[postado na fonte dia 07/02/2012]
Três centrais sindicais de trabalhadores posicionaram-se a favor dos policiais militares em greve na Bahia desde a semana passada, apesar de a categoria não ter direito à sindicalização, como acontece com os militares em geral.
Ligada ao PCdoB, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) divulgou nota de apoio ao movimento dos policiais militares. Conforme a nota, a greve é legítima porque os trabalhadores “lutam por melhores salários, pagamento de gratificações, insalubridade e periculosidade, reivindicações estas que encerram uma pauta justa”.
A Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), que tem vínculo com o PSTU, também se manifestou favorável à greve e afirmou que aproveitará o momento para discutir com os policiais a participação deles em ações de impedimento às greves de outras categorias. Para a Central, a greve também é legítima. “Ilegal é a postura do governo Wagner que não paga a URV [gratificação] aos policiais militares e a todos os servidores públicos estaduais mesmo com determinação judicial para tal”, diz o documento.
Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT), historicamente aliada do PT do governador da Bahia, Jaques Wagner, defendeu a abertura de negociação com os grevistas para restabelecimento da paz.
“A CUT entende que o bom senso e a manutenção do diálogo com os trabalhadores, em qualquer instância, é um exemplo de civismo e de democracia. Os policiais militares são responsáveis por um trabalho de extrema importância para a sociedade e é justo que sejam bem recompensados por isso”, diz a nota da maior central sindical do país.
Desde a madrugada desta segunda-feira, (6), a situação é tensa dentro e fora da Assembleia Legislativa, onde os PMs se amotinaram. Policiais da tropa de choque da PM que não aderiram à manifestação comandam um cerco aos grevistas. Somam-se a eles 45 policiais federais e parte do efetivo de 2,8 mil militares das Forças Armadas e 450 policiais da Força Nacional de Segurança Pública que o Ministério da Justiça enviou para ajudar no policiamento do Estado, no sábado (4).
O comando da operação cortou o fornecimento de energia, água e alimento aos policias que continuam no prédio, juto com familiares, incluindo crianças. Mas decidiu não entrar à força e apostar na negociação com os líderes para desocupação pacífica do local.
Durante a manhã, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, e o comandante da VI Região Militar, general Gonçalves Dias, se reuniram com os grevistas. As autoridades deixaram o prédio, mas os policiais continuaram.
“O momento é de diálogo. O que estamos querendo é o retorno desta minoria que está em greve ao trabalho. Por isso, peço que os policiais retornem para fazermos o policiamento ostensivo. Tenho certeza que chegaremos a uma solução”, disse Castro, em entrevista coletiva à imprensa. Segundo ele, um interlocutor do governo continua no local, negociando com os líderes do movimento as cláusulas salariais e benefícios reivindicados.
Os policiais querem o pagamento de uma gratificações prevista em lei desde 1997 e reajuste nos salários que, somados, elevariam seus vencimentos em R$ 600, em média. Os soldados baianos recebem, hoje, R$ 1,9 mil e os cabos e sargentos, R$ 2,3 mil. A Secretaria de Comunicação do Estado afirma que o governo ofereceu 6,5% de reajuste linear e que, desde o início do primeiro mandato de Jacques Wagner, há cinco anos, os policiais militares já obtiveram ganhos reais de 35%.
O comandante-geral reafirmou que, apesar das negociações prosseguirem, o governo não irá conceder anistia aos 12 principais líderes da greve, que já tiveram suas prisões preventivas decretadas pela Justiça Estadual. Até o momento, apenas um foi preso. Os policiais são acusados de formação de quadrilha e de roubo de viaturas oficias. Os 16 carros de polícia que estavam em poder de grevistas foram recuperados pela corporação no sábado (4), com base em expedição de mandado de reintegração.
Desde o início da greve os índices de criminalidade explodiram na Bahia. Na região metropolitana de Salvador, onde a greve teve maior adesão, 95 homicídios foram confirmados. A taxa é 130% superior a do mesmo período da semana que antecedeu à greve. Há uma onda generalizada de assaltos, arrombamentos e saques que já gerou R$ 400 milhões de prejuízos ao comércio, conforme estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). As escolas, particulares e públicas, suspenderam as aulas.
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