quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Enquanto economia estiver bem, política estará sob controle, diz Ideli

Por André Barrocal

BRASÍLIA – O bom andamento da economia é fundamental para que a presidenta Dilma Rousseff tenha tranquilidade política e o governo possa conter – ou contornar - eventuais insatisfações de partidos aliados. A falta de musculatura dos adversários do Planalto no Congresso também ajuda a manter a situação sob controle, pois eles não se mostram atraentes para dilmistas contrariados.

As avaliações são da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. “A relação com os partidos é um processo de orar e vigiar. Ninguém se rebela se as coisas estão dando certo. E elas estão dando certo”, disse Ideli à Carta Maior.

Abaixo, o leitor confere os principais trechos de entrevista exclusiva concedida pela ministra na última terça-feira (30/08).

Partidos e Congresso. Ideli destaca que Dilma entendeu que precisava se dedicar mais às conversas. Cita como exemplo uma recente rodada de reuniões. Primeiro, a presidenta sentou-se com a “espinha dorsal” do governo, PT e PMDB. Depois, com aliados ideológicos (PSB, PCdoB e PDT). Por fim, com partidos de centro (PP, PTB e PRB). “Se a relação PT e PMDB estiver harmonizada, o grau de fidelidade ao governo é maior.”

Dilma e o PT. Segundo Ideli, desde a campanha de 2010, Dilma passou a ter um laço emocional com o PT, por gratidão ao esforço da militância. Agora, estabeleceu uma relação “formal e institucional” com o partido que nunca houve com o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que era “da cozinha do PT”. “A Dilma cobra mais dos ministros do PT do que dos outros partidos."

Oposição. Para a ministra, o comportamento dos três principais partidos de oposição - PSDB, DEM e PPS - tem sido muito aquém do histórico de cada um. "Eles não têm propostas, tirando acabar com o FGTS e o FAT e essa coisa udenista da corrupção."

Crise mundial. Afinada com o discurso de Dilma e da equipe econômica, Ideli diz que o Brasil está pronto para enfrentar turbulências graças ao mercado interno, como ficou demonstrado na crise 2008/2009. "Nós desmontamos a tese de que tinha de crescer primeiro para depois distribuir renda. É possível crescer e distribuir renda. E, também, ter as condições macroeconômicas alteradas com redução da taxa de juros. Antes isso era quase impossível."

Superávit primário. A base aliada "teria compreendido" e “aceitado” o plano do governo de usar a arrecadação extra para reforçar o pagamento de juros da dívida, em vez de destiná-la a gastos correntes novos. Isso cria condições para o Banco Central baixar a Selic, grande ambição presidencial. “A presidenta explicitou que não dá para o Congresso ir na contramão desse esforço e foi bem compreendida.”

Agenda legislativa. As prioridades do semestre são projetos ligados a crescimento, combate à miséria e incentivo ao desenvolvimento tecnológico, como Pronatec, microcrédito e Bolsa Verde. A reformulação do Código Florestal, que não foi proposta pelo governo, merece atenção especial, pois Brasil vai sediar uma conferência ambiental internacional em 2012. “Não podemos deixar este tema ficar para o ano que vem. Por causa da Rio+20, politicamente, é importante votar este ano”.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18383

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