1 - Emiliano é Ficha Limpa. Apoia as conquistas do Governo Lula. E quer mais: eleger Dilma Presidente, reeleger Wagner Governador, eleger Lídice da Mata e Walter Pinheiro senadores.
2 - Defende o ensino público, gratuito e de qualidade. Consolidação das conquistas e ampliação das verbas das universidades federais (UFBA, UFRB e UNIVASF) e estaduais (UNEB, UESB, UESC e UEFS). Universidades no interior da Bahia. Aprimoramento do ensino privado. Salários decentes, Plano de Carreira e Formação Continuada para professores. Defende o ProUni e as cotas nas universidades para afrodescendentes e indígenas. Fortalecimento e ampliação das escolas técnicas estaduais e federais. Educação integral no Ensino Básico. Erradicação do analfabetismo.
3 - Defende a agricultura familiar e a reforma agrária. Ampliação do sistema de crédito para agricultura familiar, garantindo mais recursos para a assistência técnica e extensão rural. Transformação da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) na Empresa Baiana de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (EBDAF).
4 - Defende a liberdade de religião, para todas as denominações religiosas. Combate a intolerância religiosa.
5 - Apoia a luta dos trabalhadores urbanos e rurais e se solidariza sempre com o movimento sindical. Defende a livre organização dos trabalhadores, o direito de greve e salários dignos para o funcionalismo público. Defende a Petrobras, Banco do Brasil e CEF.
6 - Defende os direitos humanos. De modo especial, os direitos das crianças e adolescentes, das pessoas com deficiência, das mulheres, dos idosos, dos homossexuais.
7 - Defende uma reforma política profunda, com lista fechada, financiamento público de campanha, fidelidade partidária e transparência cada vez maior das atividades da Câmara dos Deputados e do Senado.
8 - Defende uma política para a juventude que saia do papel e se transforme em movimento real da sociedade. Defende a criação do Estatuto e do Plano Nacional de Políticas Públicas para a Juventude.
9 - Defende a universalização do acesso à cultura. Provou isso quando foi relator do Plano Nacional de Cultura, garantindo um planejamento abrangente para o setor.
10 - Defende uma política para defesa do meio-ambiente, manutenção do Código Florestal, preservação das nascentes e margens do Rio São Francisco. Apresentou Projeto de Lei criando o Parque Nacional do Velho Chico incluindo as áreas ciliares das bacias do São Francisco.
11 - Defende políticas públicas de distribuição de renda e atenção integral à família , como o Bolsa Família e o Programa de Saúde da Família (PSF). O fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e do Sistema Único de Saúde (SUS). Consolidação e ampliação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAS-24Horas) e a construção de mais hospitais regionais.
12 - Defende a democratização dos meios de comunicação, apoio e legalização das rádios comunitárias, liberdade para a internet, e critica o monopólio de poucas famílias que controlam a mídia.
13 - Emiliano defende uma política externa soberana e independente, as ações de solidariedade do Brasil ao Haiti e a todos os países em estado de calamidade. É contra a instalação de bases militares no Brasil e na América Latina. Emiliano é da paz, da democracia e do socialismo.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
13 bons motivos pra votar em Emiliano deputado federal
terça-feira, 27 de julho de 2010
PT acredita que tática de Serra de poupar Lula já se esgotou
Segundo um operador da campanha de Dilma, a associação da candidata com Lula será ainda mais automática depois que for ao ar a propaganda televisiva. As peças começarão a ser exibidas em 17 de agosto. Virão impregnadas de Lula. E estabelecerão um vínculo direto entre o “êxito” do governo e o trabalho de Dilma. Uma tentativa de “anular” o discurso tucano segundo o qual a candidata não disporia de experiência administrativa para presidir o país.
Por ora, a equipe responsável pelo marketing de Serra mantém inalterada a linha de centrar fogo em Dilma, preservando Lula. O comitê de Serra guia-se pelo resultado de pesquisas qualitativas. São sondagens feitas em reuniões de grupos selecionados de eleitores.
Nesse tipo de pesquisa, o eleitor é convidado a discorrer sobre temas previamente escolhidos. As discussões viram relatórios, que orientam a campanha. O tucanato extrai dos grupos duas conclusões. Uma é óbvia: a maior força de Dilma é o fato de ela ser a escolhida de Lula. Eis a outra: a maior fragilidade de Dilma são as dúvidas que um pedaço do eleitorado ainda tem em relação à capacidade gerencial e política da candidata.
Vem daí a essência do discurso de Serra, resumido num par de frases: “A Presidência não é algo que se possa terceirizar” e “Lula não é candidato”. Na última quinta-feira (22), Serra levou sua estratégia de campanha às fronteiras do paroxismo. Deu-se numa entrevista à TV Brasil. Uma das entrevistadoras qualificou Serra como candidato de oposição. E perguntou a ele o que mudaria no governo caso vencesse a eleição. E Serra: "Não sou da oposição, sou candidato do pode mais e dá para fazer."
Em essência, Serra tenta se firmar como pessoa mais apta do que Dilma para dar continuidade ao que há de “bom” no governo Lula, aprovado por 77% do eleitorado. É esse discurso que o PT imagina estar esgotado. Em contraposição, o tucanato apega-se a dados da última pesquisa Datafolha para dizer que a coisa não é bem assim. Realizada entre os dias 20 e 23 de julho, a pesquisa têm dados, em seu miolo, que chamam a atenção dos operadores de Serra:
1. Entre os 77% de eleitores que avaliam o governo Lula como ótimo ou bom, 43% dizem que votarão em Dilma. Mas 32% declaram que darão o voto a Serra.
2. No nicho que avalia o governo Lula como regular (19%), a maioria (54%) declara que votará em Serra.
Na propaganda televisiva, o tucanato vai tentar potencializar esses números. O petismo fará o oposto. Considerando-se as duas estratégias, Lula vai à cena eleitoral de 2010 como personagem central da disputa. Mesmo não sendo candidato.
Da Redação, com informações do Blog do Josias
Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2010/07/pt-acredita-que-tatica-de-serra-de.html
José Serra, entre drogas e alucinações
Serra não sabe que o Brasil fornece precursores químicos para o refino da coca boliviana
Quando ministro da pasta da Saúde, o atual candidato José Serra jamais se preocupou com a questão das drogas ilícitas, no que tocava ao tratamento do dependente químico e psíquico e na formação dos agentes de saúde. Sua gestão, no particular, foi marcada pelo descaso e pelo desrespeito aos direitos humanos.
No ministério, ele se revelou incapaz de compreender que estava diante de um grave problema de saúde pública. E os aumentos relativos ao consumo e à oferta de drogas ilícitas causavam consequências sociossanitárias de grande monta. Apesar disso, fez de conta que o problema não existia.
Ao primeiro Fórum Nacional sobre drogas ilícitas e álcool, Serra virou as costas. Pela primeira vez realizado no Brasil, tratava-se de um fórum multidisciplinar e voltado a consultar e debater com a sociedade civil uma nova política sobre drogas proibidas, isso nos campos da repressão, da prevenção, do tratamento e da reinserção social. Serra não deu o “ar da graça” ou justificou a ausência, para um auditório de mil participantes.
