*Por Leno Miranda
Duas coisas ditas pelo candidato José Serra em sua propaganda eleitoral – exibida na metade do dia 21/09/10 – me chamaram muito a atenção. A primeira é o fato dele – supostamente emocionado – recitar uma determinada parte do hino nacional: “Verás que um filho teu não foge à luta,/Nem teme, quem te adora, a própria morte.”
Em 1964, quando foi deflagrado o golpe militar, o candidato da coligação encabeçada pelos Demo-Tucanos, era o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Ao que me consta, este senhor que diz em seus programas políticos que lutou contra a ditadura, e fez questão de se exibir na propaganda do referido dia, recitando está pequena parte do nosso hino nacional ,com “tanta emoção” (sic), fugiu do Brasil assim que se deflagrou o Golpe Militar, com medo de represálias. Não ficou sequer um mês para lutar contra a ditadura! E depois tenta passar a imagem de destemido, e lutador, patriota.
Não é novidade que este candidato vem mudando de perfil a cada dia desta campanha, mas daí a tentar comover a população – com algo que realmente não é e nem nunca foi –, às vésperas de uma eleição que está praticamente definida, é o puro retrato do desespero. Isso só está mostrando que a rejeição do seu projeto político é tão grande, que ele está apelando para uma tentativa de refazer a sua própria história, e imagem.
Vale lembrar também que está mesma pessoa que tenta ludibriar a população, quando estava exilado no Chile, e lá se instaurou o regime militar, também não teve coragem de ficar no país que o acolheu quando estava fugido.
O mesmo não aconteceu com Dilma. Ela enfrentou a luta contra a ditadura, e ficou no país até a restauração da democracia.
O segundo ponto que me chamou a atenção – e que é de uma coerência extraordinária – foi quando o “Zé” disse: não somos (se referindo ao seu próprio grupo) candidatos a donos do país. E isso eu tenho que concordar em gênero, número e grau. Como também não enxergo essa vontade em nenhum dos candidatos, e até mesmo partidos, que disputam estas eleições.
Mas no caso de José Serra e seu grupo de aliados tem algo de especial. Um candidato que faz parte de um campo político tupiniquim que é conhecido como “entreguista”, e defensor do “estado mínimo”, não pode e não é candidato (nem se quisesse!) a ser dono de nada. Muito pelo contrário. Pois quem vai dar as ordens é o setor privado - inclusive no pouco que restaria do Estado, se caso eles retornassem ao poder.
Portanto, fica a reflexão para o, ou a leitora, de que por mais que as grandes corporações midiáticas – que estão claramente alinhadas com José Serra (que lembra muito o Senhor Burns, dos Simpsons) – não frisem determinadas notícias (como é o caso da empresa da filha de Serra e da Irmã de Daniel Dantas, que violou o sigilo fiscal de mais de 60 milhões de brasileiros), ou tentam apagar alguns fatos (podemos dizer até históricos, pois marcam nosso passado e presente [e também do candidato Serra, que aparece na grande mídia como se sua vida, seu comportamento, e das pessoas que o cercam, fossem um exemplo a ser seguido – pois não aparece nada de errado {e se aparece não é dada nenhuma importância} contra, nem em relação, a ele] ), nós, brasileiros e brasileiras, estamos atentos e utilizando esta grande ferramenta, que é a internet – para não deixar que o nosso povo caia no conto do vigário, e seja enganado por um covarde que tenta apagar seu passado e construir uma nova imagem de si próprio – e essa intenção fica bastante notória, quando observamos com calma uma frase que ele mesmo está pronunciando sempre: “política não se faz olhando para o retrovisor” (onde tenta desvincular sua imagem da imagem de FHC, e do projeto político defendido por ambos).
*Leno Miranda é estudante de Ciências Sociais, na UESC, e militante do Partido dos Trabalhadores
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