por Luiz Carlos Azenha
Amaury Ribeiro Jr. já não está tão entusiasmado com a CPI da Privataria quanto esteve antes. Não que não queira, mas passou a ter dúvidas sobre a instalação.
Como a foto acima — do lançamento do Privataria Tucana no Sindicato dos Bancários de Porto Alegre — demonstra, nunca faltou público ao jornalista.
O livro vendeu cerca de 18 mil cópias em janeiro. Caminha para esgotar os 120 mil exemplares impressos.
Mas Amaury resolveu reduzir o ritmo das tardes e noites de autógrafo. Primeiro, por motivos profissionais. Depois, pelo que testemunhou nos encontros mais recentes com militantes, especialmente do PT. Segundo Amaury, muitos estão furiosos com a concessão dos aeroportos à iniciativa privada, bancada com dinheiro do BNDES e com a importante presença de grupos internacionais. Alguns militantes lamentam as concessões, em si. Outros, o timing do governo Dilma, praticamente às vésperas do início das campanhas municipais. Outros ainda acreditam que o PT deu um tiro no pé, ao perder o mote que foi importante na reeleição de Lula contra Geraldo Alckmin e na eleição de Dilma contra José Serra.
Amaury frisa que ficou genuinamente desanimado com o desânimo dos militantes, principalmente dos ligados à ala sindical do PT. Disse que é preciso entender o que há por trás das concessões, especialmente por elas se concentrarem nos três maiores aeroportos do Brasil — Viracopos, Guarulhos e Brasília.
Nas faz muito tempo, aliás, em artigo na Carta Maior, Gilberto Maringoni assinalou:
“As privatizações se constituem em outro caso claro de vitória operacional [dos tucanos] que se transformou em derrota política. Amaury Ribeiro Jr. assinalou isso em um concorrido debate para o lançamento de seu livro na tarde desta quarta (25), no Fórum Social Temático, em Porto Alegre. “Fiquei me perguntando por que um livro sobre as privatizações, um tema da macroeconomia, vendeu tanto e sensibilizou tanta gente em todo o Brasil”, disse ele logo de início. Em seguida, emendou: “É porque a venda das estatais afetou a vida de milhares de pessoas, não apenas daquelas que trabalhavam e foram demitidas das companhias, mas daquelas que acreditaram nas promessas de que o país melhoraria com os leilões”. Amaury certamente conhece uma pesquisa realizada em 2007 pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre o assunto. Ela constatava que “A maioria do eleitorado brasileiro (62%) é contra a privatização de serviços públicos”.
Amaury acredita que o ímpeto para investigar as denúncias contidas no Privataria Tucana, que era dado não apenas, mas especialmente por militantes petistas, se não minguou completamente, está minguando.
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