terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Wall Street contra os pobres e a classe média

Wall Street não acabou conosco quando os "banksters" venderam os seus derivativos fraudulentos aos nossos fundos de pensão, arruinaram as perspectivas de empregos e planos de aposentadoria dos americanos, asseguraram um resgate de US$ 700 bilhões às expensas dos contribuintes enquanto arrestavam os lares de milhões de americanos e sobrecarregavam o balanço do Federal Reserve com vários milhões de milhões de dólares em papel financeiro lixo em troca de dinheiro recém criado para escorar os balanços dos bancos.

O efeito da “flexibilização quantitativa” do Federal Reserve sobre a inflação, as taxas de juro e o valor cambial do dólar ainda está para nos atingir. Quando o fizer, os americanos obterão uma lição do que é a pobreza.

As oligarquias dominantes atacaram novamente, desta vez através do orçamento federal. O governo dos EUA tem um enorme orçamento militar e de segurança. Ele é tão grande quanto os orçamentos do resto do mundo somados. Os orçamentos do Pentágono, da CIA e da Segurança Interna representam US$1,1 trilhão do déficit federal que a administração Obama prevê para o ano fiscal de 2012. Este gasto deficitário maciço serve apenas a um único propósito – o enriquecimento de companhias privadas que servem o complexo militar/securitário. Estas companhias, juntamente com aquelas da Wall Street, são quem elege o governo dos EUA.

Os EUA não têm inimigos exceto aqueles que os próprios EUA criam ao bombardearem e invadirem outros países e pela derrubada de líderes estrangeiros e instalação de fantoches americanos no seu lugar.

A China não efetua exercícios navais ao largo da costa da Califórnia, mas os EUA efetuam jogos de guerra junto às suas costas no Mar da China. A Rússia não concentra tropas nas fronteiras da Europa, os EUA instalam mísseis nas fronteiras da Rússia. Os EUA estão determinados a criar tantos inimigos quanto possível a fim de continuar a sangrar a população americana para alimentar o voraz complexo militar/securitário.

O governo dos EUA gasta realmente US$ 56 bilhões por ano a fim de que os americanos que viajam de avião possam ser rastreados e tateados de modo a que firmas representadas pelo antigo secretário da Segurança Interna Michael Chertoff possam ganhar grandes lucros vendendo o equipamento de rastreamento (scanning).

Com um déficit orçamentário perpétuo conduzido pelo desejo de lucros do complexo militar/securitário, a causa real do enorme déficit do orçamento dos EUA está fora dos limites para discussão.

O secretário belicista da Guerra, Robert Gates, declarou: “Se evitarmos as nossas responsabilidades da segurança global é sob o nosso risco”. As altas patentes militares advertem contra o corte de qualquer dos milhares de milhões de ajuda a Israel e ao Egito, dois dos funcionários da sua “política” para o Médio Oriente.

Mas o que são as “nossas” responsabilidades globais de segurança? De onde vieram? Por que a América ficaria em perigo se cessasse de bombardear e invadir outros países e de interferir nos seus assuntos internos? Os riscos que a América enfrenta são criados por ela própria.

A resposta a esta pergunta costumava ser que do contrário seríamos assassinados nas nossas camas pela “conspiração comunista mundial”. Hoje a resposta é que seremos assassinados nos nossos aviões, estações de comboios e centros comerciais por “terroristas muçulmanos” e por uma recém criada ameaça imaginária – “extremistas internos”, isto é, manifestantes contra a guerra e ambientalistas.

O complexo militar/securitário dos EUA é capaz de criar qualquer número de invencionices (false flag) a fim de fazer com que estas ameaças pareçam reais para um público cuja inteligência é limitada à TV, experiências em centros comerciais e jogos de futebol.

Assim, os americanos estão atolados em enormes déficits orçamentários que o Federal Reserve deve financiar imprimindo dinheiro novo, dinheiro que mais cedo ou mais tarde destruirá o poder de compra do dólar e o seu papel como divisa de reserva mundial. Quando o dólar se for, o poder americano também irá.

Para as oligarquias dominantes, a questão é: como salvar o seu poder.

A sua resposta é: fazer o povo pagar.


E isso é o que o seu mais recente fantoche, o presidente Obama, está a fazer.

Com os EUA na pior recessão desde a Grande Depressão, uma grande recessão que John Williams e Gerald Celente, assim como eu próprio, afirmaram estar a aprofundar-se, o “orçamento Obama” tem como objetivo programas de apoio para os pobres e os desempregados. As elites americanas estão se transformando em idiotas quando procuram replicar na América as condições que levaram às quedas de elites analogamente corruptas na Tunísia e no Egito e a desafios crescentes aos demais governos fantoches.

Tudo o que precisamos é de uns poucos milhões mais de americanos sem nada a perder a fim de trazer as perturbações no Médio Oriente para dentro da América.

Com os militares estadunidenses atolados em guerras lá fora, uma revolução americana teria ótima oportunidade de êxito.

Políticos americanos têm de financiar Israel pois o dinheiro retorna em contribuições de campanha.

O governo dos EUA deve financiar os militares egípcios para haver alguma esperança de transformar o próximo governo egípcio em outro fantoche americano que servirá Israel pelo bloqueio contínuo dos palestinos arrebanhados no gueto de Gaza.

Estes objetivos são, de longe, mais importantes para a elite americana do que o Pell Grants que permite a americanos pobres obterem educação, ou água limpa, ou block grants comunitários, ou o programa de assistência em energia aos baixos rendimentos (cortado na mesma quantia em que os contribuintes americanos são forçados a dar a Israel).

Também há US$7.7 bilhões de cortes no Medicaid e outros programas de saúde ao longo dos próximos cinco anos.

Dada a magnitude do déficit orçamentário dos EUA, estas somas são uma ninharia. Os cortes não terão qualquer efeito sobre as necessidades de financiamento do Tesouro. Eles não interromperão a necessidade de imprimir dinheiro do Federal Reserve a fim de manter o governo dos EUA em operação.

Estes cortes servem apenas uma finalidade: reforçar o mito do Partido Republicano de que a América está em perturbação econômica por causa dos pobres. Os pobres são preguiçosos. Eles não querem trabalhar. A única razão porque o desemprego é alto é que os pobres preferem confiar no estado previdência.

Um novo acréscimo ao mito do estado previdência é que membros da classe média saídos recentemente de faculdades não querem os empregos que lhes são oferecidos porque os seus pais têm demasiado dinheiro e os rapazes gostam de viver em casa sem terem de fazer nada. Uma geração mimada, eles saem da universidade recusando qualquer emprego que não seja para começar como executivo principal de uma companhia da Fortune 500. A razão porque licenciados em engenharia não conseguem entrevistas de emprego é que não os querem.

Tudo isto leva a um assalto aos “direitos adquiridos”, o que significa Segurança Social e Medicare. As elites programaram, através do seu controle dos media, uma grande parte da população, especialmente os que se consideram conservadores, a assimilar o conceito de “direitos adquiridos” ao de estado-previdência. A América está indo para o inferno, não por causa de guerras externas que não servem qualquer objetivo americano, mas porque o povo, que durante toda a sua vida pagou 15% das suas remunerações para pensões de velhice e cuidados médicos, quer “dádivas” nos seus anos de aposentadoria. Por que estas pessoas egocêntricas pensam que trabalhadores americanos deveriam ser forçados através de contribuições sobre remunerações a pagar as pensões e cuidados médicos dos afastados do trabalho? Porque os afastados não consomem menos e preparam a sua própria aposentadoria?


A linha da elite, e a dos seus porta-vozes contratados em “think tanks” e universidades, é de que a América está perturbada devido aos aposentados. Demasiados americanos tiveram os seus cérebros lavados a fim de acreditar que a América está em perturbação por causa dos seus pobres e aposentados. A América não está perturbada porque coage um número decrescente de contribuintes a suportarem os enormes lucros do complexo militar/securitário, governos fantoche americanos lá fora e Israel.

A solução da elite americana para os problemas da América não é simplesmente arrestar as casas dos americanos cujos empregos foram exportados, mas aumentar o número de americanos aflitos com nada a perder, de doentes, afastados do trabalho e privados de tudo e de licenciados das universidades que não podem encontrar os empregos que foram enviados para a China e a Índia.


De todos os países do mundo, nenhum necessita uma revolução tão urgentemente quanto os Estados Unidos, um país dominado por um punhado de oligarcas egoístas que têm mais rendimento e riqueza do que pode ser gasto durante toda uma vida.

[*] Ex-editor do Wall Street Journal e ex-secretário assistente do Tesouro dos EUA. Seu livro mais recente, HOW THE ECONOMY WAS LOST , acaba de ser publicado pela CounterPunch/AK Press.
e-mail: PaulCraigRoberts@yahoo.com

O original encontra-se em: "A Tool for Class War". Este artigo encontra-se em: Resistir.info

Fonte: http://ecoepol.blogspot.com/2011/02/wall-street-contra-os-pobres-e-classe.html

PETROBRAS: RENTISTAS CONTRA O INVESTIMENTO

A crítica dos ‘mercados' ao programa de investimentos da Petrobrás (US$ 224 bilhões até 2014), e sobretudo a decisão da empresa de construir cinco novas refinarias no país (US$ 73,6 bi), não se resume a um conflito paroquial entre governo e oposição. Trata-se, na verdade, de mais um embate entre a lógica financista que motivou as tentativas de privatizar a empresa, no governo FHC, e as políticas soberanas de investimento resgatadas pelo governo Lula, mas nunca digeridas pelo mercadismo e seus ventríloquos na mídia. A campanha contra a regulação soberana do pré-sal e a capitalização da empresa para arcar com a exploração das novas reservas é parte desse jogral da turma do cassino que gosta de jogo rápido e dinheiro na mão (deles). O país pode esperar. A pressão atual contra o investimento é diretamente proporcional à ganância dos acionistas pela captura dos lucros da empresa. A lógica é simples: o lucro canalizado para a expansão produtiva não será distribuído aos acionistas, leia-se, grandes investidores, bancos, fundos e mega-interesses internacionalizados. Graças a FHC, hoje 40% das ações da empresa estão nas mãos de capitais estrangeiros, sem qualquer compromisso com o país. Personagens típicos da era da financeirização, eles materializam o imediatismo rentista. O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, recusa-se a administrar o patrimonio soberano do pré-sal pautado pela ganância infecciosa que levou o mundo à maior crise capitalista desde 1929: "Não investir em refinarias neste momento é suicídio a longo prazo", diz ele para completar: "o país está no limite do refino e há um crescimento exponencial (da oferta no horizonte)... se a empresa não der prioridade a seus investimentos, nos próximos anos terá que exportar petróleo e importar derivados", arremata. Talvez seja isso mesmo que os críticos almejam: transformar a Petrobrás numa Vale do Rio Doce. A mineradora decidiu distribuir US$ 4 bilhões aos acionistas em 2011, mas se recusa a investir US$ 1,5 bi numa fábrica de trilhos no país. Exportamos ferro bruto para a China; importamos trilhos chineses para as ferrovias do Brasil.

(Carta Maior, 3º feira, 22/02/2011)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A emergência das ruas no xadrez do Oriente Médio Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen, Bahrein...

A VEZ DO BALNEÁRIO QUE SERVE
DE ESTACIONAMENTO À 5º FROTA

Enquanto tenta por todos os meios, inclusive mas não apenas pelo Twiter, semear um levante popular no Irã, em contrapeso à derrocada do ditador amigo, Hosni Mubarak, no Egito, o Departamento de Estado norte-americano vê balançar outra peça da coleção de déspotas e tiranias amigas no Oriente Médio. As luzes da mídia conservadora estão sendo obrigadas a descascar um novo porco-espinho de direitos humanos e direitos democráticos chamado Bahrein.. O arquipélago estrategicamernte localizado no Golfo Pérsico, a leste da Arábia Saudita, tem um primeiro-ministro, xeque Khalifa bin Salman Al Khalifa, que está no cargo há apenas 40 anos, não permite vida partidária, nem legislativa. Na verdade, o rei Hamad bin Isa Al Khalifa. não dá um piu no seu reino sem consultar o comando da 5º Frota, que faz do Bahrein uma das mais importantes cabeças-de-ponte do controle norte-americano sobre o fluxo de petróleo na região. Não por acaso, em 2008, George Bush, em visita ao rei, ou à 5º Frota, tanto faz, classificou o lugar, digamos assim, como o mais importante aliado militar dos EUA fora da OTAN. Nas manifestações democráticas dos últimos dias, o regime do ' mais importante aliado' já matou três opositores e feriu centenas de outros. A ver
(Carta Maior, 6º feira, 18/02/2011)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

FSM: Não se pode trocar neoliberalismo por nacionalismo atrasado, diz Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do Fórum Social Mundial uma postura firme diante da posição dos países ricos em relação à África. “Penso que o fórum deveria tomar uma decisão: não é possível que o mundo rico não assuma um compromisso com o Continente Africano, exatamente no momento em que o preço dos alimentos sobe no mundo inteiro. Não pensem que o G20 tem sensibilidade para o problema da fome. Só fomos chamados para reuniões com os países ricos quando eles entraram em crise e precisavam do nosso apoio”, afirmou Lula.

