terça-feira, 30 de março de 2010

Tabloides de assalto

A transparente satisfação com que a mídia nativa celebrou os últimos movimentos do governador José Serra, tomados como prova de uma candidatura de fato já encaminhada, mostra, redondamente, o lado escolhido pelos barões midiáticos. Como sempre, o lado contrário a Lula. No caso, em oposição à candidata do presidente.


Não é novidade. A mídia nativa não engole um ex-operário que se torna inquilino do Palácio do Planalto, cenário quem sabe talhado em definitivo para bacharéis engravatados, quando não generais de quatro estrelas. Ódio de classe? Misturado com a inextinguível suspeita de que Lula acabe por cair em tentação e reedite ideias e ideais do PT de 1980.

Rota traçada desde 1989, quando foi inventado o “caçador de marajás” para impedir a ascensão do Sapo Barbudo. Nem se fale da euforia provocada pela descoberta de um Fernando Henrique rei dos economistas, além de príncipe dos sociólogos, prontamente apresentado como criador da estabilidade. E esta foi também a bandeira da campanha do segundo mandato, embora arreada 12 dias depois da posse.

Surpresa em 2002: Lula derrotou com ótima margem o ex-ministro José Serra, a despeito de sua badaladíssima gestão na pasta da Saúde, quando o mundo mais uma vez curvou-se diante do Brasil. Não bastou insistir na ideia de que Serra era “preparado”, a significar que o outro era irremediavelmente despreparado.

A mídia não percebeu então que seu poder de fogo diminuíra bastante e perseverou na linha contrária ao governo, crivado por críticas ferozes, ataques sem conta, acusações retumbantes, até o chamado “mensalão”, que não foi provado nos termos apontados pelo jornalismo pátrio. Mais significativa e consistente do que a anterior, a vitória de Lula em 2006. Nem por isso, a mídia aproveitou a lição.

Repito o que foi dito em outras oportunidades neste espaço: a eleição de Lula é um divisor de águas na história brasileira. Pela primeira vez, a maioria dos brasileiros apreciou votar naquele com quem se identificava, um igual, em lugar de um senhor enfatiotado, recomendado por seus pares. E, pelo caminho, a maioria convenceu-se que valeu a pena.

Quem não se convenceu foi a mídia. A imprensa, de que muito poucos a leem. A eletrônica, que só vale quando transmite novela, big brothers e faustões. Nesta aposta em si própria, não saiu da velha rota. Diariamente, basta passar os olhos pelas páginas dos jornais que alguns teimam em chamar de “grande imprensa”, para tropeçar em editoriais, artigos, colunas e reportagens destinados a demonizar Lula e condenar seu governo.

Quarta-feira 24, ao falar em Brasília no quadro do programa Territórios da Cidadania, o presidente da República disse: “Fico imaginando daqui a 30 anos, quando alguém quiser fazer uma pesquisa sobre a história do Brasil e sobre o governo Lula e tiver de ficar lendo determinados tabloides. Ou seja, este estudante vai estudar uma grande mentira”.

Haverá quem queira discutir a qualidade do texto, a forma. O conteúdo, no entanto, é claríssimo e não admite dúvidas. Se o pesquisador-estudante se contentar com a leitura dos “tabloides”, ou seja, dos órgãos da nossa imprensa, aprenderá uma história desfigurada por erros e omissões. E mentiras.

Quanto à CartaCapital, nos esforçamos para praticar o jornalismo honesto, na contramão da hipocrisia de quem afirma isenção, equidistância, independência, imparcialidade, enquanto se entrega a formas diversas, porém afinadas, de propaganda partidária. Em busca da verdade factual, criticamos Lula e seu governo ora de maneira positiva, ora negativa. Há duas semanas, entendemos como passo em falso as declarações do presidente a respeito dos presos políticos cubanos. Na semana passada, renovamos nossa reprovação a quaisquer interferências governistas para limitar a liberdade de expressão.

CartaCapital orgulha-se de remar na contracorrente, mesmo quando entende que o governo em seus dois mandatos poderia ter feito muito mais no plano social, ou reputa deslize gravíssimo, a provar prepotência e ignorância, o comportamento em relação ao Caso Battisti. No mais, a entrada de Serra na liça vale para iluminar a ribalta.

Não se trata de valorizar a demanda de muitos tucanos, favoráveis a uma definição rápida, mesmo porque compreendemos a estratégia do pré-candidato, baseada na tentativa de escapar ao embate plebiscitário à procura do confronto direto com a candidatura Dilma. Deste ângulo, tem de ser encarado o nítido empenho tucano em manter Fernando Henrique longe da campanha. Mas não será fácil sair do círculo traçado por Lula em torno do pleito.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=6339

quinta-feira, 11 de março de 2010

Os fuzis da senhora Clinton

O giro sul-americano da secretária de Estado norte-americana é um daqueles fatos ordinários que deve ser lido para além de sua aparente normalidade. Salvo se algo escapar do roteiro original, manterá um discurso público amigável e tratará de problemas delicados com punhos de renda. Mas nenhum observador atento deve cair na esparrela de que a senhora Clinton veio a passeio.

Afinal, a ex-senadora por Nova Iorque joga um papel estratégico no núcleo duro da Casa Branca. Essa relevância vai além do peso relativo da pasta que dirige: na fórmula de governabilidade sobre a qual se apóia Barak Obama, o Departamento de Estado foi cedido à fração democrata mais afeita ao establishment norte-americano e seus poderosos interesses.

Hillary Clinton talvez seja a principal avalista da elite branca e imperial ao governo Obama. Sob sua batuta se agrupam, no terreno das relações internacionais, os movimentos do lobby sionista, da comunidade cubano-americana, dos consórcios que formam o complexo bélico-industrial. Sua autoridade, muitas vezes, eleva-se a de um contraponto ao próprio presidente.

Após discurso no Cairo, em junho de 2009, quando Obama anunciou uma nova era nas relações de seu país com o mundo islâmico, Hillary logo deixou claro que aquelas palavras bonitas eram letra morta. Publicamente assumiu compromissos e adotou medidas que reafirmavam o alinhamento de Washington com a política expansionista de Israel.

Os acenos de seu chefe a negociações razoáveis com o Irã, ao redor da questão nuclear, foram substituídos por escalada verbal e punitiva conduzida pela secretária de Estado. Suas atitudes soterraram esperanças de que poderia nascer uma nova política para a região. O centro de gravidade da estratégia norte-americana continuaria a ser o exercício da pressão político-militar para forçar rendição incondicional à coalizão vertebrada por Estados Unidos e Israel.

Também a América Latina foi cenário desse dueto desafinado entre o presidente e sua assessora. Quem se lembra do Obama generoso que prometia, na 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, um relacionamento diferente com seus vizinhos ao sul? As promessas de diálogo e parceria foram desfeitas pelos acordos bilaterais para a instalação de bases militares na Colômbia, a manutenção do bloqueio econômico contra Cuba e o apoio mal dissimulado ao golpe de Estado em Honduras.

Desde então, a influência de Hillary, e dos interesses que representa, só fez crescer. O presidente Obama, atolado na crise econômica e no fracasso da reforma sanitária, perdeu qualquer ímpeto renovador na política internacional. Refém da maioria conservadora de seu próprio partido, na prática delegou à ex-primeira dama o comando da política externa de seu governo.

Pois é nessa condição, de delegada plenipotenciária, que Hillary organizou seu primeiro périplo sul-americano. Vem com algum cuidado, para sentir o pulso da região e diagnosticar possibilidades. Não traz na bolsa projetos acabados, ainda que seu marido tenha sido o principal mentor da falecida Alca. Mas tem um firme propósito: desbravar novos caminhos de hegemonia em uma região na qual os Estados Unidos perderam muito espaço nos últimos dez anos.

O período republicano foi ironicamente positivo para as forças progressistas latino-americanas. A política imperialista comandada por George W. Bush, cujo momento simbólico foi o apoio ao golpe cívico-militar na Venezuela em 2002, teve efeito tóxico sobre o compadrio das elites locais com a grande potência ao norte. Acabou por incentivar uma nova onda nacionalista no continente, um dos afluentes que levaram a importantes vitórias eleitorais dos partidos de esquerda.

A existência de governos progressistas, contudo, não é o único ingrediente constrangedor para a Casa Branca. O avanço na integração regional, por exemplo, culminada com a proposta de criação de uma comunidade latino-americana sem a participação dos Estados Unidos, não faz a felicidade da turma de Washington. Muito menos a emergência de nações, a exemplo do Brasil, que desafia interesses norte-americanos em outras regiões do planeta, como se passa com a questão iraniana.

A senhora Clinton, nessas circunstâncias, está assumindo a tarefa de tentar mudar uma realidade que lhes é desfavorável, de organizar uma contra-ofensiva que possa dividir e derrotar o bloco progressista. Como fazer isso, no entanto, são outros quinhentos. Os Estados Unidos são ainda um país muito poderoso, sob qualquer ponto de vista, mas enfermo.

Aparentemente o alforje da secretária de Estado traz bondades e maldades. Seus gestos associam propostas bilaterais de assistência econômico-social com ameaças desiguais e combinadas contra governos que auspiciam escapar à área de hegemonia norte-americana. Os objetivos aparentes: fortalecer os países aliados (especialmente Peru, Colômbia e Chile), neutralizar as nações mais frágeis, isolar o arco bolivariano comandado pela Venezuela e obrigar o Brasil a negociações em separado e pautadas principalmente pelos interesses de seus grupos empresariais.

