quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma visão chinesa da mídia ocidental

O dilema institucional da mídia ocidental

25/7/2011, Wang Fang, People’s Daily Online, Pequim, China

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

O escândalo de telefones grampeados por jornalistas de News of the World, jornal britânico, desencadeou um efeito-dominó: outros jornais ligados à empresa-mãe News Corporation começam a ser acusados também de participação ativa em novos escândalos que não param de ser descobertos. Afinal, começam a ouvir-se vozes até nos EUA, na Austrália e em outros países, que exigem ampla investigação e reavaliação dos princípios éticos do jornalismo e imposição de medidas para supervisionar jornalistas e jornais. O escândalo já ultrapassou os limites da imprensa e causou reações em cadeia nos círculos policiais e políticos; o premiêr britânico David Cameron enfrenta a maior crise política desde que assumiu o governo.

O escândalo dos telefones grampeados não é aberração provocada por uma ou outra empresa jornalística ou um ou outro jornalista que esquece a própria responsabilidade social e abusa, individualmente, da liberdade de imprensa. O escândalo reflete o dilema institucional em que a imprensa ocidental e o sistema democrático representativo enfrentam desde sempre, em seu processo de desenvolvimento.

Na história do jornalismo ocidental, os meios massivos sempre falam muito da “liberdade” e batem tambor a favor do estabelecimento e desenvolvimento do sistema democrático capitalista. A imprensa ocidental sempre se apresenta como “o Quatro Estado”, que seria independente do executivo, do judiciário e do legislativo, e que seria “um príncipe não coroado”, que distribuiria fatos e verdades e protegeria a justiça e a sociedade.

Contudo, quando subiu a maré dos monopólios e da fusão de empresas, as empresas de comunicação de massa sempre foram parte interessada no processo. Nos anos 1980s, 50 grandes empresas controlavam praticamente todo o jornalismo de massa nos EUA. Em meados dos anos 1990s, esse número já estava reduzido e todo o poder já estava concentrado em apenas dez empresas.

Hoje, no século 21. a imprensa está praticamente monopolizada nos EUA, controlada por apenas cinco grupos financeiros, entre os quais Time Warner, Walt Disney e News Corporation. A empresa News Corporation, de Rupert Murdoch, alcança vários continentes e é proprietária de 40% dos jornais do mundo, entre os quais o Times e News of the World. Nos EUA, a mesma empresa controla vários veículos, todos de grande circulação ou audiência, entre os quais o Wall Street Journal, a rede Fox de televisão, Movie.com e dúzias de estações de televisão. Além disso, mais de 70% de todos os jornais com sede na Austrália pertencem à mesma empresa. É absolutamente impossível falar de liberdade de imprensa, senão em sentido absolutamente superficial e oco, ante o processo de fusão de megaempresas que leva, exclusivamente, ao monopólio do direito de expressão.

Artigo recentemente publicado, intitulado “o capital é mais forte que a liberdade: Murdoch venceu”, diz que os jornalistas dos EUA têm de enfrentar a triste realidade de que rezam pela mão do único deus que efetivamente reconhecem; e que não se chama “liberdade de imprensa”; chama-se “capital”.

W. Lance Bennett, professor norte-americano, disse que todos os políticos e grupos políticos, inclusive o presidente, os senadores, grupos de interesse e radicais, conhecem ou deveriam conhecer a importância da imprensa para suas carreiras políticas. Grupos multinacionais de comunicações já controlam completamente não só os veículos, como empresas, mas também já constituíram poderosíssimos grupos de interesses, nos quais se interconectam os negócios, a política, veículos e profissionais que, todos esses, constituem uma elite que existe exclusivamente para proteger os interesses dessa elite.

Agências governamentais e as corporações de comunicações cooperam, mais do que se interfiscalizam. Os políticos acabam por aprender a usar a imprensa e algumas vezes têm, mesmo, de render-se à imprensa – quando não a subornam diretamente – para aumentar o próprio poder ou ganhar status graças ao auxílio da imprensa.

Segundo matérias publicadas na imprensa britânica, Andy Coulson, ex-editor-chefe do jornal News of the World e ex-principal assessor de comunicações do primeiro-ministro britânico David Cameron, foi preso, há algumas semanas, acusado de participar no grampeamento ilegal de telefones. Ligado por laços fortes com todo o mundo dos jornalistas ingleses, Coulson teve papel decisivo na campanha eleitoral que levou Cameron ao poder, como candidato dos Conservadores, nas eleições do ano passado. Peter Oborne, principal editor de política do jornal Daily Telegraph, disse que, nos últimos 20 anos, o fator decisivo para qualquer candidato que desejasse alavancar sua carreira política foi aproximar-se de Murdoch e conquistar sua simpatia.

Para maximizar interesses comerciais, vários jornais e jornalistas sempre usaram meios ilegais – escutas e grampos clandestinos e ilegais, suborno e chantagem – para obter informações exclusivas e a proteção de políticos e policiais. Agências governamentais, às quais deveria caber fiscalizar e coibir esse comportamento de jornais e jornalistas, mantiveram-se cegas, para não se indispor com jornalistas e jornais – o que foi como autorizar e legitimar os crimes ‘da mídia’. O escândalo das escutas clandestinas, agora, afinal, expôs completamente as relações complexas e obscuras que há entre jornais, jornalistas, policiais e outros funcionários corruptos.