Como ministro da Saúde, José Serra jamais compareceu às anuais Semanas Nacionais sobre Drogas (englobava o dia estabelecido pelas Nações Unidas para conscientização sobre o problema das drogas proibidas nas suas convenções). O então ministro da Saúde adotava comportamento único, diverso dos que se envolviam: presidente FHC, ministro da Educação, chefes das casas Civil e de Segurança Institucional, secretário nacional de Direitos Humanos, senadores, deputados, governadores, prefeitos, vereadores, procurador-geral de Justiça, ministros do Superior Tribunal de Justiça, juízes, procuradores e promotores de Justiça, advogado-geral da União, sindicalistas, membros de ONGs, líderes empresariais. Até a torcida do Flamengo, dos demais clubes, federações e confederações esportivas. Todos menos Serra.
Como candidato à Presidência, Serra sentiu-se, com relação às drogas ilícitas, legitimado a identificar traficantes internacionais. No dia 26 de maio deste ano, acusou o presidente boliviano Evo Morales de “cumplicidade” com o tráfico de cocaína para o Brasil. Para Serra, 90% da cocaína consumida no Brasil é boliviana e Morales não faz o “controle desse contrabando” (sic para contrabando).
Serra não sabe que para a elaboração do cloridrato de cocaína, a partir da folha de coca, são necessários insumos químicos: éter, acetona etc. A Bolívia não tem indústria química e o Brasil é o maior fornecedor de precursores químicos para os refinadores bolivianos de cocaína. A dupla via não é percebida por Serra, apesar de pagamentos de muitos “pedágios”.
Reza um ditado popular que “quem sai aos seus, não degenera”. O candidato Índio da Costa não degenerou. Seguiu Serra na indicação de traficantes internacionais. Só, trocou Evo Morales pelo Partido dos Trabalhadores (PT). No fundo, uma alucinação de Índio, que se qualifica como candidato à condenação por autoria de crimes contra a honra e, no juízo civil, indenizações por danos morais a todos os filiados do PT.
Nem contumazes criadores de factoides, como as agências norte-americanos DEA e CIA, chegaram ao grau de irresponsabilidade de Índio da Costa, que mostrou a todos o quanto a sua cabeça é desmobiliada.
Por outro lado e no campo das drogas lícitas, Serra, à frente do Ministério da Saúde, deu à questão do alcoolismo um tratamento indigno, ou melhor, não fez nada. Quando prefeito da capital de São Paulo, autorizou o seu secretário de governo a construir obstáculos de modo a impedir que alcoolistas e mendigos continuassem a repousar debaixo dos viadutos e pontilhões. Sua meta era expulsar os carentes para conquistar as elites. Uma “higienização”, à Hitler e Carlos Lacerda.
Ainda quando prefeito, Serra vestiu indumentária fundamentalista e populista antes envergada por Andrew Volstead, autor da chamada Lei Seca, que fez a fortuna da Cosa Nostra sículo-norte-americana, e por Rudolph Giuliani, que perseguiu violentamente bebedores de cerveja, afrodescendentes e imigrantes. Com a política de “tolerância zero”, Giuliani, depois do seu segundo mandato e quando se percebeu que desrespeitava direitos humanos, encerrou melancolicamente a carreira política: desistiu da candidatura ao Senado, pois não venceria Hillary Clinton. Posteriormente, não conseguiu se habilitar para concorrer à Presidência.
Serra, à época de sua Lei Seca, ignorou ensinamentos fundamentais, ou seja, o de a prevenção ao alcoolismo a começar nas escolas, públicas (municipais e estaduais) e privadas. Mais ainda, não entendeu necessários programas informativos e de tratamento médico nas fábricas e demais locais de trabalho.
Na visão canhestra de Serra, a “lei seca” paulista serviria para baixar os índices de criminalidade. Serra demonstrou desconhecer as verdadeiras causas sociais de aumento da criminalidade: desemprego, desigualdade, discriminação, má distribuição de renda, baixa escolaridade. CartaCapital
Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2010/07/jose-serra-entre-drogas-e-alucinacoes_26.html
A conversão de Serra
O uso da retórica golpista completa o percurso de quem saiu da esquerda para cair no colo da direita
A campanha eleitoral desliza velozmente para um conflito, de dimensão e profundidade indefinidas, estimulado por uma legislação confusa que favorece a intromissão política e partidária de autoridades eleitorais na disputa presidencial.
O problema se aprofunda constantemente. Inicialmente foram insinuações veladas e, agora, surgiram claras intervenções públicas com clara conotação político-partidária que, frequentemente, beneficiam a oposição.
Desses maus exemplos, o mais recente foi dado pelo advogado Fernando Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e prontamente utilizado pelo candidato à Presidência, o tucano José Serra, conforme publicado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim no atento e corajoso site Conversa Afiada.
Depois de infringir o mais elementar comportamento democrático do debate político – ele “todo o MST deve apoiar Dilma” porque no governo dela “vai poder agitar mais e invadir mais” –, Serra botou Lula no alvo: “O advogado Fernando Neves (ex-ministro do TSE) disse uma coisa reproduzindo, talvez, Fernando Pessoa: ‘Tudo vale a pena se a multa é pequena’”.
Corrija-se. Não é reprodução. É paródia do poeta português.
Ophir Cavalcante, presidente da OAB, surfou nessa onda que pretendem transformar em tsunami. Segundo ele, a Justiça Eleitoral deve começar “a dar o cartão vermelho e pautar as condutas”.
A metáfora foi buscada nas regras do jogo de futebol. Com esse cartão, o árbitro expulsa o jogador de campo. Somadas as observações é fácil deduzir que querem introduzir a “pena de morte” na legislação eleitoral.
Como se fosse uma jogada treinada, Serra voltou ao tema. Ao falar do vazamento de informações da Receita Federal, em apuração no órgão, ele prejulgou e insinuou, sem qualquer prova, que a responsabilidade era do PT: “É um crime contra a Constituição”.
É a retórica golpista em razão da ausência de um programa estratégico nascido da incompetência para construir um discurso consistente diante dos índices de aprovação do governo e da popularidade de Lula.
Um presidente e um governo, mal avaliados, provocariam tais desatinos como provocou, por exemplo, no candidato a presidente José Serra?
Esse desatino de Serra foi traçado em decálogo esboçado, rápida e informalmente, pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos. É assim:
1. Quebra de contrato – Protocolou documento em cartório firmando que não deixaria a Prefeitura de São Paulo para disputar a eleição de governador. E deixou.
2. Truculência – Anunciou que, se eleito, “peitará” o Congresso pela reforma política.
3. Inconfiável – Ao contrário do que dizia, bloqueou as prévias no PSDB e, sem consulta ao DEM, anunciou que o vice dele seria o senador tucano Álvaro Dias.
4. Deslealdade – Comparou que seu aliado FHC é psicologicamente igual a Lula.
5. Machista retrógrado – Conselho dado ao vice, Índio da Costa, sobre amantes: “Tem de ser uma coisa discreta”.
6. Paranoico – Diz-se perseguido pela imprensa.
7. Subserviência – Agrediu verbalmente um entrevistador e, depois, desculpou-se ao saber que se tratava de um repórter da TV Globo.
8. Antissindicalista – Considera “pelegos” os sindicatos e as centrais sindicais.
9. Obsessão do poder – Diz que se preparou a vida toda para isso.
10. Presunção autocrática – Assegura que é o candidato mais preparado e se apresenta como sendo, ele próprio, o programa de governo.