Não se trata, parece evidente, apenas de uma estratégia comercial e financeira. Os Estados Unidos estão relançando sua capacidade de ação militar e de inteligência no continente. O Departamento de Estado também trata de reativar seus laços com grupos políticos e econômicos nacionais, bastante enfraquecidos na era Bush, em um esforço para construir alianças que possam se contrapor ao avanço das correntes de esquerda e nacionalistas.

A verdade é que o giro progressista no continente, depois da derrota dos golpistas venezuelanos em 2002, pode se desenvolver em um cenário de recuo da presença norte-americana. A viagem da senhora Clinton, no entanto, eventualmente signifique uma aposta na reversão desse quadro. Se assim for, os governos populares terão que se mover em um terreno de crescentes conflitos e tensões, no qual a aceleração e a radicalização da unidade regional serão indispensáveis para a continuidade do curso aberto com a eleição dos presidentes Hugo Chávez e Lula.

Breno Altman é jornalista e diretor do sítio Opera Mundi

quarta-feira, 10 de março de 2010

Petrobrás faz nova descoberta no pré-sal das áreas de Carioca e Guará

Há uma forte expectativa para a área de Carioca, que pode ser, segundo analistas, a maior acumulação de óleo da área de Tupi, na Bacia de Santos
Kelly Lima, da Agência Brasil
- A Petrobrás informou à Agência Nacional de Petróleo (ANP) ter encontrado mais indícios de petróleo no pré-sal do bloco BM-S-9, na Bacia de Santos, onde estão localizadas as áreas de Carioca e Guará. A descoberta foi comunicada ontem à reguladora e publicada hoje no seu site. A Petrobrás ainda não divulgou informações sobre o assunto.
O bloco BM-S-9 é operado pela Petrobrás (45%), em parceria com a britânica BG (30%) e a espanhola Repsol (25%). No local, por enquanto a Petrobrás só identificou o volume de reservas estimado para Guará, entre 1 bilhão e 2 bilhões de barris.
Há uma forte expectativa para a área de Carioca, que pode ser, segundo analistas, a maior acumulação de óleo da área do polo de Tupi, na Bacia de Santos. Além de Carioca e Guará, já foram identificadas potenciais reservas num terceiro prospecto na área, de Abaré Oeste. Além dos já citados, o bloco BM-S-9 possui ainda os prospectos de Iguaçu, Complex, Tupã e Abaré.

Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2010/03/governo-lula-petrobras-faz-nova.html

Petistas baianos querem Waldir Pires como candidato ao Senado

Deu no jornal A Tarde:
Cresce a pressão sobre o governador Jaques Wagner (PT), de dentro de seu partido, contra a composição de sua chapa para as eleições deste ano, que pode contemplar dois ex-carlistas: Otto Alencar e o senador César Borges (PR).

Em evento realizado pelo diretório municipal do PT em Vitória da Conquista, a pré-candidatura ao Senado do ex-governador Waldir Pires (PT) foi lançada, com a anuência do próprio petista, que admite concorrer.

“Foi uma homenagem muito bonita, de modo que acabou resultando no pedido de que eu pudesse ser candidato ao Senado. Não tive uma conversa com o governador ainda, mas espero que possa vir a ter. Vamos ver a evolução das coisas”, afirmou Waldir, em entrevista ao Jornal A Tarde.

O evento, realizado no auditório da Câmara de Vereadores da cidade do sudoeste baiano, teve a presença de aproximadamente 200 militantes, e foi conduzido pelo prefeito Guilherme Menezes e pelo deputado federal Emiliano José. Também havia membros do PCdoB, PSB e PV.

Para Emiliano, o nome de Waldir vai se “firmando no campo da esquerda” para ocupar a vaga destinada à Câmara Alta do Congresso Nacional na chapa de Wagner. Ele garante a adesão à pré-candidatura dos deputados federais Geraldo Simões, Joseph Bandeira, Luiz Alberto e Zezéu Ribeiro.

O secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida, explicou que deve haver uma manifestação formal do PT para que ocorram mudanças na condução do processo de formação da chapa. Por enquanto, ele diz, tem ocorrido um processo acordado com o partido. (Informações de A Tarde).

http://bahiadefato.blogspot.com/

Tropa de choque de Serra instala CPI contra o PT e engaveta 83 contra o PSDB

Depois de engavetar 83 pedidos de CPI para investigar falcatruas do PSDB em São Paulo, a tropa de choque tucana na Assembléia Legislativa do Estado, comandada pelo governador José Serra, aprovou nesta terça-feira (9) a instalação de uma comissão contra o PT, que tem por base as denúncias vazias e requentadas publicadas por Veja na edição desta semana.

Dos 83 engavetamentos, 70 aconteceram na gestão Geraldo Alckmin, e 13 no atual governo. Sob Serra, os pedidos de investigação não obtiveram sequer o número de assinaturas necessárias para que as CPIs fossem protocoladas. Veja quais são:

1. CPI Máfia caça níqueis - PSDB não combate corrupção policial

2. CPI Estatísticas criminais - Governo tucano omite dados da violência no Estado

3. CPI Baixo desempenho escolar - Progressão continuada derruba qualidade da educação em São Paulo

4. CPI Cartões corporativos – Governo Serra gastou R$ 108 milhões e patrocinou gastos com casas noturnas

5. CPI Ongs no Governo Alckmin – 60 contratos sem licitação e prejuízo de R$ 80 milhões

6. CPI das Rodovias – privatizações tucanas geram os pedágios mais caros do país

7. CPI dos Imóveis do Estado - São Paulo tem 30 mil imóveis abandonados pelo governo tucano

8. CPI do Ipesp - Onde está o dinheiro sacado da folha de pagamento do funcionalismo?

9. CPI da Fraude na licitação do Metrô - Superfaturamento e desvio de R$ 1, 8 milhão em três licitações realizadas pela empresa.

10. CPI da Segurança - Segurança particular para ex-mulher e filha do Secretário Adjunto no Guarujá

11. CPI do DETRAN - Esquema de falsificação e venda de carteira de habilitação

12. CPI da ALSTOM - Denúncia de irregularidades de contratos com o Governo do Estado

13. CPI Corrupção na Polícia Civil - Denúncias de esquema de corrupção na Polícia Civil de São Paulo com envolvimento do ex-secretário adjunto da secretária de Segurança Pública, Lauro Malheiros Filho.

PT vai à Justiça contra mentiras, calúnias e agressões criminosas de Veja, Estadão e Blat

Leia abaixo nota divulgada nesta terça-feira (9) pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra:

Nota do Partido dos Trabalhadores

É com perplexidade e absoluta indignação que o Partido dos Trabalhadores vem acompanhando a escalada de ataques mentirosos, infundados e caluniosos por parte de alguns órgãos da imprensa a partir de matéria sensacionalista publicada na última edição da revista Veja.

O mais absurdo desses ataques se deu hoje, terça-feira (9), quando o jornal O Estado de S.Paulo usou seu principal editorial para acusar o PT de ser “o partido da bandidagem” – extrapolando todos os limites da luta política e da civilidade sem qualquer elemento que sustente sua tese.

O PT tem uma incontestável história de lutas em defesa da democracia, da cidadania, da justiça e das liberdades civis. Nasceu dessas lutas, se consolidou a partir delas e, nos governos que conquistou, tem sido o principal promotor da idéia de um Brasil efetivamente para todos, com absoluto respeito às instituições democráticas, às regras do jogo político e ao direito fundamental à liberdade de opinião e expressão.

Para nós, a diversidade de opiniões é a essência não só da democracia, mas também do próprio PT. Devemos a essa característica, em grande parte, o sucesso de nosso projeto de país, cujo apoio majoritário da população se dá em oposição aos interesses da minoria que nos ataca.

Nem o PT nem a sociedade brasileira podem aceitar o baixo nível para o qual parte da mídia ameaça levar o embate político às vésperas de mais uma eleição presidencial. O Brasil não merece isso. A democracia não merece isso. A liberdade de imprensa, defendida pelo PT mais do que por qualquer outro partido, não merece que façam isso em nome dela.

O PT não entrará nesse jogo, no qual só ganham aqueles que têm pouco ou nenhum compromisso com a democracia. Mas buscará, pelas vias institucionais, a devida reparação judicial pelas infâmias perpetradas contra o partido e seus milhões de militantes nos últimos dias.

Acionaremos judicialmente o jornal o Estado de S.Paulo, pelo editorial desta terça, e a revista Veja, pela matéria que começou a circular no último sábado. Também representaremos no Conselho Nacional do Ministério Público contra o promotor José Carlos Blat, fonte primária de onde brotam as mentiras, as ilações, as acusações sem prova e o evidente interesse em usar a imprensa para se promover às custas de acusações desprovidas de qualquer base jurídica ou factual.

José Eduardo Dutra
Presidente Nacional do PT

domingo, 7 de março de 2010

Emir Sader: A miséria moral de ex-esquerdistas

Texto publicado no site da Carta Maior (www.cartamaior.com.br):

Alguns sentem satisfação quando alguém que foi de esquerda salta o muro, muda de campo e se torna de direita – como se dissessem: “Eu sabia, você nunca me enganou”, etc., etc. Outros sentem tristeza, pelo triste espetáculo de quem joga fora, com os valores, sua própria dignidade – em troca de um emprego, de um reconhecimento, de um espaçozinho na televisão.

O certo é que nos acostumamos a que grande parte dos direitistas de hoje tenham sido de esquerda ontem. O caminho inverso é muito menos comum. A direita sabe recompensar os que aderem a seus ideais – e salários. A adesão à esquerda costuma ser pelo convencimento dos seus ideais.

O ex-esquerdista ataca com especial fúria a esquerda, como quem ataca a si mesmo, a seu próprio passado. Não apenas renega as idéias que nortearam – às vezes o melhor período da sua vida -, mas precisa mostrar, o tempo todo, à direita e a todos os seus poderes, que odeia de tal maneira a esquerda, que já nunca mais recairá naquele “veneno” que o tinha viciado. Que agora podem contar com ele, na primeira fila, para combater o que ele foi, com um empenho de quem “conheceu o monstro por dentro”, sabe seu efeito corrosivo e se mostra combatente extremista contra a esquerda.

Não discute as idéias que teve ou as que outros têm. Não basta. Senão seria tratar interpretações possíveis, às quais aderiu e já não adere. Não. Precisa chamar a atenção dos incautos sobre a dependência que geram a “dialética”, a “luta de classes”, a promessa de uma “sociedade de igualdade, sem classes e sem Estado”. Denunciar, denunciar qualquer indicio de que o vício pode voltar, que qualquer vacilação em relação a temas aparentemente ingênuos, banais, corriqueiros, como as políticas de cotas nas universidades, uma política habitacional, o apoio a um presidente legalmente eleito de um país, podem esconder o veneno da víbora do “socialismo”, do “totalitarismo”, do “stalinismo”.

Viraram pobres diabos, que vagam pelos espaços que os Marinhos, os Civitas, os Frias, os Mesquitas lhes emprestam, para exibir seu passado de pecado, de devassidão moral, agora superado pela conduta de vigilantes escoteiros da direita. A redação de jornais, revistas, rádios e televisões está cheia de ex-trotskistas, de ex-comunistas, de ex-socialistas, de ex-esquerdistas arrependidos, usufruindo de espaços e salários, mostrando reiteradamente seu arrependimento, em um espetáculo moral deprimente.

Aderem à direita com a fúria dos desesperados, dos que defendem teses mais que nunca superadas, derrotadas, e daí o desespero. Atacam o governo Lula, o PT, como se fossem a reencarnação do bolchevismo, descobrem em cada ação estatal o “totalitarismo”, em cada política social a “mão corruptora do Estado”, do “chavismo”, do “populismo”.

Vagam, de entrevista a artigo, de blog à mesa redonda, expiando seu passado, aderidos com o mesmo ímpeto que um dia tiveram para atacar o capitalismo, agora para defender a “democracia” contra os seus detratores. Escrevem livros de denúncia, com suposto tempero acadêmico, em editoras de direita, gritam aos quatro ventos que o “perigo comunista” – sem o qual não seriam nada – está vivo, escondido detrás do PAC, do Minha casa, minha vida, da Conferência Nacional de Comunicação, da Dilma – “uma vez terrorista, sempre terrorista”.

Merecem nosso desprezo, nem sequer nossa comiseração, porque sabem o que fazem – e os salários no fim do mês não nos deixam mentir, alimentam suas mentiras – e ganham com isso. Saíram das bibliotecas, das salas de aula, das manifestações e panfletagens, para espaços na mídia, para abraços da direita, de empresários, de próceres da ditadura.

Vagam como almas penadas em órgãos de imprensa que se esfarelam, que vivem seus últimos sopros de vida, com os quais serão enterrados, sem pena, nem glória, esquecidos como serviçais do poder, a que foram reduzidos por sua subserviência aos que crêem que ainda mandam e seguirão mandado no mundo contra o qual, um dia, se rebelaram e pelo que agora pagam rastejando junto ao que de pior possui uma elite decadente e em vésperas de ser derrotada por muito tempo. Morrerão com ela, destino que escolheram em troca de pequenas glórias efêmeras e de uns tostões furados pela sua miséria moral. O povo nem sabe que existiram, embora participe ativamente do seu enterro.

Por Emir Sader

Apoiadore de Serra estão preocupados

O Globo: “Um dos poucos integrantes do PMDB que resistiram a aderir ao governo Lula, o senador Jarbas Vasconcelos (PE), aliado de primeira hora do PSDB e do governador José Serra, está preocupado e desesperançado com o futuro da oposição, caso persista a demora do grupo para anunciar que o tucano paulista é o adversário da petista Dilma Rousseff na eleição presidencial, conforme mostra reportagem de Gerson Camarotti e Maria Lima publicada na edição deste domingo do GLOBO. O senador diz que o PSDB devia estar com seu candidato na rua. E vê outro problema na estratégia da oposição: vincular uma eventual vitória de Serra à dobradinha com o tucano Aécio Neves.

O GLOBO: Há uma ansiedade generalizada na oposição. Qual o prazo para Serra se declarar candidato?
JARBAS VASCONCELOS: O prazo de Serra acabou. Estamos sendo atropelados pelos fatos. O crescimento de Dilma surpreendeu a eles e a nós. É a verdade, não faz mal dizer que estamos debilitados e desarticulados. Isso não são fatores que irão incapacitar uma vitória daqui a sete meses. Havia uma inércia que se justificava até o final do ano. Mas se Dilma teve esse crescimento, é preciso repensar. Ela cresceu mais do que a gente esperava. Se Lula e os dirigentes nacionais do PT se surpreenderam, por que a gente não pode se surpreender? E quem se surpreende tem que tomar uma ação.

O GLOBO: A dubiedade de Serra para o público pode atrapalhar?
JARBAS: A persistir, sim. Estamos em março e já tivemos dano por causa das indefinições, que não posso mensurar. Se ele resolvesse isso ontem (quarta-feira passada) seria importante para montar palanques pelo país. Ele tem que resolver neste fim de semana, chamar pessoas não só de São Paulo. A gente está com dois problemas: primeiro a demora, e segundo, um erro estratégico de vincular uma vitória de Serra a uma candidatura do governador de Minas (Aécio Neves) como vice. Ele tem negado essa hipótese reiteradamente. Então, se ele não for vice, fica parecendo que a chapa estará debilitada. Em política, é um erro jogar tudo em cima de uma pessoa. Fica parecendo que só se ganha se for com Aécio. Isso pode ser uma debilidade a mais.”

http://nogueirajr.blogspot.com/

Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2010/03/estamos-sendo-atropelados-pelos-fatos.html

Parlamentares do PSOL apóiam Plínio Sampaio para candidato à presidência

Com a maioria dos deputados e vereadores, pré-candidatura é fortalecida na disputa interna

Por Marina Pita
Foto: Fábio Nassif


A cerca de um mês da conferência que definirá o candidato do PSOL à presidência da República nas eleições 2010, os deputados estaduais Raul Marcelo (SP) e Carlos Gianazzi (SP), os federais Ivan Valente (SP) e Chico Alencar (RJ) com apoio de outros parlamentares lançaram, nesta segunda-feira (01/03), manifesto público em apoio à pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, sinalizando definição antecipada da maioria do partido dissonando da vontade da presidente da sigla e principal figura pública, Heloísa Helena.

A disputa pela pré-candidatura à presidência pelo PSOL começou depois que Heloísa optou por concorrer ao Senado pelo Estado de Alagoas. Agora, defende o nome de Martiniano Cavalcante, dirigente do PSOL em Goiás, para substituí-la. O ex-deputado federal Babá também disputa o posto.

Durante o lançamento na Assembleia Legislativa de São Paulo, Chico Alencar afirmou que o nome a representar o partido socialista será escolhido pela base e não imposto pelo ocupante do mais alto cargo, como ocorre no PT. “Se eu for candidato, mostraremos que há democracia no PSOL”, afirmou Plínio, para depois declarar: “mas as disputas acabam assim que concluído o debate de pré-candidatura. Aí é para unir o partido."

Os parlamentares enalteceram o passado de luta de Plínio pela reforma agrária e contra o regime militar no Brasil. Todos justificaram a definição pelo nome do deputado constituinte por o considerarem o mais capacitado para reunificar a esquerda, os movimentos sociais e militantes, “inclusive fazer a disputa dentro do PT”. Disseram que seguem em conversas com PSTU e PCB para que as siglas lancem um único candidato à presidência. “Faremos toda força possível para unificar a esquerda”, declarou Plínio.

O líder da bancada na Assembleia, Raul Marcelo, argumentou que o tema da reforma agrária deve ser um dos motes da campanha do PSOL caso seu nome seja escolhido e deve diferenciar a legenda das demais neste processo eleitoral. Nesta mesma linha, Ivan Valente destacou a defesa do financiamento público de campanha e o combate ao recebimento de doações de empresas como pontos fortes para transformar a futura candidatura no contraponto ao que classificou como falsa polarização entre PT e PSDB: “são duas faces de um mesmo projeto e não uma mudança de valores substantiva. Há diferenças entre PT e PSDB, mas no essencial mantêm a mesma política”. O projeto também deve “desmascarar a falsa alternativa do PV”, lembrou Gianazzi.