O que ainda se chama no ocidente “liberdade de imprensa” acabou por condenar grandes países ocidentais democráticos à degradação de um círculo vicioso no qual “a imprensa modela a opinião pública; a opinião pública pressiona os políticos; e os políticos, em colusão com jornais e jornalistas, trabalham a favor de seus próprios interesses” – sempre privados, jamais públicos.

Nos estágios iniciais das guerras no Iraque e na Líbia, todos os grandes jornais do Reino Unido e dos EUA deram massiva divulgação a vitórias da coalizão, e sempre ignoraram o trágico grande número de civis mortos e a brutalidade da guerra. Indústrias que fabricam armas, empresas de comunicação e agências do governo constituíram comunidades de interesses, usando todos os meios possíveis para manipular, modelar e controlar a opinião de seus cidadãos.

O monopólio é o predador natural da liberdade. Os grupos globais de televisão e jornais, beneficiários, hoje, dos sistemas de comunicação de massa e, agregados a esses, também os sistemas da democracia ocidental, não têm medido esforços para homogeneizar as necessidades de alguns grupos domésticos, oferecendo sempre informação limitada e enviesada; e também se dedicam a reforçar estereótipos negativos contra outros povos e outros países.

Há muito tempo, a voz dos países pobres e emergentes foi suprimida das discussões sociais no ocidente, pela influente indústria da mídia ocidental. A mídia ocidental é responsável pela abissal desigualdade de informação entre países ricos e países pobres – e essa desigualdade construída inevitavelmente fez aumentar as desigualdades políticas e econômicas.

A indústria da mídia modela a opinião pública, mas não escapa da influência do poder político e da economia. No seu último editorial, antes de o jornal ser fechado, News of the World admitiu: “Nós perdemos o rumo”. Mas há outra pergunta no ar, a espera de resposta: “O que mais toda a imprensa ocidental perdeu?”


Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/uma-visao-chinesa-da-midia-ocidental.html

Pai e filho são confundidos com casal gay e agredidos em São João da Boa Vista, SP

[postado na fonte dia 19/07/11]

do site EPTV, via O Globo

SÃO PAULO – Um homem de 42 anos teve metade da orelha decepada após ser agredido por um grupo de jovens no recinto da Exposição Agropecuária Industrial e Comercial (EAPIC), em São João da Boa Vista, a 225 km de São Paulo. Os agressores pensaram que ele e o filho de 18 anos fossem um casal gay, pois estavam abraçados. As informações são do site da EPTV.

A agressão aconteceu na madrugada da última sexta-feira. O homem, que preferiu não se identificar, ainda está traumatizado. Ele contou que depois de um show um grupo de sete jovens se aproximou e perguntou se os dois eram gays.

Ele disse que explicou que eles eram pai e filho e, mesmo assim, houve um princípio de tumulto. Os rapazes foram embora, voltaram cinco minutos depois e começaram a agredir os dois. Um deles teria mordido a orelha do pai, decepando parte dela.

- Eu lembro de ter tomado um soco no queixo e apagado. Quando eu comecei a acordar eu ouvi as pessoas dizendo que eu estava sem a orelha – explicou.

Ambos foram levados para a santa casa, onde foram atendidos e liberados. O filho teve apenas ferimentos leves.

O delegado do 1º Distrito da Polícia Civil de São João Boa Vista, Fernando Zucarelli, disse que foi aberto um inquérito e que já está tentando identificar os possíveis autores. A homofobia, que é a aversão a homosexuais, ainda não consta como crime no código penal brasileiro, mas, além da agressão, os jovens também podem responder por discriminação.

A organização da EAPIC informou que havia 150 seguranças, além da Polícia Militar, durante toda a festa e que vai colaborar com a polícia para a identificação dos agressores.

O Globo não publica respostas do MST

Do sítio do MST:

O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.

Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.

A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.

A repórter até então interessada não entrou mais em contato. A reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.

Por que será?

Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST, Marina dos Santos, que não saíram em O Globo.


Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?

Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações – privataria – e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos - tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.

Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.

Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal – ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato - também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?

O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.

Por que não vemos indignação contra a corrupção?

Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.

Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.

As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay...e por que não contra a corrupção?

Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.

Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes - como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul - mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.

A sensação é de impunidade?

Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve coma devolução do dinheiro roubado...

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.

São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF – por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF - que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

Governo arranha os agiotas financeiros

Por Altamiro Borges

Depois de várias medidas que penalizam os trabalhadores – como os quatro aumentos consecutivos das taxas de juros e as duras restrições ao crédito –, o governo Dilma finalmente resolveu intensificar o ataque aos agiotas financeiros, os verdadeiros culpados pelos entraves ao desenvolvimento do país.
Não dá nem para chamar de ataque, foi mais um pequeno arranhão, mas ele pode sinalizar uma mudança de comportamento diante das incertezas que atormentam a economia capitalista mundial.

“Vamos tirar a rentabilidade” dos rentistas

Na tarde de ontem, o Ministério da Fazenda anunciou um pacote de medidas para inibir a especulação com o dólar e a artificial valorização do real, que prejudicam a produção brasileira. A iniciativa afeta o chamado mercado de derivativos, um instrumento utilizado pelos agiotas para auferir altos lucros com as vantajosas taxas de juros do país. O impacto imediato da medida foi a contenção da queda do valor da moeda ianque, que subiu ontem 1,3% e atingiu R$ 1,557. Foi a maior alta observada em um ano.

O governo anunciou que cobrará 1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas negociatas nos mercados de derivativos, que exigirá o registro público de todos os contratos e que poderá impor limites de quantias e prazos às transações. “Vamos tirar a rentabilidade da especulação”, explicou o ministro Guido Mantega. Ele também garantiu que o governo poderá adotar outras medidas contra os ataques especulativos, inclusive com novos aumentos do IOF.

Chiadeira dos agiotas e da mídia

O anúncio incomodou os agiotas financeiros, que criticaram o “intervencionismo” do governo e renderam homenagens ao deus-mercado. “A medida autoriza uma ampla intervenção no mercado”, reclamou Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO. A mídia rentista também não gostou, já lamentando a fuga do capital estrangeiro. “Muitos investidores se assustaram com o poder que as medidas dão ao governo para intervir de maneira agressiva nos negócios com derivativos”, concluiu a Folha.

Toda essa gritaria visa evitar que o governo adote medidas ainda mais duras contra a especulação. Nos últimos meses, ações ainda mais tímidas, como as pequenas taxações das aplicações financeiras e de empréstimos de curto prazo, tiveram pouco impacto na economia e não conseguiram evitar a valorização artificial do real em relação ao dólar. Os reflexos negativos se avolumaram, com o encarecimento das exportações e o aumento das importações – prejudicando a produção industrial e o emprego no país.

“Mundo de pernas para o ar”

Com o agravamento da crise capitalista nos EUA e Europa, o Brasil fica ainda mais vulnerável diante da gula dos especuladores. A presidente Dilma Rousseff, antes envolvida na “faxina” em seu governo, parece agora mais atenta aos rumos da economia. Em recente reunião, ela teria manifestado temor diante do risco de calote da dívida nos EUA, afirmando que “o mundo está de pernas para o ar”. Daí a idéia de conter a especulação financeira e mesmo a alta dos juros, como indica a recente ata do Banco Central.

O pacote anunciado por Guido Mantega ontem pode até aliviar a tensão, mas não resolve o problema.
Sem outras ações, como a redução da taxa de juros e medidas mais duras de controle do fluxo de entrada e saída de capitais, os especuladores continuarão surfando na libertinagem financeira. Não dá para tratar os rentistas com arranhões. É preciso atacá-los de frente. Do contrário, com um solavanco maior na economia mundial, aí que o Brasil vai ficar mesmo de “pernas para o ar”.


Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/07/governo-arranha-os-agiotas-financeiros.html

Amy Winehouse e Anders Behing Brevik. A visão do pig

Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Júnior. Memorialista
cartaxoarrudajr@gmail.com

O terrorista neonazista Anders Behing Brevik atacou sexta feira. Sábado, a revista Isto É já traz matéria na capa e dentro foto do mentor do atentado, o dirigente egípcio Ayman al-Zawahiri da Al qaeda e chapa do Bin Laden. Foi muito rápido a revista. A primeira imagem é a que fica e toda a velha mídia passou o dia falando do terrorista muçulmano. Só foram contar parte da verdade (que o terrorista era islamofóbico) depois, junto com a morte da Amy Winehouse, que ninguém diz, mas traduzindo ao pé da letra, é Amy Pé de Tonel ou Alambique, Adega no mínimo.

Mesmo assim, a morte suicida da artista Amy Winehouse, em Londres, tomou um espaço na mídia muito maior que o atentado neonazista na Noruega, e até mesmo que o espaço dado ao assassinato do Beatle John Lenom em Nova York: é que a mídia do pig pela primeira vez passou a requentar matéria quente, inventando mais uma. A crônica dessa morte pop pra lá de anunciada ganhou mais espaço e tempo que esse ataque terrorista neonazista a pacifica, rica e inatingível democracia norueguesa, que querem deturpar e esquecer.

As imagens do neonazista nada têm haver com o estereótipo clássico do terrorista. Muito pelo contrario, ele é mostrado como um príncipe encantado, o partido alto que toda granfina sonha para sua patricinha. As fotos do loirinho dos zoim azul, limpinho, engomado, sarado, escovado, alinhado, cheiroso, em uniforme de gala, coberto de medalhas, nos trinkis, é só o mi. Deixando as ninfetas debutantes suspirando pelo galante guerreio templário.

A velha mídia não quer acreditar no que tem de noticiar. A Globo, em manchete, se refere a Anders Brevik como: “Responsável pela tragédia”, terrorista nunca. Ele é o “Atirador de Oslo”, terrorista não, ou “Atirador da Noruega”, “autor do massacre”, no máximo, dizem rápido e ressentidamente. Quando usam a palavra terrorista aliviam: “ ... o sorriso do terrorista...”. Nas matérias da Globo ele quase é inocente:“ Anders Brevik quis salvar a Europa Ocidental da invasão islâmica”, e isso, justifica junto com:“ exterminar o marxismo”. Pronto, tá tudo explicado e perdoado é o que deixam transparecer pelo tom da linguagem. E mais, noticiam que Anders Brevik, orgulhoso, não se sente culpado. O bichim, né não.

Matar uma centena de militantes trabalhistas é tão valido quanto fuzilar um magote de petistas. Aqui, o pig e neonazifacistoides tupiniquins tem é inveja, pois mais significativo que Carandiru ou Eldorado de Carajás é dizimar futuros esquerdistas, quer mais? Guardado as proporções é como o atentado ao show do Riocentro ter dado certo.

Anders Brevik é diferente dos chamados “terroristas palestinos” anônimos, meninos maltrapilhos, armados de pedra e baladeira que alguns israelenses bombardeiam e metralham, ou outros desesperados que explodem em mil pedaços matando mais gente. O terrorista neonazista não sofreu um arranhão. A democracia na Noruega não permite sequer chulipa ou beliscão, coçar pode?

Aqui a manchete que eles acentuam na midia global é: “O responsável pela tragédia” (olha como e onde eles colocam a palavra: responsável). É ele tem nome e não é qualquer um, é nome nobre, tem heráldica descendente do sangue azul Vikings: Anders Behing Brevik, quer dizer urso na língua nativa (pesquisou a rede Globo, muito importante isso!). Lindo, cheiroso, bonito e joiado como diz o Falcão.

O fato dele ter detonado uma bomba no centro geo-politico do governo norueguês é quase desprezível e irrelevante, a velha mídia acelera ênfase no ataque a ilha. Falam em tiroteio; tiroteio é troca de tiro, o que não houve. Ali foi fuzilamento e execução sumaria isso sim. Ele só é “o atirador”, e não precisa mais.

Quando o pig usa adjetivo negativo tem o cuidado da ressalva em enfatizar o próprio Anders Brevik a se auto intitular: “ O maior monstro desde a segunda guerra mundial”. Insiste em noticiar que Brevik agiu sozinho, quando o próprio declarou que teve ajuda de duas células nacionalistas (olha aí de novo a palavra é “nacionalistas”, em vez de gangues de terroristas) e ta na cara ele não agiu sozinho. Dizem isso só para tentar nos ludibriar, torna-lo um super homem louco e inimputável.

A linguagem e ênfase que a velha mídia da na abordagem desse momento só procura deturpar e maquiar a realidade da historia. É impressionante e inimaginável, como dizem que a resposta do governo norueguês será: “mais democracia e humanismo”. Abordam com deboche, sarcasmo e desdém. É estarrecedor a forma subliminar que a leitura deles deixa traduzir. E aonde querem chegar?

Na verdade o pig esta decepcionado com a atitude do governo esquerdista norueguês em não permitir a transmissão do depoimento do terrorista da extrema direita Anders Brevik, (vou denomina-lo: o urso nazista) na tv e ao vivo.

Por causa disto o pig pode vir até a dizer que falta liberdade de imprensa na Noruega, quer apostar? Estão descontentes em só poder pinçar algumas perolas negras no pior sentido do extremismo nas 1500 e poucas paginas desse novo tratado de direita que esta na web e pode fazer mais sucesso que o Minha Luta do criador do III Reich Adolf Hitler.

Espero que não, sinceramente.

Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2011/07/amy-winehouse-e-anders-behing-brevik.html

Folha ataca Toffoli e salva Gilmar Mendes

Por Antônio Mello, em seu blog:

A Folha da ditabranda é um jornal que tem lado, mas finge que não. Publica com destaque escândalos do governo federal e abafa - ou dá notinhas - quando o podre é do governo de SP, ou tucano em geral.

O mesmo acontece agora, no STF. O ministro Antonio Dias Toffoli, indicado pelo presidente Lula, é denunciado hoje pelo jornal por haver viajado ao exterior com duas diárias de hotel pagas por um advogado. Já Gilmar Mendes, indicado por FHC, teve protocolado um pedido de impeachment por inúmeras mordomias a mais que isso sem merecer uma única linha sequer da Folha.


Toffoli foi ao casamento de um advogado na ilha de Capri, Itália, e se hospedou no Capri Palace Hotel, cujas diárias variam de R$ 1.400 a R$ 13,3 mil, segundo o jornal.

O advogado festeiro, o pra lá de endinheirado criminalista Roberto Podval (uma prova de que o crime compensa, ao menos para os advogados dos criminosos), confirma o pagamento:

"Não paguei apenas para ele, mas para outros 200 amigos que convidei. A única coisa que paguei foi o hotel. Todo mundo, não apenas o ministro, teve direito a dois dias de hotel", disse o advogado ao jornal.

No entanto, outro advogado, Alberto de Oliveira Piovesan, entrou com um pedido de impeachment contra o ministro Gilmar Mendes com um leque muito maior de acusações, sem que a Folha tenha publicado nenhuma delas.

