As pesquisas de boca de urna indicam que candidato de centro -esquerda, Hollanta Humala, provavelmente enfrentará Keiko Fujimori no segundo turno das eleições presidenciais peruanas, no próximo dia 5 de junho. Se o resultado se confirmar, será um acerto de contas dos peruanos com uma das páginas mais conflitivas de sua história. Keiko é filha de Alberto Fujimori, o ex-presidente e ditador que governou o Peru com mão de ferro por uma década (1990-2000), sendo condenado a 25 anos de prisão em abril de 2009. Ao final de um julgamento que se arrastou por 12 meses, a Suprema Corte de Lima declarou-o responsável por autorizar ações de um esquadrão militar conhecido como Grupo Colina (uma espécie de OBAN peruana), integrado por membros do Exército e da polícia, cujo prontuário inclui, entre outros feitos, o massacre de 25 pessoas, entre elas uma criança de oito anos, ademais de sequestros como o do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, mantidos reféns no porão do Serviço de Inteligência do Exército. Debita-se a Fujimori inúmeros outros crimes contra os direitos humanos, entre eles a imposição de condições carcerárias dantescas a milhares de presos políticos. Em 5 de abril de 1992, Fujimori deu um golpe fechando o Congresso para assumir plenos poderes, sob pretexto de enfrentar a guerrilha maoísta do Partido Comunista, o "Sendero Luminoso". Foi o AI-5 peruano. Seguiu-se uma onda repressiva liderada pelo Exército com monstruosa escalada de ações dos serviços secretos. Vladimiro Montesinos, uma espécie de braço-direito de Fujimori, tornou-se o chefe da Inteligência do regime, assumindo o comando dessa rede de aniquilamento e corrupção, desmascarada quando uma bateria de vídeos veio a público trazendo flagrantes das investidas do 'Rasputin dos Andes'. Cenas explícitas de compra de apoios e coleta de recursos em benefício próprio e do regime marcaram o seu fim. Keiko não é uma novata no ramo. Durante o intercurso de autoritarismo, corrupção e fastigio neoliberal que marcou a 'década Fujimori', ela exerceu o papel de primeira dama do ditador agora encarcerado, mas que comandou a campanha da filha de dentro da prisão, com aquiescência do presidente, Alan García. É esse o bloco que volta à cena, com apoio da mídia, contra Humala.
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