Durante discurso por ocasião da abertura da XIV Cúpula do G-15, em Teerã (Irã), nesta segunda-feira (17), o presidente Lula enfatizou que “um outro mundo, mais do que possível, é necessário”.
Segundo o presidente, a G-15 – criado há mais de 20 anos – consistiu numa resposta “às transformações inauguradas com o fim do mundo bipolar”. Ele lembrou o fato do encontro estar acontecendo no Irã: “Aqui estão reunidos líderes de um grupo de nações unidas na sua diversidade, que escolheram o Irã – ponto de encontro de muitas civilizações – para dar continuidade a este importante diálogo”.
“Atravessamos juntos os anos difíceis de hegemonia do pensamento único. Éramos uma das poucas vozes dissonantes do projeto conservador defendido pelos seguidores do consenso de Washington. Nunca evitamos a defesa de um mundo mais democrático onde todas as vozes pudessem ser ouvidas. A crise em que está hoje mergulhada a economia mundial, sobretudo nos países desenvolvidos, mostra que nossos diagnósticos de anos atrás eram basicamente corretos.”
Lula disse que num passado recente, “começamos a ouvir vozes que afirmavam que outro mundo era possível”. E emendou: “Hoje temos claro que um outro mundo é necessário”.
Com isso, segundo ele, o G-7 deixou de ser o “centro de gravidade da nova governança econômica global”. “Hoje, o G-15 tem entre seus membros algumas das economias mais dinâmicas do mundo. Somos agora os principais motores do crescimento da economia internacional”, assegurou.
De acordo com o presidente, o grupo dos emergentes tem que ficar unido e atuar em conjunto. “Sempre que enfrentamos as crises divididos fomos derrotados. Sempre que estivemos unidos trilhamos o caminho da vitória. Foi assim na OMC [Organização Mundial do Comércio] com G-20 comercial e será assim no G-20 financeiro.”
Para o presidente, erradicar a fome e acabar com o subdesenvolvimento ainda são os principais desafios da humanidade no século 21. Por isso, conforme destacou, há necessidade de aprofundar a cooperação Sul-Sul e, em especial, na África. No continente africano, o Brasil tem ajudado na promoção da agricultura, fato que coloca o país numa posição de vanguarda.
“Podemos ajudar sem ingerência nos assuntos internos de outras nações. Cooperação, diálogo e solidariedade devem ser os pilares do G-15. No momento em que o mundo busca alternativas para um modelo esgotado podemos oferecer uma perspectiva renovadora”, disse.
Vitória da diplomacia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em seu programa de rádio Café com o Presidente, que o acordo fechado entre Brasil, Irã e Turquia para troca de material nuclear foi uma “vitória da diplomacia”. Lula participou da negociação como o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, em Teerã.
O acordo prevê que o Irã envie à Turquia 1,2 mil quilos de urânio de baixo enriquecimento por urânio enriquecido a 20% para ser usado em pesquisas médicas. Pelo acordo, o urânio enriquecido será remetido no prazo de um ano. Nesse período, haverá supervisão de inspetores turcos e iranianos.
“Foi uma resposta de que é possível, com diálogo, a gente construir a paz, construir o desenvolvimento”, disse Lula.
O governo brasileiro acredita que o acordo criará confiança na comunidade internacional e pode evitar que o Irã seja submetido a sanções por causa de seu programa nuclear.
Lula disse que o Brasil sempre acreditou na possibilidade de acordo e que a negociação prova que é possível fazer política internacional baseada da confiança. “Há um milhão de razões para a gente ter argumento para construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. O Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que nós estabelecemos uma relação de confiança. E não é possível fazer política sem ter uma relação de confiança”, avaliou.
Lula deixou o Irã hoje (17) e seguiu para a Espanha, onde participará da Cúpula União Europeia-América Latina, e em seguida vai para Portugal.
Fonte: http://www.pt.org.br/portalpt/noticias/internacional-1/lula-em-teera:-um-outro-mundo-mais-do-que-possivel-e-necessario-4541.html
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