quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A nova troca no Ministério



Por Emir Sader

Desde a crise de Palocci, ao longo de seis meses, o governo tem sido pautado pela mídia. Dá para fazer a periodização do governo, conforme os casos na berlinda pelas denúncias da mídia.

Agora correspondeu a Orlando Silva. O roteiro é mais ou menos o mesmo, as acusações podem aparentar ter mais ou menos credibilidade, mas o ímpeto e a reiteração são os mesmos, ate’ derrubar o ministro. O método tem se mostrado infalível.

A decisão de substituição de Orlando Silva estava tomada pelo governo na semana passada, não porque desse fé às acusações, mas porque acreditava que ele estava enfraquecido para ser uma peça fundamental na parada dura que o governo encara com o envio do projeto de lei sobre a Copa do Mundo ao Congresso.

O esquema que foi aventado de uma troca que envolvia outro ministério (Cultura) era real, terminou nã funcionando porque a pessoa (Pelé) sondada para substituir Orlando no ministério não aceitou e a questão voltou para o ponto de partida.

Orlando pediu um tempo para rebater as acusações, mas para o governo o que contava era a possibilidade dele retomar condições políticas de conduzir as discussões em torno da Copa do Mundo, a contar pela ida à Câmara ontem. A oposição, com uma ferocidade gorila, totalmente destemperada, tratou de perturbar a discussão em pauta, para buscar demonstrar que qualquer aparição do Orlando seria recebida em função das acusações, impedindo-o de politicamente atuar como o ministro que o governo requer.

Esta acabou sendo a razão da saída do Orlando, anunciada para ser formalizada, não a aceitação das acusações contra ele pelo governo. É como se um jogador estratégico de um clube fosse jogar machucado, sem as melhores condições físicas.

A decisão de manter o ministério com o PC do B por parte do governo requer da parte do novo ministro substituição em vários cargos de pessoas envolvidas nas acusações e abandono da utilização de ONGs para projetos do ministério.

Em geral, no caso de um ministro substituído nessas condições, as acusações desaparecem no dia seguinte na imprensa, mostrando que eles não se interessam por acabar com a corrupção, mas se valem de acusações – mesmo vindas de pessoas notoriamente desqualificadas – para derrubar ministros, seja para enfraquecer o governo, seja também para fazer prevalecer seus interesses.

Neste caso, é preciso ver se o quarteto interessado diretamente nas questões centrais do ministerior – Abril, Globo, Fifa, Ricardo Teixeira – vai se acalmar ou acreditará que a permanência do ministério com o mesmo partido, seguirá representando obstáculos a que seus interesses prevaleçam, na medida que o mesmo partido seguiria à frente do ministério.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=795

domingo, 16 de outubro de 2011

As fontes sinistras da revista Veja

Por Altamiro Borges

Atacado em sua honra pela revista Veja, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi rápido nas respostas. Ainda de Guadalajara, no México, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americano, ele solicitou que a Polícia Federal investigue as denúncias, colocou à disposição o seu sigilo fiscal e bancário e anunciou que refutará as acusações no Congresso Nacional já na próxima semana.

Revoltado com as “invenções e calúnias”, o ministro também explicitou que não vai se intimidar. Ele está decidido a mover ações judiciais e penais contra os caluniadores e estudará mecanismos para processar a Veja. “Não temo nada do que foi publicado na revista... Estou indignado, porque um bandido me acusa e eu preciso me explicar. Agora, o sentimento é de defesa da honra”.

Métodos criminosos lembram Murdoch

A revolta de Orlando Silva é compreensível. Afinal, a Veja utilizou um sujeito de biografia sinistra, “um bandido”, como fonte para sua “reporcagem”. João Dias Ferreira não apresenta qualquer prova concreta, faz apenas insinuações maldosas. No mínimo, uma revista séria – e não um pasquim partidário dos métodos criminosos do império Murdoch – averiguaria a trajetória da sua fonte.

O noticiário da mídia de meados do ano passado é farto em denúncias sobre as ações criminosas do policial João Dias, que desviou recursos do Programa Segundo Tempo para construir uma mansão e três academias de ginástica. Bastaria ao repórter da Veja ler o que publicou o jornal Correio Braziliense, em 1º de abril de 2010:

*****

Operação Shaolin prende cinco suspeitos de desviar R$ 2 milhões do Ministério dos Esportes

Por Ary Filgueira e Lilian Tahan

Cinco pessoas estão presas na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) suspeitas de participar de desvio de dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte. O policial militar João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz foram detidos às 6h da manhã desta quinta-feira (1º/4) por agentes da Polícia Civil do Distrito Federal, numa operação chamada Shaolin, que tem a participação do Ministério Público do DF.

O grupo, que era liderado pelo PM, falsificou 49 notas frias para retirar o dinheiro repassado pelo Ministério dos Esportes a entidades sociais conveniadas com o Programa Segundo Tempo do Governo Federal. A verba aproximada, ao longo de três anos (2006/07 e 08), foi de R$ 3 milhões. O dinheiro seria destinado a programas sociais, em atividades esportivas para 10 mil atletas carentes de núcleos situados em Sobradinho, mas pouco menos de R$ 1 milhão foi realmente destinado a eles.

O derrame de verba pública saia da Federação Brasiliense de Kung-Fu (Febrak) e da Associação João Dias de Kung-Fu, Esportes e Fitness. Esta última é uma organização não-governamental e leva o nome do soldado da 10ª Companhia de Polícia Militar Independente. Ele é dono de duas academias em Sobradinho: Thisway Fitness e Wellness Ltda., usada para lavar dinheiro desviado, situada no primeiro piso do Sobradinho Shopping.

Além das academias, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão, autorizados pela 3ª Vara Criminal de Brasília, nas residências dos acusados, entre elas, na luxuosa casa onde reside o casal João Dias e Ana Paula Oliveira de Faria, 33, também apontada como integrante da quadrilha. O imóvel do PM fica num condomínio luxuoso de Sobradinho e foi arrestado pela Justiça.

A investigação surgiu em junho de 2008 com o cumprimento de mandado de busca e apreensão no escritório de um dos apontados no esquema: o contador Minguel Santos Souza, 54, situado na 711 Norte. Na ocasião, os policiais localizaram 49 notas fiscais emitidas pelas empresas Infinita e Serviços Gerais Ltda. e JG Comércio de Alimentos Preparados e Serviços Gerais Ltda. administradas por Miguel.

Os documentos foram emitidos em favor da Febrak e da Associação João Dias de Kung-Fu. Elas descreviam a venda de kimonos da luta marcial, jogos de xadrez, dominó, dama, varetas e gêneros alimetícios no valor de R$ 1.999.850,58. Foram apresentadas na prestação de contas ao Ministério dos EsportesApós análise na Seção de Perícias Contábeis do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, descobriram que tais notas eram consideradas frias.

Segundo a PCDF, as duas entidades receberam um total de R$ 2.962.998 milhões do convênio com o Programa Segundo Tempo do Ministérios dos Esportes. Destes, o grupo do soldado João Dias é acusado de desviar R$ 1.999.850,58 milhão. Os acusados estão detidos por força de um mandado de prisão temporária com validade de cinco dias. Mas, com o avanço das investigações, pode ser que a pena provisória dobre ou até seja comutada para uma preventiva de 30 dias.


*****

O uso de mercenários

O uso de fontes desqualificadas já virou moda na mídia nativa – que se acha acima das leis e não teme qualquer represália. No ano passado, o Jornal Nacional serviu-se do ex-presidiário Rubnei Quicoli para caluniar a candidata Dilma Rousseff. Em setembro último, em audiência na 9ª Vara Cível, o mercenário desmentiu as acusações e “pediu desculpas ao PT”. A TV Globo sequer teve a dignidade de se retratar!

Na edição desta semana, Veja usa o mesmo expediente sórdido. Neste caso, ela simplesmente requentou velhas denúncias. Na campanha eleitoral de 2010, o policial João Dias Ferreira fez campanha para a esposa do “ético” Joaquim Roriz, candidata derrotada ao governo do Distrito Federal. O caluniador não é uma pessoa isenta. Tem lado político e virou um opositor feroz do governador Agnelo Queiroz (PT).

Agora, ele ataca o ministro Orlando Silva, até como represália pelo Ministério do Esporte ter suspenso os convênios e exigido a restituição do dinheiro roubado. Dá para confiar numa fonte como esta?

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/10/as-fontes-sinistras-da-revista-veja.html

As fontes sinistras da revista Veja

Por Altamiro Borges

Atacado em sua honra pela revista Veja, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi rápido nas respostas. Ainda de Guadalajara, no México, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americano, ele solicitou que a Polícia Federal investigue as denúncias, colocou à disposição o seu sigilo fiscal e bancário e anunciou que refutará as acusações no Congresso Nacional já na próxima semana.

Revoltado com as “invenções e calúnias”, o ministro também explicitou que não vai se intimidar. Ele está decidido a mover ações judiciais e penais contra os caluniadores e estudará mecanismos para processar a Veja. “Não temo nada do que foi publicado na revista... Estou indignado, porque um bandido me acusa e eu preciso me explicar. Agora, o sentimento é de defesa da honra”.

Métodos criminosos lembram Murdoch

A revolta de Orlando Silva é compreensível. Afinal, a Veja utilizou um sujeito de biografia sinistra, “um bandido”, como fonte para sua “reporcagem”. João Dias Ferreira não apresenta qualquer prova concreta, faz apenas insinuações maldosas. No mínimo, uma revista séria – e não um pasquim partidário dos métodos criminosos do império Murdoch – averiguaria a trajetória da sua fonte.

O noticiário da mídia de meados do ano passado é farto em denúncias sobre as ações criminosas do policial João Dias, que desviou recursos do Programa Segundo Tempo para construir uma mansão e três academias de ginástica. Bastaria ao repórter da Veja ler o que publicou o jornal Correio Braziliense, em 1º de abril de 2010:

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Operação Shaolin prende cinco suspeitos de desviar R$ 2 milhões do Ministério dos Esportes

Por Ary Filgueira e Lilian Tahan

Cinco pessoas estão presas na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) suspeitas de participar de desvio de dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte. O policial militar João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz foram detidos às 6h da manhã desta quinta-feira (1º/4) por agentes da Polícia Civil do Distrito Federal, numa operação chamada Shaolin, que tem a participação do Ministério Público do DF.

O grupo, que era liderado pelo PM, falsificou 49 notas frias para retirar o dinheiro repassado pelo Ministério dos Esportes a entidades sociais conveniadas com o Programa Segundo Tempo do Governo Federal. A verba aproximada, ao longo de três anos (2006/07 e 08), foi de R$ 3 milhões. O dinheiro seria destinado a programas sociais, em atividades esportivas para 10 mil atletas carentes de núcleos situados em Sobradinho, mas pouco menos de R$ 1 milhão foi realmente destinado a eles.

O derrame de verba pública saia da Federação Brasiliense de Kung-Fu (Febrak) e da Associação João Dias de Kung-Fu, Esportes e Fitness. Esta última é uma organização não-governamental e leva o nome do soldado da 10ª Companhia de Polícia Militar Independente. Ele é dono de duas academias em Sobradinho: Thisway Fitness e Wellness Ltda., usada para lavar dinheiro desviado, situada no primeiro piso do Sobradinho Shopping.

Além das academias, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão, autorizados pela 3ª Vara Criminal de Brasília, nas residências dos acusados, entre elas, na luxuosa casa onde reside o casal João Dias e Ana Paula Oliveira de Faria, 33, também apontada como integrante da quadrilha. O imóvel do PM fica num condomínio luxuoso de Sobradinho e foi arrestado pela Justiça.

A investigação surgiu em junho de 2008 com o cumprimento de mandado de busca e apreensão no escritório de um dos apontados no esquema: o contador Minguel Santos Souza, 54, situado na 711 Norte. Na ocasião, os policiais localizaram 49 notas fiscais emitidas pelas empresas Infinita e Serviços Gerais Ltda. e JG Comércio de Alimentos Preparados e Serviços Gerais Ltda. administradas por Miguel.

