domingo, 14 de novembro de 2010
Autor(es): Denise Rothenburg
Correio Braziliense - 14/11/2010
Como o rearranjo das legendas teria chance de gerar indisposições na aliança com o PT e influir de forma negativa na base de Dilma, união ficou improvável
O PMDB praticamente desistiu de levar adiante a ideia de incorporar o DEM às suas fileiras. Nas conversas que o vice-presidente eleito, Michel Temer, manteve nos últimos dias dentro do próprio PMDB, ele concluiu que a união é praticamente impossível, embora seja do desejo de Gilberto Kassab, o prefeito de São Paulo. A prioridade, no momento, diz ele, é a relação PT-PMDB. “Não pode haver traumas entre PT e PMDB”, diz Temer.
Como vice-presidente, ele vai defender no partido que todo e qualquer movimento de rearranjo partidário tenha por base este aspecto: preservar a política da boa vizinhança entre as duas principais legendas que sustentarão o governo de Dilma Rousseff e dele próprio. “Não pode haver desconfianças”, prega.
O problema é que Temer ainda não conseguiu avaliar se terá forças para levar adiante essa tarefa de aplainar suspeitas. Nos últimos dias, além dos entraves entre Aloízio Mercadante (PT) e Renan Calheiros (PMDB) no Senado, o governo viu o principal aliado no Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, entrar com uma ação judicial exigindo que o governo estadual seja compensado pelos recursos que deixará de arrecadar dentro da operação de capitalização da Petrobras.
Enquanto as rusgas no Senado e no pré-sal crescem, está aberta na Câmara a temporada de ensaios de fusão e/ou criação de novos partidos — hipóteses que, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, funcionam como um passaporte para troca de legendas sem que necessariamente haja punições por infidelidade partidária.
Na base governista, esses movimentos não têm tido segmento. Enquanto as conversas entre DEM e PMDB seguem aos tropeços — e estão em ritmo decrescente por causa da reação contrária dos atores envolvidos e do próprio governo — PTB, PR e PP ensaiam formas de ampliar o poder de fogo, no governo e no Congresso.
Fusão
Ocorre que, se esse trio seguir para uma fusão ou mesmo uma simples formação de bloco, PT e PMDB montam outra parceria e, com maior número de deputados, ocupam todos os principais cargos da Mesa Diretora, comissões no Parlamento e ainda postos importantes no governo Dilma.
“Fala-se muito em fusão, mas está muito difícil porque, quando morre um partido, morre junto toda uma gama de benfeitorias, fundo partidário, horário político. O DEM é uma máquina, tem força em Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Bahia. Não vai querer perder espaço”, avalia o cientista político Murilo Aragão. Ele entende que os deputados queriam mesmo era a janela para troca de partido, mas, como o projeto ficou na gaveta, sobraram apenas a fusão e a formação de novas legendas para o troca-troca sem risco de punição. É nesse sentido que as conversas estão ocorrendo. A tendência, diz Murilo, é que surja muita especulação e a maioria sem muito efeito prático. Pelo menos no que diz respeito à base governista, esse rearranjo só vai ocorrer se vier mesmo a tal reforma política sonhada pelo presidente Lula.
FONTE: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/11/14/fusao-entre-pmdb-e-dem-no-telhado
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