Em poucos dias de campanha, o tucano parece ter completado o ritual da conversão política. Da esquerda estudantil à vanguarda eleitoral da direita. CartaCapital
Fonte: http://dilma13.blogspot.com/2010/07/conversao-de-serra.html
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Os Anos Lula e as mentiras que pareciam verdades
Washington Araújo
Os anos Lula serão registrados nos livros de história do Brasil como aquele período em que o país investiu na criação de uma cultura de aprendizagem. O período republicano começado em 1º janeiro de 2003 e prestes a findar em 1º de janeiro de 2011 testemunhou mudanças profundas em nossa forma de entender o Brasil. Passamos a refletir sobre o que é realmente e para que serve o governo federal, o que significa o exercício da presidência da República e também o que quer dizer viver em uma época em que um país cindido teve sua maior confluência, unindo de maneira indivisível o Brasil-Índia com o Brasil-Bélgica. Vivemos novos aprendizados. E destes, compartilho alguns que podem ser aferidos a olho nu. Vejamos:
Aprendemos ao longo do tempo que exercer qualquer cargo na administração pública exigia, no mínimo, certo estofo intelectual, diploma de curso superior na parede, apenas para começo de conversa. Lula tem estofo intelectual, mas não aquele certificado pelo diploma na parede. Na verdade no dia 2 de janeiro de 2003 tinha apenas dois diplomas: o de torneiro mecânico certificado pelo Senai e o de Presidente da República certificado pelo Congresso Nacional Brasileiro.
Aprendemos que nenhuma autoridade guindada pelo voto popular ao posto máximo do país – a Presidência da República – conseguiria sobreviver muito tempo como força política se não contasse com o beneplácito dos formadores de opinião, dos luminares da academia e da classe artística, dos colunistas de plantão nas revistas e jornais de maior tiragem diária e semanal. Lula contrariou isso. É denunciado sistematicamente como embuste pelo príncipe dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso, é visto como quem infunde terror à ex-namoradinha do Brasil Regina Duarte, é desancado de forma grosseira por Caetano Veloso, é satanizado semanalmente por colunistas da revista Veja e está bastante longe de contar com o olhar benevolente da Rede Globo de Televisão.
Aprendemos que, com o mundo se tornando aldeia global, e o processo de globalização galopando livre, leve e solto nos campos da iniciativa privada e do neoliberalismo, saber ao menos a língua inglesa seria meio caminho andado para o sucesso. Lula não pode dispensar o tradutor em qualquer conversa com não-nacionais. E seu tradutor não pode ser qualquer um: tem que entender e falar inglês, francês, espanhol, russo, farsi, alemão, italiano, japonês e árabe.
Aprendemos que, havendo a imprensa ocupado o chamado Quarto Poder desde meados do século 19, ninguém poderia ser eleito para cargo público de relevo se não contasse de antemão com o apoio dos mais expressivos e influentes órgãos da imprensa. Lula contrariou essa tese, sempre se elegeu... apesar da imprensa e, em especial, da grande imprensa.
Aprendemos que para bem governar o Presidente deve passar a mão na cabeça da imprensa três vezes ao dia: ao amanhecer, ao meio-dia e ao anoitecer. Do contrário é preparar os nervos para resistir ao milionésimo ataque da fera ao seu governo. Do contrário a imprensa estaria sempre emparedada no círculo vicioso que vitimou do ex-ministro da economia Rubens Ricupero, aquele do indiscreto bordão “o que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga”. É oportuno resgatar entrevista à Folha de S. Paulo, de 22/10/2009, em que Lula afirmou: “Eu não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar. (...) Para ser fiscal, tem o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria-Geral da República, tem um monte de coisas... a única coisa que peço a Deus é que a imprensa informe da maneira mais isenta possível, e as posições políticas sejam colocadas apenas em seus editoriais”. Exatamente uma semana depois (29/10/2009), discursando em São Paulo para uma plateia formada por catadores de materiais recicláveis, o mesmo Lula criticou o trabalho da imprensa, o que levou o público, estimado em cerca de 3.000 pessoas, a vaiar o grupo de jornalistas que acompanhava o seu discurso.
Naquela ocasião o presidente recomendou que os repórteres não interpretassem para dizer em seguida que “os formadores de opinião já não decidem mais (...) porque o povo não quer mais intermediário. Hoje vocês têm a oportunidade de fazer a matéria da vida de vocês. Se vocês esquecerem a pauta do editor de vocês e se embrenharem no meio dessa gente (...) aproveitem para conversar sobre a vida deles (...) Publiquem apenas o que eles falarem. Não tentem interpretar". Lula, ao receber o prêmio de Brasileiro do Ano da revista IstoÉ, na noite de 7/12/2009, afirmou em discurso de agradecimento que “teria vontade de "se suicidar" se olhasse as manchetes da imprensa...”
Aprendemos que, para um Presidente abordar temas internacionais em geral, política mundial, economia planetária, contatos com Chefes de Estados, relações com as Nações Unidas etc é exigido que este detenha profundo conhecimento de cada tema, expertise diplomática tarimbada por muitos anos no ora carcomido circuito Helena Rubinstein (Londres, Paris, Roma, Washington, Nova York, Moscou e Tóquio) e considerável jogo de cintura para não queimar o filme do país. É fato que, não obstante protestos generalizados, Lula trouxe ao Brasil o controvertido presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad e antes deste chegar a Brasília, também estendeu boas-vindas em solo nacional ao não menos polêmicos presidente israelense Shimon Perez e ao chefe da Autoridade Palestina Mahmud Abbas.
Aprendemos que para o país ficar bem na foto teria que se alinhar automaticamente com políticas e agendas formuladas por países como os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e o Japão. Lula mudou os figurantes da fotografia. Além de manter boas relações com estas quatro potências, trouxe para seu lado a Venezuela de Hugo Chávez, a Bolívia de Evo Morales, Cuba dos irmãos Castro, e ainda conseguiu liderar com folga os chamados BRICs, que inclui na foto emergentes continentais como China, Índia e Rússia.
Aprendemos que para termos uma economia sólida, funcional e confiável é necessário que o papel do Estado seja mínimo e que o Deus-mercado tem que permanecer intocável, como Zeus em seu ilusório Olimpo. Aprendemos também que política pública que se preze não pode desconsiderar os efeitos benéficos que advêm com as privatizações. Lula contrariou mais este cânone. Ante a crise econômica mundial que se avizinhava partiu pra cima com o discurso que para o Brasil tratava-se de uma “marolinha” e que a crise fora feita “por gente branca, de olhos azuis”. Chamou o FMI e o Banco Mundial aos carretéis e denunciou a jogatina em que se transformara a economia mundial. Não privatizou e vociferou contra algumas desastradas privatizações do passado recente: Sistema Telebrás, Companhia Vale do Rio Doce, Companhia Siderúrgica Nacional etc.
Aprendemos que Presidente da República, Chefe de Estado, não pode descuidar da liturgia que o cargo impõe. Lula mexeu muito com isso. Na maioria dos discursos menciona termos e chavões do futebol, simplifica teorias econômicas com o uso de metáforas futebolísticas, de conversa de compadres. E coloca boné do MST, veste camisa do Corinthians, coloca cocar de índio Kiriri na cabeça, vibra como torcedor apaixonado e sem medo de ser feliz pula, chora, grita e abraça quem está por perto como fez, quando em Copenhague, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016. É a antiliturgia do cargo em ação. É o presidente-mascate a vender produtos brasileiros no exterior. Apenas com a visita do intolerante Ahmadinejad foram firmados 63 acordos internacionais e as exportações brasileiras para o Irã saltarão de US$ 1,2 bilhão para US$ 10,8 bi ao ano.