Valente assumiu que a falta de um nome de peso como o de Heloísa Helena para disputar as eleições majoritárias a nível nacional faz com que o PSOL passe por “dificuldades” e demonstra a necessidade de aumentar sua capilaridade. No entanto, garante que a legenda tem respeitabilidade de parte da população e de importantes expoentes da intelectualidade para se colocar na disputa, como demonstra a lista de apoios de não filiados ao PSOL com que conta a pré-candidatura Plínio.

Além dos parlamentares presentes no ato, também apóiam assinam o manifesto o senador José Nery (PA), o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ), os vereadores João Alfredo Telles de Melo (Fortaleza), Renatinho (Rio de Janeiro), Pedro Roberto (São José do Rio Preto), Fernanda Malafatti (Casabranca) e Emilio Brandemarti (Mirassol).

A super produção montada pelo mineiro causou saia-justa para os tucanos

Por Celso Marcondes

Desse jeito, Lula vai poder se licenciar do governo e tirar umas férias, descansar e pescar no seu sítio em São Bernardo, pois o que se viu nesta quinta 4, em Belo Horizonte, já beira o surrealismo. Senão, vejamos.

Cria-se durante a semana uma expectativa enorme para o encontro entre José Serra e Aécio Neves que ocorreria na véspera do maior evento do governo mineiro, a inauguração de sua “Brasília”, a Cidade Administrativa. O mínimo que se podia esperar era que o evento fosse aproveitado para a criação de um belo fato político que pudesse gerar um sopro de otimismo no ninho tucano, ainda atônito com os resultados das últimas pesquisas eleitorais.

Porém, o máximo que se produziu foi uma declaração do governador paulista dizendo que “não descartava a hipótese de sair candidato à presidência” e mais uma declaração enfática do governador mineiro dizendo que não sairá candidato a vice.

Pior que isso, foram os gritos insistentes de parte do público: “Aécio presidente, Aécio presidente!”. Constrangimento geral. A super produção que foi montada pelo mineiro com cara de lançamento de nome da terrinha para presidente, virou saia-justa, pois não deu tempo de combinar com a plateia que não seria de bom tom botar pressão naquele momento.

Ou seja, a semana termina pior do que começou para o PSDB. Seu candidato não assume, Aécio declara que “Minas é sua pátria”. Não há vice definido, nem candidato declarado. Não se cria fato novo para ajudar a reverter a tendência em curso.

Mas as más notícias não terminariam por aí. Quer mais complicação? Na mesma quinta-feira, o STF não deixou que saísse da jaula o governador José Roberto Arruda, do grande aliado DEM, e a Câmera Legislativa do DF aprovou a abertura do processo de impeachment contra o próprio.

A incompetência tucana está tão grande, mas tão grande que até os editoriais dos grandes jornais e os articulistas claramente simpáticos a Serra perderam a paciência. Isso sim é uma fato novo.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=6178

A visita da velha senhora

O objetivo do passeio de Hillary Clinton pela América do Sul foi reaproximar-se da América Latina em geral, cada vez mais avessa à influência de Washington. Especialmente do Brasil, cuja influência internacional está em alta. Foi um fracasso, apesar de a mídia conservadora brasileira se prestar ao papel de porta-voz do Departamento de Estado (salvo quando sua titular apoiou as cotas e a ação afirmativa).

O discurso paternalista segundo o qual “o Irã está enganando o Brasil” caiu mal em um governo que sabe o que quer no plano internacional e um corpo diplomático que se orgulha de seu profissionalismo e maturidade desde o Barão do Rio Branco. A postura do Brasil, como da China, Turquia e outros países avessos a sanções ao Irã, é de mediador em um conflito complexo e não de caixa de repetição de slogans dos EUA e de Israel.

Caem igualmente no vazio as pressões dos EUA sobre o Brasil para reconhecer o novo governo de Honduras. Não antes que este acate as exigências latino-americanas, para, no mínimo, normalizar as relações com a oposição e aceitar o retorno à vida política de Manuel Zelaya e de seus partidários, que continuam a ser ameaçados, sequestrados e mortos. Em fevereiro, após a posse de “Pepe” Lobo, foram assassinados pelo menos três integrantes da resistência: os sindicalistas Vanessa Zepeda (dia 2) e Júlio Fúnez (dia 15) e a militante e filha Claudia Brizuela (dia 24), filha de um líder da Resistência.

Não adiantou querer que o Itamaraty isole a Venezuela e trate o respeito a “regras de mercado” como condição para o relacionamento diplomático e comercial. Mas ouviu de Celso Amorim a confirmação de que o Brasil está disposto a retaliar os subsídios ao algodão dos EUA com sanções aos produtos e à propriedade intelectual de empresas estadunidenses.

Hillary errou de roteiro. Suas falas teriam servido em 1997, quando visitou como primeira-dama uma Brasília disposta a prestar vassalagem à hiperpotência. No papel de representante de uma nação endividada e paralisada por divergências internas, negociando com potências emergentes que perseguem seus próprios ideais e interesses, é peixe fora d’água.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=9&i=6193

Nada mais "à direita" que a grande mídia

Por Leno Miranda

O “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”, promovido pelo “Instituto Millenium”, e que aconteceu na segunda-feira, 01/03/10, demonstra mais uma vez o atrelamento, sem qualquer constrangimento, de grandes empresas de comunicação com a direita brasileira.

O ataque ferrenho a ações do Governo Federal - como o PNDH-3 e as Conferências realizadas no país para discutir diversos setores, como Comunicação e Cultura - , ao PT e a candidatura de Dilma, vem maquiados nas acusações de tentativa de cerceamento da Liberdade de Expressão e atitudes antidemocráticas.

O que a mídia gorda está com medo de perder, não é a Liberdade de Expressão. É o “Monopólio de Expressão” que eles têm medo de perder.

Não tem exemplo maior de Democracia do que convocar ambas as partes ligadas a área de Comunicação – empresariado, sociedade civil organizada e setor público – para debater sobre o assunto – que é o que o Governo Federal fez com a Confecom. Mas como o grande empresariado midiático não está acostumado a discutir, em pé de igualdade, com a sociedade e, grande parte deles boicotaram o evento.

Na verdade, o que eles querem não é que “direitos” sejam preservados. A luta desse setor, que detém o monopólio das comunicações, é para preservação e aumento de suas “vantagens”. Resumindo o óbvio: não é uma luta pelos direitos e sim por vantagens.

O que a direita e a grande mídia não podem reclamar é de espaço para se expressarem e falta de democracia. Isso eles tem de sobra, inclusive nos seus próprios veículos de comunicação – onde fazem o que querem, transmitem a opinião que querem, e não há boicote.

Essas são as duas principais desculpas que esses setores arranjam para tentar criticar o melhor governo que este país já teve até o momento. Eles têm que achar alguma coisa para criticar, mesmo que seja inventando, se não, não terão quase nada para fazer oposição.

Basicamente, tirando essas loucuras mirabolantes inventadas, eu fico feliz. Isso mostra que estamos no caminho certo, estamos caminhando cada vez mais à esquerda!

Desnorteada e rançosa, grande mídia organiza campanha contra Dilma

Encontro promovido em São Paulo por setores da grande mídia, na segunda-feira (1º), expôs o preconceito, a desinformação e o desespero da direita brasileira com a possibilidade de vitória da ministra Dilma Rousseff nas eleições presidenciais deste ano. Com profundo ranço ideológico, e sem reservas, os expositores falaram da necessidade de organizar o discurso e a ação para evitar um eventual terceiro governo democrático popular.

Leia abaixo reportagem publicada pela jornalista Bia Barbosa no site da Carta Maior:

Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.

A explicação foi inicialmente dada pelo sociólogo Demétrio Magnoli, que passou os últimos anos combatendo, nos noticiários e páginas dos grandes veículos, políticas de ação afirmativa como as cotas para negros nas universidades. Segundo ele, no início de sua história, o PT abrangia em sua composição uma diversidade maior de correntes, incluindo a presença de lideranças social-democratas. Hoje, para Magnoli, o partido é um aparato controlado por sindicalistas e castristas, que têm respondido a suas bases pela retomada e restauração de um programa político reminiscente dos antigos partidos comunistas.

“Ao longo das quatro candidaturas de Lula, o PT realizou uma mudança muito importante em relação à economia. Mas ao mesmo tempo em que o governo adota um programa econômico ortodoxo e princípios da economia de mercado, o PT dá marcha ré em todos os assuntos que se referem à democracia. Como contraponto à adesão à economia de mercado, retoma as antigas idéias de partido dirigente e de democracia burguesa, cruciais num ideário anti-democrático, e consolida um aparato partidário muito forte que reduz brutalmente a diversidade política no PT. E este movimento é reforçado hoje pelo cenário de emergência do chavismo e pela aliança entre Venezuela e Cuba”, acredita. “O PT se tornou o maior partido do Brasil como fruto da democracia, mas é ambivalente em relação a esta democracia. Ele celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista em seus documentos oficiais e congressos, e solta uma nota oficial em apoio ao fechamento da RCTV”, diz.