Lula ganhou aplausos dos representantes dos movimentos sociais que lotaram o auditório, entre eles muitos brasileiros, ao dizer que acha que “não faz sentido que FMI [Fundo Monetário Internacional] e Banco Mundial imponham ajustes que inviabilizem políticas públicas de incentivo à agricultura em países pobres”.

Também foi saudado ao afirmar que é cada vez mais forte a consciência de que fracassou o chamado Consenso de Washington (conjunto de medidas pactuadas em 1989 por organismos financeiros multilaterais, como FMI e Banco Mundial, que serviu de base para políticas de estabilização econômica de países em desenvolvimento). “Quem, com arrogância, nos dava lições, não foi capaz de evitar a crise nos seus próprios países. Felizmente não vigoram mais as teses do Estado mínimo, sem presença reguladora. O mercado já não é mais a panaceia”.

Lula completou dizendo que não se pode trocar o neoliberalismo pelo “nacionalismo atrasado, opção da direita americana e europeia, culpando o imigrante pela corrosão social”.

Lula participou de uma mesa sobre o peso geopolítico da África, ao lado do presidente de Senegal, Abdoulaye Wade. “O Brasil não tem pretensão de ditar modelos para ninguém”. Mas, segundo ele, “nosso êxito pode ser um estímulo para a construção de um caminho alternativo ao desenvolvimento sustentável e igualidade social”.

“É hora de colocar o desenvolvimento e a democracia no centro da agenda africana”, afirmou o ex-presidente. “É urgente incorporar à cidadania milhões de africanos pobres, o que será importante também na recuperação da economia mundial”. A saída, segundo ele, é produzir alimentos. “Não há soberania efetiva sem segurança alimentar”.

Lula disse que leva ao fórum a mensagem de quem governou o país com a segunda maior comunidade negra do mundo (80 milhões de pessoas), menor apenas que a da Nigéria. Repetiu o pedido de desculpas feito quando da primeira visita ao Senegal, em 2005, por causa do processo de escravidão ocorrido no Brasil até o fim do século XIX. “A melhor maneira de reparar é lutar para fazer desse Continente um dos mais prósperos e justos do século XXI”.

Na sequência, o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou ter “profundos desacordos” com os participantes do fórum porque é “um liberal, partidário da economia de mercado, e isso diz tudo". Entretanto, afirmou, o Fórum Social é importante porque “o mundo espera pela ideia que o salvará do caos”.

Presidente desde 2000, Wade afirmou que o Senegal melhorou muito desde então. “A renda per capita era de menos de U$ 1,5 mil em 1999. Hoje é de 1,34 mil dólares, duas vezes e meia o limite da pobreza”. O país também é autossuficiente na produção de alimentos.

“A aspiração à mudança é fundamental. E hoje a África está numa encruzilhada. A imagem é de continente pobre, mas é preciso corrigir essa ideia. Ela não é pobre - foi empobrecida”, sentenciou o presidente do Senegal. Wade disse que apoia a proposta de taxação do fluxo de capitais em 20%, o que geraria recursos para combater a pobreza. E defendeu que a África tenha um assento com direito a veto no Conselho de Segurança das ONU. “70% dos temas tratados [no conselho] são relativos à África”, disse o presidente senegalês.


Fonte: http://operamundi.uol.com.br/noticias_ver.php?idConteudo=9466

América Latina e África criticam neoliberalismo no Fórum Social Mundial

A busca de alternativas ao neoliberalismo e a luta contra a especulação da terra são alguns dos pontos que unem os movimentos sociais de América Latina e África no Fórum Social Mundial, realizado este ano em Dacar,no Senegal.

"Há muitos pontos em comum entre a América Latina e a África", disse nesta quarta-feira (09/02) Nivaldo Santana, deputado estadual de São Paulo e vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Entre esses pontos, Santana citou a busca de políticas alternativas ao neoliberalismo e de formas de enfrentar o fenômeno de compra de grandes extensões de terra cultiváveis por multinacionais, fundos de investimento ou até mesmo outros países. "Uma das reformas estruturais que defendemos no Brasil é a agrária", afirmou.

Santana ressaltou que a concentração da terra e a mecanização da produção "acabam dificultando a transformação do campo para gerar uma maior renda e mais emprego".

Na África, o fenômeno da especulação da terra está criando uma insegurança alimentar, já que as grandes explorações se dedicam a cereais e produtos para a exportação, com o que se reduz a produção de alimentos para o mercado nacional.

Na segunda-feira (07/02), o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no fórum que a África conseguirá sua independência em relação à segurança alimentar.

Também no Fórum Social Mundial, a organização internacional de pequenos agricultores Via Campesina alertou nesta quarta-feira sobre este processo e, em entrevista coletiva, Ibrahim Coulibaly, representante desta organização, ressaltou que países árabes, China e fundos de investimento estão por trás de muitas dessas aquisições na África.

Alguns dos principais exemplos estão em Uganda, que cedeu 2% do território ao Egito para o cultivo de cereais; em Madagascar, com 30% ou 1,3 milhão de hectares vendidos à Coreia do Sul. No Senegal, a Arábia Saudita possui 200 mil hectares, segundo Coulibaly. "Este fenômeno é extremamente grave", disse o representante da Via Campesina, ao ressaltar que estas grandes explorações destroem o emprego e o meio de vida do pequeno camponês. "Os Estados devem ser conscientes que devem regular os mercados e proteger o seu abastecimento de alimentos", destacou.

"Se for demonstrada confiança nos camponeses, a África não será o continente da fome", disse Coulibaly, ao acrescentar que "é preciso dizer aos políticos que é necessário apoiar a agricultura familiar".

Ndiakhate Fall, da Via Campesina no Senegal, expôs os prejuízos no continente das sementes e dos cultivos geneticamente modificados, sobre os quais previu que "não resolverão a crise alimentar".