Aprendemos que presidente da República tem que estar sempre medindo forças com a oposição, demarcando seu território, viabilizando seu governo. Lula inverteu essa lógica. Troca figurinhas com Aécio Neves e com José Serra, demonstra apreço por sua ex-ministra Marina Silva, não responde a Fernando Henrique Cardoso quando este se põe a remoer a inveja com tantas das vitórias do “despreparado” petista. Lula consegue manter, lado a lado, na defesa de seu governo políticos antípodas como Jacques Wagner e Geddel Vieira Lima, José Sarney e Michel Temer, Fernando Collor e Renan Calheiros, Ana Julia Carepa e Jader Barbalho, Sérgio Cabral e o casal Garotinho. Mesmo fazendo essa exótica e bem-sucedida engenharia política Lula não pode nos apresentar qualquer diploma de conclusão de curso de ciência política, de história das instituições políticas brasileiras, de sociologia política. Em matéria de ostentação de diplomas acadêmicos é nada mais que um rotundo fracasso.
Aprendemos que para ser um bom Presidente da República há que se fiar muito na competência e na formação adquirida ao longo da vida. Há que confiar muito na experiência e tarimba conseguidas através do exercício de cargos executivos, de preferência, começando como prefeito, passando a governador e de lá a presidente. Se no meio tempo tiver sido deputado estadual, senador... ainda melhor. Pois bem, Lula contrariou tudo isso. Nunca foi prefeito e muito menos governador. Só foi eleito para a Câmara dos Deputados. E como Deputado Federal causou estupefação com aquela famosa frase depois adotada pela MPB: “o Congresso Nacional abriga 300 picaretas”. Sua competência só podia ser mensurada pela passagem na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Em ambiente tão improvável ele criou um partido político, formou lideranças populares, liderou conglomerado de siglas partidárias, perdeu três eleições para Presidente (1989/1994/1998) e se elegeu presidente duas vezes (2002/2006). Lula provou que ter sorte é mais que mero acaso.
Em seu governo viu a autosuficiência do país em petróleo; descobriu extensas reservas do ouro negro no Pré-Sal; trouxe para o Brasil a Copa do Mundo de Futebol 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016; autorizou o Tesouro Nacional a emprestar US$ 10 bi ao FMI; criou e gerenciou o maior programa mundial de distribuição de renda – o Bolsa-Família; está colocando uma pá de cal sobre a indústria da Seca que mantinha os Estados nordestinos à mercê dos coronéis com o avanço das obras de transposição do rio São Francisco.
Em meio a tudo isso, há menos de 48 horas, Lula pode deitar a cabeça no travesseiro com a notícia da Pesquisa Ibope dando conta que era bem avaliado por estupendos 78% da população brasileira. Sui generis. Esse novo recorde é certificado por nada menos que o Instituto de Pesquisa Datafolha, do jornal Folha de S.Paulo. Nesta pesquisa, 17% consideram seu governo “regular” e apenas 4% consideraram o governo “ruim/pésssimo”.
Faço o destaque porque parece ser recorrente que os números do Datafolha, ao menos nesta eleição presidencial 2010 tendem a sistematicamente contrariar os resultados de seus congêneres Ibope, Sensus e Vox Populi. Curiosamente os congêneres são contrariados porque vêm apresentando o crescimento “sustentado” da candidata governista e o refluir de votos do candidato oposicionista, nestes últimos Institutos a taxa de rejeição da candidata reflui e a do candidato oposicionista aumenta e assim por diante. Não precisamos ser futurólogos para perceber que três institutos de pesquisas mostrarão nas próximas semanas números robustos dando conta da transferência da popularidade presidencial para sua candidata. E, no encalço destas, saberemos que o contraponto ficará por conta do Datafolha, diminuindo a “transferência”, invertendo as inflexões das curvas estatísticas... até que, cansados, oferecerão um vistoso cavalo-de-pau que, como meio de arrumação matemática, conformarão seus números com os demais. Uma coisa é certa: seja quem for eleito em 3 de outubro de 2010 para governar o Brasil a academia deverá dedicar seus esforços para entender os misteriosos mecanismos que regem alguns de nossos institutos de opinião pública.
A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva é em si mesma, um vigoroso libelo contra algumas mentiras que parecem verdades. Lula é o brasileiro que mais vezes se candidatou à presidência da República do Brasil, sendo candidato a presidente cinco vezes. Curioso constatar que em 2006 ultrapassou Rui Barbosa, que se candidatou quatro vezes. Pois bem, de tanto ouvirmos as mentiras chegamos a pensar que eram verdades. E assim, gerações após geração de brasileiros descobriram outro Brasil possível. Aprendemos a ver sentido na expressão “nunca antes na história deste país” porque Lula vestiu estas palavras com novos significados. Queiramos ou não foi o que aconteceu.
Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela
UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil,
Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4700
SERRA QUER URIBINIZAR A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
(Carta Maior e o confronto entre dois projetos de país e de mundo; 27-07)"
Fonte: www.cartamaior.com.br
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Marina: a candidata de Heloísa Helena
Marina vende-se como a menos estatizante
A candidata a Presidência pelo PV, Marina Silva, tentará mostrar hoje em Wall Street, na sua primeira apresentação aos mercados financeiros internacionais, que defende ideias econômicas diferentes dos seus dois principais adversários, José Serra e Dilma Rousseff.
Em evento organizado pela Bovespa BM&F, Marina irá se colocar como a candidata mais confiável quando o tema são três pilares macroeconômicos básicos, representado pelo câmbio flutuante, metas de inflação e superávits primários. Também se apresentará como defensora de políticas favoráveis ao crescimento sustentado de longo prazo da economia. Vai defender mais livre mercado e menos governo, em contraponto ao suposto estatismo de Dilma, e lançar uma nova agenda microeconômica.
Até agora, Marina vinha basicamente defendendo o chamado tripé da política econômica. Com esse discurso, era capaz de transmir confiança aos mercados financeiros, mas não conseguia se destacar muito de Serra e Dilma, que vão na mesma linha.
A audiência não será das maiores. Cerca de 150 investidores brasileiros e estrangeiros confirmaram a presença no evento da Bovespa BM&F, o que representa apenas um quatro dos presentes em apresentação semelhante de Dilma, em fins de maio. Marina e seus assessores econômicos não tiveram encontros individuais com o mercado, ao contrário dos auxiliares de Dilma, que cumpriram uma agenda paralela em Wall Street.
"Viemos aqui para mostrar que a Marina não é só uma líder ambiental", afirmou o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos autores do programa econômico de Marina, que ajudou a escrever o discurso que será feito hoje.
Há dúvidas sobre qual será o poder de Giannetti num eventual governo Marina, já que ele insiste que não irá assumir cargos em Brasília. "Não consigo nem controlar as contas de casa", disse, em entrevista ao Valor. Outros economistas com visões diferentes, como Paulo Sandroni, também trabalham no programa de governo - e podem assumir funções importantes.
Pelo menos ontem, porém, Marina fez questão de prestigiar Giannetti como um interlocutor central em questões econômicas. "Quem fala sobre juros é o Giannetti", afirmou, durante a inauguração de um comitê domiciliar quando jornalistas pediram que comentasse a decisão sobre juros que o Banco Central tomaria algumas horas depois.
