segunda-feira, 18 de outubro de 2010

FHC perdeu o juízo ou aposta na falta de memória do povo brasileiro?

Enviado em 15 de outubro de 2010, às 07h49min


Nos jornais de hoje, está lá a notícia em letras graúdas, destaque de primeira página, informando que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso desafiou o presidente Lula a um debate "cara a cara", após as eleições, para se saber quem fez mais pelo Brasil no governo de um e de outro.

"Eu mudei o Brasil. Eu nunca disse isso. Agora, oito anos depois do governo Lula digo que eu mudei o Brasil" - disparou FHC.

Se eu fosse Lula, topava a parada na hora - já. Mas não para comparar governos, que eles são incomparáveis e até já mereceram um texto bem humorado (leiam aqui) que corre pela internet. Eu, se fosse Lula, topava o debate "cara a cara" com FHC para lembrá-los dos escândalos que ele escondeu em seu governo e que custaram ao Brasil muitos bilhões de reais e um trabalho intenso para recuperar o país.

Lembrava a quebra do monopólio da Petrobras, por exemplo, que por muito pouco não quebrou a maior empresa brasileira.

Lembrava o escândalo do Sivam, um projeto que quase foi abaixo pelas fraudes que o seu governo encobriu.

Lembrava a farra do Proer, o programa de ajuda aos bancos, que em 1995 injetou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em instituições falidas mas de grandes amigos.

Lembrava também as denúncias de caixa dois nas campanhas eleitorais de FHC em 1994 e em 1998 - basta rever as contas apresentadas ao TSE.

Lembrava ainda o engavetamento quase diário de CPIs no Congresso Nacional, o que fez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a divulgar uma nota dizendo não ser justo "que se roube o pouco dinheiro de aposentados e trabalhadores para injetar no sistema financeiro, salvando quem já está salvo ou já acumulou riquezas através da fraude e do roubo".

Lembrava a distribuição franca e vergonhosa de propinas para a privatização da Telebrás e da Vale do Rio Doce, a cargo do tucano Ricardo Sérgio de Oliveira, então diretor internacional do Banco do Brasil.

Lembrava a mudança da Lei de Patentes, apenas para fazer a vontade dos Estados Unidos.

Lembrava o quanto custou no Congresso a aprovação da reeleição, cada parlamentar a favor recebendo R$ 200 mil.

Os grampos telefônicos que flagraram Luiz Carlos Mendonça de Barros (ministro das Comunicações) e André Lara Resende (presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) articulando apoio da Previ para beneficiar o Opportunity, do banqueiro-ladrão Daniel Dantas, alguém já esqueceu?

A corrupção escancarada no DNER, onde os peemedebistas de então se escondiam, é uma página virada?

O "caladão" de 1999, quando os telefones ficaram mudos no mês de junho por conta da privatização às pressas da Telebrás, ficou na memória?

Ninguém se lembra mais que em 1998, para se reeleger, FHC prometeu manter a paridade entre o real e o dólar e logo depois, reeleito, fez exatamente o contrário?

E a fortuna de R$ 1,6 bilhão paga aos bancos Marka e FonteCindam em 1999, quando se sabia que ambos naufragaram por conta própria e ensaiada?

E o superfaturamento de um stand europeu do Brasil na festa dos 500 anos, a cargo do filho de FHC, o inesquecível Paulo Henrique Cardoso?

Alguém se esqueceu do racionamento de energia em 2001, por causa da incompetência governamental que obrigou os brasileiros a desligarem a luz meses a fio?

Vocês não lembram mais do vergonhoso acordo assinado pelo governo com empresas farmacêuticas internacionais, permitindo que elas levassem o nosso patrimônio genético a custo zero?

Esqueceram a compra sem licitação de milhares de computadores para escolas públicas e o megacontrato que o governo fechou com Bill Gates para manter aqui o monopólio da Microsoft?

E o rombo transamazônico na Sudam, que levaram o então presidente do Senado, Jáder Barbalho, aliado de FHC, a ser preso e renunciar?

E a ameaça de mudanças na CLT, só barrada porque a sociedade gritou e a oposição fincou pé?

Fecharam a Sudene porque havia desvios de bilhões, especialmente em notas frias. Alguém esqueceu?

No governo FHC, a legislação ambiental era fraca e mesmo assim desrespeitada - o que provocou o maior desmatamento já registrado na Floresta Amazônica. Lembram vocês e lembra ele?

Do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o senador tucano Teotônio Vilela garfou R$ 4,5 milhões sem ser incomodado pelo aliado FHC. Esqueceram?

Esqueceram também que em 2001 o Tribunal de Contas da União listou 121 obras federais com irregularidades graves?

A dengue, no governo FHC e sob a guarda de José Serra no Ministério da Saúde, se transformou em uma epidemia e mesmo assim um e outro demitiram seis mil funcionários contratados para eliminar focos do mosquito. Esqueceram?

O massacre em Eldorado de Carajás, com o assassinato de 19 sem-terra, ocorreu em 1996. Em 1996, quem era o presidente da República?

Por seis anos, FHC congelou a tabela do Imposto de Renda. Doeu no bolso de quem, hein?

É pouco, mas tem mais. Só que o espaço é pequeno, não permite.

Mas é risível, chega a ser tragicômico, FHC querer um encontro "cara a cara" com Lula para saber quem fez mais pelo Brasil.

Isso é. Brasília Urgente.


Fonte: http://marcosimperial.blogspot.com/2010/10/fhc-perdeu-o-juizo-ou-aposta-na-falta.html

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