Os países africanos vivem "um despertar" ao questionar as receitas ocidentais e ao mesmo tempo buscar "um desenvolvimento endógeno e de ruptura com a dependência e o intervencionismo", disse Carles Riera, da Agência Catalã de Cooperação ao Desenvolvimento (Ciemen).

David Minoves, da Fundação Josep Irla, se referiu ao "desencanto com as políticas de desenvolvimento dos países ocidentais, que faz com que se questionem suas receitas e se replantem as propostas".

Já para Riera, as "emergências da sociedade civil" possibilitaram as revoltas na Tunísia e no Egito.


Fonte: http://operamundi.uol.com.br/noticias/AMERICA+LATINA+E+AFRICA+CRITICAM+NEOLIBERALISMO+NO+FORUM+SOCIAL+MUNDIAL_9535.shtml

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Declina a influência do Ocidente

No mundo árabe, os Estados Unidos e seus aliados apoiaram com regularidade radicais islâmicos, às vezes para prevenir a ameaça de um nacionalismo secular. Um exemplo conhecido é a Arábia Saudita, centro ideológico do Islã radical (e do terrorismo islâmico). Outro em uma longa lista é Zia ul-Haq, favorito do ex-presidente Ronald Reagan e o mais brutal dos ditadores paquistaneses, que implementou um programa de islamização radical (com financiamento saudita). O artigo é de Noam Chomsky.




O mundo árabe está em chamas, informou a Al Jazeera no dia 27 de janeiro, enquanto os aliados de Washington perdem rapidamente influência em toda a região. A onda de choque foi posta em movimento pelo dramático levante na Tunísia que derrubou um ditador apoiado pelo Ocidente, com reverberações, sobretudo no Egito, onde os manifestantes enfrentaram a polícia de um ditador brutal. Alguns observadores compararam os acontecimentos com a queda dos domínios russos em 1989, mas há importantes diferenças.

Uma diferença crucial é que não existe um Mikhail Gorbachov entre as grandes potências que apoiam os ditadores árabes. Ao invés disso, Washington e seus aliados mantem o princípio bem estabelecido de que a democracia é aceitável só na medida em que se conforme a objetivos estratégicos e econômicos: ela é magnífica em território inimigo (até certo ponto), mas em nosso quintal, a menos que possa ser domesticada de forma apropriada.

Uma comparação com 1989 tem certa validade: Romênia, onde Washington manteve seu apoio a Nicolae Ceausescu, o mais cruel dos ditadores europeus, até que a aliança se tornou insustentável. Depois, Washington aplaudiu sua derrubada, quando se apagou o passado. É uma pauta típica: Ferdinando Marcos, Jean-Claude Duvalier, Chun Doo Hwan, Suharto e muitos outros gangsteres úteis. Pode estar em marcha no caso de Hosni Mubarak, junto com esforços de rotina para assegurar-se de que o regime sucessor não se desviará muito da senda apropriada.

A esperança atual parece residir no general Omar Suleiman, leal a Mubarak e recém nomeado vice-presidente do Egito. Suleiman, que durante muito tempo encabeçou os serviços de inteligência, é desprezado pelo povo rebelde quase tanto como o próprio ditador. Um refrão comum entre os especialistas é que o temor de um Islã radical requer uma oposição à democracia em bases pragmáticas. Mesmo que possa ter algum mérito, a formulação induz ao erro. A ameaça geral sempre foi a independência. No mundo árabe, os Estados Unidos e seus aliados apoiaram com regularidade radicais islâmicos, às vezes para prevenir a ameaça de um nacionalismo secular. Um exemplo conhecido é a Arábia Saudita, centro ideológico do Islã radical (e do terrorismo islâmico). Outro em uma longa lista é Zia ul-Haq, favorito do ex-presidente Ronald Reagan e o mais brutal dos ditadores paquistaneses, que implementou um programa de islamização radical (com financiamento saudita).

O argumento tradicional que se esgrime dentro e fora do mundo árabe é que não está ocorrendo nada, tudo está sob controle, como assinala Marwan Muasher, ex-funcionário jordaniano e atual diretor de investigação sobre Oriente Médio da Fundação Carnegie. Com essa linha de pensamento, as forças consolidadas sustentam que os opositores e estrangeiros que demandam reformas exageram as condições no terreno.

Portanto, o povo sai sobrando. A doutrina remonta a muito atrás e se generaliza no mundo inteiro, incluindo o território nacional estadunidense. Em caso de perturbação podem ser necessárias mudanças de tática, mas
sempre com vista a recuperar o controle.

O vibrante movimento democrático da Tunísia foi dirigido contra um Estado policial com pouca liberdade de expressão ou associação e graves problemas de direitos humanos, encabeçado por um ditador cuja família era odiada por sua venalidade. Essa foi a avaliação do embaixador estadunidense Robert Godec em um telegrama de julho de 2009, filtrado por Wikileaks.

Portanto, para alguns observadores os “documentos (de Wikileaks) devem criar um cômodo sentimento entre o público estadunidense de que os funcionários não estão dormindo no posto”, ou seja, os telegramas escoram de tal maneira as políticas estadunidenses que é quase como se o próprio Obama os tivesse filtrando (como escreve Jacob Heilbrunn, em The National Interest).

Os EUA devem dar uma medalha a Assange, assinala um analista do Financial Times. O chefe de analistas de política externa, Gideon Rachman, escreve que a política externa estadunidense se desenha de forma ética, inteligente e pragmática e que a postura adotada publicamente pelos EUA sobre um tema dado é, em geral, a mesma postura mantida privadamente. Segundo este ponto de vista, Wikileaks enfraquece a posição dos teóricos da conspiração que questionam os nobres motivos que Washington proclama com regularidade.

O telegrama de Godec apoia estes juízos, ao menos se não olhamos mais longe. Se fazemos isso, como reporta o analista político Stephen Zunes em Foreign Policy in Focus, descobrimos que, com a informação de Godec em mãos, Washington proporcionou 12 milhões de dólares em ajuda militar a Tunísia. Na verdade, a Tunísia foi um dos cinco únicos beneficiários estrangeiros: Israel (de rotina), Egito, Jordânia – ditaduras do Oriente Médio – e Colômbia, que há muito tempo tem a pior história de direitos humanos e recebe a maior ajuda militar estadunidense no hemisfério.