Os documentos foram emitidos em favor da Febrak e da Associação João Dias de Kung-Fu. Elas descreviam a venda de kimonos da luta marcial, jogos de xadrez, dominó, dama, varetas e gêneros alimetícios no valor de R$ 1.999.850,58. Foram apresentadas na prestação de contas ao Ministério dos EsportesApós análise na Seção de Perícias Contábeis do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, descobriram que tais notas eram consideradas frias.

Segundo a PCDF, as duas entidades receberam um total de R$ 2.962.998 milhões do convênio com o Programa Segundo Tempo do Ministérios dos Esportes. Destes, o grupo do soldado João Dias é acusado de desviar R$ 1.999.850,58 milhão. Os acusados estão detidos por força de um mandado de prisão temporária com validade de cinco dias. Mas, com o avanço das investigações, pode ser que a pena provisória dobre ou até seja comutada para uma preventiva de 30 dias.


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O uso de mercenários

O uso de fontes desqualificadas já virou moda na mídia nativa – que se acha acima das leis e não teme qualquer represália. No ano passado, o Jornal Nacional serviu-se do ex-presidiário Rubnei Quicoli para caluniar a candidata Dilma Rousseff. Em setembro último, em audiência na 9ª Vara Cível, o mercenário desmentiu as acusações e “pediu desculpas ao PT”. A TV Globo sequer teve a dignidade de se retratar!

Na edição desta semana, Veja usa o mesmo expediente sórdido. Neste caso, ela simplesmente requentou velhas denúncias. Na campanha eleitoral de 2010, o policial João Dias Ferreira fez campanha para a esposa do “ético” Joaquim Roriz, candidata derrotada ao governo do Distrito Federal. O caluniador não é uma pessoa isenta. Tem lado político e virou um opositor feroz do governador Agnelo Queiroz (PT).

Agora, ele ataca o ministro Orlando Silva, até como represália pelo Ministério do Esporte ter suspenso os convênios e exigido a restituição do dinheiro roubado. Dá para confiar numa fonte como esta?

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/10/as-fontes-sinistras-da-revista-veja.html

Camila Vallejo, a maior líder estudantil do Chile hoje

Ao comando de Camila Vallejo

Por Jonathan Franklin, de Santiago

Das manifestações no Chile a símbolo mundial do movimento estudantil. Foto: Martin Bernetti/AFP

Enquanto o sol da tarde de sexta-feira descia em direção ao horizonte, alguns estudantes da Universidade do Chile jogavam pingue-pongue ou futebol e casais descansavam e se beijavam ao último calor do dia. Mas outros tinham questões mais sérias na cabeça: a rebelião estudantil extremamente popular que transformou a agenda política do país. E para muitos dos manifestantes envolvidos e os que simpatizam com seus objetivos a face da rebelião é Camila Vallejo. Em um auditório em um porão, um grupo de 60 líderes estudantis planejava os próximos passos de sua revolução incipiente pela educação universitária gratuita, com Camila no centro do palco.

Ela estava sentada atrás de seu velho laptop, com um pequeno caderno azul sobre a mesa e um público cativo à sua frente. Quando fala, suas mãos revoam como pássaros apanhando presas invisíveis. Sua linguagem é pontuada e clara, mas misturada com constantes doses de humor e autozombaria, ela faz suas acusações rindo.

Como segunda mulher presidente do principal órgão estudantil do Chile, conhecido como Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), Camila Vallejo, que também integra o braço jovem do Partido Comunista, a JJCC, preside o maior movimento democrático civil desde o tempo das marchas de oposição ao general Augusto Pinochet, há uma geração.

Das manifestações no Chile a símbolo mundial do movimento estudantil. Foto: Martin Bernetti/AFP

A reação do governo lembrou a muitos chilenos mais velhos aquela época sombria. Na quinta-feira 6, a polícia antimotim chilena emboscou Camila e um grupo de líderes estudantis logo depois de uma entrevista coletiva no centro de Santiago. “Eles (a polícia) visaram a liderança com violência”, disse Ariel Russell, estudante da Universidade do Chile que presenciou o ataque. “Nem tínhamos começado a marchar e o aparato policial estava sobre nós.”

Camila Vallejo, uma estudante de Geografia de 23 anos, cantava e marchava com um cartaz escrito à mão quando um esquadrão de veículos militares a fechou e atacou com jatos de gás lacrimogêneo. Um par de caminhões montados com canhões de água despejou uma barragem de água forte o suficiente para quebrar ossos e arrastar uma pessoa pelo asfalto. Ela ficou molhada e, então, uma nuvem de gás foi projetada sobre seu corpo. Com a pele molhada, a reação química foi maciça e paralisante. O corpo de Camila entrou em reação alérgica e surgiram bolhas causadas pelo gás.

“No início, nós resistimos, mas foi insuportável”, disse ela ao Observer. “Você não conseguia respirar, era complicado, tivemos de fugir dos carabineros (a polícia) e, depois, outro canhão de água nos atingiu de frente com outra substância, muito mais forte… Todo o meu corpo queimava, foi brutal.”

Nas quatro horas seguintes, jornalistas foram espancados e 250 pessoas, detidas. Vinte e cinco policiais ficaram feridos quando jovens mascarados e com bombas de tinta e punhados de pedras contra-atacaram. Durante toda a tarde, o centro de Santiago foi tomado por lutas de rua entre unidades da polícia fortemente armadas e centenas de manifestantes de short e tênis, e cachecóis para se proteger do gás.

Enquanto esquadrões da polícia atacavam os estudantes, os pedestres e até uma ambulância, Camila Vallejo se escondeu em um escritório, recebeu cuidados médicos e monitorou a situação pelos relatos por telefone celular de uma equipe de batedores nos arredores do que logo se tornou tumulto.

O governo culpou Camila pelo caos: ela havia feito o apelo muito divulgado, mobilizando seus seguidores a se reunir na Plaza Itália, um parque público, e marchar ao longo da Alameda, a principal avenida da capital, que fica a menos de 2 quilômetros do palácio presidencial, levemente guardado. A líder estudantil rapidamente retrucou que as reuniões públicas não precisam de autorização e que a polícia havia atacado ilegalmente estudantes parados em um parque.

Camila, uma jovem eloquente e bonita que exala autoconfiança e estilo, deixou a violência de lado e se concentrou no que ela considera as conquistas positivas até agora. “Durante anos a juventude chilena foi consumida por um modelo neoliberal que salienta a conquista pessoal e o consumismo; tudo tem a ver com eu, eu, eu. Não há muita empatia pelo outro”, diz em seu escritório, decorado com uma grande foto de Karl Marx.

“Este movimento conseguiu exatamente o contrário. Os jovens assumiram o controle e reviveram e dignificaram a política. Isso vem de mãos dadas com o questionamento de modelos políticos desgastados – tudo o que eles fizeram é governar para as grandes empresas e grupos econômicos poderosos.”

Em questão de poucos meses, Camila Vallejo foi projetada de presidente de um órgão estudantil anônimo a herói popular latino-americana com mais de 300 mil seguidores no Twitter. Digite seu nome no Google e haverá mais de 160 mil resultados apenas nas últimas 24 horas. Os estudantes brasileiros hoje a exibem como convidada vip em suas marchas, o presidente do Chile a convida para negociar um acordo e, quando ela pede uma demonstração de força, centenas de milhares de estudantes de todo o Chile vão às ruas. Como adepta e um fenômeno de mídia social extremamente popular, a líder ascendeu para se tornar um rosto mais identificável nos protestos estudantis.

Durante a revolta de seis meses, os estudantes chilenos – em muitos casos liderados por jovens de 14 e 15 anos – ocuparam as ruas de Santiago e outras grandes cidades, provocando e contestando o status quo com sua exigência de uma reestruturação maciça na indústria da educação superior do país. Em apoio às suas demandas por uma educação gratuita, desde maio eles organizaram 37 marchas, que reuniram mais de 200 mil estudantes de cada vez.

A repressão policial foi frequente. Vândalos que muitas vezes usam a cobertura dos protestos estudantis para atacar bancos, farmácias e empresas de serviços públicos encontraram uma força armada da polícia antimotim habituada a atacar pedestres e atirar gás lacrimogêneo em multidões de civis inocentes.

O que começou como um apelo tranquilo por melhoras na educação pública agora surge como uma rejeição total à elite política chilena. Mais de cem colégios em todo o país foram ocupados por estudantes e uma dúzia de universidades acabou fechada pelos protestos.

Amplamente admirada por seus discursos na televisão chilena, Camila Vallejo reuniu um público admirador em todo o mundo, que vai desde tributos do rock- alemão a vídeos da maior universidade da América Latina, a Universidade Nacional Autônoma do México. “Essa internacionalização do movimento foi muito importante para nós”, diz Camila, que recebe um dilúvio diário de correspondência de fãs e convites para fazer palestras e seminários. “Aqui no Chile ouvimos constantemente a mensagem de que nossas metas são impossíveis e que não somos realistas, mas o resto do mundo, especialmente a juventude, está nos dando muito apoio. Estamos em um momento crucial nesta luta e o apoio internacional é fundamental.” •

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


Fonte: http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/ao-comando-de-camila-vallejo

O perfeito imbecil politicamente incorreto

Por Cynara Menezes

No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião. Saiba como reconhecê-lo. Por Cynara Menezes. Foto: Reprodução

Em 1996, três jornalistas – entre eles o filho do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, Álvaro –lançaram com estardalhaço o “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”. Com suas críticas às idéias de esquerda, o livro se tornaria uma espécie de bíblia do pensamento conservador no continente. Vivia-se o auge do deus mercado e a obra tinha como alvo o pensamento de esquerda, o protecionismo econômico e a crença no Estado como agente da justiça social. Quinze anos e duas crises econômicas mundiais depois, vemos quem de fato era o perfeito idiota.


Mas, quem diria, apesar de derrotado pela história, o Manual continua sendo não só a única referência intelectual do conservadorismo latino-americano como gerou filhos. No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião que, no fundo, disfarça sua real ideologia e as lacunas em sua formação. Como de fato a obra de Álvaro e companhia marcou época, até como homenagem vamos chamá-los de “perfeitos imbecis politicamente incorretos”. Eles se dividem em três grupos:

1. o “pensador” imbecil politicamente incorreto: ataca líderes LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trânsgeneros) e defende homofóbicos sob o pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão. Ataca a política de cotas baseado na idéia que propaga de que não existe racismo no Brasil. Além disso, ações afirmativas seriam “privilégios” que não condizem com uma sociedade em que há “oportunidades iguais para todos”. Defende as posições da Igreja Católica contra a legalização do aborto e ignora as denúncias de pedofilia entre o clero. Adora chamar socialistas de “anacrônicos” e os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura de “terroristas”, mas apoia golpes de Estado “constitucionais”. Um torturado? “Apenas um idiota que se deixou apanhar.” Foge do debate de idéias como o diabo da cruz, optando por ridicularizar os adversários com apelidos tolos. Seu mote favorito é o combate à corrupção, mas os corruptos sempre estão do lado oposto ao seu. Prega o voto nulo para ocultar seu direitismo atávico. Em vez de se ocupar em escrever livros elogiando os próprios ídolos, prefere a fórmula dos guias que detonam os ídolos alheios – os de esquerda, claro. Sua principal característica é confundir inteligência com escrever e falar corretamente o português.

2. o comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o único humor possível é o que ri do próximo. Por “próximo”, leia-se pobres, negros, feios, gays, desdentados, gordos, deficientes mentais, tudo em nome da “liberdade de fazer rir.” Prega que não há limites para o humor, mas é uma falácia. O limite para este tipo de comediante é o bolso: só é admoestado pelos empregadores quando incomoda quem tem dinheiro e pode processá-los. Não é à toa que seus personagens sempre estão no ônibus ou no metrô, nunca num 4X4. Ri do office-boy e da doméstica, jamais do patrão. Iguala a classe política por baixo e não tem nenhum respeito pelas instituições: o Congresso? “Melhor seria atear fogo”. Diz-se defensor da democracia, mas adora repetir a “piada” de que sente saudades da ditadura. Sua principal característica é não ser engraçado.

3. o cidadão imbecil politicamente incorreto: não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Hahaha. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira. É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir ideias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos.

'Assassinato é coisa de vocês', diz Presidente do Irã aos EUA

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, reagiu neste domingo à versão do governo americano de que Teerã teria patrocinado um plano terrorista nos Estados Unidos e aproveitou para culpar Washington pelas frequentes crises bilaterais. "A culta nação iraniana não precisa articular planos de assassinato. Assassinato é coisa de vocês", exclamou Ahmadinejad, em discurso no Parlamento iraniano, cujas declarações foram divulgadas pela agência de notícias oficial Irna.

A investida do líder responde às acusações dos EUA de que a República Islâmica estaria por trás de um plano para assassinar o embaixador saudita em Washington, Adel al-Jubeir. Ahmadinejad afirmou que os EUA buscam "criar uma nova crise a cada dia com o Irã, acusando o país de terrorismo". Para ele, as acusações americanas só pretendem frear o desenvolvimento do Irã.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã destacou, em comunicado, que as acusações dos EUA "não têm fundamento jurídico" e só buscam "exacerbar a tensão na região" do Oriente Médio e "enfraquecer a segurança internacional". "Anunciar unilateralmente acusações contra um residente (iraniano) nos Estados Unidos, sem fornecer documentos, e criar uma campanha midiática contra o Irã, não tem nenhum fundamento jurídico", acrescenta a nota.

Para o Irã, Washington deveria ter consultado Teerã sobre os suspeitos. "Mas o governo americano ignorou o pedido expresso da República Islâmica para que o fizesse, contra as convenções internacionais", ressalta o comunicado.


Fonte: http://esquerdopata.blogspot.com/2011/10/ahmadinejad-reage-aos-eua-assassinato-e.html

Orçamento do MEC prevê crescimento de R$ 8 bi

Previsões de investimento para próximo ano ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional

O orçamento do MEC (Ministério da Educação) poderá crescer R$ 8,5 bilhões de acordo com o Projeto de LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2012 apresentado ontem pelo governo federal. As previsões de investimento para o próximo ano ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. Segundo o Ministério do Planejamento, o orçamento do MEC em 2011 foi R$ 63,7 bilhões, aprovados pela LOA. Para 2012, o valor previsto no projeto de lei é R$ 72,2 bilhões.

Autarquias do MEC responsáveis por importantes programas da pasta terão mais recursos em 2012. O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), que administra os programas de distribuição de livros didáticos, apoio à merenda e ao transporte escolar, terá um aumento de R$ 6 bilhões. Uma das principais ações do FNDE até 2012 será a construção de creches prevista na segunda fase do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) – são previstos 1,5 mil convênios com os municípios para construção das unidades de ensino por ano.

Já para o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que no ano que vem irá aplicar duas edições do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a previsão é de R$ 216 milhões a mais no orçamento. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) tem R$ 3,5 bilhões previstos – R$ 415 milhões a mais do que em 2011. A principal ação da Capes para os próximos anos é o programa Ciência Sem Fronteira que pretende levar 75 mil estudantes brasileiros para estudar no exterior até 2014.

O MEC, entretanto, trabalha com valores diferentes do que os divulgados pelo Planejamento: a dotação orçamentária autorizada até o mês de agosto, segundo a pasta, foi R$ 73,9 bilhões e o total para 2012 pode chegar a R$ 82 bilhões incluindo outros programas e ações que não entram na LOA.


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000453298

MEC muda divulgação de nota do Enem

A mudança pretende reduzir distorções na divulgação dos resultados


Na manhã de segunda-feira estará disponível para consulta pela internet o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2010 por escola. No ano passado 56% dos alunos que estavam concluindo o ensino médio participaram da prova e a média nacional na prova objetiva foi 511,21 pontos. Este ano o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pequisas Educacionais) decidiu alterar o formato de divulgação do resultado por escola, que agora levará em conta o percentual de estudantes daquela unidade de ensino que participaram do Enem.

A mudança pretende reduzir distorções na divulgação dos resultados no caso de escolas em que a participação dos alunos é pequena. Como em muitos casos os estabelecimentos de ensino utilizam o bom desempenho no Enem para fins publicitários, o Inep quer evitar que as escolas em que apenas os melhores alunos fazem a prova possam ficar na lista das mais bem colocadas. Dessa forma, elas foram subdividas em quatro grupos a partir do percentual de alunos inscritos no Enem, que varia de 2% até 100%.

O grupo um engloba as 4,6 mil escolas que tem 75% dos alunos ou mais participando da prova. O grupo dois reúne as 5,4 mil unidades que tiveram de 50% a 75% de seus estudantes inscritos no Enem. Já o grupo três representa os 8,6 mil estabelecimentos com participação de 25% a 50% e o grupo quatro reúne as 7,4 mil escolas que tiveram menos de 25% dos alunos inscritos.

“Nós sabemos a importância que os pais dão a esses resultados, por isso divulgamos o Enem por escola há anos. Mas se pudermos agregar essa informação, para que essa decisão seja tomada com mais cautela, nós faremos. A recomendação é que se observe não apenas a nota, mas a taxa de participação, que é um subsídio a mais”, explicou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Ele recomenda ainda que a nota do Enem não seja o único critério observado pela família para a escolha da escola.


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000455002

Haddad: MEC não pode obrigar o uso do Enem

O ministro da Educação disse que o governo não pode obrigar as universidades a adotarem o exame como critério de seleção

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o governo não pode obrigar as instituições de ensino superior a adotarem o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como critério de seleção.

Nós temos que respeitar a autonomia universitária. Não podemos obrigar uma instituição a adotar o Enem em substituição ao vestibular”, disse o ministro ao ser perguntado sobre quando as universidades públicas paulistas vão começar a usar o exame como forma de seleção.

Ele ressaltou que a participação dos estudantes no Enem em cada estado tende a aumentar quando as universidades públicas locais passarem a adotar a prova.

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já esboçou uma primeira reação e reservou algumas vagas para os alunos das melhores escolas públicas da cidade no Enem. São grandes instituições que estão entre as melhores do Brasil e nós temos que manter o diálogo para verificar uma boa forma de utilização do Enem”, disse Haddad durante entrevista ao programa de rádio Bom Dia, Ministro, da EBC Serviços em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Haddad afirmou que a tendência é que a utilização do Enem pelas universidades aumente a cada ano, o que faria crescer também o número de participantes da prova. Atualmente o exame é voluntário. Em 2010, 56% dos alunos concluintes do ensino médio participaram da avaliação. O candidato pode utilizar a nota do Enem para disputar as vagas de universidades públicas que são disponibilizadas por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). No primeiro semestre de 2011, foram oferecidas 83 mil vagas em instituições públicas de ensino superior. A prova também é pré-requisito para conseguir uma bolsa de estudos do ProUni (Programa Universidade para Todos).

Sobre o Enem de 2011, cujas provas serão aplicadas nos dias 22 e 23 de outubro, o ministro disse que o MEC está “agregando inteligência ao processo” para que não se repitam os erros ocorridos nas edições passadas. Em 2009, um caderno de provas foi roubado da gráfica que imprimia o material às vésperas da aplicação do exame, levando ao adiamento da prova. No ano passado, erros de impressão em alguns cadernos de prova levou o ministério a reaplicar as provas a um grupo de cerca de 4 mil alunos.

“Estamos exigindo mais profissionalismo das pessoas envolvidas e agregando inteligência ao processo. Neste ano temos uma empresa de gerência de riscos no processo e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) está participando da certificação das etapas no que diz respeito à segurança. É um projeto em escala monumental. Em número de inscritos só perdemos para o Enem da China [prova de ingresso nas universidades daquele país”, comparou.


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000456351

É preciso, pelo menos, dobrar o investimento por estudante no Ensino Médio

Haddad: investimento no ensino médio é baixo

Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o ministro disse que é preciso, pelo menos, dobrar o valor investido por aluno


O ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu nesta segunda-feira que o investimento por aluno no ensino médio público brasileiro é muito baixo. Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o ministro disse que é preciso, pelo menos, dobrar o valor atual, de R$ 2,3 mil por ano, por aluno.

Haddad também afirma que, pela avaliação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), não é possível afirmar se a distância entre os ensinos público e privado teve queda nos últimos anos.

Oito em cada dez colégios financiados pelo governo ficaram abaixo da média no Exame Nacional do Ensino Médio. O número cai para 8% no ensino particular.

Para o professor da USP (Universidade de São Paulo), Ocimar Alavarce, especialista em avaliação educacional, essa discrepância vem prejudicando os estudantes.

No exame de 2010, apenas uma escola pública esteve entre as 20 melhores colocadas no exame, considerando as provas objetivas e a redação. Os dados foram divulgados hoje pelo MEC (Ministério da Educação).


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000455292

Haddad: ensino avança mais que média mundial

Ministro da Educação destacou ainda necessidade de aumentar investimentos na área


O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o ensino brasileiro ainda tem muitas deficiências, mas ressaltou que as mudanças no sentido de melhorar o cenário ocorrem em ritmo maior do que a média mundial. “Todos os relatórios internacionais que foram divulgados em 2010 dão conta de que o Brasil foi o país que mais ampliou a escolaridade média do trabalhador. Na faixa etária de 18 a 24 anos nós estamos ampliando a escolaridade média em um ano a cada cinco, nenhum país consegue fazer isso. A média mundial é um ano a cada dez”, disse após participar de um debate sobre o tema.

Segundo Haddad, inclusive há uma percepção internacional sobre os avanços que é significativamente mais otimista do que a visão brasileira sobre as melhorias do sistema educacional. “Se você pegar os relatórios internacionais, você vai ver um painel muito diferente do que você vê aqui. Avaliações muito mais otimistas fora em relação ao Brasil”, disse.

O ministro destacou ainda a necessidade de aumentar os investimentos na área para que o país possa sustentar o ritmo de desenvolvimento alcançado nos últimos anos. “A educação vai ter que receber uma maior atenção daqui para a frente e as políticas públicas têm que avançar no sentido de melhorar o financiamento”, assinalou.


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000459403

"Educação não é barata", diz Haddad

O ministro da Educação admitiu dificuldades na implementação da reforma educacional que se pretende para o país


“A universidade brasileira é líder inconteste entre as universidades latino-americanas”, assegurou o ministro da Educação, Fernando Haddad, nesta segunda-feira, 10, no Rio de Janeiro, durante o seminário Pensando o Desenvolvimento do Brasil, que se realiza na Fundação Getúlio Vargas. “Somos o 13º país do mundo em produção científica; estamos resgatando atraso de um século, quando a classe dominante do Brasil perdeu várias oportunidades de criar uma escola pública republicana de qualidade”, afirmou.

Ao fazer um balanço de sua gestão no MEC, Haddad admitiu dificuldades na implementação da reforma educacional que se pretende para o país. “O ensino médio é um nó a desatar; temos aí um grande caminho pela frente”, admitiu. “Na educação infantil, só agora estamos conseguindo aplicar programas de avaliação na pré-escola.”

Sobre o ensino fundamental, o ministro lembrou que o Brasil é o país que mais incrementou o investimento por aluno na década. “E nós conseguimos colher esse resultado”, disse. “Educação não custa barato, demanda tempo, mas é o melhor investimento que se pode fazer.”

Enem

Haddad voltou a falar sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e lembrou problemas ocorridos com exames semelhantes em outros países, como os Estados Unidos, com o SAT [Scholastic Assessment Test], que teve problemas com o fuso horário. “Houve problemas também na Índia e na China; na Inglaterra, houve um recorde de itens cancelados”, destacou.


Fonte: http://www.band.com.br/noticias/educacao/noticia/?id=100000461360

Um sistema anti-social

[postado na fonte 27/09/11]

Por Emir Sader


“Se os 44 milhões de pessoas que estão desempregadas nos principais países ricos da OCDE fossem agrupados em um único pais, sua população seria similar à da Espanha. Na própria Espanha, que tem a mais alta taxa de desemprego (21%), o número de pessoas sem trabalho soma a população de Madri e de Barcelona juntas. Nos EUA, os 14 milhões de pessoas oficialmente desempregadas formariam a quinta cidade mais populosa do país. Acrescente-se 11 milhões de “subempregados”, que estão trabalhando menos do que queriam, e se chega à população do Texas.”As afirmações estão em editorial da revista conservadora britânica The Economist, em um dossiê sobre o desemprego. Uma das lúcidas conclusões da revista: “E o custo humano da crise é pago amplamente pelos que não têm trabalho, porque o desemprego incrementa a depressão, os divórcios, o abuso de drogas e tudo o há de ruim na vida.”Uma proporção grande das vítimas do desemprego são jovens, em um processo de desemprego que vai se tornando crônico. Nos EUA, a média de tempo no desemprego, que era de 17 semanas em 2007, agora subiu para 40 semanas, aproximando-se de um ano. O nível de expansão da economia nos países mais ricos do sistema não é suficiente nem para absorver os que chegam ao mercado de trabalho, quanto mais para absorver os que já estão desempregados. Calcula-se em 220 milhões os desempregados no mundo inteiro, sob a égide da globalização e das políticas neoliberais. Outros 20 milhões devem perder o emprego só no centro do capitalismo no ano que vem, se a crise se prolongar. O desemprego só não é maior porque a China cria 40 milhões de empregos por ano, nos países progressistas da América Latina – incluindo a Argentina e o Brasil -, onde o desemprego tem sistematicamente diminuído, justamente pela substituição de políticas neoliberais por políticas que priorizam o emprego e o mercado interno de consumo popular.Os empregos têm sido sacrificados em nome da austeridade, especialmente no setor público, o que não só aumenta o desemprego, como piora a qualidade dos serviços públicos, que atendem à maioria pobre da população – que assim sofre duplamente, com a perda do emprego e a deterioração dos serviços sociais que os atendem.Os maiores empregadores do mundo são serviços e empresas estatais. Entre os 10 maiores estão o Departamento de Defesa dos EUA, o Exército chinês, seguidas por duas empresas privadas: Walmart e McDonald’s, pela empresa chinesa estatal de petróleo, por outra estatal chinesa – State Grid Corporation of China, pela instituição de serviços de saúde da Inglaterra, pelas empresa de estradas de ferro da India, pelos Correios da China e por uma outra empresa chinesa – Hon Hai Precision Industry.O desemprego entre os jovens chega a 41,7% na Espanha, 50,5% na Africa do Sul, a 27,8% na Itália, a 23,3% na França. A taxa de desemprego na América Latina está entre as menores do mundo, bem menos do que nos EUA e na Europa, refletindo políticas de manutenção do crescimento e da distribuição de renda por aqui, de ajuste e recessão por lá.Um sistema que não garante sequer a quantidade de empregos para dar uma fonte mínima de renda a milhões de pessoas, que não projeta perspectiva de empregos garantidos para a maioria dos seus jovens, que tem empregos instáveis, vulneráveis e de péssima qualidade para a maioria dos que conseguem trabalhar – é um sistema anti-social. Porque funciona não conforme a necessidade das pessoas, mas conforme os critérios de rentabilidade fornecidos pelo mercado. Um sistema que leva no seu nome o seu sujeito central – capital – e não os que produzem riqueza por meio do seu trabalho.


As lições do "Ocupar Wall Street"

Por Miguel Urbano Rodrigues, no sítio português Resistir:

[domingo, 16 de outubro de 2011]


Os acontecimentos de Wall Street confirmam que o grande capital que controla o sistema de exploração responsável pela crise está preparado para absorver e neutralizar os protestos isolados, mas quando estes se tornam permanentes e assumem um caráter massivo, entra em pânico. O gigante tem pés de barro.

Nos últimos dias os protestos de Wall Street foram tema de manchetes em influentes media internacionais.

Em Washington o governo tenta desvalorizar o significado das manifestações que principiaram com a ocupação por um grupo de "indignados" da rua da Bolsa de Nova York, símbolo do poder do capital.

Mas o que parecia ser a iniciativa inofensiva de um punhado de jovens assumiu rapidamente as proporções de um protesto de dimensões nacionais.

A brutal repressão que no dia 1 Outubro atingiu os jovens que avançavam para Wall Street – mais de 700 prisões e espancamentos – suscitou uma vaga de indignação e gerou solidariedades inesperadas. O movimento alastrou a outras cidades e assumiu um carácter diferente, de contestação ao sistema responsável pela actual crise mundial.

O discurso de Obama no 10º aniversário da invasão do Afeganistão produziu um efeito oposto ao desejado pela Casa Branca, empenhada em desviar as atenções dos acontecimentos de Wall Street. Ao homenagear os mortos americanos e das forças da NATO, o Presidente mentiu. Para justificar a agressão afirmou que o pais está agora mais "seguro" e a caminho do progresso. Na realidade, a guerra está perdida e o povo afegão, empobrecido, odeia os ocupantes, como reconhece o general Mc Chrystal, ex-comandante-chefe demitido por Obama.

A peça oratória do Presidente, marcada pela hipocrisia, trouxe à memória dos compatriotas, os discursos em que Nixon há 40 anos prometia a vitoria no Vietname e invocava a democracia e a liberdade enquanto promovia a escalada num conflito em que morreram mais de um milhão de vietnamitas.

É oportuno lembrar que no inicio dos anos 70 do século passado foram os protestos torrenciais da juventude estado-unidense contra a guerra que forçaram Nixon a negociar com Hanói a retirada dos EUA do Vietname, num acordo que foi o prólogo da derrota americana no Sudeste Asiático.

A analogia das situações, sublinhada por observadores internacionais, termina, porem, aí.

A repulsa crescente do povo americano pelas guerras neocoloniais do Iraque, do Afeganistão e da Líbia está a evoluir nos EUA para uma atitude de protesto contra o sistema do qual Wall Street, como vitrina do capital, é o símbolo.

Alguns sindicatos tornaram público o seu apoio ao movimento iniciado por jovens. Dirigentes seus desfilaram já em frente do Stock Exchange, o edifício da Bolsa; E centenas de pilotos de grandes companhias aéreas imitaram-nos. A auto-intitulada Assembleia-geral da Cidade de Nova York lançou um apelo com a palavra de ordem "ocupem as ruas!". Universidades prestigiadas aderem às manifestações.

Num dos desfiles uma estudante exibia um cartaz expressivo: "Ninguém é mais completamente escravizado do que aquele que acredita falsamente ser livre" – Goethe.

Noam Chomsky, Michael Moore e outras personalidades progressistas de prestígio internacional deslocaram-se a Wall Street e escreveram artigos apoiando o protesto.

A Casa Branca tem motivos para estar preocupada. Num país onde as fortunas de 400 multimilionários excedem os bens, somados, de metade da população – como lembra Michael Moore – as palavras de ordem dos manifestantes são agora mais radicais. Muitos passam da crítica ao sistema e da responsabilização dos banqueiros e especuladores à condenação do capitalismo.

Os grandes da Finança estão alarmados. Um protesto de jovens que inicialmente subestimaram como coisa de hippies está a tomar um rumo que definem como "perigoso".

Lições para Portugal?

Os media portugueses ditos de referência têm dedicado pouca atenção aos acontecimentos da Wall Street.

Para as forças progressistas, eles constituem, porém, tema de reflexão. Um dos seus ensinamentos é a demonstração inesperada de que no maior baluarte do capitalismo tem sido possível contestar o sistema nas ruas de forma permanente há mais de três semanas.

Em Portugal as manifestações contra a política de traição nacional impostas pelo imperialismo através do governo que o representa também, para atingirem o seu objectivo devem assumir carácter permanente, mediante iniciativas diversificadas.

A CGTP anunciou no dia 1 de Outubro uma semana de luta no final do mês, que incluirá greves setoriais.

As manifestações de Lisboa e do Porto levaram o pânico ao grande capital. É significativo que a PSP tenha sem demora divulgado um comunicado no qual prevê que a contestação social às medidas do memorando da troika desemboque em "tumultos" e actos de violência "semelhantes aos do PREC".

Esse berro reaccionário vale por uma certeza: o aparelho repressivo do Estado, imitando o grego, prepara-se para infiltrar provocadores em protestos massivos que traduzam o descontentamento popular perante as calamidades que atingem o País. Alguns jornais antecipam-se, sugerindo que o PCP pode eventualmente surgir ligado a esses futuros "tumultos", não obstante ser do domínio público que o Partido Comunista sempre condenou a violência irracional (saque de lojas, incêndios, queima de automóveis e edifícios, etc).

A intenção de intimidar os trabalhadores que transparece no comunicado policial tem por complemento o slogan largamente difundido de que somos um povo diferente, de brandos costumes, que abomina a violência social.

Esse discurso e a linguagem usada ocultam mal o propósito de misturar alhos com bugalhos. Os tumultos, os saques, a destruição de edifícios não podem ser confundidos com ações legítimas de violência social. O abismo entre a violência irracional e a violência social é tamanho que até um destacado político de direita como Pacheco Pereira reconhece essa evidência em crónica publicada no jornal Público (8/10/11) em que denuncia a especulação de governantes sobre "tumultos hipotéticos".

Chamo a atenção para o fato porque a luta de massas tende a radicalizar-se em Portugal como resposta defensiva inevitável a uma politica criminosa.

A anunciada semana de luta programada pela CGTP vai trazer algumas respostas a questões teóricas e praticas que condicionam o futuro do povo português.

Repito: os acontecimentos de Wall Street confirmam que o grande capital que controla o sistema de exploração responsável pela crise está preparado para absorver e neutralizar os protestos isolados, mas quando estes se tornam permanentes e assumem um carácter massivo, entra em pânico. O gigante tem pés de barro.

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/10/as-licoes-do-ocupar-wall-street.html

FHC vendeu o patrimônio e aumentou a dívida. Um jenio !

Saiu no Tijolaco análise do Fernando Brito de uma reportagem do Globo para enaltecer a privatização do Farol de Alexandria:

As contas da privatização

O Globo publica hoje matéria sobre os vinte anos de privatização de empresas estatais e diz que as empresas privatizadas responderam por um faturamento de R$ 3oo bilhões em 2010. A dólar de dezembro do ano passado, US$ 177 bilhões.

O total da receita com as privatizações, de 1991 a 2002, somou US$ 87,5 bilhões: US$ 59,5 bilhões em privatizações federais e US$ 28 bilhões em privatizações estaduais. Ou seja, metade do faturamento de um só ano destas empresas.

Diz o jornal que as empresas foram vendidas para reduzir o endividamento do Estado brasileiro. A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. Em 2002, com tudo que a privatização deveria ter “abatido” deste valor, era de US$ 300 bilhões.

Nem privatizar, nem dever, em si, são, em si, pecados. Vender mal, seja entregando o que é estratégico, seja fazendo isso na bacia das almas, por valores irrisórios, são. Dever, quando se paga juros módicos, pode ser o caminho para o desenvolvimento e o progresso. A juros extorsivos, porém, é apenas o caminho da escravidão ao rentismo.

A grande maioria das privatizações foi feita com financiamento público, com uma elevação brutal das tarifas cobradas nos servilos públicos, não se conservou participação do Estado nem para dirigir estrategicamente as suas atividades, nem para participar dos lucros que produziam.

Estamos pagando caro, muito caro, e ainda pagaremos por muitos anos por este período de vergonha da história brasileira.

Não foi uma estratégia, foi uma liquidação, uma entrega desavergonhada do que pertencia ao povo brasileiro.