domingo, 14 de novembro de 2010
PSDB tenta buscar o caminho e o tom mais apropriados para atuar na oposição ao governo de Dilma. Há quem fale sobre a criação de nova legenda
O rearranjo partidário pós-Lula não é privilégio do governo. O PSDB, com a derrocada do DEM, assume definitivamente o epicentro da oposição. E, em breve, viverá - de forma dolorida - a passagem do bastão de comando das mãos de José Serra para Aécio Neves, senador eleito por Minas Gerais. E não está descartada nem mesmo a montagem de um novo partido oposicionista, ideia antiga que o próprio Aécio tentou levar avante há alguns anos e agora começa a ser retomada em algumas conversas mais reservadas envolvendo tucanos fora de São Paulo, o PPS e setores do próprio DEM insatisfeitos com o rumos de Gilberto Kassab para o PMDB.
Nas conversas internas, os tucanos têm avaliado que Minas Gerais foi o único estado em que o partido saiu realmente inteiro, com as duas vagas ao Senado e a eleição do governador em primeiro turno. Nos dois outros estados do centro-sul onde os tucanos se saíram bem - São Paulo e Paraná - a oposição não poderá ser tão aguerrida por parte dos principais protagonistas. Afinal, ambos são governadores e precisam de uma relação amistosa com o governo Dilma Rousseff. Além disso, nos dois estados, as brigas internas do PSDB são iminentes.
Em São Paulo, embora Geraldo Alckmin tenha sido vitorioso no primeiro turno, a montagem do secretariado tem servido para reavivar a disputa entre serristas e alckminstas por espaço, de forma a enfraquecer a posição do candidato derrotado à Presidência da República na hora de liderar a oposição. Principalmente se Serra virar secretário de Saúde de Alckmin, como vem sendo cogitado.
No Paraná, Beto Richa, outro vencedor no primeiro turno, também não tem todo o partido unido em torno de uma causa. Ele não perdoa o líder da legenda no Senado, Álvaro Dias, que, durante a campanha, anunciou apoio ao irmão Osmar Dias (PDT), principal adversário de Beto. Para completar, o deputado Gustavo Fruet, derrotado para o Senado, surge como liderança capaz de concorrer à prefeitura de Curitiba contra o atual prefeito, Luciano Ducci, do PSB. Ducci assumiu a administração municipal em abril deste ano, quando Beto saiu para disputar o governo estadual.
Trincheira
Enquanto observa os problemas locais de seus companheiros de partido e as movimentações do DEM, Aécio vai montando a sua estratégia. Nesses primeiros passos do governo Dilma, o PSDB cuidará de definir espaços de poder no Congresso e ver se consegue, apesar da bancada menor, conquistar alguma comissão que possa servir de trincheira. Na Câmara, entretanto, onde a bancada também foi reduzida - de 66, os tucanos caíram para 53 deputados - as perspectiva de poder são pequenas, a não ser que venha logo o novo partido, reunindo quem deseja fazer oposição num só bloco. Há quem diga, em conversas reservadas, que esse novo partido oposicionista reunindo todo mundo é a única saída. Mas essa ideia só vingará, avaliam alguns, se o PSDB resolver pelo menos parte de suas rusgas internas, que continuam grandes.
Correio
Fonte: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/
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