Giannetti, depois de hesitar um pouco para começar a falar, mostrando desconforto com o papel, defendeu o BC. "O BC pode ter exagerado aqui e ali no ajuste fino, mas sempre acertou a direção da política monetária."
Ao Valor, Giannetti disse que Marina irá mostrar hoje a Wall Street que é mais confiável que Serra e Dilma quando o tema são os pilares macro. "Rejeitamos o artificialismo monetário e cambial, a ideia de que a ação voluntarista de um presidente possa atropelar a independência do BC", disse, referindo-se a uma das fragilidades de Serra aos olhos do mercado, já que ele é um crítico das políticas monetária e cambial. "Vemos também com certa preocupação a tendência estatizante desse último ano do governo Lula, que está muito identificado com a candidatura Dilma." O mercado vê riscos na política fiscal de Dilma.
Quando o assunto é a política monetária contemporânea, Giannetti está no grupo dos mais conservadores. Ele não concorda, por exemplo, com a leitura recente do mercado financeiro de que a inflação preocupa menos, depois que saíram dados que mostram fraca atividade econômica. "O BC não pode basear as suas decisões nos dados de apenas um mês, que estão sujeitos a sazonalidades e influências de eventos como a Copa do Mundo", afirmou. "Estão usando essa oportunidade para forçar o BC a subir menos os juros." Giannetti vê o BC subindo os juros por vários meses, enquanto o mercado começa a apostar que a última alta simbólica será no proximo encontro, em setembro.
Marina, no seu discurso, vai se vender a Wall Street como a candidata que pode fazer mais para garantir o crescimento sustentado da economia no longo prazo. Giannetti afirma que, hoje, o Brasil cresce a taxas superiores a 7% apenas porque está numa recuperação cíclica. Ou seja, durante a crise, a economia cresceu pouco, e agora está como que recuperando o tempo perdido, ocupando a capacidade ociosa de produção.
"Daqui a pouco vamos bater no nosso limite de crescimento", afirmou, referindo ao Produto Interno Bruto (PIB) potencial da economia, ou seja, o limite máximo de crescimento que não causa problemas como inflação e déficits externos insustentáveis. Segundo o economista, é muito difícil determinar qual é o PIB potencial, "mas esse número está mais perto de 4,5% do que de 7%".
Para crescer mais, afirma, serão necessárias algumas reformas. A tributária, afirma, será fundamental para que o governo, que arrecada o equivalente a 36% do PIB e toma emprestado outros 3% por meio de seu déficit nominal, deixe espaço para o setor privado crescer. A reforma fiscal, afirma, também abriria espaço para mais investimentos privados.
"Precisamos terminar essa história de economia em marcha forçada", afirma Giannetti, referindo-se à política adotada pelo regime militar nos anos 1970, com o Estado forte puxando a economia.
Outra frente para aumentar o crescimento potencial, afirma, são reformas microeconômicas como no mercado de trabalho e no campo regulatório para infraestrutura. Essa é uma agenda, segundo o assessor economico de Marina, que foi adotada no principio do governo Lula, mas depois abandonada. Outros temas, como educação e meio ambiente, também vão integrar o discurso.
Waldir Pires declara voto para Emiliano em carta
Voto para Emiliano 1331
Quero pedir licença às minhas amigas e meus amigos, companheiras e companheiros, de tantas lutas e de esperanças e sonhos que não morrem, jamais, e que, ao longo do tempo, ao contrário, até se vão fortalecendo na alma e na vontade política, experiente, endurecida, insistente, para dizer-lhes da escolha que farão para a composição da representação da Bahia, na Câmara dos Deputados, nestas próximas eleições de outubro.
Temos muita gente boa, disponível, na batalha eleitoral que se travará. A Câmara dos Deputados, como o Senado, são os dois núcleos do Poder Legislativo nacional, que terão papel decisivo, no êxito, ou não, da continuidade do instante nacional bonito, afirmativo, que estamos vivendo. Consolidar, avançar, aprofundar as conquistas democráticas que o governo do presidente Lula realiza em grau maior, e diferenciado, que qualquer outro governo no passado, para a inclusão crescente, na sociedade humana brasileira, das grandes maiorias do nosso povo, inclusão que é preciso seja a da cidadania real, consciente, participativa, reivindicativa. Isto é, as pessoas podendo comer, alimentar-se, morar, trabalhar, criar os filhos, dispondo de meios para educá-los e dotá-los de condições que lhes viabilizem as oportunidades da vida. Isto é, construir Democracia.
A Democracia já não pode mais ser uma utopia. Uma aspiração distante, frágil, visualizada no horizonte. Nem mais pode continuar, aos olhos do povo, mentirosa e enganadora, fria, porque restrita a regras formais, jurídicas, que não são aplicadas, na realidade cotidiana, pelos donos do poder. Liberdades e igualdades proclamadas, que não existem, salvo para os que têm dinheiro, porque estão incorporadas à Constituição, aos códigos, às leis, na sociedade real, que é, na verdade, de prática ainda excludente.
A Democracia é, hoje, uma idéia-força, motora, indispensável à construção das transformações sociais e da convivência humana, em paz. Proclamadora da dignidade da pessoa humana, que é o fim, e não o objeto, da sua inteligência criadora nas artes, na ciência, na tecnologia, a serviço da Humanidade.
O caminho, agora, aberto pelo governo do presidente Lula há de ser consolidado e avançará no governo de Dilma, candidata de Lula e nossa à presidência da República, com apoio de um Congresso que seja digno, honrado e ético.
Por isso, quero falar-lhes sobre a candidatura de Emiliano José a Deputado Federal, ao lado de diversos outros companheiros capazes. Conheço Emiliano e o observei e o vi agir e lutar desde minha volta à Bahia, em 1979, com a decretação da Anistia e a restauração dos meus direitos políticos cassados, na primeira lista da Ditadura, em abril de 1964.
Emiliano, ainda muito moço, era já conhecido e respeitado jornalista dos nossos jornais diários e dos que são do sul do País. Corajoso e intrépido combatente na luta contra a ditadura, preso durante quatro anos, torturado, tendo sofrido as brutalidades da ignomínia ditatorial, voltou à liberdade íntegro, na cabeça e no coração, no patriotismo e na visão aberta da sociedade justa e livre.
Professor universitário e doutor pela UFBA, trabalhador incansável. Bom escritor. Ajudou-me, no meu governo, quando exerceu o mandato de deputado estadual, como vereador de Salvador, novamente deputado estadual e, por último, durante um ano, como deputado federal, recentemente.
Emiliano tem uma excelente trajetória de vida e de trabalho, minhas amigas e meus amigos. Mas é, sobretudo, para mim, a confiança, no mérito e na retidão, de que teremos um grande representante da Bahia, no Parlamento Brasileiro, para a construção do Estado Democrático Brasileiro livre, justo e próspero, indispensável para a construção da sociedade democrática brasileira livre e justa.