*****

O Advogado Sergio Bermudes hospeda o Ministro Gilmar Ferreira Mendes quando este vem ao Rio de Janeiro, e que já hospedou-o em outras localidades, além de fornecer-lhe automóvel Mercedes Benz com motorista.

A citada reportagem informou também que o Ministro Gilmar Ferreira Mendes recebeu de presente, do mesmo Advogado Sergio Bermudes, uma viagem a Buenos Aires, Argentina, quando deixou a presidência do Supremo Tribunal Federal no ano passado (2010). E que o presente foi extensivo à mulher do Ministro, acompanhando-os o Advogado nessa viagem.

A citada reportagem informou ainda que o referido Advogado emprega e assalaria, acima do padrão, a mulher do Ministro. Evidente que no recesso do lar pode ela interferir junto ao marido a favor dos interesses do escritório onde trabalha, e de cujo titular é amiga intima (sempre segundo a citada reportagem). É o canal de voz, direto e sem interferências, entre o Ministro e o Advogado.

*****

Vamos lá, Folha, nunca é tarde para mostrar que publica os dois lados. A pauta está aqui: Advogado não desiste e entra na Justiça contra Sarney, que arquivou impeachment de Gilmar Mendes.

Fonte: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/07/folha-ataca-toffoli-e-salva-gilmar.html

Tucano diz que Jobim, sim, sabe votar

[postado dia 27/07/2011 na fonte]

Para oposição, mais ministros de Dilma votaram em Serra

MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

na Folha.com

Ao comentar a entrevista do ministro Nelson Jobim (Defesa), líderes da oposição afirmaram acreditar que mais ministros da Esplanada tenham votado em José Serra (PSDB) na eleição de 2010. Jobim revelou ao programa “Poder e Política – Entrevista”, realizado em parceria pela Folha e pelo UOL, em Brasília, ter votado no tucano em 2010.

Para o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), alguns não devem ter a coragem que Jobim tem de revelar seu voto. “Isso demonstra que ele sabe votar, mas acho que não foi só ele não. Alguns ministros que não sejam do PT devem ter feito o mesmo”, disse.

O deputado disse ainda esperar que Dilma não retalie Jobim por sua declaração. “Seria a mesma coisa de não direcionar verba para Estados em que o PT foi derrotado”, comparou o tucano. “Isso [a revelação do voto de Jobim] mostra o amadurecimento da democracia.”

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), também acredita que outros ministros tenham votado em Serra. E disse não ter ficado surpreso com o voto de Jobim. “Todo mundo sabe das boas relações que ele tem com a oposição, com o Fernando Henrique Cardoso, com o Serra. Ele já foi ministro do Fernando Henrique”, lembrou.

Bueno também disse não acreditar que Jobim seja demitido por causa disso. “Uma equipe não é formada por quem esse votou ou deixou de votar”, afirmou.

Na entrevista publicada nesta quarta-feira, Jobim, que comandava a pasta desde o governo Lula, afirmou que a presidente sabia de sua preferência pelo tucano. Depois de se eleger e de convidá-lo para o ministério, a petista não teria mais tocado no assunto.

Além de revelar o voto em Serra, Jobim disse que o tucano teria tomado as mesmas atitudes de Dilma se tivesse vencido a eleição e fosse confrontado com escândalos como os que derrubaram os ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes).

PS do Viomundo: Alguem se surpreendeu com o voto do Jobim?

Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/tucano-diz-que-jobim-sim-sabe-votar.html

OS IDIOTAS PERDERAM A MODÉSTIA

Por Jussara Seixas

Qual foi o beneficio que o ministro Jobim obteve em declarar que votou no Serra? O que ele pretende com essa revelação abestalhada? Já escrevi e volto a repetir: há momentos em que o silêncio vale ouro. Que o Serra e toda a tucanalha são seus amigos não é novidade para ninguém. O ministro Jobim ganhou seu cargo e projeção graças ao presidente Lula. Continua sendo ministro graças à presidenta Dilma, que o manteve no cargo. Ele tem bom entendimento com os militares, com parlamentares e com o governo, como deve ser. Como disse deputado federal André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do PT, no Twitter, Jobim deve se achar a "última bolacha do pacotinho". "Deve achar que não há outro ministro de Defesa possível". O ministro Jobim de fato revelou que é um derrotado, que jogou seu voto no lixo. Havia a certeza que Serra não seria eleito, com aborto ou sem aborto, com bolinhas de papel ou não, com promessas mirabolantes ou sem elas, Serra estava fadado a mais uma derrota. O ministro Jobim que fez parte do governo Lula, e agora está no governo Dilma declarou que “os idiotas perderam a modéstia", elogiando FHC e fazendo alusão ao governo Dilma. Agora diz que votou no Serra. Parece que estava se referindo a ele mesmo quando disse que "os idiotas perderam a modéstia". O ministro Jobim deveria pedir para sair. Deveria unir-se com a oposição, fazer o que eles fazem: só criticar e tentar atrapalhar para ver se em 2014 eles voltam ao poder. O Johnbim é um tremendo cara de pau!


Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2011/07/os-idiotas-perderam-modestia.html

A Globo é previsível

Eu não entendo a Globo – ou melhor, ENTENDO! Estava criticando que o dólar só descia. Depois que o governo tomou medidas para conter a descida, ontem (27/07), no Jornal Hoje, estava falando que as medidas não afetavam o cidadão comum. No mesmo dia, no Jornal Nacional, falava que afeta o cidadão comum. E agora, no Bom dia Brasil, Mirian Leitão, a Urubóloga, destila seu veneno contra as medidas federais.

Faz parte da formação de opinião conhecer as diferentes posições, de diferentes campos políticos – não precisa nem falar de que lado a Globo tá, né?

A mais nova é não dar quase importância, no Bom Dia Brasil, para as declarações de políticos europeus que apoiaram as idéias do fundamentalista de direita e cristão que matou quase 80 pessoas na Noruega.


Leno Miranda
Ciências Sociais - UESC
PT - Partido dos Trabalhadores
Esquerda Democrática Popular - EDP
http://noticiasaesquerda.blogspot.com/

"Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.
Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu."(Waly Salomão - Câmara de Ecos)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Política e opinião na crise global

É interessante observar que os que tem, hoje, a presumida honra de serem colunistas ou editorialistas dos jornais e revistas mais tradicionais do país, precisem dizer todos os dias, a quem lhes paga: “não sou mais comunista”, “não sou mais esquerdista” , ”não sou petista” e, no casos mais típicos, “longe de mim a quarta internacional...” Especializam-se, assim, entrincheirados em espaços nobres, não somente em propagar um ódio incontido ao seu passado, mas também em diluir a atenção sobre a falência do modelo e modo de vida neoliberal -escolhido por eles como opção política- que depreda economicamente e ambientalmente o planeta.

Por Tarso Genro (*)

A crise da zona do euro, combinada com a radicalização da crise americana, põe a nu tudo que os liberais e os neoliberais construíram como “saídas” ou “reformas”, para a economia mundial, depois da queda do chamado socialismo real.

A devastação dos direitos sociais, as “petroguerras”, apelidadas - desde o enforcamento de Sadam - como ocupações em defesa da democracia, a continuidade ou estratificação da pobreza em vastas regiões do globo, a destruição dos direitos sociais na Europa, supostamente para promover a “recuperação” da economia, não tem gerado na esquerda européia mais do que perplexidades, combinadas com reações fragmentárias. A ausência de proposições alternativas, capazes de mobilizar os protestos de indignação para, com exceção da Itália, vencer os processos eleitorais em curso, só aprofunda o sentido da crise.

Aqui no Brasil, onde as coisas andam razoavelmente bem graças às políticas anticíclicas organizadas pelo presidente Lula, é importante acompanhar as colunas de economia e política dos principais jornais do país, porque elas mimetizam a tática da direita “moderada” ou “radical” na luta política nacional. É preciso acompanhar, também, as informações que circulam na internet e nas edições virtuais destes principais periódicos, lendo os comentários de leitores a respeito das informações que envolvem Lula, o PT, a crise do capitalismo e as movimentações da esquerda em geral.

As colunas continuam, na sua maioria, as mesmas: recheadas daquelas poses de quem sabe tudo, sempre soube tudo e pôde falar sempre sem contraditório, sobre qualquer assunto. Esquecem as suas defesas apaixonadas do mercado financeiro desregulado, as suas opiniões sobre a incompetência e a “grossura” de Lula, as suas previsões catastróficas sobre o Brasil e sobre a democracia, os seus prognósticos “refinados” sobre a economia mundial (“bombando”), e mantém os seus esforços em tributar a FHC a regeneração do Brasil pelo Plano Real.

Como sempre, as colunas prosseguem na desconstituição da política democrática, pela identificação desta com a corrupção. Tratam-na como uma propriedade muito brasileira omitindo, sempre, que o governo que mais combateu a corrupção no estado, seja através da Controladoria Geral da União, do Ministério da Justiça via Polícia Federal e do acionamento dos demais órgãos de controle, foi precisamente o governo Lula. Nos seus dois períodos, após a chamada crise do mensalão, nunca se atacou tanto os velhos esquemas de quadrilhas que assolavam e ainda assolam o estado brasileiro.

Para respeitar os velhos e coerentes colunistas conservadores é bom notar que os que mais se escondem em ironias, com estilos - poderia se dizer “maneirismos”- sempre dirigidos contra Lula e a esquerda, sem qualquer fundamentação que não seja a repetição da dogmática reacionária (ou do Departamento de Estado nos anos 60 ou do “tatcherismo” dos anos 70), são os que foram, ou de esquerda ou levemente progressistas algum dia.

É interessante observar que os que tem, hoje, a presumida honra de serem colunistas ou editorialistas dos jornais e revistas mais tradicionais do país, precisem dizer todos os dias, a quem lhes paga: “não sou mais comunista”, “não sou mais esquerdista” , ”não sou petista” e, no casos mais típicos, “longe de mim a quarta internacional...” Especializam-se, assim, entrincheirados em espaços nobres, não somente em propagar um ódio incontido ao seu passado, mas também em diluir a atenção sobre a falência do modelo e modo de vida neoliberal -escolhido por eles como opção política- que depreda economicamente e ambientalmente o planeta.

