quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Entrevista com a nova Vice-presidente da UNE

Prestes a tomar posse na vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), nesta quarta-feira dia 10 de agosto, a estudante carioca Clarissa Alves da Cunha conversou com o site oficial da UNE sobre sua trajetória no movimento estudantil

A jovem tem 25 anos e cursa Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Clarissa conheceu o a luta dos estudantes logo no primeiro ano da universidade e quando percebeu já estava participando de grandes mobilizações do DCE da PUC. Militante do movimento Kizomba (www.kizomba.org.br), na universidade reuniu amigas e colegas para fundar o Coletivo Feminista de Mulheres Estudantes da PUC.

Seu sonho, diz, é construir uma sociedade sem xenofobia, homofobia, racismo ou qualquer preconceito. Foi secretária da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ) e participou da recente conquista da meia passagem para bolsistas do ProUni e cotistas do Rio de Janeiro.

“Foi um período de muito trabalho onde pude conhecer de perto a realidade dos estudantes do interior do estado, principalmente no Sul-Fluminense”, conta Clarissa. Agora, na UNE, ela espera “contribuir muito efetivamente para que todo o movimento estudantil brasileiro construa uma grande campanha nas universidades brasileiras para que a educação seja prioridade em todas as esferas de governo”.

Apesar de ser carioca, berço do samba, a jovem gosta mesmo é de um bom rock n’ roll e ampliou a nação flamenguista na UNE, junto ao também recém-eleito presidente Daniel Iliescu. Confira abaixo a conversa na íntegra:

Muitas pessoas do movimento estudantil contam que o envolvimento e a paixão pela política eram uma herança familiar, que seus pais, por exemplo, também foram envolvidos com o movimento estudantil quando eram jovens. Esse é o seu caso?

Meus pais não foram militantes organizados no movimento estudantil, mas sempre estiveram ao lado daqueles que lutam por um Brasil mais justo. São professores universitários e sempre lutaram por uma universidade pública e de qualidade, logo essas palavras de ordem sempre estiveram presentes na minha formação. Lembro, quando era pequena, da posição dos meus pais na época do “Fora Collor”e das críticas que faziam ao sucateamento da educação nos anos 90, no governo FHC. Tudo isso ajudou a moldar minha percepção da política e me apaixonar pela luta de um mundo melhor.

Sua família apoia a sua participação no movimento estudantil? E você se inspira em alguém na sua militância diária?

Recebo dos meus pais, da minha irmã, do meu cunhando, e do meu namorado, toda solidariedade necessária para me fortalecer nessa caminhada. Tenho muitas inspirações! Mas sempre daqueles e daquelas que lutaram de diferentes maneiras, por uma sociedade libertária e socialista. Entre eles Simone de Beauvoir, Leon Trotsky, Che, Pagu e muitos companheiros e companheiras que me motivam no dia-dia por suas lutas cotidianas por um mundo melhor. E sem dúvidas meu pai está entre estes e estas.

Conte a sua trajetória na política até o 52º Congresso da UNE. Que momentos foram mais marcantes? Quais foram seus principais desafios?

Eu participei do meu centro acadêmico e fui de duas gestões do DCE da PUC-Rio e fundei com algumas amigas o Coletivo Feminista de Mulheres Estudantes da PUC. Tive minha maior aprendizagem sobre o movimento estudantil, sobre como dirigir uma entidade prezando sempre pela democracia e demanda dos estudantes nesses anos. Foi maravilhoso protagonizar dois anos de muitas conquistas dos estudantes da PUC-Rio. Nos dois últimos anos participei da vitoriosa gestão da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro representando o movimento que faço parte, a Kizomba. Foi um período de muito trabalho onde pude conhecer de perto a realidade dos estudantes do interior do estado, principalmente no Sul-Fluminense. Esse segundo momento da minha recente caminhando no movimento estudantil também foi muito significativo para minha formação enquanto militante. O momento mais marcante talvez tenha sido o ultimo congresso da UEE-RJ onde pude presenciar em poucos dias todo trabalho estadual da Kizomba-RJ e a grande renovação dos militantes no estado.

Quais as suas expectativas para a próxima gestão da UNE?

Fazer com que a UNE esteja ainda mais presente no dia a dia dos estudantes, seja uma entidade ainda mais plural e democrática, que avance ainda mais no combate ao machismo, ao racismo e à homofobia, em especial na universidade e no movimento estudantil. Espero ainda poder contribuir muito efetivamente para que a UNE e todo o movimento estudantil brasileiro construa uma grande campanha nas universidades brasileiras para que a educação seja prioridade em todas as esferas de governo e claro, massificar a campanha e conquistar os 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.

Que bandeiras você vai levantar?

As principais, como já colocado, são da conquista dos 10% do PIB para a educação e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação. Mas existem outras também muito importantes, como a política de cotas, tanto sociais como raciais, 2% do orçamento do MEC para o Plano Nacional de Assistência Estudantil, criação de creches para mulheres estudantes como uma importante política de assistência estudantil, dentre outras.

E na política geral a campanha pelo avanço das políticas sociais, pela democratização da mídia e pela construção de um marco regulatório, pela Banda Larga para todos e pela democratização da propriedade intelectual e flexibilização dos direitos autorais para a democratização do acesso ao conhecimento e à cultura.

Além da atuação no movimento estudantil e da faculdade, o que você gosta de fazer?

Cinema está com certeza no topo da minha lista de atividades favoritas. Gosto muito de barzinhos com os amigos e sair pra comer, e comer bastante! Mas, minha vida pessoal está, também, relacionada à minha vida política. Estou sempre rodeada de pessoas queridas que acrescentam muito minha formação quanto pessoa e militante. Tenho tolerância zero a machismo e opressão na minha vida pessoal e espaços de lazer. No mais adoro ficar com minha família e hoje em dia, especialmente, com minha sobrinha de um mês e meio.

Que tipo de musica ouve?

No Rio de Janeiro não temos a opção de não escutar, e gostar, de samba. Mas eu gosto mesmo é de um bom rock n´roll!

Qual o seu maior sonho?

Construir uma sociedade sem machismo, sem racismo, sem homofobia e sem xenofobia. Enfim, uma sociedade sem qualquer tipo de opressão, com igualdade material e não apenas formal, verdadeiramente solidária e democrática.



Fonte: http://www.une.org.br/noticias/acredito-em-uma-sociedade.html

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