Peço-lhe o voto para Emiliano 1331
Waldir Pires
Fonte: http://www.emilianojose.com.br/?event=Site.dspNoticiaDetalhe¬icia_id=438
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Como se explica o fracasso do Congresso da Classe Trabalhadora (CONCLAT) de unificação Conlutas e Intersindical
Esse quadro reflete as contradições que estiveram na base do processo de cisão da CUT, que constituiu a Conlutas e a Intersindical e da tentativa de unificação dos divisionistas. Dois partidos lideraram o caminho da cisão e da unificação – PSTU com a Conlutas e PSOL com a Intersindical. Agregaram-se a eles, movimentos como MTL e MTST, que de uma maneira ou de outra estão sob a influência do PSTU e PSOL. O MAS representa a fração estalinista que se reivindica do prestismo (Luis Carlos Prestes), notabilizou-se por correr atrás do PDT. Há as correntes de esquerda que foram arrastadas pela aventura do PSTU de cindir a CUT, a exemplo da LBI, LER, que se comportam como seitas.
O PSTU e PSOL, acompanhados de alguns movimentos heterogêneos do ponto de vista de classe e de um amontoado de seitas confusas, imaginaram pôr em pé uma nova central. Não lhes importaram se o movimento da Conlutas/Intersindical estava expressando ou não uma tendência do proletariado de desprezar a CUT, de expulsar a burocracia dos sindicatos e de criar uma nova organização de massa. Nesse ponto todos estavam unidos.
Dos oportunistas às seitas que queriam parir uma “organização soviética”, bastava romper com a CUT, tendo o controle de duas centenas de sindicatos – a maioria de trabalhadores da pequena burguesia – para se edificar uma nova organização de classe, independente e de luta. Criada a Conlutas, pressupunha-se que haveria uma disparada de desfiliação da CUT governamental. O que não se verificou. A grande maioria dos sindicatos operários e os mais estratégicos continuam sob o domínio da burocracia cutista e forcista. O enorme recuo sofrido pela classe operária nos últimos 20 anos não pesou em nada na avaliação dos dirigentes do PSTU e daqueles que o seguiram de olhos vendados pelo caminho de uma nova organização.
Os dirigentes do PSOL estão isentos dessa crítica uma vez que cindiram a CUT especialmente porque romperam com o PT. Ou melhor, não tem sentido criticá-lo por seu aparatismo eleitoreiro. O fato é mais do que evidente. O PSOL é um ajuntamento de tendências social-democratas de direita e de esquerda, que controla ou tem influência em algumas dezenas de sindicatos. Diferentemente, o PSTU protagonizou a cisão com a CUT em nome da independência, do classismo e do socialismo. Tem o agravante de confundir a política divisionista com o trotskismo.
O que então poderia unir o PSTU e PSOL que têm influência em uma parcela de sindicatos? A luta pela independência organizativa e política dos trabalhadores, como todos proclamaram em suas teses para o Conclat? A necessidade de unir os classistas sob o mesmo teto do socialismo como enfatizaram algumas das tendências? A busca de um programa classista como advogaram outras? Todo tipo de justificativa no campo da independência frente à burocracia e à burguesia era e é permissível e válido. Essa retórica é comum a todos. O que não era válido e permissível era saber se a constituição da Conlutas/Intersindical expressava uma tendência do proletariado de construir uma organização de massa, e se fraturar a CUT, abriria de fato caminho para conquistar a unidade organizativa da classe operária.
Uma vez que havia acordo sobre a premissa de que a CUT está burocratizada e estatizada, havia o acordo de que se colocava a formação de uma nova organização. Todos partiam de uma premissa verdadeira e chegavam a uma falsa conclusão. Por que não concluir com a posição de constituir uma fração revolucionária para atuar fora e dentro da CUT, combatendo pela desestatização e desburocratização dos sindicatos e da Central? A solução foi prescrita: cindir a CUT, formar uma Central e trabalhar pela desfiliação dos sindicatos cutistas etc. Assim, o mais extremo oportunismo se uniu ao mais extremo sectarismo sob a tese da ruptura com a CUT como a via de solução do problema da independência organizativa e política dos trabalhadores.
Os partidos que controlam sindicatos – PSTU e PSOL – protagonizaram a cisão com a CUT e se viram com a questão da unificação. Os “movimentos” e correntes de esquerda tiveram de seguir arrastados pelo processo. Todo tipo de absurdo foi colocado na arena montada pelo PSTU/Conlutas e PSOL/Intersindical. Como o de que a unificação deveria se dar sobre um programa. As seitas chegaram a se opor à unificação pela ausência do programa. É como se estivessem fundando um partido. Mas o que de fato se passava era uma junção de aparatos. Aqueles que gritaram que não havia programa e princípios se comportavam quixotescamente, sem se darem conta de que estavam no mesmo barco e com o mesmo remo da cisão sem princípio e sem programa com a CUT pelo PSTU. Uma divisão sindical causada pela disputa de aparatos jamais permitirá a discussão de programa e de princípios. As seitas procuraram cobrir o bolo confeccionado pelo PSTU com o glacê do programa e dos princípios. As seitas se juntaram ao PSTU para romper a CUT, com que arma? Com alguns sindicatos sob o seu controle? Não, não têm sindicatos. O que têm, então? O seu esquerdismo inconsequente. Mal conseguem atinar que seguiram a política oportunista, aparatista e divisionista do morenismo. Caso houvesse um processo de choque das massas proletárias e demais explorados com a burocracia e estas caminhassem por constituir uma nova organização de massa, todas essas miudezas não teriam lugar.
A Intersindical/PSOL teve de fazer o jogo da unidade do PSTU até o ponto em que ficou evidente que não teriam o manejo do novo aparato que se pretendia. Não por acaso, a divergência fundamental se deu em torno do nome, se conservaria ou não a sigla Conlutas. O PSTU fez a manobra de compor Conlutas-Intersindical. O MTL a reforçou com o agregado “Central Sindical e Popular”. Caso houvesse acordo, tudo estaria resolvido. Ficariam de fora apenas as seitas cri-cri, com sua Cocep, seu programa etc.
No entanto, o PSOL e o MAS não aceitavam a identidade Conlutas/PSTU. O nome Intersindical estaria na posição de apêndice, o que de certa forma representaria a correlação de força dos aparatos. Certamente, a explicação é outra. A Intersindical foi fraturada em torno da unificação. Uma parte de sua burocracia não aceitou a decisão de constituir um congresso de unificação com a Conlutas. O PCB reforçou a ala rebelde e com ela decidiram manter a Intersindical. Assim, o PSOL desautorizava a utilização da sigla pelo PSTU. Na realidade, o problema não estava na utilização do nome Intersindical e sim na manutenção de Conlutas. O PSTU utilizou um argumento irrefutável. A Conlutas era um patrimônio. Durante cinco anos de sua formação, havia se tornado conhecido, participando das greves e manifestações. Nesse sentido, é claro que a Intersindical é uma obscura organização e ainda por cima dividida. Não haveria, portanto, razão para o PSOL reivindicar a sua bandeira. Ao mesmo tempo, não poderia desfraldar o nome da Conlutas, uma vez que era patrimônio sim, mas patrimônio do PSTU.
Outras divergências poderiam ser digeridas. Originalmente, o PSTU pretendia que os estudantes tivessem 10% da representação, baixou para 5%. Ganhou a votação. Tudo bem. O PSOL e outras organizações queriam que a executiva fosse eleita no Congresso, o PSTU cedeu, desde que a Coordenação fosse garantida com o mesmo critério de funcionamento federativo da Conlutas. Tudo bem. Quanto ao número de 27 membros para compor a executiva, tudo bem. Quanto ao nome. Tudo mal.