A prova A de Heilbrunn é o apoio árabe às políticas estadunidenses dirigidas contra o Irã, conforme mostram os telegramas divulgados. Rachman também se serve deste exemplo, como fizeram os meios de comunicação em geral, para elogiar estas alentadoras revelações. As reações ilustram o quão profundo é o desprezo pela democracia entre certas mentes cultivadas.

O que não se menciona é o que pensa a população...o que se descobre com facilidade. Segundo pesquisas divulgadas em agosto de 2010 pela instituição Brookings, alguns árabes estão de acordo com Washington e com os comentaristas ocidentais no sentido de que o Irã é uma ameaça: 10 por cento. Em contraste, consideram que Estados Unidos e Israel são as maiores ameaças (77 e 88%, respectivamente).

A opinião árabe é tão hostil às políticas de Washington que uma maioria (57%) pensa que a segurança regional melhoraria se o Irã tivesse armas nucleares. Ainda assim, não ocorre nada, tudo está sob controle (como Marwan Muasher descreve a fantasia dominante). Os ditadores nos apoiam: podemos esquecer-nos de seus súditos...a menos que rompam suas cadeias, o que exigiria ajustar a política.

Outras revelações também parecem apoiar os juízos entusiastas sobre a nobreza de Washington. Em julho de 2009, Hugo Llores, embaixador dos EUA em Honduras, informou Washington sobre uma investigação da embaixada relativa a “aspectos legais e constitucionais em torno da remoção forçada do presidente Manuel Mel Zelaya, em 28 de junho”. A embaixada concluiu que não há dúvida de que os militares, a Suprema Corte e o Congresso Nacional conspiraram em 28 de junho, no que representou um golpe ilegal e anticonstitucional contra o poder Executivo.

Muito admirável, exceto pelo fato de que o presidente Obama rompeu com quase toda América Latina e Europa ao apoiar o regime golpista e desculpar as atrocidades posteriores.

Talvez as revelações mais surpreendentes de Wikileaks tenham a ver com o Paquistão, investigadas pelo analista em política externa Fred Branfman, em Truthdig. Os telegramas revelam que a embaixada estadunidense está bem consciente de que a guerra de Washington no Afeganistão e no Paquistão não só intensifica o sentimento anti-EUA, mas também cria o risco de desestabilizar o Estado paquistanês e inclusive coloca a ameaça do pesadelo final: as armas nucleares poderiam cair em mãos de terroristas islâmicos.

Uma vez mais, as revelações devem criar um sentimento tranquilizador de que os funcionários não estão dormindo no posto (nas palavras de Heilbrun), enquanto Washington marcha inexoravelmente para o desastre.

Tradução: Katarina Peixoto


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17367

Governo encaminhará ao Congresso política de valorização do mínimo

O governo deverá encaminhar ao Congresso Nacional um projeto de valorização do salário mínimo até 2014. Segundo o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, essa política de valorização do mínimo seguirá os moldes da atual, de reajustá-lo com base na variação da inflação do ano anterior mais a do Produto Interno Bruto (PIB), registrada nos dois últimos anos.

Luiz Sérgio disse que o envio desse projeto será acertado com os líderes da Câmara e do Senado. A primeira reunião com os líderes da Câmara está marcada para amanhã (8). O projeto inicial, enviado ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, estabelecia a política de valorização do mínimo até 2023. Mas o acordo feito com as centrais sindicais alterou a data e estabeleceu que essa forma de reajuste vale até 2011, quando deve ser revista.

“As centrais sindicais sempre fizeram questão de enfatizar que a política atual foi acertada”, disse Luiz Sérgio ao sair de reunião da coordenação política no Palácio do Planalto.

O ministro afirmou que não há outra alternativa, caso o Congresso rejeite a proposta do governo. “Trabalhamos na linha de confiança. A base [governista] compreenderá que, para o país, ter uma política de valorização do salário mínimo é mais importante do que um reajuste maior”, comentou.

O ministro também afirmou que o governo não trabalha com a possibilidade de antecipação de reajuste de 2012 para este ano, para que o valor tenha um aumento maior do que os R$ 545 previstos. “Se temos uma política, temos uma regra. E se temos uma regra, ela não pode ser quebrada porque se abre uma exceção perigosa para os próprios trabalhadores. Hoje, o reajuste seria os R$ 545 para 2011”, disse.

Segundo Luiz Sérgio, o assunto será resolvido esta semana. Em março, vence a medida provisória do salário mínimo, que estabelece o valor de R$ 540, em vigor desde 1º de janeiro.


Fonte: http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/nacional-2/governo-encaminhara-ao-congresso-politica-de-valorizacao-do-minimo-41901.html

“Mãos dadas” na revolução dos jovens no Egito

Por Juan Cole

(Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu)

No domingo, o Egito reencontrou-se com temas de unidade nacional no país de cristãos e muçulmanos, que fazem lembrar os primeiros momentos do nacionalismo egípcio em 1919, quando a nação moderna brotou de um caldeirão de manifestações e protestos de rua, contra o domínio colonial britânico.

Atualmente, os coptas mal alcançam 10% da população do Egito, cerca de 8 milhões de pessoas. O cristianismo copta é único, um ramo de fiéis que segue os ensinamentos do apóstolo Marcos, o Evangelista, em Alexandria. O jornal árabe Al-Arab noticiou que os manifestantes cristãos organizaram serviços fúnebres para encomendação da alma dos mártires que caíram nas lutas de rua no Cairo, desde 25 de janeiro. As três igrejas coptas organizaram três diferentes serviços fúnebres. Na 6ª-feira, movimentos da juventude cristã montaram guarda para proteger os muçulmanos que rezavam na Praça Tahrir, porque os fiéis que se curvassem na reza ficariam vulneráveis aos ataques da polícia secreta.

A Associated Press noticiou que o Padre Ihab al-Kharat, na homilia do domingo, disse que “Em nome de Jesus e Maomé, unimos nossos fiéis e nossas orações (…) Continuaremos a protestar nas ruas, até a queda do tirano”.

