quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Kassab enfrenta teste e é reprovado pela militância petista

O presidente nacional do PSD e atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, compareceu ato público em comemoração aos 32 anos do PT, na noite desta sexta-feira (10), e foi vaiado pela militância do partido. Potencial aliado do candidato petista à prefeitura paulistana em outubro, por desejo do ex-presidente Lula, Kassab foi convidado para compor a mesa do evento no bloco de representantes dos partidos aliados do governo, conforme definição do cerimonial.

Preterida pela candidatura de Fernando Haddad, a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy sequer compareceu ao evento. Ela pretendia retornar à prefeitura de São Paulo pelo partido, abriu mão da pré-candidatura em favor de Haddad, mas desqualificou a possibilidade de aliança com o PSD.

Já o ex-presidente do PT, José Dirceu, que também resiste à possível aliança com o PSD, foi ovacionado pela militância que lotou o auditório de um centro de convenções em Brasília (DF).

O presidente do PT, Rui Falcão, foi quem mais sofreu com a insatisfação da militância. Em seu discurso, ao criticar a privataria promovida pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi interrompido por militantes que ironizaram: “Agora é Kassab”.

Os rumores voltaram a ameaçar sua fala quando ele falou das eleições 2012. “Não vamos nos deixar levar pelo pragmatismo exagerado, porque isso afasta o eleitorado”, afirmou. A militância entendeu a observação como ironia. E fez barulho.

O presidente pediu licença, retomou seu discurso e acabou conseguindo arrancar aplausos dos presentes ao prometer que o PT não irá se aliar, em nenhum município brasileiro, com seus inimigos de PPS, PSDB e DEM.

De ótimo humor, a presidenta Dilma Rousseff, que participou do ato, comentou o episódio, no início da sua fala. “É sempre um prazer ver essa militância capaz de fazer comentários que só engrandecem esse partido, porque demonstram um grande senso de humor”, brincou ela.

A ameaça Kassab
Mais cedo, durante o encontro de prefeitos e deputados estaduais, Rui Falcão pediu aos candidatos que não “não sucumbam à tentação da aliança fácil, que quebra os compromissos do partido”. Mas não descartou a possível coligação com o PSD.

Segundo ele, só daqui a quatro meses, o diretório paulista fará uma grande reunião para bater o martelo. “Não quero condicionar opiniões, porque no dia 2 de junho a vontade política do partido será aferida”, esclareceu.

O novo líder da bancada do PT na Câmara, Jilmar Tatto, eleito justamente por São Paulo, acredita que a polêmica em torno da aliança com Kassab, que tanto desgasta o partido, ainda é prematura. “A prioridade do Kassab não é o PT. O PT é o terceiro partido na lista dele”, afirmou.

Para Tatto, o importante garantir que o PT não rebaixe seu programa de governo. “Nós queremos eleger um prefeito para mudar a cidade de São Paulo, que está precisando. A gestão PSDB-DEM não fez bem pra São Paulo”.

Na opinião dele, a capital paulista precisa, urgentemente, retomar o projeto iniciado pelo PT de investimentos em transporte coletivo, ampliar seus hospitais, e sanar o problema da falta de vagas em creches. “As gestões anteriores, tanto do Serra quanto do Kassab, não conseguiram resolver esses problemas”.

Cauteloso, ele afirma, porém, que se Kassab aceitar compor com o PT sem que o partido precise rebaixar seu projeto, não há como recusar o apoio. “Seria muita arrogância nossa. Nós queremos ganhar, mas o PT tem força social, mas só tem 30% (da preferência do eleitorado). E precisamos de 50% mais um. Então, temos que avaliar. Mas vamos com muita calma. Não queremos ser usado pelo Kassab, e se ele vier, terá que vir para somar, e não para dividir, para causar um racha na nossa base social”.

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