescentou.


Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=153687&id_secao=1

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