A RCTV é a emissora de TV venezuelana que não teve sua concessão em canal aberto renovada por descumprir as leis do país e articular o golpe de 2000 contra o presidente Hugo Chávez, cujo presidente foi convidado de honra do evento do Instituto Millenium. Hoje, a RCTV opera apenas no cabo e segue enfrentando o governo por se recusar a cumprir a legislação nacional. Por esta atitude, Marcel Granier é considerado pelos organizadores do Fórum um símbolo mundial da luta pela liberdade de expressão – um direito a que, acreditam, o PT também é contra.

“O PT é um partido contra a liberdade de expressão. Não há dúvidas em relação a isso. Mas no Brasil vivemos um debate democrático e o PT, por intermédio do cerceamento da liberdade de imprensa, propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”, declarou o filósofo Denis Rosenfield. “A idéia de controle social da mídia é oficial nos programas do PT. O partido poderia ter se tornado social-democrata, mas decidiu que seu caminho seria de restauração stalinista. E não por acaso o centro desta restauração stalinista é o ataque verbal à liberdade de imprensa e expressão”, completou Magnoli.

O tal ataque
Para os pensadores da mídia de direita, o cerco à liberdade de expressão não é novidade no Brasil. E tal cerceamento não nasce da brutal concentração da propriedade dos meios de comunicação característica do Brasil, mas vem se manifestando há anos em iniciativas do governo Lula, em projetos com o da Ancinav, que pretendia criar uma agência de regulação do setor audiovisual, considerado “autoritário, burocratizante, concentracionista e estatizante” pelos palestrantes do Fórum, e do Conselho Federal de Jornalistas, que tinha como prerrogativa fiscalizar o exercício da profissão no país.

“Se o CFJ tivesse vingado, o governo deteria o controle absoluto de uma atividade cuja liberdade está garantida na Constituição Federal. O veneno antidemocrático era forte demais. Mas o governo não desiste. Tanto que em novembro, o Diretório Nacional do PT aprovou propostas para a Conferência Nacional de Comunicação defendendo mecanismos de controle público e sanções à imprensa”, avalia o articulista do Estadão e conhecido membro da Opus Dei, Carlos Alberto Di Franco.

“Tínhamos um partido que passou 20 anos fazendo guerra de valores, sabotando tentativas, atrapalhadas ou não, de estabilização, e que chegou em 2002 com chances de vencer as eleições. E todos os setores acreditaram que eles não queriam fazer o socialismo. Eles nos ofereceram estabilidade e por isso aceitamos tudo”, lamenta Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, que faz questão de assumir que Fernando Henrique Cardoso está à sua esquerda e para quem o DEM não defende os verdadeiros valores de direita. “A guerra da democracia do lado de cá esta sendo perdida”, disse, num momento de desespero.

O deputado petista Antonio Palocci, convidado do evento, até tentou tranqüilizar os participantes, dizendo que não vê no horizonte nenhum risco à liberdade de expressão no Brasil e que o Presidente Lula respeita e defende a liberdade de imprensa. O ministro Hélio Costa, velho amigo e conhecido dos donos da mídia, também. “Durante os procedimentos que levaram à Conferência de Comunicação, o governo foi unânime ao dizer que em hipótese alguma aceitaria uma discussão sobre o controle social da mídia. Isso não será permitido discutir, do ponto de vista governamental, porque consideramos absolutamente intocável”, garantiu.

Mas não adiantou. Nesta análise criteriosa sobre o Partido dos Trabalhadores, houve quem teorizasse até sobre os malefícios da militância partidária. Roberto Romano, convidado para falar em uma mesa sobre Estado Democrático de Direito, foi categórico ao atacar a prática política e apresentar elementos para a teoria da conspiração que ali se construía, defendendo a necessidade de surgimento de um partido de direita no país para quebrar o monopólio progressivo da esquerda.

“O partido de militantes é um partido de corrosão de caráter. Você não tem mais, por exemplo, juiz ou jornalista; tem um militante que responde ao seu dirigente partidário (...) Há uma cultura da militância por baixo, que faz com que essas pessoas militem nos órgãos públicos. E a escolha do militante vai até a morte. (...) Você tem grupos políticos nas redações que se dão ao direito de fazer censura. Não é por acaso que o PT tem uma massa de pessoas que considera toda a imprensa burguesa como criminosa e mentirosa”, explica.

O “risco Dilma”
Convictos da imposição pelo presente governo de uma visão de mundo hegemônica e de um único conjunto de valores, que estaria lentamente sedimentando-se no país pelas ações do Presidente Lula, os debatedores do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão apresentaram aos cerca de 180 presentes e aos internautas que acompanharam o evento pela rede mundial de computadores os riscos de uma eventual eleição de Dilma Rousseff. A análise é simples: ao contrário de Lula, que possui uma “autonomia bonapartista” em relação ao PT, a sustentação de Dilma depende fundamentalmente do Partido dos Trabalhadores. E isso, por si só, já representa um perigo para a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.

“O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”, afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor. “Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”, alerta Jabor.

Para Denis Rosenfield, ao contrário de Lula, que ganhou as eleições fazendo um movimento para o centro do espectro político, Dilma e o PT radicalizaram o discurso por intermédio do debate de idéias em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado pelo governo no final do ano passado. “Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. Além do CFJ e da Ancinav, tem a Conferência Nacional de Comunicação, o PNDH-3 e a Conferência de Cultura. Então o projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer”, afirma. “Se muitas das intenções do PT não foram realizadas não foi por ausência de vontades, mas por ausência de condições, sobretudo porque a mídia é atuante”, admite.

Hora de reagir
E foi essa atuação consistente que o Instituto Millenium cobrou da imprensa brasileira. Sair da abstração literária e partir para o ataque.

“Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, alertou Demétrio Magnoli.

“Então o perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm que ter uma atitude ofensiva e não defensiva. Temos que combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem que ser agressiva”, disse Jabor, convocando os presentes para a guerra ideológica.

“Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”, prevê Reinaldo Azevedo.

Um último conselho foi dado aos veículos de imprensa: assumam publicamente a candidatura que vão apoiar. Espera-se que ao menos esta recomendação seja seguida, para que a posição da grande mídia não seja conhecida apenas por aqueles que puderam pagar R$ 500,00 pela oficina de campanha eleitoral dada nesta segunda-feira.

Que partido é este?

O PT, desde seus primeiros passos, rejeitou os modelos clássicos de organização partidária da esquerda. Afastou-se do modelo dos partidos comunistas do “centralismo democrático”, que conferia ao Comitê Central poderes sem limites e, com o argumento de repelir as frações, dificultava a convivência com as divergências, resultando em

dissidências e expurgos. Também não seguiu o modelo dos partidos socialdemocratas e trabalhistas europeus, organizados em torno dos chefes parlamentares e mandatários do Executivo.

Ao estabelecer o direito de tendência, o PT promoveu a convivência entre os sindicalistas combativos que o fundaram, os intelectuais socialistas, os militantes de organizações de esquerda remanescentes da resistência à ditadura e as comunidades cristãs de base da igreja popular. Ao mesmo tempo foi rejeitada a proposta de constituir uma frente de partidos, em

que cada agrupamento teria direção e disciplina próprias. O direito à constituição de tendências internas garantiu a pluralidade política e ideológica e a unidade de ação.

Se o partido assume a democracia como valor universal e maior das conquistas dos movimentos socialistas dos trabalhadores, nada mais coerente do que praticá-la em seu interior.

Passados trinta anos, o PT conta poucas dissidências: o PSTU, oriundo da Convergência Socialista, que sempre manteve estrutura partidária no interior do partido, e mais recentemente o PSOL. Do mesmo modo,

o PT desvinculou-se da tradição dos execráveis expurgos.

Nos primórdios, no final da década de 1970, enquanto trabalhadores ocupavam o cenário realizando greves de massa, o debate sobre a construção de um novo partido colocava a questão se este deveria ser um “partido popular” ou um partido dos trabalhadores.

“Queremos um partido dos trabalhadores organizado e dirigido pelos trabalhadores, e não um partido para os trabalhadores votarem”, foi o argumento que prevaleceu.

Na tradição anterior dos partidos comunistas, socialistas, de esquerda, um grupo de intelectuais redigia o sacrossanto programa, baseado numa “teoria revolucionária” em torno da qual os grupos se constituíam. O PT nasce invertendo essa lógica, se organizando a partir de seu Manifesto de Fundação. A teoria viria da reflexão sobre a própria experiência, sem desconsiderar

o legado das esquerdas no Brasil e no mundo.

Para financiar o partido, optou-se pela forma mais simples: quem constrói sustenta. Até a aprovação da Lei do Fundo Partidário, em 1995, o PT foi sustentado pela contribuição compulsória dos parlamentares e mandatários de cargos executivos, que assinavam compromisso prévio de destinar percentual de suas remunerações ao partido, e dos seus militantes. Também houve quem tenha deixado o PT para não cumprir o compromisso assumido

antes da eleição. Os mandatos são do partido. A partir desse princípio foi estabelecida a fidelidade partidária. O PT sempre se antecipou ao que depois viraria lei. Cortamos em nossa carne, por exemplo, em 1985, ao desligarmos companheiros queridos e respeitados que insistiram em votar no Colégio Eleitoral que elegeria Tancredo Neves.

Tínhamos oito deputados federais apenas e ficamos com cinco.