Vemos que as explicações da ruptura do Conclat são de acordo com o interessado. O PSTU acusa “bloco Intersindical/Unidos/Mas de não acatarem a democracia do congresso, ou seja, “que as bases decidam as polêmicas”. Acusa-os de violarem uma decisão de conjunto de que o congresso fosse deliberativo. Trocando em miúdos, a acusação significa que o “bloco” abandonou o congresso quando viu que sua divergência de fundo com o PSTU foi derrotada. Pelo transcorrer dos fatos pré-congresso e do congresso, é bem provável que tenha havido um acordo do “bloco” de abandonar a plenária e deixar o PSTU a ver navios. Uma lição, para depois reatarem? Com certeza, para o PSTU, foi uma surpresa desagradável. Terá de renegociar a reconstituição da “unidade”.
A política de cisão da CUT, de unificação com a Intersindical e da criação de uma nova central do PSTU seria coroada com as negociações possíveis e com as vitórias no plenário. As seitas dos cri-cris continuariam saltitantes atrás dos acontecimentos. Uma nova etapa de disputas entre os dois maiores aparatos ajuntados se abriria. O PSOL e seu bloco admitiram esse percurso desde que o PSTU começasse cedendo em sua principal exigência de unificação. Um nome qualquer poderia ser combinado, menos que tivesse o “patrimônio” do PSTU identificado.
A Intersindical, no entanto, acusa o PSTU de usar de sua força hegemônica para impor o impossível de ser aceito. Uma hegemonia considerada de maioria numérica pequena e circunstancial, que foi usada como “método da imposição”, contraposto à “construção coletiva”. A Unidos pra Lutar descobriu que não existe um “ascenso generalizado”, como o que precedeu à formação da CUT, por isso a “reorganização do movimento exige que se deva primar o critério unitário, de consenso (...)” Também acusa o PSTU de possuir uma “maioria circunstancial” e impor “sua política para ‘anexar’ os demais setores.” Rechaça a “disputa de aparatos”.
O que tem a ver a ausência do ascenso com a necessidade de consenso e de critério unitário para construir a nova central (Central Sindical e Popular Classista, nome defendido pela Unidos)? Faltou que a corrente “Unidos” explicasse a conexão. Ou seja, que dissesse que o Conclat reunia partidos, movimentos e correntes que não expressam o proletariado em luta e que os delegados são em sua grande maioria militantes ou ativistas ligados ao PSTU, PSOL etc. Logo, os delegados estão com mandatos imperativos ou quase imperativos, não estando livres para mudar de posição, de serem convencidos pela discussão. Os delegados não expressam o movimento operário vivo, a classe operária em luta, o combate dos camponeses e o ascenso dos demais oprimidos. Se o Conclat expressasse os delegados de fábrica, dos locais de trabalho etc, certamente a direção do movimento pela Central estaria configurada, podendo ter legitimidade real, com maioria real frente às divergências. Mas um Conclat formado por uma maioria de militantes e ativistas que não expressa o proletariado em luta, por um plenário de maioria social pequeno-burguesa, a democracia do voto seria formal. Tratava-se de um Conclat de correntes e aparatos sindicais. Nesse caso, os aparatos deveriam obter consenso, unidade, tolerância etc.
Ninguém mais do que o PSTU necessitava e necessita da unificação e de levantar a bandeira da nova Central. Por que não fez a principal concessão? Por que na disputa de aparato conceder significa perder terreno, enfraquecer-se. Para o PSTU, ou seja para sua política de cisão com a CUT e formação de uma Central, ceder no nome seria a perda de um patrimônio, representaria uma capitulação, principalmente tendo maioria, mesmo que “pequena e circunstancial”. Para a Intersindical/PSOL, aceitar a maioria constituiria igualmente capitulação, bem como para a Unidos significaria “anexação”.
A “Unidos” se refere à disputa de aparatos porque não tem o seu à altura do confronto. O mesmo fazem as seitas em suas notas sobre a ruptura do Conclat. O essencial é acobertado: tanto a Conlutas quanto a Intersindical não expressam uma importante camada do proletariado; a cisão com a CUT é divisionista e aparatista. A ruptura com a CUT e a disputa de aparatos no Conclat devem ser analisados a partir da situação do proletariado. É oportunismo deslavado usar o argumento da falta de ascenso da classe operária para defender que o PSTU não use sua maioria contra o aparato da minoria e dos sem aparato, e não se valer da mesma premissa para reconhecer que a cisão provocada pelo PSTU foi artificial e aparelhista.
Nota-se que nem a PSOL/Intersindical nem o PSTU/Conlutas referem-se à disputa de aparatos. Somente o fazem quem não os tem. As seitas denunciam a “unificação de aparatos” e “não de programa” (LER). Mas desconhecem que seguiram e apoiaram a cisão da CUT pelo PSTU. Ficar na ultra-esquerda levantando a necessidade da unidade programática, opondo-se à unificação com os contra-revolucionários do PSOL, propagandeando um nome tirado do cérebro estreito, acusando o PSTU de aparatista, nada disso ocultará o fato de terem sido arrastadas por detrás da política divisionista e antimarxista. O mesmo ocorre com o sindicalismo oportunista da corrente “Unidos”. Não quer que o PSTU a anexe, mas segue sua linha de divisão da CUT. Ultra-esquerdistas e oportunistas se enfeitam com as bandeiras de Cocep, Ceclat frente a uma disputa de aparatos liderada pelo PSTU.
O Conclat não tinha como constituir uma nova Central porque não expressava um levante da classe operária contra a burocracia e a burguesia. Qualquer que fosse o nome acobertaria a união de aparatos da esquerda pequeno burguesa. Não cabe aos marxistas criar sindicato ou Central quando os explorados não o estão exigindo e dando as condições políticas por meio da luta de classes. Trata-se de atuar nos sindicatos e Centrais como fração revolucionária, por mais burocratizadas que estejam as organizações sindicais. A derrubada das direções colaboracionistas e estatizantes faz parte da tarefa de constituir o proletariado de sua direção revolucionária. Não será cindindo a CUT e criando um novo aparato de esquerda que se derrotará a política da burocracia pró-patronal.
A tese de que se cria uma Central sem a classe operária para fazer um trabalho para canalizá-la no futuro é um artifício que reflete oportunismo aparatista e sectarismo divisionista. As organizações que se digladiam por dar vida a uma nova Central não se dão o trabalho de responder a esse fundamento do marxismo-leninismo-trotskismo. Não se apoiam nas experiências passadas malsucedidas do divisionismo sectário e do divisionismo burocrático. A socialdemocracia e o estalinismo encarnam o divisionismo sindical, em contraposição à diretriz marxista-leninista. Ao seu lado vicejou o esquerdismo, que rejeitava intervir nos “sindicatos reacionários” e que propunha criar novas organizações. Lênin os combateu. Nada de “criar formas novas de organização operária, inventadas”. No Programa de ação dos Bolcheviques – Leninistas Franceses, de 1934, vinculada à Oposição Internacional de Esquerda, se orienta a unir todos os sindicatos sob uma “única central”.
