GRÉCIA: QUARTA-FEIRA, DIA 'D'
MERCADOS CONFIAM NA APROVAÇÃO DO ARROCHO. REVOLTA E DESESPERO NAS RUAS
Depois de obter um voto de confiança do Parlamento na semana passada para negociar um duro ajuste com os credores, que custará sacrifícios devastadores ao país e tem a oposição de 75% da sociedade, o governo Papandreu dava sinais de crescente tensão. Os mercados financeiros do mundo se dizem otimistas, mas o fato é que Atenas encontra-se paralisada pela greve geral que atinge todos os setores da economia e dos serviços. Apenas o metrô mantem seu funcionamento a pedido do comando grevista para facilitar o transporte de manifestantes que se concentram em torno do Parlamento e também cercaram portos, paralisando assim a Grécia por ar, mar e terra. Rumores de defecções na base do governo ameaçam a maioria oficial que votará nesta 4º feira o apoio ao plano negociado com o FMI e a Comissão Européia. Diante da incerteza crescente em suas fileiras e da abrangência inesperada da quarta greve geral este ano, Papandreu iniciou a sessão parlamentar desta 3º feira com um discurso patético para um governo que abriu guerra contra a sociedade e se dispõe a colocar de joelhos a Nação: "'Peço que escutem sua alma, sua conciência patriótica, seu voto é essencial para que a Grécia se ponha de pé'.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Mercado confia na aprovação de arrocho na Grécia
segunda-feira, 27 de junho de 2011
União gay é uma das razões de saída de Marina Silva do PV
Site da revista Época atribui o debate sobre união homossexual como um dos motivos que levarão Marina Silva a sair do Partido Verde (PV) nos próximos dias. O tema foi uma das divergências ocorridas entre ela e o grupo partidário durante a campanha eleitoral de 2010, quando a acriana recebeu cerca de 20% dos votos.
A reportagem diz que o partido, identificado com a classe média progressista, não aceitou de forma tranquila o quanto pastores da Assembléia de Deus, igreja à qual pertence Marina, influíram na campanha a respeito de assuntos como liberação da maconha e união civil homossexual.
O partido, em seu estatuto, defende a cidadania LGBT, por exemplo. Ver sua candidata à Presidência da República ir contra essa bandeira preocupou a direção partidária. Bom, pelo jeito os opostos se repeliram. E fica a nossa chance de sempre repelir quem tem líderes homofóbicos como guias, não é mesmo?
Fonte: http://paroutudo.com/2011/06/26/uniao-homossexual-e-um-dos-motivos-de-saida-de-marina-silva-do-pv/
sábado, 25 de junho de 2011
"Precisamos de um discurso de esquerda alternativo"
Carta Maior conversou com o filósofo Vladimir Safatle, professor do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e um dos mais instigantes analistas da cena política atual. Dotado de uma radicalidade não imobilista, o pensamento de Safatle joga luz nova sobre temas difíceis em torno dos quais a polaridade do campo da esquerda brasileira (PT versus não-PT) em geral patina, anda em círculos e não avança. Nesta entrevista à Carta Maior, o filósofo fala sobre as explosões populares (no mundo árabe e na Europa), a partir das quais alguns inferem a suposta agonia dos partidos políticos e discute os limites e trunfos conquistados pela chegada do PT ao poder no Brasil.
O filósofo rejeita a idéia de mudar o mundo sem conquistar o poder e cobra espaço institucional para que a mídia possa de fato refletir a sociedade, por exemplo, com jornais, rádios e tevês para universidades e sindicatos. Intelectual comprometido em provar que as idéias pertencem ao mundo através da ação, Safatle vê limites na ascensão da classe C sem mudanças radicais na repartição da riqueza e convoca seus pares: “Precisamos de um discurso de esquerda alternativo que esteja em circulação no momento em que as possibilidades de ascensão social (da chamada classe C) baterem no teto”. Por fim aconselha Lula a transformar seu instituto numa ‘internacional Lulista’ –um instrumento que ajude a esquerda latinoamericana a chegar ao poder. Leia a seguir a entrevista concedida por email:
Carta Maior - O longo descrédito com os políticos e suas siglas parece ter inspirado uma sentença cada vez mais freqüente no debate: a de que a forma partido está esgotada . Ao mesmo tempo, esse diagnóstico parece embutir um desejo conservador – que não é novo - de desqualificar a representação do conflito social. O que existe de esgotamento e o que existe de vontade de antecipar o funeral de um adversário incômodo?
Vladimir Safatle - Diria que temos um desafio de novo tipo. Primeiro, é certo que uma geracao de partidos de esquerda se esgotou exatamente por não dar conta da representacão do conflito social. Há uma camada de conflitos sociais que é simplesmente sub-representada ou invisível no interior da "forma partido". No exterior, o exemplo maior disto é a expoliacão econômica de imigrantes: pessoas sem voz no interior da dinâmica partidária. No Brasil, temos um embate em torno da dita nova classe média ao mesmo tempo que encontramos uma sub-representacão de conflitos próprias à "velha classe pobre". As revoltas dos trabalhadores em Jirau é um bom exemplo. Nenhum partido vocaliza tais revoltas.
CM - Há uma variante desse diagnóstico, à esquerda. Ela se apóia em evidências, como as recentes manifestações de rua no mundo árabe e na Europa, supostamente convocadas e coordenadas via facebook. Aqui parece haver um ludismo com sinal trocado na medida em que se dá à tecnologia tratos de um fetiche. Tudo se passa como se "a tecnologia partidos" tivesse se esgotado. E uma nova ferramenta, agora em versão mais potente, viesse a sucedê-los com vantagens. Entre elas a ausência de intermediários e de corrupção. Mistificação ou novo espaço público?
VS - É verdade, há muito de mistificacão nesta maneira de anunciar a internet como a esperanca redentora da política. O que ela fez foi, em larga medida, permitir o desenvolvimento de uma militância virtual e intermitente. É mais fácil fazer militância hoje, já que você pode operar da sua casa através de redes de contra-informacão.
No entanto, insistiria que há uma tendência de mobilizacão social que tem pêgo os partidos a contra-pelo. Falta uma nova geracão de partidos capaz de dar forca institucional a tais mobilizacões. Este partidos talvez não funcionarão de maneira "tradicional", mas como uma frente, uma federacão de pequenos grupos que se organizam para certas disputas eleitorais e depois se dissolvem. É difícil ainda saber o que virá. Certo é apenas o fato de que os movimentos políticos mais importantes (revoltas na Grécia, Espanha, Portugal) parecem ser feitos atualmente à despeito dos partidos. O que limita seus resultados. Não creio que podemos "mudar o mundo sem conquistar o poder". Quem gosta de ouvir isto são aqueles que continuam no poder. Para conquistar o poder, temos que vencer embates eleitorais.
CM - O debate sobre a irrelevância dos partidos convive com a realidade de um torniquete menos debatido: a captura da vida democrática pela supremacia das finanças. Ao normatizar o que pode e o que não pode ser objeto de conflito e de escrutínio, a hegemonia das finanças não teria engessado a própria democracia representativa? E assim contaminado todos os seus protagonistas com a sombra da irrelevância?
VS - Certamente. Este é um dos limites da democracia parlamentar. Não há como escaparmos disto no interior da democracia parlamentar. Só se contrapõe ao domínio do mundo financeiro através de um aprofundamento da democracia plebicitária, como a Islândia demonstrou ao colocar em plebiscito o auxílio estatal a um banco falido. Devemos simplesmente deslocar questões econômicas desta natureza para fora da democracia parlamentar. Um Estado não pode emprestar bilhões para massa financeira falida sem uma manifestação direta daqueles que pagarão a conta. O problema é que vivemos em uma fase do capitalismo de espoliação.
CM - A mídia é muitas vezes apontada como a caixa de ressonância dessa subordinação do conflito aos limites da finança. Nesse sentido a sua regulação não seria tão ou mais importante que o financiamento público de campanha?
VS - Acho que a sociedade ocidental (e não apenas a brasileira) precisa, de fato, encarar a defasagem das leis a respeito da regulação econômica da mídia. Trata-se de um dos mercados mais oligopolizados e concentrados do planeta, o que está longe de ser algo bom para a democracia. Seria importante que houvesse um sistema que facilitasse a entrada de novos atores no campo midiático. Não consigo admitir, por exemplo, que universidades públicas, sindicatos e associacões tenham tão pouca presença em rádios, televisões e jornais.
CM - O PT no Brasil condensa todos esses impasses ao personificar, na opinião de alguns, uma trágica verdade: o preço do poder é a necrose da identidade mudancista. Isso é fatal? Ou dito de outro modo:um partido depois de passar pelo poder ainda pode suprir o anseio de mudança da sociedade?
VS - Ele pode suprir tais anseios, mas desde que esteja realmente disposto a avancar nos processos de modernização política e criatividade institucional, o que não creio ter sido o caso do PT. Há um profundo déficit de participacão popular nos governos do PT. Claro que se olharmos para a direita brasileira (PSDB e seus aliados) a situacão é infinitamente pior. Mas o PT, neste ponto, tem nos obrigado a votar fazendo o cálculo do mal menor. Ele tirou da sua pauta o aprofundamento de mecanismos de participação popular. O resultado será um embotamento político que pode se voltar contra a própria esquerda.
CM - Algumas avaliações dizem que o governo Lula foi em parte a causa desse entorpecimento petista. Outros sugerem que o próprio Lula foi refém de uma energia política insuficiente para promover um projeto de mudança mais profundo na sociedade. Que ponto da régua estaria mais próximo da realidade em sua opinião?
VS - Creio que Lula foi bem sucedido em ser uma espécie de Mata Hari do capitalismo global. Ele soube jogar em dois tabuleiros, um pouco como Getúlio Vargas. Sua política foi bipolar. Por exemplo, enquanto recebia George Bush falando que era seu maior aliado, seu partido fazia manifestacões contra a vinda do próprio George Bush. O resultado final deste processo foi criar um sistema muito parecido àquele deixado por Vargas. O PT é, hoje, herdeiro direto do PTB. O PMDB parece uma espécie de PSD sem uma figura carismática como Juscelino e a oposicão esmera-se no seu figurino UDN. Bem, é triste perceber que, quando o Brasil comeca a andar, ele sempre volta ao mesmo ponto de estabilidade política. Parece que nunca conseguimos ultrapassar este mecanismo bipolar.
CM - O Governo Dilma será a culminância dessa acomodação histórica? Ou a crise mundial pode destravar o processo e inaugurar um novo ciclo, na medida em que impõe escolhas duras entre desenvolvimentismo versus financeirização?
VS - Creio que o governo Dilma será um governo que usará a margem de manobra fornecida pelo crescimento econômico em uma era onde as economias dos países europeus (assim como os EUA) continuarão em crise. Neste sentido, nossa única esperanca concreta de mudanca virá quando a dita nova classe média perceber que ele só continuará seu ciclo de ascensão se não precisar gastar fortunas com educacão e saúde privadas. No entanto, a consolidação de um verdadeiro sistema público de educacão e saúde não será feito sem uma pesada taxação sobre a classe rica e um aumento considerável na tributacão da renda. Isto, em um país como o Brasil, tem o peso de uma revolucão armada. Vejam que engracado, vivemos em um país onde a implantação de um modelo tributário das sociais-democracias européias dos anos 50 equivaleria a uma ação política da mais profunda radicalidade. Não creio que o PT fará algo neste sentido. Mesmo a discussão a respeito de um imposto sobre grandes fortunas foi abandonada. Precisamos de um discurso de esquerda alternativo que esteja em circulacão no momento em que as possibilidades de ascensão social baterem no teto.
CM - O que seria uma agenda relevante para Lula e o seu Instituto numa conjuntura como essa de flacidez partidária e atritos duros entre desenvolvimento, igualdade e acomodação à crise?
VS - O melhor que seu Instituto poderia fazer é organizar uma espécie de Internacional lulista que ajude a esquerda a vencer em países da América Latina.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17916&alterarHomeAtual=1
Lições da crise (do caso Palocci)
Por Emir Sader
Lições da crise
1. Bombas de tempo podem tardar a explodir, mas terminam explodindo.
2. Devem ser examinados exaustivamente os antecedentes de todos os que vão ocupar cargos públicos.
3. Uma vez estourada uma crise como essa, melhor desativá-la rapidamente. Deixar sangrar provoca danos muito maiores.
4. O zelo pela questão da ética publica, além de ser um fim em si mesmo, afeta diretamente os setores mais dinâmicos de apoio ao governo: militância de esquerda, movimentos sociais, juventude, artistas, intelectuais, formadores de opinião publica em geral. Deve-se cuidá-los como a menina dos olhos.
5. Quando mudar, tratar sempre de inovar na escolha de quadros. A politica brasileira precisa disso.
6. Acompanhar as mudanças com discurso que explica o significado delas.
7. A consciência das intenções de quem faz acusações pode ser clara, sem que elas deixem de ser verdadeiras.
8. A recuperação do prestígio da prática politica requer um cuidado estrito com a ética pública.
9. Não precipitar declarações incondicionais de apoio a pessoas que recebem acusações, antes do apuro rigoroso delas.
10. Os partidos devem ter suas próprias posições, mais além do apoio firme ao governo. Devem expressar os sentimentos e as posições da militância do partido, dos movimentos sociais e do campo popular.
11. Apoio do PMDB é sempre abraço de urso.
12. A mídia privada continua com grande poder de definir a agenda nacional e derrubar ministros.
13. Fazer política, exercer o poder não é atividade técnica, nem de repartição de cargos, mas uma combinação de persuasão e força, isto é, construção de hegemonia.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Contra bancos, governo deve cada vez mais para fundos de pensão
Por André Barrocal
BRASÍLIA – A dívida do governo federal em títulos públicos negociados com o chamado “mercado” dentro do Brasil cresceu R$ 62 bilhões na gestão Dilma Rousseff. No fim de maio, somava R$ 1,665 trilhão, informou nesta terça-feira (21/06) a Secretaria do Tesouro Nacional, responsável por administrá-la.
A evolução da dívida em 2011 tem tido um comportamento diferente, quando se observa o dono da fatura. Ou seja, quem tira proveito das vantagens de ser credor e de poder de dizer ao endividado quanto quer ganhar para rolar a dívida no vencimento do papagaio.
Para depender menos dos bancos, os principais credores, e com isso tentar pagar juros mais baixos na rolagem, o Tesouro tenta fazer cada vez mais negócios com entidades de previdência. Sobretudo fundos de pensão de estatais, dirigidos muitas vezes por indicados do governo.
Dos R$ 62 bilhões em dívida nova feita pelo Tesouro em 2011, mais da metade (R$ 34 bilhões) tinha na outra ponta uma entidade previdenciária como cliente. No fim de maio, nenhum credor tinha aumentado tanto sua fatia na dívida. Hoje, aquelas entidades são credoras de 15,7% do débito (eram de 14,21% em dezembro).
O montante negociado pelo governo com o setor previdenciário este ano é quase cinco vezes maior do que os contratos novos fechados com bancos e instituições financeiras em geral (corretoras e distribuidoras de valores).
Estratégia: menos concentração
O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Otávio Ladeira, tem feito reuniões periódicas com entidades de previdência para incentivá-las a entrar mais no jogo da dívida. “Temos tido sucesso. Precisamos ampliar a base de investidores”, afirma.
Segundo Ladeira, quanto mais dívida em poucas mãos, pior para o setor público. O poder de barganha para negociar juros menores diminui. Para ele, há “concentração demais” de dívida nos bancos, especialmente nos grandes.
Hoje, bancos e instituições financeiras controlam 30,14% dos títulos públicos. Um pouco menos do que em dezembro de 2010 (30,85%). De janeiro a maio, a dívida federal com eles subiu R$ 7 bilhões.
Nos negócios com fundos de investimento, aconteceu o mesmo. A dívida controlada por eles subiu R$ 7 bilhões em 2011. Mas a participação do setor no bolo total da dívida teve ligeira queda (de 25,71% para 25,21%). Os fundos são o segundo maior credor federal.
Para tentar enfrentar um pouco da gula das instituições financeiras brasileiras, o governo já havia buscado fazer mais negócios com estrangeiros. Na visão do Tesouro, o capital externo aceitaria juros menores porque o lucro no Brasil supera tanto o obtido em qualquer outro lugar, que, ainda assim, vale a pena investir aqui.
Essa política começou em 2006, quando o governo isentou de imposto de renda o lucro dos estrangeiros com títulos públicos. De lá para cá, a participação deles no total da dívida avançou sem parar. Ao fim de maio, estava em 11,45%, depois de aumentar em R$ 8 bilhões desde janeiro.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17956&alterarHomeAtual=1
Sem Dilma, Senado aprova fim do sigilo de documentos, diz relator
BRASÍLIA – O fim da possibilidade de sigilo eterno para documentos públicos tem condições de ser aprovado pelos senadores em plenário, no voto, como fizeram os deputados, disse nesta quinta-feira (16/06) o relator, no Senado, do projeto de lei de acesso à informação, Walter Pinheiro (PT-BA).
Para ele, a presidenta Dilma Rousseff está pressionada a interferir pelos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor, favoráveis ao sigilo, mas deveria resistir e deixar o Senado decidir sozinho. “O projeto não pode ser usado para colocar o Senado contra o governo. Este é um assunto para nós resolvermos aqui dentro”, afirmou.
A bancada do PT defende o fim do sigilo, embora ainda possa mudar de posição, segundo o líder, Humberto Costa (PE), caso o Palácio do Planalto convença o partido de que é necessário, politicamente, atender Sarney. "Não vou patrocinar uma rebelião contra o governo", disse.
As duas maiorres legendas adversárias do governo no Senado, PSDB e DEM, também estão contra o sigilo. Se não por convicção, pelo menos para tentar jogar o PT contra o PMDB e, com isso, atrapalhar o governo Dilma.
Recentemente, o senador Aécio Neves (MG), principal líder tucano na atualidade, chamou de “retrocesso” a possibilidade de sigilo eterno. O senador Demóstenes Torres (GO), do DEM, relator do projeto numa comissão do Senado, afirmou, nos últimos dias, que o partido dele não vai “endossar” a preservação do sigilo.
Segundo Humberto Costa, seria possível contabilizar, dentro do próprio PMDB de Sarney, votos contrários ao sigilo, entre aqueles peemedebistas conhecidos como “independentes” ou mesmo “opositores” declarados do governo Dilma.
Contando-se todos estes votos, mais os de partidos menores de esquerda, como PSB e PCdoB, seria possível acabar com o sigilo, caso Dilma não intervenha, na avaliação de Walter Pinheiro.
Essa é a grande dúvida hoje. O governo vai interferir para valer no assunto? Presidente do Senado e importante aliado de Dilma, Sarney tenta arrastar o Planalto para discutir um tema que havia passado quase despercebido na Câmara dos Deputados em 2010.
O projeto de lei de acesso a informação foi enviado pelo governo Lula ao Congresso há dois anos. Alterava uma série de regras no trato de informações e documentos públicos, com o objetivo de dar-lhes mais transparência.
O texto original permitia sigilo eterno, embora reduzisse de 30 anos para 25 anos o prazo de reavaliação do caráter secreto de cada documento. Os deputados optaram, no entanto, por autorizar apenas uma reavaliação. Em no máximo 50 anos, todos os documentos públicos teriam de ser divulgados.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17928&alterarHomeAtual=1
Dilma 'refunda' governo ao trocar Palocci e repartir poder político
BRASÍLIA – Depois de 176 dias, o governo Dilma Rousseff será refundado nesta quarta-feira (08/06), com a substituição de Antonio Palocci, na chefia da Casa Civil, pela senadora Gleisi Hoffmann, do PT do Paraná. Figura central na lógica de funcionamento do governo, de jogo duro na relação com partidos aliados e com o Congresso, Palocci não suportou mais a perda de legitimidade como principal estrategista da presidenta, decorrente da notícia de seu enriquecimento, e pediu demissão nesta terça-feira (07/06).
Em nota à imprensa para informar que mandara carta de demissão à presidenta, Palocci reconheceu a fragilidade política em que estava, mesmo com a decisão da Procuradoria Geral da República de arquivar pedido de inquérito contra ele. No texto, afirma que “a continuidade do embate político”, que nem a decisão da Procuradoria nem a entrevista que deu para se explicar conseguiram conter, prejudicaria atribuições dele no governo.
Também em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que Dilma aceitou a demissão, “lamenta a perda de tão importante colaborador” e convidou Gleisi para comandar a Casa Civil. A senadora é esposa do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e vinha chamando a atenção da presidenta pela defesa do governo no Senado.
Segundo colaboradores, Palocci deixa o cargo convencido de que foi vítima de “fogo amigo” de aliados do governo, por causa da postura mais rígida que vinha adotando, com respaldo do Dilma, nas negociações com partidos aliados, especialmente PT e PMDB.
Durante mais de quatro meses, a dupla Dilma-Palocci resistiu ao máximo as tentativas dos partidos de emplacar indicados políticos para cargos públicos; cortou repasses de dinheiro para obras incluídas no orçamento por deputados e senadores; buscou contornar votações no Congresso, trabalhando mais com instrumentos exclusivos do Executivo, para não dar chance a aliado contrariado de reagir votando contra o governo.
O demissionário chefe da Casa Civil acreditava que, ao impor jogo duro ao Congresso, teria apoio dos veículos de comunicação, críticos à necessidade de um governo construir maioria parlamentar fazendo acordos de repartição de espaço com aliados.
Por isso, e por cultivar a idéia de que conseguia dialogar com bancos, empresários graúdos e outros setores distantes do PT, Palocci jamais imaginou que seria alvo de alguma denúncia dos veículos de comunicação. Muito menos que o conjunto da imprensa daria tanto espaço e destaque à revelação de que se tornara rico prestando consultoria para empresas privadas, informação que ele tem certeza de que foi passada ao jornal Folha de S. Paulo por um governista.
Não é a visão de Dilma, de acordo com um auxiliar próxima dela. A presidenta acredita que o disparo partiu de alguém ligado ao PSDB na secretaria de Finanças da prefeitura de São Paulo, comandada por Mauro Ricardo, ex-secretário do tucano José Serra. Dilma reconhece, no entanto, de acordo com o mesmo auxiliar, que a revelação serviu no mínimo para dar a aliados a chance de tirar proveito da situação.
Independentemente da origem da informação sobre o enriquecimento do ministro, o fato é que, desde que veio a público, Palocci começou a perder legitimidade política, o que é fatal para um estrategista e operador, como era o caso dele. Em nenhum momento, uma instância partidária de PT e PMDB, por exemplo, manifestou apoio ou confiança ao ministro. Houve apenas comentários individuais de políticos.
Nem a própria presidenta chegou a tanto. Na única vez em que se pronunciou até agora sobre o assunto, Dilma disse que Palocci daria todas as explicações necessárias, mas sem afirmar, com todas as letras, que confiava nele. Segundo um auxiliar da presidenta, foi uma fala calculada exatamente para deixar uma brecha para o caso de a saída de Palocci mostrar-se inevitável, como aconteceu.
Pouca afeita a conversas com parlamentares e partidos, atribuição que havia delegado a Palocci, Dilma foi obrigada, desde o início do caso, a participar de almoços e reuniões com políticos numa frequência incomum em cinco meses de mandato. No dia da demissão de Palocci, almoçou com senadores do PTB. Antes da posse de Gleisi, vai fazer o mesmo com a bancada do PR.
Teve ainda de conviver com o fantasma do antecessor e mentor, o ex-presidente Lula, que viajou a Brasília para se reunir com aliados e tentar ajudar a contornar o imbóglio Palocci de algum modo.
Por coincidência, uma destas reuniões de Lula foi um almoço na casa de Gleisi Hoffmann, com a bancada de senadores do PT. Naquela ocasião, segundo apurou Carta Maior, Gleisi comentou que era mais difícil defender Palocci do que os envolvidos no suposto "mensalão", já que o primeiro foi acusado de enriquecer pessoalmente, enquanto a suspeita sobre os demais diz respeito a financiamento de um projeto político do PT.
Em entrevista coletiva que deu depois de ser convidada por Dilma e ter aceito o cargo, a senadora disse considerar “uma pena perder o ministro Palocci neste governo, pelas qualidade que ele tem”.
Formada em direito, ex-secretária no Paraná e no Mato Grosso do Sul e ex-diretora de Itaipu, Gleisi representa uma opção “técnica” de Dilma para comandar a Casa Civil. Com isso, o órgão voltará a ter uma atuação mais voltada a coordenar ações de governo, como no tempo em que a própria Dilma exercia essa função no governo Lula, em vez do perfil mais político que adquirira na gestão de Palocci.
“Ela [a presidenta] disse que meu perfil é um perfil que se adequa ao que ela pretende agora na Casa Civil, que é o acompanhamento dos projetos do governo”, afirmou Gleisi.
Com o esvaziamento político da Casa Civil, o poder será repartido – ao menos por ora – entre a própria Dilma, que nos últimos tempos têm se dedicado mais a conversas e articulações; o vice-presidente, Michel Temer, presidente licenciado do PMDB com grande ascendência sobre o partido; e a Secretaria de Relações Institucionais, controlada hoje pelo PT.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17892
Dilma fecha reestruturação política; mulheres são maioria no Planalto
BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff concluiu nesta sexta-feira (10/06) a reformulação da área política do governo a que foi obrigada pela crise de relacionamento com aliados exposta ao público na crise do ex-ministro Antonio Palocci, que era até aquele momento o principal estrategista e articulador presidencial. Depois da saída de Palocci, Dilma decidiu trocar o chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência e nomear para o cargo a ex-senadora petista Ideli Salvatti, que assumirá na próxima segunda-feira (13/06).
A opção de Dilma por Ideli faz com que, pela primeira vez na história brasileira, as mulheres estejam em maioria nos postos de comando mais importantes da Presidência da República, sem contar a presidenta e o vice, Michel Temer. Dos cinco ministros que trabalham no Palácio do Planalto, três serão mulheres com a posse de Ideli: ela, Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Helena Chagas (Comunicação Social). Aos homens, restaram a Secretaria Geral, do ministro Gilberto Carvalho, e o Gabinete de Segurança Institucional, do general José Elito Carvalho Miranda.
Com a substituição nas Relações Institucionais, Dilma tenta melhorar o convívio do governo com o Congresso e os partidos aliados, especialmente com o PT. Os petistas estavam insatisfeitos com Palocci e com o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Achavam que o primeiro não defendia, perante a presidenta, as reivindicações do partido por cargos e rumos do governo. E que Luiz Sérgio, que deveria ajudar a pressionar Dilma, acanhara-se e deixara-se engolir pela força do ex-chefe da Casa Civil.
Esse tipo de contrariedade selou o destino dos dois ministros e obrigou a presidenta a reformular a área política do governo. Nenhum partido aliado fez defesa enfática de Palocci na denúncia de enriquecimento de ilícito, que o ex-chefe da Casa Civil acredita ter sido obra de “fogo amigo”.
Vários políticos, sobretudo do PT, aproveitaram o caso, que forçou uma discussão da condução política do governo, para minar Luiz Sérgio e tentar derrubá-lo, como se pode observar em inúmeras reportagens em jornais e na internet nas quais os interesses escondiam-se sob anonimato.
Um dos mais interessados no cargo era o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que ainda não assimilou ter derrotado pelo colega petista Marco Maia (RS) na disputa pela presidência da Casa, em fevereiro.
Time das "duronas"
Segundo apurou Carta Maior, pessoalmente, Dilma não tinha intenção de trocar Luiz Sérgio, pois tem convivência cordial com ele. Tanto que o manteve no governo - ele vai para o lugar de Ideli no Ministério da Pesca. A presidenta convenceu-se, porém, de que, se o segurasse, ainda teria problemas políticos, já que o ministro perdera autoridade, a exemplo de Palocci.
Mas Dilma não cedeu de todo. Resistiu à tentativa do PT, especialmente da bancada de deputados, de impor-lhe um nome. A escolha de Ideli foi pessoal da presidenta, que deu mais uma demonstração de que gosta de ter auxiliares do tipo “linha dura”.
Já havia demonstrado isso ao nomear Gleisi Hoffmann para o lugar de Palocci. A senadora vinha se destacando no Congresso pela defesa inflexível do governo. Em seu discurso de posse na chefia da Casa Civil, na última quarta-feira (08/06), Gleisi tentou inclusive mostrar que tem condições de ser flexível, o tipo de coisa que a classe política adora ouvir. Recusou a pecha de “trator” e disse que sua escolha sinalizava “apreço” de Dilma pelo Congresso.
Com Ideli, acontece o mesmo. Nos oito anos do governo Lula em que foi senadora, sete deles exercendo algum tipo de liderança (do governo ou do PT), mostrou ter temperamento forte, o que várias vezes lhe custou brigas com adversários e até com aliados.
Em entrevista nesta sexta-feira (10/06) na qual já falou como indicada por Dilma, Ideli também foi confrontada com a imagem de “durona”. E, a exemplo de Gleisi, tentou mostrar flexibilidade. “A relação com todos os partidos será respeitosa sempre”, afirmou a ministra, que disse que vai usar “ouvidos, coração e bom senso” no novo cargo.
Escanteado pelas circunstâncias, Luiz Sérgio participou da mesma entrevista, ao lado de Ideli, para dar sua versão sobre sua saída. Disse que se trata de uma “reformulação natural” da coordenação política do governo e que não há “desarticulação” da base aliada de Dilma.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17904&alterarHomeAtual=1
JACQUES DIOUF: O COMANDO DA FAO DEVE FICAR COM UM PAÍS EM DESENVOLVIMENTO
(Carta Maior; Sábado, 25/06/ 2011)
A rebeldia dos jovens que nos faz tanta falta
Aí nos demos conta – se ainda não tínhamos nos dado – da imensa ausência da juventude na vida política brasileira. O fenômeno é ainda mais contrastante, porque temos governos com enorme apoio popular, que indiscutivelmente tornaram o Brasil um país melhor, menos injusto, elevaram nossa auto estima, resgataram o papel da política e do Estado.
Mas e os jovens nisso tudo? Onde estão? O que pensam do governo Lula e da sua indiscutível liderança? Por que se situaram muito mais com a Marina no primeiro turno do que com a Dilma (mesmo se tivessem votado, em grande medida, nesta no segundo turno, em parte por medo do retrocesso que significava o Serra)?
A idade considerada de juventude é caracterizada pela disponibilidade para os sonhos, as utopias, a rejeição do velho mundo, dos clichês, dos comportamentos vinculados à corrupção, da defesa mesquinha dos pequenos interesses privados. No Brasil tivemos a geração da resistência à ditadura e aquela da transição democrática, seguida pela que resistiu ao neoliberalismo dos anos 90 e que encontrou nos ideais do Fórum Social Mundial de construção do “outro mundo possível” seu espaço privilegiado.
Desde então dois movimentos concorreram para seu esgotamento: o FSM foi se esvaziando, controlado pelas ONGs, que se negaram à construção de alternativas, enquanto governos latino-americanos se puseram concretamente na construção de alternativas ao neoliberalismo; e os partidos de esquerda - incluídos os protagonistas destas novas alternativas na América Latina -, envelheceram, desgastaram suas imagens no tradicional jogo parlamentar e governamental, não souberam renovar-se e hoje estão totalmente distanciados da juventude.
Quando alguém desses partidos tradicionais – mesmo os de esquerda – falam de “politicas para a juventude”, mencionam escolas técnicas, possibilidades de emprego e outras medidas de caráter econômico-social, de cunho objetivo, sem se dar conta que jovem é subjetividade, é sonho, é desafio de assaltar o céu, de construir sociedades de liberdade, de luta pela emancipação de todos.
O governo brasileiro não aquilata os danos que causam a sua imagem diante dos jovens, episódios como a tolerância com a promiscuidade entre interesses privados e públicos de Palocci, ou ter e manter uma ministra da Cultura que, literalmente, odeia a internet, e corta assim qualquer possibilidade de diálogo com a juventude – além de todos os retrocessos nas políticas culturais, que tinham aberto canais concretos de trabalho com a juventude. Não aquilata como a falta de discurso e de diálogo com os jovens distancia o governo das novas gerações. (Com quantos grupos de pessoas da sociedade a Dilma já se reuniu e não se conhece grandes encontros com jovens, por exemplo?)
Perdendo conexão com os jovens, os partidos envelhecem, perdem importância, se burocratizam, buscam a população apenas nos processos eleitorais, perdem dinamismo, criatividade e capacidade de mobilização. E o governo se limita a medidas de caráter econômico e social – que beneficiam também aos jovens, mas nãos os tocam na sua especificidade de jovens. Até pouco tempo, as rádios comunitárias – uma das formas locais de expressão dos jovens das comunidades – não somente não eram incentivadas e apoiadas, como eram – e em parte ainda são – reprimidas.
A presença dos jovens na vida publica está em outro lugar, a que nem os partidos nem o governo chegam: as redes alternativas da internet, que convocaram as marchas da liberdade, da luta pelo direito das “pessoas diferenciadas” em Higienópolis, em São Paulo, nas mobilizações contra as distintas expressões da homofobia, e em tantas outras manifestações, que passam longe dos canais tradicionais dos partidos e do governo.
Mesmo um governo popular como o do Lula não conseguiu convocar idealmente a juventude para a construção do “outro mundo possível”. Um dos seus méritos foi o realismo, o pragmatismo com que conseguiu partir da herança recebida e avançar na construção de alternativas de politica social, de politica externa, de politicas sociais e outras. Os jovens, consultados, provavelmente estarão a favor dessas politicas.
Mas as mentes e os corações dos jovens estão prioritariamente em outros lugares: nas questões ecológicas (em que, mais além de ter razão ou não, o governo tem sistematicamente perdido o debate de idéias na opinião pública), nas liberdades de exercício da diversidade sexual, nas marchas da liberdade, na liberdade de expressão na internet, na descriminalização das drogas leves, nos temas culturais, entre outros temas, que estão longe das prioridades governamentais e partidárias.
Este governo e os partidos populares ainda tem uma oportunidade de retomar diálogos com os jovens, mas para isso tem assumir como prioritários temas como os ecológicos, os culturais, os das redes alternativas, os da libertação nos comportamentos – sexuais, de drogas, entre outros. Tem que se livrar dos estilos não transparentes de comportamento, não podem conciliar nem um minuto com atitudes que violam a ética publica, tem que falar aos jovens, mas acima de tudo ouvi-los, deixá-los falar. Com a consciência de que eles são o futuro do Brasil. Construiremos esse futuro com eles ou será um futuro triste, cinzento, sem a alegria e os sonhos da juventude brasileira.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=716
FMI: MISÉRIA INTELECTUAL DA ORTODOXIA
(www.cartamaior.com.br; 6º feira,24/06/ 2011)
segunda-feira, 20 de junho de 2011
O PPS e sua propaganda enganosa
20/6/2011 8:21,
O Partido Popular Socialista (PPS) agora está fazendo propaganda enganosa na TV, em suas inserções gratuitas. Na prática, está “vendendo” o que não pôde entregar no passado e dificilmente o fará no futuro. O ex-deputado Raul Jungmann, para chamar a atenção nesse momento pré 2012, tenta fazer estardalhaço com inverdades. Nas inserções de seu partido na TV, aparece dizendo que o PPS impediu que o governo impusesse taxas sobre a poupança e que agora vai impedir a volta da CPMF.
É bom lembrar. Jungmann, que já foi ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA) de Fernando Henrique Cardoso, atualmente é presidente do partido em Pernambuco está em plena campanha como candidato à prefeitura de Recife.
Vamos por os pingos nos iis. Nunca houve um projeto pronto de taxas em cima da poupança e nem o governo discute agora, como coisa certa, a volta da CPMF. E tem mais. As duas coisas não foram derrubadas pelo PPS que, com seu diminuto tamanho, não tem cacife pra isto. Ele só existia quando se aliava ao DEM e ao PSDB – de quem é uma espécie de sublegenda.
Fonte: http://correiodobrasil.com.br/o-pps-e-sua-propaganda-enganosa/256737/
sexta-feira, 17 de junho de 2011
quarta-feira, 15 de junho de 2011
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Sobre o preço que José e Maria pagaram por serem ambientalistas
Meus amigos(as), mais loucuras dessa mente inquieta!
Hoje, ao conversar com amigos acerca das animalescas mortes de ambientalistas , defensores da Floresta Amazônica, ouvi de um esclarecido cidadão que: ” Esse é o preço que se paga, por ser ambientalista no Brasil.” Imediatamente, como que por ato de vontade, meu instinto de reflexão foi ativado, então comecei a indagar me acerca da afirmação. Partindo-se do pressuposto que apenas se estabelece preço em relações comerciais em que um item está à disposição, ou em oferta para o consumidor e a esse item chama-se coisa, bem ou mercadoria!
Após, pensar no “preço que se paga” por ser ambientalista no Brasil e fazer um paralelo com o que rege a Lei Suprema de nossa Nação constatei a gravidade do problema, que, ao que parece, é tratado, pelos nossos coetâneos como mais uma manchete chocante de jornal. Mas é fatídico que ao derredor dessa discussão algumas questões pontuais se apresentam, as quais merecem a análise e exegese adequada, para tentarmos compreender porque em um país com tantas Leis, com cerca de 2.100 tipos penais vigentes na legislação cogente, ainda mata-se seres humanos, ceifando vidas, pura e simplesmente por estarem, aqueles extintos seres humanos, lutando em prol do Meio Ambiente. Em qualquer país sério do mundo defensores do meio ambiente são exaltados e ganham as honrarias pertinentes por tais atos, entretanto aqui no Brasil onde se vive em um Estado Democrático de Direito, os criminosos matam brutalmente pessoas inocentes que estão agindo em prol da coletividade e ainda diz-se que, estes que perderam a vida pagaram um preço.
Não podemos considerar, partindo de premissas lógicas, humanas, éticas e morais que estas pessoas pagaram preço por serem ambientalistas, não mesmo! Primeiro por tratarem-se de vidas humanas, as quais não se quantizam a sua perda por preço, obviamente por não se tratar de mercadorias; Segundo por que neste discurso há uma clara inversão de valores (a semiótica explica). Se diante de uma conjuntara dessa Natureza há algo a se pagar, deve-se determinar penas impostas pelas Leis do nosso país aos criminosos/bandidos/desumanos que cometeram tamanha barbárie.
Não há nenhum problema em ser ambientalista, defender a bandeira de um meio ambiente equilibrado para a saudável qualidade de vida da coletividade não deve ser visto como nenhum fardo e sim como uma virtude desenvolvida em prol da coletividade. Contudo, em um país onde as atividades econômicas desenvolvidas desde os primórdios, com a colonização, foram feitas em moldes extrativistas, sempre considerando o meio ambiente uma fonte de riquezas a ser explorada, sem nenhum plano de manejo, sem nenhuma perspectiva de sustentabilidade ou até mesmo em alguns casos encarado-o como sendo um óbice ao progresso, erguer a bandeira de ambientalista significa expor-se à saga infeliz dos covardes.
A Falácia está posta diante de nós, pois o modelo econômico que prega que o meio ambiente apresenta-se como sendo um empecilho, está estacado numa lógica de mercado que enxerga nos recursos ambientais um entrave. Sim, as demandas humanas crescem cada vez mais e a sociedade do consumo exige cada vez mais elevados índices de produção, enquanto que os recursos ambientais, estes são esgotáveis e já encontram-se, muitas vezes, em estado de escassez.
O Brasil possui cerca de cinco biomas perfeitamente definidos dentre os quais um existe apenas aqui em solo nacional e não está muito longe de nós: A Mata Atlântica, bioma responsável pela maior biodiversidade do planeta, significando dizer que é a maior pluralidade de seres vivos (fauna e flora) do mundo, e mesma com a relevância desse bioma, apenas subsiste cerca de 7% da sua cobertura vegetal original. Tais dados e a forma como está organizada a produção na sociedade de consumo talvez possam dar-nos pistas do porque que Vidas Humanas ainda são retiradas, ao arrepio da legislação, por serem apenas defensores ambientais.
A vida na sociedade “pós moderna” tem se restringido à consumir, comprar, adquirir, o que denota que, por exemplo, se temos uma área com cobertura vegetal como acontece com a Floresta Amazônica ela precisa ser devastada, para que sua lenha sirva para abastecer o setor industrial, a construção civil etc, a área onde existia essa cobertura vegetal possa servir ao plantio da soja (responsável por manter a balança comercial favorável, uma vez que exporta-se o grão gerando assim receita aos cofres públicos e vultuosos lucros ao setor privado!?!), ou seja deixar a mata de pé significa perder espaço supostamente agricultável e por conseqüência perder capital. E para o “economez” continua soando bonito falar-se em Superávit Primário e em propensão marginal ao consumo, Nada contra os economistas, tenho bons amigos que são letrados nessa importante cátedra.
Mas, aproxima-se a data ilustrativa do dia do Meio Ambiente (dia 05 de junho), continuamos com 16,2 milhões de miseráveis, vítimas sociais de um sistema excludente e marginalizante, com apenas 7% do que restou do bioma de maior biodiversidade do mundo: a Mata Atlântica, e não bastasse todas essas mazelas ainda assistimos, boquiabertos, a prática de uma nova modalidade de delito: O Racismo Ambiental, ceifar a vida de ambientalistas. Esse cenário macabro faz-me lembrar de uma tela pintada sutilmente pelo ilustre artista plástico russo Viktor Vasnetsov, intitulada “A princesa que nunca sorriu”, assim encontra-se a pátria à míngua de razões para sorrir!
Por Leonardo Santos
Ruy Barbosa, 01 de junho de 2011.
Quem tiver interesse em saber mais sobre o assassinato do ambientalista pode acessar o link abaixo.
Fonte: http://andarilhosdachapada.blogspot.com
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Ocupação continua
Professores e estudantes seguem ocupando a galeria de ex – Presidentes da Assembleia Legislativa da Bahia. A ocupação teve início na terça (31) com o objetivo de alertar a população para a situação precária das universidades e pressionar o governo a atender a pauta de reivindicação das categorias. A desocupação será avaliada, novamente, na segunda-feira, após Mesa de Negociação com o Governo, agendada para o dia 06/06, às 17h, na Secretaria de Educação.
A reabertura das negociações, suspensa pelo governo no dia 27 de maio, foi fruto da pressão exercida pelos professores e estudantes. A nova negociação foi agendada após 03 dias de ocupação da Assembleia Legislativa e da realização de um ato em frente à Fundação Luís Eduardo Magalhães, na sexta-feira (03), onde o Governador participava de evento oficial.
A reunião de Negociação foi confirmada, na tarde de sexta-feira (03), no encontro dos professores e estudantes com o Secretário de Administração, Manoel Vitório. Na Mesa, será discutida uma proposta de intermediação dos Reitores das Universidades Estaduais da Bahia sobre o Acordo Salarial e um calendário de discussões sobre o Decreto 12.583/11.
Apesar da confirmação de nova data de negociação, o movimento continuará ocupando na Assembleia Legislativa, pois não é possível mais confiar neste Governo. A reunião com Manoel Vitório não significou nenhum avanço nas negociações e só com mobilização é possível chegar ao fim do impasse imposto pelo governo. Durante todo o ano de 2010 e até o momento, o governo tem agendado reuniões que pouco avançam em uma solução para os problemas enfrentados pelas Universidades.
Durante o final de semana, atividades culturais e discussões sobre o papel das Universidades Estaduais na Bahia foram realizadas como parte da programação da ocupação.
Ato do movimento grevista nesta segunda
Na manhã de sábado (04), os professores, acampados na galeria de ex – Presidentes da ALBA, encaminharam a realização de uma grande passeata da Assembleia Legislativa à Secretaria de Educação, a partir das 15h. O objetivo da passeata é exercer pressão durante a Mesa de Negociação com o governo que ocorrerá, às 17h, na SEC.
A reunião de Negociação foi confirmada, na tarde desta sexta-feira (03), no encontro dos professores e estudantes com o Secretário de Administração, Manoel Vitório. Na Mesa, será discutida uma proposta de intermediação dos Reitores das Universidades Estaduais da Bahia sobre o Acordo Salarial e um calendário de discussões sobre o Decreto 12.583/11.
Fonte: Ascom ADUNEB
Pinheiro enfrenta cobranças de petistas
Antes do evento, a setorial LGBT petista divulgou uma nota oficial em que considerou “um equívoco” a participação do senador, que faz parte da bancada evangélica no Congresso, na marcha religiosa. “Manifestar-se contrário a uma lei que visa punir tais crimes é o mesmo que manifestar apoio a essas manifestações, e isso contribui para uma sociedade ainda mais homofóbica e discriminatória”, afirmaram os petistas LGBTs na nota oficial.
A participação do senador no evento também foi vista com estranhamento por parlamentares petistas ligados à defesa dos homossexuais. A vereadora Vânia Galvão destacou que o partido sempre defendeu o direito à diversidade sexual. “Acho lamentável que ele (Pinheiro) tenha esta posição. Entendo que homofobia representa um ódio, uma demonstração de intolerância de respeito aos direitos humanos e precisa ser combatida”, argumenta.
Questionado sobre o assunto, o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, explica que o senador tem liberdade para defender posições de natureza confessional. Ele, no entanto, nega que o partido esteja utilizando “dois pesos e duas medidas”, já que o ex-deputado federal Luiz Bassuma foi suspenso do partido em 2009 por ser contra a descriminalização do aborto. “Ali foi diferente. Bassuma partiu para agredir os petistas que defenderam essa posição”. Informações do A Tarde.
Fonte: http://www.politicahoje.com.br/conteudo.php?prefixo=detalhe&menu=artigo&idt_secao=1&id=26984