O jornal Al-Arab noticia que multidões de jovens participaram das missas, ao lado das principais lideranças coptas, como Michael Mounir; o chefe da Organização Copta dos EUA Dr. Imad Gad, um dos especialistas do Centro Al-Ahram de Estudos Estratégicos, e George Ishak, líder do Movimento Kefaya! (“Basta!”), além de membros dos conselhos comunitários coptas. (Também há coptas que se opõem ao movimento.) Depois das preces, Michael Mounir disse que o regime egípcio perseguiu todos, muçulmanos e coptas, o que se viu repetir-se nos últimos 12 dias: quando os guardas da polícia política foram deslocados para a Praça Tahir, não houve mais ataques a igrejas coptas. O que se viu foi grupos de jovens muçulmanos, que se organizavam em cordões à volta das igrejas coptas, como escudos vivos, para protegê-las. No passado, disse Mounir, apesar de haver segurança, igrejas e fiéis coptas sofreram vários massacres; o massacre mais recente aconteceu no dia de Ano Novo.

Um jovem engenheiro, Mina Nagi, ferido dia 25 de janeiro, disse durante a missa: “Diga a verdade, e a verdade o libertará”; os tiranos têm número e armas e granadas de gás e capacidade para destruir reputações. “Mas nós temos a verdade, e nosso corpo e nossa vida que pulsa de verdadeiro amor à vida e à liberdade, vividas com dignidade e justiça.”

Para ele, os jovens que já passaram por esses dias na Praça Tahir, saberão resistir ao frio, à chuva, à fome e aos ataques que ainda virão, de vários lados e de vários tipos. E completou: “Estou aqui, porque a miséria e o sofrimento em que vivemos não são coisa passageira. São o resultado claro da estrutura política e social, que produz miséria e sofrimento, sem nenhuma democracia, com os interesses privados dominando completamente qualquer interesse público.”

Disse que é necessária uma profunda transformação das próprias estruturas do regime, e das condições que geram miséria, tirania e opressão: “Vim mandado pela minha fé na luta pelo respeito aos direitos humanos e pela construção de uma democracia, contra os preconceitos e o partidarismo, e para construir uma ordem transparente e confiável (…)”.

Intelectuais cristãos e muçulmanos lançaram longa declaração, na qual afirmam que a revolução da juventude egípcia instilou novo espírito na alma dos egípcios, no qual se vê excelente exemplo de unidade nacional (…) com os fiéis se oferecendo como escudos, uns dos outros, para as respectivas orações depois que a polícia política retirou-se da Praça.

Dizem também que a decisão de organizar piquetes de segurança para as orações foi dos próprios jovens, não de alguma liderança religiosa, e que a decisão é prova de que os lugares de culto não precisam ser protegidos por guardas armados. “São todos locais egípcios de culto, que todos os egípcios amam e respeitam.”

Lembraram que (por causa dos atentados do dia de Ano Novo) o Egito esteve à beira de uma guerra sectária, e que as declarações de alguns clérigos levaram a situação a ponto de explodir. E tudo isso foi contido pela Revolução dos Jovens.

Os intelectuais muçulmanos e coptas acusam o governo de Mubarak de explorar os símbolos religiosos para fazer abortar a Revolução dos Jovens, e lastimam que alguns clérigos e padres tenham usado os argumentos da ditadura para denunciar o movimento de protesto. Elogiaram os clérigos e padres que se mantiveram nos locais de culto e não interferiram; e conclamaram a mídia-empresa e a mídia estatal a não insistir em por nas telas de televisão as vozes mais reacionárias e atrasistas das duas religiões, para opinarem sobre assuntos públicos.

A AFP em árabe noticiou que Nadir, um jovem copta, levava um cartaz, na Praça Tahrir, em que se lia “o sangue de muitos coptas foi derramado na era Mubarak. Mubarak, Fora do Egito!” Entrevistado, o jovem copta lamentou que a perseguição a cristão tenha aumentado muito na era Mubarak, e que a única resposta do presidente foi tentar ocultar os ataques. “Não foi a solução certa”, disse ele.

Outro jovem cristão copta, Ihab, disse que o medo de que a Fraternidade Muçulmana tomasse o poder era falso medo. “Governo da Fraternidade Muçulmana seria uma catástrofe. Mas há muitas outras escolhas no Egito, além de Mubarak e da Fraternidade.”

Muitos muçulmanos apoiaram os coptas, quando foram atacados. Um deles, Ahmad al-Shimi, levava um cartaz em que se lia “Muçulmanos + coptas = Egito”, com o crescente muçulmano ao lado da cruz cristã.

As agências árabes de notícia informaram que milhares de manifestantes voltaram à praça Tahrir no domingo, para a cerimônia de lembrança dos 300 mártires que morreram nas mãos da polícia política desde o início dos protestos dia 25 de janeiro. Muitos sentaram-se à frente dos tanques que cercavam a praça, para impedi-los de se movimentar e bloquear o espaço público para outras manifestações. Muitos jovens estão acampados em tendas na praça, dormindo ali, ou despertos, montando guarda para impedir que a praça seja ocupada por policiais.

Agências de notícias repetiram matérias sobre o papel dos cristãos no domingo. Um padre cristão copta, carregando uma cruz, rezou missa no domingo ante a multidão. Ao lado dele, um imã muçulmano, com uma cópia do Corão. E a multidão cantava “De mãos dadas, estamos de mãos dadas”. Um padre coopta liderava os cantos, do altar: “De mãos dadas, estamos de mãos dadas”, referência à unidade de cristãos e muçulmanos egípcios, que, todos, exigem o fim do regime de Mubarak.

Uma mulher cristã, identificada como Rana, disse à Reuters Árabe: “Todos os egípcios, sejam muçulmanos ou cristãos, querem mudança, liberdade e justiça para todos os egípcios.” Em http://www.youtube.com/watch?v=CVSS-qjrXO4&feature=related , vê-se um vídeo de YouTube, filmado de dentro da multidão, e ouvem-se os cantos de unidade de cristãos e muçulmanos egípcios “De mãos dadas, estamos de mãos dadas” (vê-se a cruz copta acima das cabeças). Há também um vídeo distribuído pela Reuters, da Missa da Unidade (pode ser visto por iPhone e iPad via Foxfire browser app) : A comparação adequada, portanto, é com o Egito de 1919.



Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/juan-cole-%E2%80%9Cmaos-dadas%E2%80%9D-na-revolucao-dos-jovens-no-egito.html

Fátima Oliveira aconselha Dilma a sugerir a Temer a leitura de “O Pequeno Príncipe”

Por Fátima Oliveira

Quando eu era adolescente, a resposta clássica a qualquer entrevista de uma candidata a miss que se prezasse – o concurso de Miss Brasil arrastava multidões e tinha prestígio – é que “O Pequeno Príncipe” era o seu livro de cabeceira! Nem pensar numa miss que não lera o célebre livro de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), piloto da Segunda Guerra Mundial, escritor e ilustrador francês, que aos 44 anos, pilotando um avião militar, foi abatido pelos alemães, num voo de reconhecimento entre Grenoble e Annecy, na França. Era julho de 1944. Em 2004, os destroços de seu avião foram encontrados na costa de Marselha.

As aspirantes a miss banalizaram um livro, literária e filosoficamente, precioso, cuja leitura era obrigatória em meu tempo de ginasiana. É rara a pessoa com menos de 30 anos que o leu. No máximo conhece algumas de suas belas e filosóficas frases que pululam na web. Já faz tanto tempo em que crianças e jovens liam Saint-Exupéry por obrigação e depois se encantavam com ele para sempre. Em geral, quando falo sobre o tema, ouço: “É a nova! Do tempo em que era obrigatória a leitura de O Pequeno Príncipe !”.

Lamento que não seja mais. Por vários motivos. Um deles é que “O Pequeno Príncipe” é uma alegoria em prosa-poema sobre a amizade e a transcendência dela; sobre a sofrença e o encanto do amor e seu entorno filosófico; e nos ensina o valor da ética da responsabilidade e das coisas que não estão à vista, mas no horizonte: “O que torna belo um deserto é que ele esconde um poço em algum lugar”. Outra razão, é que livros como ele são companhias prazerosas e enriquecedoras a qualquer momento. É engano considerá-lo piegas, apesar de que pieguice tem serventia e hora – nem sempre é coisa boba, condenável ou execrável, podendo, inclusive, ser terapêutica.

“O Pequeno Príncipe” expressa uma visão de mundo decente e nele há insumos que se prestam com propriedade para adoção no cenário da política. Alguns cabem como uma luva para a conjuntura política brasileira. Se eu fosse conselheira da presidente Dilma Rousseff diria que ela deveria sugerir ao vice-presidente Michel Temer sessões de biblioterapia – o livro como recurso terapêutico – para o PMDB, usando “O Pequeno Príncipe”, com convites extensivos a alguns parlamentares e ministros do PT e da “base aliada”. No momento, é a única vereda que vislumbro para dar algum lustro ético ao PMDB e dotá-lo de sensibilidade para minorar a petulância partidária e estimular o amor ao povo brasileiro. O que pode ser aprendido com os diálogos da raposa com o Pequeno Príncipe: “Para enxergar claro, basta mudar a direção do olhar”, e que “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”.

Sempre que releio “O Pequeno Príncipe” descubro algo arrebatador. Nunca deixo de ler a dedicatória: “Peço perdão às crianças por dedicar este livro a uma pessoa grande/ Tenho uma desculpa séria: essa pessoa grande é o melhor amigo que possuo no mundo./ Tenho uma outra desculpa: essa pessoa grande é capaz de compreender todas as coisas, até mesmo os livros de criança./ Tenho ainda uma terceira: essa pessoa grande mora na França, e ela tem fome e frio. Ela precisa de consolo. Se todas essas desculpas não bastam, eu dedico então esse livro à criança que essa pessoa grande já foi./ Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. (Mas poucas se lembram disso)./ Corrijo, portanto, a dedicatória: A Léon Werth, quando ele era pequenino”.

Ninguém lê “O Pequeno Príncipe” e continua a mesma pessoa.


Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fatima-de-oliveira-aconselha-dilma-a-sugerir-a-temer-a-leitura-de-o-pequeno-principe.html

Governo suspende negociação com centrais sobre o salário mínimo deste ano

Governo decepciona e suspende negociação do mínimo com centrais

do Vermelho

O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça-feira (8), em Dacar, no Senegal, que o reajuste do salário mínimo não é mais negociável nas conversas com as centrais sindicais. Em claro aceno à equipe econômica, o anúncio é uma das medidas mais decepcionantes e uma má sinalização do governo da presidente Dilma Rousseff, empossada há apenas 39 dias.

Segundo Carvalho, o governo segue disposto a conversar com sindicalistas sobre a alíquota do Imposto de Renda — mas não sobre os ínfimos R$ 545 de salário mínimo oferecidos pelo governo aos trabalhadores. As declarações foram feitas em meio ao Fórum Social Mundial — que acontecem na capital do Senegal.

Para o ministro, o governo não tem uma situação fiscal que permita ir além do previsto no acordo em vigor, que prevê o reajuste do mínimo baseado na soma da inflação anual e da variação do crescimento do PIB nos dois anos anteriores. “Na questão do mínimo, nós entendemos que não há negociação”, afirmou Carvalho. “Vamos até o Congresso para trabalhar”. O ministro disse que o imposto de renda segue em discussão. “Vamos pacientemente voltar a negociar. Tem a questão da correção da tabela, que é muito importante para os trabalhadores”, tergiversou.

A decisão já era esperada por parte das centrais, que criticam o poder da equipe econômica nas negociações. “Só queremos ser tratados da mesma forma que os empresários e o setor financeiro foram tratados durante a crise”, diz Artur Henrique, presidente da CUT. “Da mesma forma que a crise exigiu medidas excepcionais, especialmente para os bancos privados, queremos que os trabalhadores sejam tratados da mesma forma.”

Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, combater a pobreza é dividir a renda e o salário mínimo é o maior instrumento para esta distribuição. “Lamentamos muito que a Dilma esteja começando seu governo com este tipo de atitude de não conversar com as centrais.”

Congresso

O projeto que cria uma política de longo prazo de valorização do salário mínimo nem chegou ao Congresso Nacional, mas já causa divergências entre os líderes da base aliada a Dilma. A proposta prorroga até 2014 a forma de reajuste do mínimo que é usada hoje: a variação da inflação do ano anterior somada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.

Em reunião entre as lideranças da base aliada e o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), defendeu a criação de uma salvaguarda que preserve o poder de compra do salário mínimo, caso o PIB brasileiro não apresente crescimento. “Toda vez que não tiver crescimento da economia, que encontremos um mecanismo de compensação. O salário mínimo vai continuar a ser um dos principais indutores do crescimento da economia.”

Outro ponto de divergência entre líderes é o prazo de validade da proposta. Renan argumenta que uma política até 2014 não pode ser considerada a longo prazo. “Se a política [anterior] assinada pelo presidente Lula era válida até 2023, porque antecipar para 2014?”