O saudoso sociólogo Eder Sader resumiu em uma frase a postura do PT para se constituir como partido radicalmente democrático dentro de um regime autoritário que pretendia controlar, inclusive, as regras da atividade política: o PT tem de caminhar nas fímbrias, no limiar da institucionalidade, tensionando-a. Desse modo, para conciliar a democracia interna

necessária com as leis vigentes, criamos os núcleos de base, precedendo as comissões oficiais que asseguravam o controle do partido pelos chefes políticos, criamos os encontros democráticos com delegados eleitos pela base.

As convenções oficiais eram realizadas apenas para cumprir a lei e homologavam as decisões democraticamente assumidas pelos encontros. Depois viriam os congressos. Enquanto os encontros decidem sobre questões conjunturais, aos congressos ficaram reservadas as decisões programáticas ou estratégicas.


Congressos, encontros, diretórios com participação de todas as correntes garantida pela proporcionalidade, núcleos, setoriais, PED, prévias... Enfim, lançamos mão de todos esses instrumentos para a difícil construção da democracia interna.

O PT foi o primeiro partido a adotar uma cota de mulheres nas direções e nas chapas, depois transformada em lei, visando ampliar a participação feminina na política, represada há séculos por uma sociedade patriarcal.

Desde os primeiros passos acolheu homossexuais, desafiando o preconceito arraigado, e estimulou candidaturas em todos os níveis. Do mesmo modo, teve entre os núcleos fundadores o movimento pela igualdade racial e de combate ao racismo.

Outra opção fundamental que afastou o PT da tradição dos partidos de esquerda foi a defesa intransigente da autonomia do movimento sindical e popular em relação ao partido, de não usar os sindicatos como correia de transmissão do partido. A ponto de seu Estatuto prever que o militante priorize o sindicato em caso de conflito com a decisão partidária.

Ao recusar ligar-se a internacionais com caráter vinculante, o PT desenvolveu um “novo internacionalismo”. Isso nacional permitiu se relacionar com partidos comunistas, da nova esquerda, socialistas, socialdemocratas e trabalhistas.

Dessa visão nasceu o importante Foro de São Paulo, em 1990.

A relação entre o partido e seus governos municipais e estaduais foi construída de maneira interessante, a um só tempo o partido procurou definir “um modo petista de governar”, sem criar uma camisa de força. Também a relação com os parlamentares segue na mesma direção: não cair no que se denominava “cretinismo parlamentar” e desenvolver a cultura de decisões coletivas, com o partido só tomando decisões peremptórias em última instância.

O PT contribuiu para a democracia ao lutar pelo fundo partidário, montante destinado aos partidos proporcional a sua representação na Câmara dos Deputados. Desse valor, 20% é obrigatoriamente destinado a fundações ou institutos para o desenvolvimento da cultura política democrática e republicana. Nosso partido instituiu a Fundação Perseu Abramo (FPA), sucessora da Fundação Wilson Pinheiro, que há treze anos guarda e organiza o uso de seus documentos, preservando a memória partidária essencial, constituiu uma importante editora e incorporou a revista Teoria e Debate; organiza debates teóricos, seminários, oficinas; colabora com

o PT nas relações internacionais; faz pesquisas que subsidiam o partido, governos, universidades e movimentos sociais.

Por fim, o partido, mais recentemente, organizou a sua juventude e a Escola Nacional de Formação (coordenada por sua Secretaria Nacional de Formação e pela FPA), e foi o primeiro partido a instituir um código de ética. Nenhuma dessas conquistas democráticas foi adotada sem disputa, choros e ranger de dentes.

Nilmario Miranda, presidente da Fundação Perseu Abramo

Fonte: Fundação Perseu Abramo In: http://www2.fpa.org.br/uploads/TD-86_PT-Nilmario.pdf

Respeito a diversidade

Por Priscila Figueiredo

A relação entre pessoas do mesmo sexo por motivos históricos sempre gerou muito preconceito. Por outro lado ontem (21 de dezembro de 2009) o presidente Luís Inácio Lula da Silva lançou o programa de Direitos humanos que prevê o casamento gay e novamente este tema é colocado em debate no cenário nacional. Este tema é demasiado polêmico, pois a homofobia permeia a sociedade atual, mas uma luz está brilhando, demonstrando que o respeito coletivo à diversidade parece estar mais próximo.

É possível identificar importantes fatores históricos e atuais que influenciaram e influenciam o intenso desrespeito às diferentes orientações sexuais, dentre eles temos a forte incoerência disseminada por diversos segmentos da sociedade, guiadas principalmente por doutrinas religiosas, e o forte machismo que infelizmente ainda persiste.


Existem diversos textos sagrados que apresentam a visão de uma época, onde a homossexualidade era vista como depravação. Atualmente, ela é considerada por muitos como uma doença e não são raras as demonstrações públicas de intolerância e preconceito. Diversos textos são escritos sobre as “possíveis” origens da homossexualidade, o que não acontece com a heterossexualidade. As pessoas devem entender que as diversidades fazem parte da natureza.


O machismo também se apresenta como um forte fator para a homofobia. Ainda se presencia a mentalidade de superioridade do homem com relação a mulher, assim por essa mentalidade um homem não pode ser dominado (penetrado) por outro homem, pois ser dominado é algo exclusivo das mulheres.


A forma como nos expressamos muitas vezes também está permeada com termos e declarações com sentido preconceituoso, muitas vezes até sem termos consciência disto. O homossexualismo é um termo que remete a época em que a prática sexual entre pessoas do mesmo sexo era considerada perversão sexual (o sufixo ismo pela medicina refere-se à patologia). Atualmente, a forma mais adequada a se referir ao tema é homossexualidade, o sufixo “dade” significa modo de ser, comportamento.


Algumas pessoas do movimento LGBTT afirmam que o uso da expressão opção sexual, também é equivocada, afirmando que as pessoas não optam e sim apresentam orientação sexual. Essa constatação é um tanto mais polêmica que o uso do termo homossexualismo, entretanto, é coerente, pois ninguém opta ou escolhe gostar ou sentir atração por uma determinada pessoa (seja ela do sexo oposto ou não), isso simplesmente acontece.


A homofobia, infelizmente, se expressa de maneiras diversas, na forma de piadas, xingamentos, expressões e atos de violência verbal e física a homossexuais. Dados da Pesquisa "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade" (CLAM/CeseC), realizada nas Paradas do Orgulho GLBT do Rio de Janeiro (2004), São Paulo (2005) e Recife (2006), mostram o quanto a homofobia está presente na sociedade brasileira: 61,5% dos entrevistados no Rio afirmaram já terem sido agredidos, 65,7% em São Paulo também já vivenciaram algum tipo de agressão e o mesmo aconteceu com 61,4% dos entrevistados na capital pernambucana. Declararam-se já terem sido discriminados 64,8% dos entrevistados no Rio, 72,1% em São Paulo e 70,8% em Recife.


Não é possível acreditar que estar com quem se ama, seja ela mulher ou homem, seja pecado ou doença. É difícil entender que as pessoas acreditam em um Deus que condena uma coisa tão linda como a relação amorosa entre pessoas e principalmente, que não aceita que as pessoas sejam felizes com suas opções (cadê o livre arbítrio?). A felicidade e realização, completam as pessoas e as fazem felizes, isso é o que mais importa, e nada nesse mundo pode interferir nisso.

A luta contra a homofobia tem ganhado proporções incríveis, assim como a luta contra o machismo e o racismo, e assim apesar de estarem ainda muito presentes em nossa sociedade, com o tempo mais adeptos unem e o programa de Direitos humanos parece ser um importante momento para debatermos estas questões.

Fonte: http://querermudaromundo.blogspot.com/2009/12/respeito-diversidades.html

sábado, 6 de março de 2010

Quem era terrorista?

Por Emir Sader

À falta de outros argumentos e propostas, com um mínimo de consistência, os opositores reiteram a imagem de “terrorista” de Dilma.

Quem era terrorista: a ditadura militar ou os que lutávamos contra ela? Dilma estava entre estes, o senador José Agripino (do DEM, ex-PFL, ex-Arena, partido da ditadura militar), entre os outros.

O golpe militar de 1964, apoiado por toda a imprensa (com exceção da Última Hora, que recebeu todo o peso da repressão da ditadura), rompeu com a democracia, a destruiu em todos os rincões do Brasil, e instaurou um regime de terror – que depois se propagou por todo o cone sul do continente, seguindo seu “exemplo”.

Diante do fechamento de todo espaço possível de luta democrática, grandes contingentes de jovens passaram à clandestinidade, apelando para o direito de resistência contra as tiranias, direito e obrigação reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Enquanto nos alinhávamos do lado da luta de resistência democrática contra a ditadura, os proprietários das grandes empresas de comunicação – entre eles os Frias, os Marinhos, os Mesquitas -, os políticos que apoiavam a ditadura – agrupados na Arena, depois PFL, agora DEM, como, entre tantos outros, o senador José Agripino –, grandes empresários nacionais e estrangeiros, se situavam do lado da ditadura, do regime de terror, da tortura, dos seqüestros, dos fuzilamentos, das prisões arbitrárias, da liquidação da democracia.

Quem era terrorista? Os que lutavam contra a ditadura ou os que a apoiavam? Os que davam a vida pela democracia ou os que se enriqueciam à sombra da ditadura e da repressão? Os que apoiavam e financiavam a OBAN ou aqueles que, detidos arbitrariamente, eram vitimas da tortura nas suas dependências, fuzilados, desaparecidos?

Quem era terrorista? José Agripino ou Dilma? Os militares que destruíram a democracia ou os que a defendiam? Quem usava a picanha elétrica, o pau-de-arara, contra pessoas amarradas, ou quem lutava, na clandestinidade, contra as forças repressivas? Quem era terrorista: Iara Iavelberg ou Sergio Fleury? Quem estava do lado da Iara ou quem estava do lado do Fleury? Dilma ou Agripino? Quem estava na resistência democrática ou quem, por ação ou por omissão, estava do lado da ditadura do terror?

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=421

Por quem chora Hillary Clinton?

Permanece atual o relatório da Anistia Internacional, de 2005: "Quando o país mais poderoso do mundo se burla do Estado de direito e dos direitos humanos, está dando permissão para que outros países cometam abusos com impunidade e audácia".

A morte do preso político cubano Orlando Zapata, que permaneceu em greve de fome durante 85 dias, deflagrou uma série de protestos de governos e organizações de defesa dos direitos humanos na Europa e nos Estados Unidos. Hillary Clinton, falando ao Senado, declarou estar “profundamente consternada por seu martírio em defesa de seus direitos e para alertar sobre a situação e a opressão dos presos políticos em Cuba". Faltou algo no lamento da secretária de Estado norte-americana. E essa incompletude advém da impossibilidade de analisar fenômenos políticos sem a aplicação concreta da relação dialética entre o universal e o concreto.

Se por direitos humanos entendemos princípios inalienáveis que objetivam resguardar os valores fundamentais da pessoa humana, ou seja, direitos que procuram assegurar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade e a dignidade do individuo, como efetivá-los em uma ordem internacional hegemonizada pelo capital que o define como absoluto abstrato? E que, ao fazê-lo, nega a esse mesmo indivíduo a sua realidade concreta, a possibilidade de pensar seus problemas, angústias e desventuras como algo exterior aos ditames da lei do valor. A questão que se coloca é quanto à compatibilidade entre capitalismo e direitos humanos. Talvez esteja nesse ponto a precisão das palavras do presidente cubano, Raul Castro, que atribuiu a morte de Zapata “ao confronto que temos com os Estados Unidos"

Como destacou o jornalista Sérgio Augusto, em memorável artigo para “Encontros com a Civilização Brasileira” (agosto, 1978) "ficou difícil acreditar na bondade dos americanos depois das 159 intervenções armadas levadas a cabo pelos EUA, antes de 1945, e no pós-guerra, na Coréia, na República Dominicana, no Vietnã-sem contar os golpes que incentivaram no Líbano, na Guatemala, no Irã, na Turquia, na Grécia, na Argentina, em Myanmar, na Indonésia, em Gana, no Chile, no Brasil,etc. Sempre, é claro, com os mais elevados propósitos, como não se cansa de difundir a inseparável máquina de propaganda do "Mundo Livre", na qual sobressaem a grande imprensa, dita liberal e isenta e as agências transnacionais de notícias com a assessoria ocasional da CIA".

Passados 32 anos da publicação, não é difícil atualizar os números do texto, dada a manutenção dos métodos. A prática tradicional da política externa norte-americana continua ignorando violações de direitos em ditaduras consideradas vitais para seus interesses estratégicos.

Se a oposição à tortura, à pena de morte e à prisão por questões de consciência constitui um programa capaz de unificar atores de orientações políticas distintas e diferentes procedências geográficas, não se pode ignorar que todos os países contêm, dentro dos seus sistemas sociais, contradições que, ao criar tensões, se traduzem em transgressões aos direitos humanos. Os Estados Unidos, recordistas na aplicação da pena de morte, mantêm presos, desde 1998, cinco cubanos, radicados em território norte-americanos, sob acusação de espionagem.

Antonio Guerrero, Fernando González, Geraldo Hernández, Rafael Labañino e René González estão detidos sem que nenhum tipo de crime tenham cometido. Permanecem aprisionados por monitorar atos de grupos terroristas instalados em Miami. Por eles, Hillary Clinton não fica "profundamente consternada". Muito menos pelos 188 homens ainda detidos em Guantánamo sem acusação, julgamento ou qualquer tipo de amparo judicial.

Permanece atual o relatório da Anistia Internacional, de 2005. Sob o pretexto de combater o terror, o governo estadunidense se dedicou a fundo para restringir as regras da Convenção de Genebra, terceirizando a tortura. Na introdução, o documento é categórico: ”Quando o país mais poderoso do mundo se burla do Estado de direito e dos direitos humanos, está dando permissão para que outros países cometam abusos com impunidade e audácia". Melhor, impossível.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil.

Banco Central: Redução da pobreza é maior nas regiões Norte e Nordeste

O Brasil registrou avanços sociais significativos em todas as regiões entre 2003 e 2008, mas as maiores reduções na pobreza e a formalização mais intensa do mercado de trabalho ocorreram nos locais mais pobres do país, aponta estudo do mais recente "Boletim Regional", do Banco Central (BC).

Segundo o BC, a evolução favorável do rendimento da população de baixa renda, incluindo aí os recursos dos programas de transferência do governo (como o Bolsa Família), e "o crescimento contínuo no nível de ocupação nessa mesma classe" são os aspectos que mais chamam a atenção nos últimos dois anos, contribuindo decisivamente para a melhora no quadro de distribuição de renda do país.

Um dos destaques no estudo do BC é o crescimento muito mais forte do emprego com carteira assinada do que o da ocupação total no Norte e Nordeste - as duas regiões mais pobres do país. No Norte, os postos de trabalho formais cresceram a uma taxa média anual de 6,6% entre 2003 e 2008, bem acima do 1,6% registrado pela ocupação como um todo na região. No Nordeste, os postos de trabalho formais aumentaram 5,2% ao ano no período, enquanto o emprego total avançou 1,3%. Para comparar, o Sul viu os empregos com carteira assinada subirem a uma taxa média de 4,4% no período, ante 1,4% do nível total de aumento da ocupação na região.

O relatório do BC também destaca a forte redução da pobreza nos últimos anos. De 2003 a 2008, a incidência da pobreza no Nordeste caiu 19 pontos percentuais (de 61% para 42% da população) e 15 pontos no Norte (de 48% para 33%), segundo números do Ipea. "Em horizontes de cinco anos, esses foram os maiores decréscimos registrados nas séries regionais, iniciadas em 1981", aponta o relatório. "Ainda que a pobreza permaneça concentrada no Norte e no Nordeste, os dados apontam para uma redução das divergências regionais", continua o estudo do BC, ponderando, contudo, que em termos relativos essas duas regiões reduziram em menos de um terço a incidência de pobreza, ao passo que nas outras regiões a queda ficou em torno da metade. No Sudeste, por exemplo, a incidência de pobreza recuou de 24% para 13% da população.

Os dados, na avaliação do deputado Zezéu Ribeiro (PT-BA), são bastante coerentes. O parlamentar explica que a política do governo Lula, desde o início, focou a redução da pobreza. "É natural que as regiões com maior índice de pobreza tenham um maior desempenho, já que tivemos um volume enorme de políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade social no país. Programas como o Bolsa Família e diversas outras ações do governo surtiram um impacto extraordinário na redução da pobreza e na geração e empregos", explicou.

O desafio agora, na avaliação do parlamentar, é desenvolver outros segmentos econômicos e sociais. "Apesar desses índices favoráveis, agora precisamos trabalhar também uma política de desenvolvimento regional na área da educação, ciência e tecnologia. Precisamos agregar ao desenvolvimento regional brasileiro", afirmou.

Na mesma linha, o deputado Eudes Xavier (PT-CE) citou o fortalecimento do mercado interno, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa Minha Vida, como os principais indutores do desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste. "A política de desenvolvimento com inclusão social do governo Lula é a responsável por este desempenho. Além dos programas sociais e dos programas de investimento, como o PAC, no governo Lula houve uma valorização recorde do salário mínio. Tudo isso impactou positivamente e fez com que estas regiões mais pobres alcançassem índices maiores que as demais", afirmou.

Relatório - Uma característica importante dos últimos anos é que o rendimento real (acima da inflação) per capita dos mais pobres tem avançado a um ritmo superior ao das outras camadas da população, considerando todas as fontes de renda. É um fenômeno que ocorreu em todas as regiões do país, como mostra o relatório do BC. Entre 2003 e 2008, os rendimentos reais dos indivíduos de baixa renda cresceram entre 8,3% ao ano, na região Norte, e 10,1% no Centro-Oeste , um "ritmo de expansão comparável apenas aos observados para as economias com maiores taxas de crescimento no mundo", diz o BC, ecoando os especialistas em políticas sociais, que apontam a expansão a um ritmo chinês da renda dos mais pobres nos últimos anos.

A expansão média anual do rendimento real das demais faixas da população ficou entre 4% no Sudeste e 6,7% no Centro-Oeste. O recorte para definir a baixa renda considera a população abaixo da linha média de pobreza de 2003 a 2008, que ficou em 51,3% no Nordeste e 17,6% no Sudeste.

www.ptnacamara.org.br

Max Altman: E não é que a política internacional do PT tem carradas de razão!

Ranjam os dentes, srs. Rubens Barbosa, Celso Lafer e outros especialistas e ex-chanceleres, adeptos da sumbissão à política geo-estratégica de Washington. Destilem seu desespero, editorialistas e colunistas da nossa ínclita grande imprensa, que pretendem desqualificar a crucial e histórica reunião de Cancún, destacando aspectos laterais, como o bate-boca entre Uribe e Chávez, provocado aliás pelo presidente colombiano que fora de hora e fora do temário buscou o confronto. Como é moda nesses últimos dias, por dá cá aquela palha, a nossa mídia reproduzir trechos do Programa aprovado no IV Congresso do PT para alicerçar – e geralmente distorcer - seus pontos de vista, eu também me valho desse expediente para demonstrar que os recentes acontecimentos estão dando razão à análise do PT e que o partido olha para o futuro com otimismo e esperança:

“O complexo quadro internacional desta década confirmou a necessidade do PT ser capaz de elaborar uma interpretação autônoma da situação internacional ... c) estimulando um viés latino-americano e caribenho; d) realizando a crítica ao comportamento imperialista das metrópoles...”; “ ... nossa prioridade regional é a América Latina ...”; “o PT é um partido internacionalista, anti-imperialista, anticolonialista, socialista e defensor da integração latino-americana. “



A Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos reunida em Cancún, México, aprovou por unanimidade a criação de um organismo regional, que reúne todos os países latino-americanos e caribenhos, independente da orientação ideológica de seus governantes, sem a participação dos Estados Unidos e do Canadá.



A declaração final inaugural contempla um vasto leque de 87 pontos que passam pelos temas da crise financeira internacional, comércio, energia, integração física em infra-estrutura, ciência e tecnologia, desenvolvimento social, migração, desenvolvimento sustentável,desastres naturais, direitos humanos, assuntos de segurança e cooperação Sul-Sul.

O novo organismo substituirá o Grupo do Rio e o Caricom e funcionará em paralelo à OEA que se mostrou incapaz de resguardar a democracia depois de seus infrutíferos esforços de reverter o golpe de Estado em Honduras.



A decisão de criar esse novo organismo, puramente latino-americano e caribenho, terá seguramente uma importância histórica transcendental. A exclusão dos Estados Unidos significa derrogar a Doutrina Monroe e a política intervencionista que historicamente protegeu ditaduras militares, governos fantoches, entreguistas e tiranias anti-populares. Ao mesmo tempo consolida a soberania e a independência das nações e a auto-determinação dos povos de nosso continente. Poderemos, enfim, dizer que nossa região deixa de ser o pátio traseiro do império de Washington.



Novos e promissoras perspectivas se abrem. A criação de um novo bloco, disposto a buscar não só o mero comércio interempresarial, mas também a cooperação, a complementação; a procurar a integração econômica fundada numa eficiente infra-estrutura, mais um sólido e contínuo intercâmbio social, cultural, desportivo e turístico, tenderá a redesenhar a geopolítica internacional e as relações internacionais. Ajudará o mundo a deixar, definitivamente, de ser unipolar, época que carregou consigo guerras e insegurança, e abraçará a multipolaridade que trará equilíbrio, cooperação e paz.



O importante agora é elaborar com agilidade e eficiência os estatutos, a regulamentação e os demais documentos que consolidarão na reunião de 2011 em Caracas esse organismo, criando as condições de pô-lo em marcha.



E se a partir de 2011, a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos encontrar o cara, hábil e carismático, que possa ocupar consensualmente sua liderança, o que hoje é esperança seguramente será amanhã realidade.



Max Altman é membro do coletivo da Secretaria de Relações Internacionais do PT.

Resolução política aprovada pelo Diretório Nacional do PT dia 05/03/10

Resolução política do Diretório Nacional do PT

O Diretório Nacional do PT, reunido em Brasília em 5 de março de 2010, debateu e aprovou a seguinte resolução política:

1. No final de fevereiro, realizamos um extraordinário 4º Congresso, que reuniu mais de três mil pessoas em Brasília, mostrou a força de nossa pré-candidata junto à militância petista e revelou um grau de unidade poucas vezes visto num partido democrático e plural como o PT.

2. As últimas pesquisas eleitorais – mostrando o avanço e a consolidação da pré-candidatura Dilma – revelam o acerto das estratégias adotadas para fortalecer as forças do campo democrático popular nas eleições presidenciais deste ano.

3. O PT e seus aliados chegam a março de 2010 bem posicionados para a disputa eleitoral – disputa que definirá se o Brasil continua avançando ou se retrocede aos anos de desemprego, ausência do Estado, repressão social e submissão internacional que marcaram o desgoverno demo-tucano na década de 90.
4. Ainda no 4º Congresso, debatemos e aprovamos, entre outros, dois documentos fundamentais para balizar a ação do partido daqui em diante: Diretrizes para o Programa de Governo 2011-2014; e Tática Eleitoral e Política de Alianças.

5. As diretrizes resumem a contribuição que o PT apresenta aos partidos aliados, aos movimentos sociais, à intelectualidade e ao povo brasileiro para a discussão que se fará sobre o programa de governo da coalizão que sustentará a campanha e o futuro governo Dilma Rousseff.

6. O documento da tática aponta o caminho para constituir uma forte coalizão eleitoral e um forte movimento político-social necessários para garantir nossa vitória e sustentar nosso futuro governo. É preciso também foco, unidade e compreensão do que está em jogo. Por isso, o 4º Congresso determinou, no documento de Tática Eleitoral, que todo o PT, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, deve cerrar fileiras em torno do projeto nacional, realizando um esforço político para que as alianças nacionais sejam construídas de maneira que fortaleçam, em cada Estado, a pré-candidatura Dilma. Esta Direção, em cumprimento ao mandato por ela outorgado pelo 4º Congresso, coordenará e decidirá sobre a tática eleitoral e as alianças nacionais e estaduais, em diálogo e cooperação desde já com as direções estaduais do PT.

7. Apesar das divisões internas no campo adversário e a despeito do mar de corrupção e incompetência administrativa, como no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, as forças do atraso começam a se reorganizar a partir da definição do nome que irá representá-las. Adotam, desde já, um discurso de radicalização política e social contra as conquistas do Governo Lula e a pré-candidatura Dilma. Registrem-se as iniciativas adotadas contra o PNDH-3 e a Confecom, a instalação da CPI do MST e a criminalização dos movimentos sociais, entre outras.

8. Os ataques feitos contra o PT, nossas Diretrizes de Programa de Governo e nossa pré-candidata não são novidades. Nos anos 80 e 90, nas eleições de 2002 e 2006, e ao longo dos quase oito anos de Governo Lula, as forças de direita e neoliberais agiram da mesma forma. Mas a História do Brasil e a experiência do povo brasileiro demonstram e confirmam: a direita neoliberal não tem compromisso algum com a soberania nacional, com o estado democrático, com a igualdade social, nem com a verdade dos fatos. Hoje, frente à derrota que sofrerão nos próximos anos, já alimentam um discurso golpista. Se em 2002 essa campanha causou graves prejuízos à economia nacional, nossos oito anos de governo demonstram que ser de esquerda implica a defesa de um Estado que atenda aos objetivos de indução do desenvolvimento, de distribuição de renda e de riqueza e de aprofundamento das conquistas democráticas acumuladas pela sociedade brasileira.

9. A reeleição do presidente Lula, em 2006, sacramentou a idéia de que existe um limite entre “opinião pública” e “opinião publicada”. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Não podemos nos acomodar com o cenário momentaneamente positivo. Ao contrário, este é momento de a militância petista sair para as ruas e intensificar suas ações para reeleger nosso projeto de país. O PT saúda e se soma à mobilização dos movimentos sociais que se preparam para a comemoração do Centenário do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, e do Dia Internacional de luta dos trabalhadores, em 1º de Maio. Saúda também as importantes conferências nacionais de Cultura e de Educação neste mês de março.

10. O PT convida os movimentos sociais brasileiros para debater as resoluções do 4º Congresso, em particular sobre as Diretrizes do Programa de Governo. Temos todo interesse em ouvir as aspirações, reivindicações e propostas, dialogando sobre a importância da manutenção e aprofundamento das políticas públicas de interesse popular. Ao mesmo tempo, o PT incentivará seus Setoriais, suas Secretarias Setoriais e suas Secretarias de Movimentos Populares e de Mobilização a ampliar ao máximo o debate sobre as resoluções do 4º Congresso junto à nossa base organizada, colhendo igualmente subsídios para o Programa de Governo que apresentaremos ao Brasil nessas eleições.

11. O Diretório Nacional do PT promoverá nos meses de abril e maio extensa agenda de mobilização partidária e social em todas as regiões do país. Conclamamos toda a militância do PT a organizar debates e manifestações em defesa das conquistas sociais do Governo Lula e pela continuidade da mudança, reforçando inteiramente as linhas programáticas aprovadas no 4º Congresso.

12. Ao novo DN, cabe implementar as resoluções do 4º Congresso, acelerar as definições de candidaturas regionais e a formação de palanques fortes para a eleição da companheira Dilma Rousseff. Assim poderemos garantir, em consonância com as deliberações do 4º Congresso, a continuidade do programa que está mudando a história do Brasil.

Diretório Nacional de PT
Brasília, 05 de março de 2010.