São preocupantes, neste contexto de intolerância, as tentativas de forçar a ilegitimação ideológica de qualquer proposta de esquerda com vocação de poder. Para esta intolerância convergem as manifestações de ódio fascista, que exalam de comentários de “leitores” através da “internet”, repetidos à exaustão, que não são críticas normais na democracia, mas ofensas graves e duras manifestações de ódio de classe, contra personalidades e partidos de esquerda.

O próprio PSOL, que radicalizou um discurso tipicamente moralista na época do mensalão, foi homenageado todos os dias pela grande imprensa, pelo simples fato que ele batia em Lula e promovia o desgaste do governo. Tudo porque Lula foi, como é Dilma atualmente -com todas as nossas imperfeições- a esquerda concreta no poder. A esquerda que retirou o país da crise, com políticas que transitaram da ortodoxia monetarista para o desenvolvimentismo com perspectivas de sustentabilidade.

Hoje, o aguçamento e a radicalização da luta de classes, que caracterizou os grandes confrontos do século XX, migrou dos partidos de esquerda, integrados no Estado Democrático de Direito, para os colunistas e “blogs” dos grandes diários e revistas do país. Alguns deles estão desesperados pelo naufrágio do modelo rentista sem trabalho, cuja sustentação, no espaço mundial, é feita pelas agências e consultorias privadas. Outros, estão sendo apenas mais realistas do que seus próprios reis, com a sua virulência provocativa, para dissolver (como se precisasse) o seu passado de esquerda ou “esquerdista”.

Tal estratégia midiática dá a impressão que, fraudados pela decomposição econômica do festim neoliberal -promovido pela especulação financeira global- estes cérebros que apoiaram e promoveram a propaganda contra a economia produtiva e o rendimento com trabalho, agora precisam purgar, no ódio contra alguém, a evidência do seu fracasso. Assim, passam a promover uma espécie de “espírito de bolsonaro” na política, contra os seus adversários de esquerda. Estes, agora, inimigos que devem ser eliminados da cena pública, no momento que a crise se aprofunda e que a regência do capital financeiro prepara o assalto final ao que restou do Estado Social de Direito.

No romance “Um campo vasto” de Günter Grass, que tem como pano de fundo a reunificação da Alemanha, um padre num sermão de casamento, ao defender a fé católica faz a pergunta: “E, por outro lado, a nova fé -desta vez a fé na onipotência do dinheiro- não é barata e mesmo assim de alto valor cambial?” . Um dos convidados exclama: “Estamos fartos de assuntos desagradáveis”. Deve ser por isso que os liberais e neoliberais não estão nos brindando com as suas profundas análises das benesses do capitalismo globalizado, como expressão do humanismo e do progresso. Deve ser, para eles, um assunto muito desagradável!

Mensalão e formação da opinião

Não é correto dizer que o chamado “mensalão” foi um artifício engendrado pela mídia para derrubar Lula. Aliás, a sua “metodologia” começou em Minas, com o PSDB e provavelmente foi a expressão mais completa da decadência do sistema político, ainda em vigência, que envolve o financiamento privado das campanhas e a formação de alianças não programáticas, fundadas nas necessidades imediatas de governabilidade.

É de notar, porém, que o PSDB não padece de nenhum desgaste em relação ao “mensalão” –seu desgaste é originário de outros motivos- pois os males do mesmo ficaram totalmente concentrados no petismo.

Contudo é correto afirmar que, independentemente de que tenham ocorrido ilegalidades que não são novas em qualquer processo eleitoral - as quais devem ser apuradas e punidas, se provadas- o chamado “mensalão” abriu a possibilidade de um golpe político. Ele seria feito através do “impedimento” presidencial, aventura que teve acolhida de uma parte da mídia, dos setores mais obscurantistas no Congresso Nacional e que transitou, fortemente, pela direita da OAB Federal. O namoro com o golpismo seduziu uma boa parte dos Conselheiros vinculados ao PFL, na época, e ao PSDB. Felizmente, para o Brasil, a maioria do Conselho não embarcou no confronto.

A tentativa de destruição do PT naquela oportunidade, com a incriminação em abstrato de toda a comunidade partidária, a tentativa de responsabilizar diretamente o Presidente - o que, diga-se de passagem não foi feito contra FHC na mais grave sabotagem à Constituição depois do golpe de 64, a compra de votos para a reeleição -, gerou uma pesada sectarização da luta política.

Observemos agora as denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes – DNIT. Provavelmente sejam misturadas pela mídia denúncias verdadeiras, conclusões pessoais de jornalistas e equívocos a respeito da correção nos preços dos contratos, que, de resto, são previstas em lei e são comuns em todas as administrações públicas.

O que se vê, porém, é uma incriminação geral de todas as pessoas que passaram ou que estão no Ministério dos Transportes – DNIT, sem qualquer tipo de preocupação de separar aquilo que é ilegal, irregular, ou corrupção, do que é um procedimento normal feito em todos os governos, pelo menos ao longo dos últimos trinta anos.

É muito importante a denúncia de atos de corrupção feita por qualquer órgão de imprensa independentemente da sua maior ou menor adversidade com o governo. Mas estas denúncias, em nosso país, transformam-se , na verdade, em denúncias aos políticos em bloco, o que surte dois efeitos: ajuda os corruptos a se abrigarem numa comunidade indeterminada e intimida as pessoas de bem, que estão no poder público, para colaborarem na apuração dos fatos, porque todos são colocados como suspeitos. Quem já passou pelo poder público sabe, também, que algumas denúncias às vezes são falsas. São feitas por empresas “perdedoras” de licitações, utilizando, de boa ou má fé, os órgãos de imprensa que também agem de boa ou má fé.

O tipo de cruzada moral que tem sido feita no país tem gerado uma profunda sectarização do debate político, como ocorreu durante todo o governo Lula e como está ocorrendo no governo Dilma, contra o PT e contra a esquerda. E como não foi feito no governo FHC, contra o PSDB, contra a direita e a centro-direita.

Esta sectarização, portanto, reflete em todo o processo político: de uma parte, na perda de credibilidade de alguns órgãos de imprensa importantes para o país, que já são vistos “in limine”, com suspeição pela maioria da sociedade, em qualquer denúncia, “quente” ou “fria” que fazem; e, de outra, na formação de um ódio antipetista, em parte da classe média brasileira, que reage com uma irracionalidade fascista ao Partido, lembrando os momentos mais duros da “guerra fria”. Isso pode ser observado pelos comentários através da “internet”, do que chamei atrás de “espírito de bolsonaro”, onde o apelo à violência física contra petistas - incitação ao crime, portanto - são frequentes.

O verdadeiro “concurso” de denúncias que cerca cada ilegalidade imputada aos políticos do país, numa espiral ascendente que chega ao paroxismo, por um lado é subproduto do mensalão, como impulso da disputa pelo mercado de leitores na grande mídia e, de outro, é a perda de certos parâmetros éticos do jornalismo investigativo.

Para a maioria destes profissionais, não importa as eventuais injustiças ou graves lesões pessoais ou familiares que as denúncias infundadas causam. O que interessa é a espetaculosidade. É a desmoralização de políticos, que rende muitos leitores e prestígio pessoal para quem “descobre” o escândalo, verdadeiro ou não, e que está se lixando para os efeitos destrutivos das suas acusações.

Luis Gushiken que o diga, depois de oito anos de exposição brutal na mídia, como corrupto, agora é finalmente inocentado pelo próprio Ministério Público. Nenhuma indenização pagará as humilhações sofridas por ele e pela sua família, ao longo do calvário midiático a que ele foi impiedosamente submetido.

Inclusive a Procuradoria Geral da Republica não ficou imune a esta sectarização. O dr. Gurgel, a quem reputo qualidades morais e saber jurídico destacado, ao apresentar suas razões ao Supremo Tribunal Federal, no processo do mensalão - recentemente - imputa delitos ao ex-ministro José Dirceu, que ele teria cometido em favor de um “projeto de poder partidário”. Assim, os eventuais delitos de José Dirceu são um projeto de poder para o PT, no âmbito da formação de uma quadrilha, que promoveu tais delitos, representando toda a comunidade partidária. Esta acusação, que atinge em abstrato toda a comunidade política do petismo e a ofende gravemente, está inoculada pelo vírus da radicalização midiática, que lastimavelmente envolveu, neste particular, o mais importante e digno fiscal da lei no país.

Todos sabem das divergências de fundo e de forma que tenho com o ex-ministro José Dirceu, ao longo do nosso convívio no interior do partido. Suponho, porém, que com este arroubo acusatório generalizado ao PT, de parte do Procurador Gurgel - não encontrei ninguém no Partido que não se sentisse gravemente ofendido - o que fica de conclusivo é que o Ministério Público não reunindo provas suficientes para condenar o ex-Ministro transita, agora, para a incriminação de toda a comunidade partidária. Como se não bastasse o que já foi feito por grande parte da mídia tradicional.

Para terminar, novamente Günter Grass. No mesmo livro já citado, o grande escritor narra o relatório de um espião da Stasi, cujo conteúdo referia que um certo cidadão fora visto remando nas águas do Elba, “dizendo poemas não-revolucionários”. É mais ou menos como nós, do PT, ficamos em relação ao projeto de “poder partidário”, analisado pelo Procurador Gurgel. À semelhança do cidadão “contra-revolucionário”, incriminado pela Stasi através de uma uma dialética negativa (dizer poemas “não-revolucionários”), vamos ser absolvidos ou condenados juntos com o ex-Ministro José Dirceu. Mesmo não participando do processo penal e não usufruindo do sagrado direito de defesa.

Nós, como comunidade petista indeterminada, vamos ser absolvidos “por tabela”, se ele não cometeu o delito, mesmo “não” estando juntos (no caso da sua absolvição); ou vamos ser condenados também “por tabela” por “não” impedi-lo de cometer o delito (no caso da sua condenação), também mesmo não estando juntos.

O que não deixa de ser dolorosamente kafkiano e amargamente antidemocrático.

(*) Tarso Genro é governador do Rio Grande do Sul.