O líder peemedebista defendeu a criação de exceções na lei para preservar o poder de compra, como a isenção de recolhimento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a cesta básica. Essa decisão cabe ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), uma vez que o imposto é estadual. As sugestões de Renan foram rebatidas por Luiz Sérgio, que seguiu a linha ortodoxa do governo Dilma. Segundo o ministro, há um entendimento de que a atual regra permite o ganho real do salário mínimo. “Este ano, será de R$ 545. Mas será mais de R$ 600 no ano que vem”, afirmou.


Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/salario-minimo-governo-suspende-negociacao-com-centrais.html

O Estado de Israel é a origem do ódio

Por Breno Altman (04/06/2010 - 13:54 na fonte)


Li essa manhã um indignado artigo escrito pelo jornalista Sérgio Malbergier, intitulado “Ódio a Israel ameaça palestinos”. O autor aborda o repúdio internacional contra o ataque israelense à frota humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza. “Como judeu, descendente de avós que perderam pais e irmãos no Holocausto nazista, é de embrulhar o estômago ver a guerra mundial contra Israel”, afirma o colunista da Folha.com.

Temos pontos em comum. Também sou judeu. Meus avós, como os dele, igualmente perderam irmãos e parentes na Europa ocupada pelo nazismo. Mas considero inaceitável e indigno que o Holocausto sirva de álibi para que o Estado de Israel comporte-se com o povo palestino com a mesma arrogância e a mesma crueldade que vitimaram os judeus.

Onde Malbergier consegue ver “guerra mundial contra Israel”? Protestos e moções são comparáveis aos tiros que receberam os passageiros das embarcações pacifistas? A tímida resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas tem alguma equivalência com o terrorismo de Estado que se manifesta nas atitudes do governo israelense?

O problema talvez não seja de estômago embrulhado, mas de vista embaçada. Quem sabe o dr. Greg House possa diagnosticar a cegueira que acomete meu patrício. Afinal, como deveriam reagir os homens e mulheres de bem a mais esse ataque covarde? Batendo palmas? Aceitando as mentiras de Netanyahu?

Mas Malbergier não se contenta em justificar os crimes sionistas com o escudo do Holocausto. Recorre à surrada fórmula do antissemitismo: “Não é possível distinguir o Estado judeu dos judeus. Odiando-se um, odeia-se os outros.”

Arvora-se o autor a falar em nome de todos os judeus? Não em meu nome. Tampouco no de incontáveis judeus que deram suas vidas pelas boas causas da humanidade e jamais aceitariam ver sua biografia misturada a defesa de um Estado comprometido até a medula com a opressão de outro povo.

Se Israel está se convertendo em uma nação pária, que Malbergier procure a responsabilidade por essa situação entre os malfeitos do sionismo, pois foi essa corrente que construiu o Estado de Israel à sua imagem e semelhança.

Governo após governo, desde 1948, o Estado de Israel viola resoluções internacionais e dedica-se a expandir suas fronteiras muito além da partilha da Palestina aprovada pelas Nações Unidas em 1947.

O primeiro dos atentados terroristas, realizado em abril de 1948, foi o massacre da aldeia de Deir Yassin, nas proximidades de Jerusalém, quando mais de duzentos palestinos desarmados foram trucidados por forças sionistas paramilitares. Dali por diante essa foi a marca do comportamento de sucessivas administrações israelenses.

Ao ódio colonizador do Estado sionista, os palestinos responderam com o ódio dos desvalidos. Muitos de seus atos são injustificáveis e condenáveis, pois o terror contra a população civil é crime contra a humanidade. Mas o ovo da serpente, onde tudo começou, está na recusa de Israel em aceitar o direito à independência e à soberania do povo palestino.

A escalada da violência só irá terminar quando esse direito estiver assegurado. O Estado de Israel atravessou décadas na ilegalidade porque sempre contou com a salvaguarda da Casa Branca para seus atos de pirataria. Apenas se sentará com seriedade na mesa de negociações se essa proteção acabar.

O temor de muitos judeus que defendem o Estado de Israel é que, dessa vez, seu país de reverência tenha ido além da conta. Diante do risco, ainda pequeno, de que a era da impunidade chegue ao fim, apontam seu dedo acusatório e ameaçador contra as vítimas.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4662

Hamas rejeita convocação de eleição palestina anunciada pela ANP

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) convocou nesta terça-feira (08/02) eleições municipais em todo o território para o dia 9 de julho. A disputa ocorrerá um ano depois da data inicialmente prevista. Em julho de 2010, foi adiada no ano passado. Entretanto, é pouco provável que o pleito ocorra na Faixa de Gaza, região controlada pelo movimento islâmico Hamas.

O Hamas já declarou que não organizará a votação em Gaza, por considerar que ela só servirá para fragmentar ainda mais a unidade palestina. "O Hamas rejeita a decisão da ANP de realizar eleições sob as atuais circunstâncias", disse um dos principais líderes do movimento, Mushir Al-Masri, em referência à crise política interna vivida pelos palestinos.
O movimento venceu as últimas eleições legislativas realizadas em território palestino em 2006, mas entrou em conflito com a ANP. Como resultado, o Hamas passou a controlar a Faixa de Gaza, enquanto ANP, através do presidente palestino Mahmoud Abbas, governa a Cisjordânia e representa os palestinos nas negociações internacionais.

Para Al-Masri, seria preciso esperar que os esforços de reconciliação entre os dois grupos, infrutíferos há anos, cheguem a bom termo antes de convocar um novo pleito. "As eleições nunca serão realizadas em Gaza com a atual situação. Primeiro tem que acabar a divisão", assinalou o dirigente islamita em comunicado à imprensa.

Al-Masri ressaltou também que esta convocação de eleições locais é "tão ilegal como o governo de Salam Fayyad [primeiro-ministro da ANP]", instaurado em 2007 por Abbas.

O Hamas contesta a legitimidade de Abbas, argumentando que o mandato do presidente palestino expirou em janeiro de 2010. De lá para cá, o movimento islâmico radical boicotou as eleições presidenciais e as legislativas previstas no ano passado.

As últimas eleições municipais foram realizadas em 2005, ano também da última eleição presidencial vencida por Abbas.


Fonte: http://operamundi.uol.com.br/noticias/HAMAS+REJEITA+CONVOCACAO+DE+ELEICAO+PALESTINA+ANUNCIADA+PELA+ANP_9492.shtml