O professor FHC, “príncipe da sociologia”, como é reconhecido pelos seus próprios parceiros de cátedra, distribuiu, de forma articulada para toda a imprensa nacional, um artigo intitulado “Sem medo do passado”, onde busca um intencional reducionismo da gestão de Lula, hoje reconhecida nacional e internacionalmente, e coloca na sua esteira seu objetivo central, que é a desqualificação da ministra Dilma.
Talvez, de um lado, impactado pelas últimas pesquisas, que revelam uma enorme popularidade e confiança no governo do presidente Lula e, de outro, angustiado e incomodado por nenhum autêntico representante do tucanato estar, até então, defendendo seu período de governo. O ex-presidente jogou-se numa ação similar à batalha de Dom Quixote contra os Moinhos de Vento, num nítido movimento de um líder no ostracismo, enquanto os ventos da era Lula sopram de forma indiscutivelmente intensa, em sentido contrário ao seu período.
Uma análise desapaixonada e mais rigorosa de seu pronunciamento revela ausência de rumo e total desespero. Sem rumo porque há muito tempo o PSDB abandonou o debate de projeto e de conteúdo para o país, pois sua visão passou à história como um modelo que paralisou o desenvolvimento, excluiu socialmente e implementou a subordinação e a dependência sem nenhuma teoria, renunciando sua tese máxima da “Teoria da dependência”, como, aliás, o fez com muitas outras. Desespero porque vê a nação retomar o crescimento e desenvolvimento, mesmo em meio à brutal crise mundial do modelo neoliberal mercantil-desregulado, ao mesmo tempo em que as funções públicas de Estado estão sendo recuperadas como condição mínima de reparo aos danos causados por sua própria era no poder.
Tudo isto é amplificado quando o próprio prócer da sociologia, a cada ano eleitoral, é evitado e criticado por seus próprios parceiros. E ainda o presidente Lula é reconhecido mundialmente como “personalidade global”.
Daí decorrem as desequilibradas e desproporcionais reações que o alto de sua arrogância e prepotência não são capazes de suportar. Ainda mais que sua alternativa é o mesmo governador paulista que submergiu recentemente com a gestão tucana nas enchentes naquele Estado e que, em 2002, antes de Lula derrotá-lo, cunhou a máxima: “a política cambial de FHC foi um desastre total. Suas consequências foram devastadoras em muitas áreas da economia, inclusive comprometendo as metas do processo de privatização”.
Portanto, à semelhança com Quixote, que ao descolar sua consciência da realidade criou seu mundo imaginário, a FHC restam as ilusões de um líder, sem liderados.
Adão Villaverde é professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS.
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