Há algumas semana atrás eu escrevi um artigo sobre a atual crise que basicamente dizia:
As notícias dos últimos trinta dias, na minha opinião, confirmam boa parte do que foi tratado no artigo:
"Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise" (discurso na ONU)
"É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e, algumas vezes, de clareza de ideias" (discurso na ONU)
"A nossa experiência demonstra que, nosso caso, ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação, perda de oportunidades e desemprego"(Bélgica, 03/10/11)
Em resumo, vivemos dias onde o futuro está aberto. É a hora da política, menos do que da economia. Como disse Guy Debord, o que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas.
- Que ela é parecida, do ponto de vista de suas causas profundas, com a Grande Crise de 1929, ou seja, é criada por um processo de concentração de renda que suprime demanda agregada global e força uma hipertrofia do sistema financeiro.
- Que a saída para ela seria estímulo a demanda através de mecanismos "keynesianos" clássicos.
- A dificuldade para isso é o elevado grau de endividamento dos estados, por conta da abordagem de combate à primeira fase da crise em 2008 - enorme transferência de recursos públicos para salvar bancos e o próprio sistema financeiro.
- Há uma incapacidade por parte das elites mundiais em coordenar uma saída eficaz, já que são prisioneiras de seus dogmas fiscalistas (e nacionalismo crescente).
- Enquanto isso, uma disputa dos rumos do mundo está aberta, com vantagem das forças conservadoras. O discurso xenófobo volta à cena, as ultra-direitas nacionais crescem e o salve-se quem puder cambial cria as bases para futuros conflitos entre nações, inclusive para um novo imperialismo.
- O Brasil e os Brics podem ter um papel relevante no sentido de pressionar por alternativas democráticas e progressistas para a crise.
As notícias dos últimos trinta dias, na minha opinião, confirmam boa parte do que foi tratado no artigo:
- Dilma foi à ONU e a Europa e colocou o dedo na ferida
"Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise" (discurso na ONU)
"É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e, algumas vezes, de clareza de ideias" (discurso na ONU)
"A nossa experiência demonstra que, nosso caso, ajustes fiscais extremamente recessivos só aprofundaram o processo de estagnação, perda de oportunidades e desemprego"(Bélgica, 03/10/11)
- Os conservadores rejeitaram imediatamente suas propostas.
- Enquanto isso, os governos tentam fazer alguma coisa:
- Obama lançou um tímido plano de estímulo aos empregos no Labor day americano.
- O FOMC (o copom Americano) lanço a operação twist, troca de títulos de longo prazo por prazos menores como forma de baixar juros (através do aumento dos preços dos títulos) sem aumentar a quantidade de meio circulante.
- A Inglaterra imprime mais moeda e aposta no relaxamento quantitativo
- Angela Merkel tenta novo desenho institucional conservador, mas osconflitos com a França aumentam
- E outubro chegou, e a ruas reagem de maneira cada vez mais contundente:
- Além das greves na Itália, Grécia, manifestações na Espanha, agora temos o Occupy Wall Street, movimento iniciado pelos estudantes de NY que agora conta com a participação de sindicalistas. É a primeira vez em décadas que vemos um movimento conjunto entre estudantes e sindicalistas nos EUA.
- O presidente Obama, que Fidel Castro disse ter idéias confusas, dessa vez, perguntado sobre o Occupy Wall Street, foi certeiro: reflete a frustração com quem criou a crise, e, em um recado para o congresso americano, pediu maior taxação sobre os mais ricos.
Em resumo, vivemos dias onde o futuro está aberto. É a hora da política, menos do que da economia. Como disse Guy Debord, o que queremos, de fato, é que as idéias voltem a ser perigosas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário