segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Irã se arma e avisa que se for atacado vai responder com ataque global

Antonio Carlos Lacerda

Correspondente do Pravda

TEERÃ/IRÃ – Pressionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por potências mundiais devido ao seu programa de energia nuclear, o governo revolucionário do Irã colocou em operação uma usina atômica, mostrou ao mundo que tem um avião de combate não tripulado de longo alcance e avisou aos Estados Unidos e Israel que vai deflagrar uma guerra planetária caso venha ser atacado por algum País.

Usando linguagem de guerra apocalíptica, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, prometeu uma "resposta em escala planetária”, caso o seu país seja atacado. "Nossas opções não terão limites, envolverão todo o planeta", avisou o presidente iraniano.

Um dia após colocar em operação a primeira usina atômica iraniana, o presidente Mahmoud Ahmadinejad mostrou ao mundo o primeiro avião não tripulado de longo alcance, desenvolvido e construído inteiramente dentro do país.

Denominado de Drone, o veículo aéreo não tripulado é capaz de realizar bombardeio a longa distância contra alvos no solo e de voar em alta velocidade, comandado e pilotado remotamente por militares em posições distantes da aeronave e do alvo a ser atingido.

Mahmoud Ahmadinejad participou da apresentação do avião um dia depois de inaugurar a usina nuclear de Bushehr, construída pela Rússia e destinada à geração de energia.

Segundo jornalistas iranianos, em fevereiro, o Irã inaugurou a linha de produção de dois tipos de aviões com capacidade de bombardeio e de reconhecimento. Antes de mostrar o Drone, o ministro iraniano da Defesa disse que o país estava pronto para revelar um projeto de "grande importância" e que a capacidade de defesa do Irã chegou a um ponto que não precisa de qualquer ajuda de outros países.

Aviões não tripulados são recursos cada vez mais utilizados por forças armadas mundiais, principalmente a dos Estados Unidos. No entanto, os críticos da arma dizem que os pilotos e comandantes das operações, que ficam a milhares de quilômetros de distância enquanto comandam a aeronave por controle remoto, não têm capacidade para julgar corretamente se há ou não a necessidade de um bombardeio em determinado alvo.

Um dia antes de apresentar ao mundo o avião não tripulado de bombardeiro e reconhecimento de longo alcance, o Irã colocou em operação a sua primeira usina atômica, em Bushehr, ao Sul do País, às margens do Golfo Pérsico, construída por engenheiros russos, segundo informações da Rosatom, uma empresa nuclear russa.

O diretor da Organização da Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, e o chefe da Rosatom, Serguei Kirienko, assistiram à cerimônia oficial de inauguração da usina, aprovada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Os governos do Irã e da Rússia garantem que a usina de Bushehr será destinada unicamente a gerar eletricidade, e suas instalações não podem ser utilizadas para fins militares.

Salehi disse que o fato é "histórico" e "inesquecível" para o Irã, e agradeceu à Rússia por sua cooperação na construção da usina e na transferência de tecnologia nuclear, segundo as agências russas.

"Apesar de todas as pressões e sanções impostas pelos países ocidentais, somos testemunhas do início dos trabalhos do maior símbolo das atividades nucleares pacíficas iranianas", disse Salehi na cerimônia que colocou em operação a usina atômica iraniana.

As 82 toneladas de combustível nuclear russo foram transportadas até a câmara do reator da central, que tem mil megawatts de potência. "A partir de agora, o reator é uma usina nuclear", disse o russo Serguei Kirienko.

Kirienko explicou que as barras de combustível de urânio serão carregadas no reator nas próximas semanas, e que a central começará a gerar eletricidade antes do fim deste ano, vários meses antes do previsto inicialmente.

A empresa alemã Siemens iniciou as obras da usina em 1974, mas teve que suspender o projeto após a explosão da revolução iraniana em 1979. O projeto de Bushehr é único e não tem análogos no mundo. Suas obras começaram em 1974, e os especialistas conseguiram construir uma central sobre alicerces antigos e com equipamentos utilizados pela companhia alemã há mais de 30 anos.

A corporação russa Atom Stroy Export retomou a construção após assinar um contrato com o Irã em fevereiro de 1998, mas desde então o projeto sofreu inúmeros atrasos, devido às suspeitas da comunidade internacional sobre a existência de um programa nuclear militar iraniano.

Diante das críticas dos Estados Unidos e Israel, a Rosatom insiste que as duas fases do ciclo nuclear da usina, que podem ser utilizadas tanto com fins civis como militares, ocorrem em território russo.

Trata-se do enriquecimento de urânio e da reciclagem do combustível nuclear utilizado para o funcionamento da central, com garantias escritas adicionais do Irã de que o combustível será empregado exclusivamente na central para a geração de eletricidade. Além disso, Moscou e Teerã assinaram um protocolo adicional sobre a devolução à Rússia do combustível nuclear utilizado.

Usando uma linguagem de guerra apocalíptica, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, prometeu uma "resposta em escala planetária" caso seu país seja atacado. "Nossas opções não terão limites, Envolverão todo o planeta", afirmou o presidente iraniano, em resposta a uma pergunta feita pelos jornalistas sobre qual seria a reação de Teerã a um ataque externo.

"Acho que alguns pensam em atacar o Irã, em particular no âmbito da entidade sionista (Israel), mas sabem que o Irã é uma muralha indestrutível e não acho que seus amos, americanos, o permitam fazê-lo", acrescentou Ahmadinejad, que defendeu, por outro lado, a retomada da iniciativa de Brasil e Turquia sobre uma troca de urânio enriquecido.

O Irã colocou em operação sua usina nuclear e alega que precisa enriquecer urânio para alimentar com combustível suas futuras usinas e conta produzir um dia 20 mil megawatts de eletricidade de origem nuclear. Entretanto, as potencias mundiais suspeitam que o Irã quer equipar-se com a bomba atômica, escondendo-se atrás de seu programa nuclear civil, apesar de seus reiterados desmentidos.

Os Estados Unidos e Israel afirmam com regularidade não excluir um ataque contra o Irã para por um fim a seu controverso programa nuclear. Os ocidentais suspeitam que Teerã, apesar de suas negativas reiteradas, tenta fabricar a bomba atômica, servindo-se de seu programa nuclear civil.

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

Texto postado em 25/08/2010 ás 16:06 no site http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=b075703bbe07a50ddcccfaac424bb6d9&cod=6021

Nenhum comentário: