O bandido Serra(isso mesmo, quem acusa alguém sem prova é bandido) concordou com o ladrão de merenda Índio da Costa, seu vice, na questão das FARCS.Segundo Serra, "A ligação do PT é com as Forças Armadas Revolucionárias Colombianas. Mas isso todo mundo sabe, tem muitas reportagens, tem muita coisa. Apenas isso. Agora, as Farc são uma força ligada ao narcotráfico, isso não significa que o PT faça o narcotráfico", afirmou Serra ementrevista no centro de Belo Horizonte, onde inaugurou o comitê eleitoral. Pode ser que o PT tenha relação com as FARCS, mas ao que se sabe o único político do Brasil a manter relação com as FARCS foi o tucano Arthur Vírgilio, que se manteve contatos com o referida organização durante o desastroso governo FHC.
Líder tucano manteve contatos com as Farc no governo FHC
Polêmica levantada por revista Veja não apresenta provas mas resgata passado e desatenções da mídia. No governo FHC, atual líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, foi designado para falar com “narcoguerrilheiros envolvidos em corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”.
Polêmica levantada por revista Veja não apresenta provas mas resgata passado e desatenções da mídia. No governo FHC, atual líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, foi designado para falar com “narcoguerrilheiros envolvidos em corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”.
Marco Aurélio Weissheimer 14/03/2005
Porto Alegre - Exercendo seu esporte favorito, a tentativa de criminalização da esquerda e dos movimentos sociais no Brasil, a revista Veja dedicou a capa de sua edição desta semana para denunciar um suposto financiamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a candidaturas petistas nas eleições de 2002. Baseando-se em supostos documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a revista pretendeu identificar o que chamou de “tentáculos das Farc no Brasil”. O fato de não possuir nenhuma prova da ligação, o que é admitido na matéria assinada pelo jornalista Policarpo Junior, não impediu a Veja de publicar uma capa acusatória. A edição da revista semanal teve uma ampla repercussão nesta segunda-feira, levando líderes do PSDB e do PFL no Congresso Nacional a defender a necessidade da instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar as relações do PT com os “narcoguerrilheiros colombianos envolvidos em seqüestros, corrupção e mortes, até de brasileiros”, como disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Ao tomar conhecimento do conteúdo da matéria de Veja, Arthur Virgílio não perdeu tempo e afirmou que a suposta doação de dinheiro das Farc para candidatos petistas é caso para uma CPI. “Não servem desculpas declarar que se houver culpados serão punidos. O PT virou o partido das desculpas”, atacou o senador tucano, que acrescentou: “Dinheiro das Farc significa dinheiro da narcoguerrilha, da corrupção, de seqüestros e mortes, até de brasileiros”. Virgílio não disse, porém, se vai tomar a iniciativa para a criação da CPI. Os líderes do PFL na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e no Senado, José Agripino (RN), também defenderam a instalação imediata de uma CPI para investigar as denúncias.
A missão de Virgílio junto às Farc, segundo a imprensa
O que nem Virgílio nem a Veja disseram é que, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ele foi designado para manter contato com representantes das Farc, conforme noticiou a imprensa brasileira na época. No final de 1998, representantes da guerrilha colombiana se encontraram com vários parlamentares brasileiros, entre eles os deputados tucanos Tuga Angerami (SP) e Arthur Virgílio, secretário-geral do PSDB à época. Naquele ano, o atual líder do PSDB no Senado justificou do seguinte modo, à Folha de São Paulo, o encontro com os “narcoguerrilheiros colombianos envolvidos com corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”: “O Brasil tem grande importância diplomática na América Latina. Podemos ajudar a Colômbia a pôr fim aos conflitos”.
A guerrilha colombiana tentava ser reconhecida oficialmente como força beligerante pelo governo brasileiro, com o argumento de que isso poderia ajudar nas negociações de paz. Com esse objetivo, as Farc enviaram ao Brasil um de seus comandantes, conhecido como Hernán Ramírez, para manter contatos com parlamentares e diplomatas brasileiros. O movimento não obteve êxito e o governo Fernando Henrique não reconheceu diplomaticamente a guerrilha, mas também não a classificou como um grupo terrorista, como pressiona até hoje o governo dos Estados Unidos. A idéia parecia ser deixar algum espaço para futuras negociações. Em agosto de 1999, o general Alberto Cardoso, declarou que as Forças Armadas brasileiras consideravam a possibilidade da guerrilha ganhar a guerra e chegar ao poder.
FHC evitou prisão de líder guerrilheiro
No dia 17 de outubro de 1999, Arthur Virgílio, já líder do governo FHC no Congresso, admitiu ao Jornal do Brasil que aceitara a responsabilidade de ser um contato das Farc com o governo no intuito de colaborar com o processo de paz na Colômbia. Segundo o jornal carioca, o líder tucano teria tentado, sem sucesso, interceder em favor da guerrilha colombiana junto ao Itamaraty. Cerca de um ano depois, em 2000, Fernando Henrique Cardoso teve a oportunidade de mandar prender um dirigente deste grupo, mas não o fez. Segundo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo (06.09.2000), forças de segurança localizaram um dirigente das Farc do lado brasileiro da fronteira. “Por decisão de FHC, em vez de prender o guerrilheiro, os agentes que o vigiavam o mandaram de volta para a Colômbia”, informou o jornal, acrescentando: “o serviço de inteligência brasileira informou a FHC tão logo o comandante das Farc foi localizado. Após rápida confabulação, o Planalto julgou melhor enxotar o guerrilheiro a prendê-lo e empanar a reunião em Brasília de 12 presidentes sul-americanos”. Nenhum destes fatos mereceu destaque de capa pela revista Veja, uma desatenção, com certeza.
Mas agora, os editores da publicação redobraram sua atenção. Nesta segunda, o site de Veja tratou de repercutir sua denúncia, perguntando em uma enquete: Você acha que a simpatia de políticos do PT pelas Farc sobrevive até hoje, mesmo com o partido no poder? Além disso, apresenta na seção “Arquivo” outras matérias que envolvem críticas e denúncias contra o PT e o governo Lula. Uma delas, publicada em 26 de janeiro de 2005, tem como título “Risco de Involução” e pergunta: “o governo do PT deixou o Brasil mais atrasado?”. Outra, de 25 de fevereiro de 2004, denuncia o “vale-tudo do PT” e dispara: “surgem denúncias contra as campanhas petistas”. Uma terceira, de 25 de setembro de 2002, indaga, com espírito cético: “o partido está pronto a assumir a presidência?”.
Não é a primeira vez que a revista publica matérias de capa fazendo denúncias sobre o suposto envolvimento de petistas com ilegalidades. Em fevereiro de 2004, publicou uma entrevista de José Vicente Brizola, ex-diretor da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul no governo Olívio Dutra, na qual ele afirmava ter sido pressionado a obter dinheiro para campanhas eleitorais do PT com donos de bingos, jogos de cartela e máquinas de vídeo-loteria. Filho do falecido Leonel Brizola, José Vicente havia brigado com o pai no início de 2001 e ingressado no PT. Mesmo sem apresentar provas de suas denúncias, ele ganhou a capa de Veja. As denúncias nunca foram provadas, mas alimentaram semanas de noticiário na mídia. Durante o governo de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul (1999 – 2002), a presença de representantes das Farc no Estado também mereceu pesada cobertura em vários veículos de comunicação. O mesmo destaque não foi dado quando uma delegação da guerrilha colombiana foi recebida no Vaticano, em fevereiro de 2000, certamente mais uma desatenção.
Seguindo as pegadas de Veja, o site Primeira Leitura, ligado ao PSDB, também repercutiu amplamente, nesta segunda, a matéria da revista, afirmando, entre coisas, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o assessor especial para assuntos de política externa, Marco Aurélio Garcia, “são fundadores de entidade que junta, entre outros grupos, o PT e as Farc”, uma referência ao Fórum de São Paulo, organização que reúne grupos políticos de esquerda da América Latina. Além disso, critica o fato de que, até hoje, “o governo não reconhece os narcoguerrilheiros colombianos como um grupo terrorista”. Mas omite os contatos mantidos por representantes do governo FHC com os “narcoguerrilheiros colombianos” e que o governo tucano tampouco classificou as Farc como “grupo terrorista”. Mais uma desatenção, obviamente.
"Documentos da Abin" são falsos?
E quanto às denúncias de Veja sobre o suposto financiamento de candidaturas petistas? Nesta segunda, o ministro do gabinete de Segurança Institucional, Armando Félix, disse ao líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que os documentos citados pela revista são falsos. A matéria fala de uma suposta transferência de R$ 5 milhões para candidatos petistas, sem, no entanto, apresentar provas para sustentar a denúncia. Na conversa com Mercadante, Armando Félix disse que o documento citado pela revista não respeita as regras da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O general Felix anunciou que vai propor uma reunião da Comissão de Controle Externo das Atividades de Inteligência nas próximas 48 horas. Segundo Mercadante, os documentos citados na matéria da Veja “serão tecnicamente desmascarados no momento oportuno”.
Outras lideranças petistas também repudiaram o conteúdo da publicação, principalmente pelo fato de a própria revista admitir não ter conseguido qualquer indício de prova para sustentar a denúncia, o que não impediu seu destaque na capa da edição desta semana. O presidente nacional do PT, José Genoino, divulgou ainda no domingo nota oficial repudiando a matéria de capa da Veja. A nota qualifica de irresponsável a reportagem, por destacar na capa “um ataque à honra do partido sem provas consistentes”. Na Câmara dos Deputados, o líder do PT, Paulo Rocha (PA), atribuiu as denúncias a uma possível tentativa da oposição de antecipar o processo eleitoral. Segundo Rocha, “não há nenhum tipo de relação do PT com as Farc, nem política, nem financeira”. “Nunca houve e nem haverá”, resumiu.
Paulo Rocha lembrou que durante o governo FHC, representantes da guerrilha entraram em contato com autoridades brasileiras para tentar estabelecer uma representação diplomática no país. Sem obter êxito em sua tentativa, esses representantes, entre eles o padre Olivério Medida (apontado por Veja como o intermediário da suposta transferência de dinheiro para candidaturas petistas), conversaram com parlamentares brasileiros de diversos partidos, entre eles lideranças do PSDB que agora querem uma CPI. Saia ou não a CPI, o senador Arthur Virgílio terá uma oportunidade de relatar como foram suas conversas com os representantes do grupo de “narcotraficantes, envolvidos em corrupção, seqüestro e mortes de brasileiros”, na tentativa de encontrar uma solução pacífica para o conflito que sangra a Colômbia há décadas. Como disse Virgílio na época, “isso poderá ajudar a Colômbia a pôr fim aos conflitos”. E também propiciar à revista Veja corrigir desatenções de outras épocas.
Fonte: Agência Carta Maior.
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