A tarefa no Brasil é justamente a de derrotar a burocracia divisionista e superar a fragmentação dos sindicatos em 11 Centrais. O caminho para esse objetivo estratégico passa por cindir a CUT, que resultou do ascenso operário? Ou passa pelo trabalho revolucionário paciencioso nos sindicatos e na CUT burocratizados? Sair da CUT para juntar correntes de esquerda centrista, reformista, sindicalista e ultra-esquerdista é a via para quebrar a espinha dorsal da burocracia que mantém sob seu controle a quase totalidade dos sindicatos operários e de trabalhadores? Não seria inventar uma nova organização? Não seria deixar a esmagadora maioria dos sindicatos sob a direção dos burocratas pró-capitalistas?
Nenhuma das correntes que compõem a Conlutas e a Intersindical se colocou essas questões. Pelo contrário, procuraram desconhecê-las. Obscureceram os fundamentos históricos, econômicos e políticos da burocratização e estatização das organizações sindicais com a conclusão mecânica de que é preciso formar uma nova Central a partir da premissa verdadeira de que a CUT virou “chapa branca”, que eliminou a democracia e que age como freio das lutas. Ao fecharem os olhos para esses questionamentos, não foi possível a nenhuma das correntes do Conclat ir à raiz da divergência em torno do nome, aparentemente secundária, e do abandono da Intersindical da plenária. O Conclat foi montado para inventar uma nova organização, em contraposição à CUT existente.
Por trás do nome, armou-se a divergência sobre a concepção da Central. Porém, onde prevalece a junção de aparatos e disputa por seu controle não tem vigência a concepção. A ruptura não se deu sobre concepções opostas. Os prestistas, em sua nota sobre o ocorrido, explica que o PSTU já os havia derrotado na questão de “princípio”, quando alcançou o objetivo de incorporar os estudantes. Estaria assim descaracterizada a Central baseada em sindicatos. A “Unidos” está de acordo com os prestistas. O PSTU descaracterizou o caráter classista da Central ao integrar “setores estudantis e movimentos antiopressão”. Eis por que é necessário, segundo a Unidos, desenvolver a crítica sobre a concepção. Enquanto o PSTU se prendeu a uma “posição policlassista” para impor sua hegemonia, a Intersindical/PSOL, Unidos e outras correntes formaram um bloco pela Central classista, certamente para quebrar a hegemonia do PSTU. É falso, portanto, que se tratava de duas concepções em confronto.
O PSTU usou o expediente dos estudantes e dos movimentos anti-opressão (das minorias oprimidas) em função do aparato e não da concepção. E a Intersindical, Unidos e MAS estavam em disputa com o PSTU em função de concepção? Apenas na aparência. Sem a incorporação de estudantes e dos movimentos anti-opressão, os opositores teriam melhores condições para se colocar no aparato. Certamente, os movimentos anti-opressão (discriminações, racismo etc) não expressam uma classe, mas os estudantes do movimento universitário expressam a pequena-burguesia. Não restam dúvidas que a esquerda pequeno-burguesa tem distorcido o conteúdo de opressão de classe desses movimentos, dando-lhes uma particularidade corporativa. Os morenistas de distintos matizes são afeiçoados a tais deformações. Portanto, é certo que elas tenham sido projetadas no Conclat. Mas aqueles que pretendiam uma Central baseada nos sindicatos e movimentos populares (sem-teto etc) diluíam o seu conteúdo essencial sob a fórmula genérica de “classe trabalhadora”. Não a concebiam como Central operária, que como tal abarca não só o proletariado mas também os camponeses pobres e as massas pequeno-burguesas urbanas arruinadas. Operária porque expressa a força motriz da luta de classes e da revolução social. Classe trabalhadora era mais adequada para os opositores do PSTU porque o Conclat expressava uma pequena fração do movimento sindical, com poucos sindicatos operários, sendo que a maioria deles e os mais importantes estavam sob a direção do PSTU.
Não obstante há um aspecto pouco transparente na discussão da concepção. Há um setor reformista – o reformismo se veste de “popular” – que apregoa o definhamento da classe operária e o advento de novas camadas de “trabalhadores”. A Central deveria, portanto, expressar a “classe trabalhadora”, na qual o proletariado se acha diluído. Tem-se uma política popular e não proletária. O PSTU centrista se potenciou conquistando algumas dezenas de sindicatos – principalmente o metalúrgico de São José dos Campos, petroleiros de Sergipe/ Alagoas – e tomou a iniciativa de liderar a cisão da CUT sem saber onde iria desembocar a Conlutas, mas o norte era uma nova Central. A Intersindical saiu do ventre do reformismo petista e da burocracia cutista, expressa o desgarramento de uma ala do petismo. Traz consigo a negação do proletariado como força motriz da revolução. O sindicalismo antipartidário segue o fluxo da tentativa de reordenação do reformismo pequeno-burguês. De repente, surge um bloco das circunstâncias criadas pelas cisões com a CUT em oposição ao PSTU como se apoiasse sobre princípios classistas. Nada mais falso. O Conclat se despedaçou no último dia de seus trabalhos não porque se delineou duas concepções irreconciliáveis de Central, mas devido aos interesses particulares e mesquinhos de aparato. E assim sucedeu porque a Conlutas e Intersindical não expressam um deslocamento do proletariado contra a burocracia estatizante e contra dominação capitalista. A cisão da CUT e o fracasso da unificação fortaleceu a burocracia estatizante.
20 de junho de 2010
Fonte: http://www.pormassas.org/
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Serra é um escroque da pior qualidade
Líder tucano manteve contatos com as Farc no governo FHC
Polêmica levantada por revista Veja não apresenta provas mas resgata passado e desatenções da mídia. No governo FHC, atual líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, foi designado para falar com “narcoguerrilheiros envolvidos em corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”.
Polêmica levantada por revista Veja não apresenta provas mas resgata passado e desatenções da mídia. No governo FHC, atual líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, foi designado para falar com “narcoguerrilheiros envolvidos em corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”.
Marco Aurélio Weissheimer 14/03/2005
Porto Alegre - Exercendo seu esporte favorito, a tentativa de criminalização da esquerda e dos movimentos sociais no Brasil, a revista Veja dedicou a capa de sua edição desta semana para denunciar um suposto financiamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a candidaturas petistas nas eleições de 2002. Baseando-se em supostos documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a revista pretendeu identificar o que chamou de “tentáculos das Farc no Brasil”. O fato de não possuir nenhuma prova da ligação, o que é admitido na matéria assinada pelo jornalista Policarpo Junior, não impediu a Veja de publicar uma capa acusatória. A edição da revista semanal teve uma ampla repercussão nesta segunda-feira, levando líderes do PSDB e do PFL no Congresso Nacional a defender a necessidade da instalação imediata de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar as relações do PT com os “narcoguerrilheiros colombianos envolvidos em seqüestros, corrupção e mortes, até de brasileiros”, como disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Ao tomar conhecimento do conteúdo da matéria de Veja, Arthur Virgílio não perdeu tempo e afirmou que a suposta doação de dinheiro das Farc para candidatos petistas é caso para uma CPI. “Não servem desculpas declarar que se houver culpados serão punidos. O PT virou o partido das desculpas”, atacou o senador tucano, que acrescentou: “Dinheiro das Farc significa dinheiro da narcoguerrilha, da corrupção, de seqüestros e mortes, até de brasileiros”. Virgílio não disse, porém, se vai tomar a iniciativa para a criação da CPI. Os líderes do PFL na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e no Senado, José Agripino (RN), também defenderam a instalação imediata de uma CPI para investigar as denúncias.
A missão de Virgílio junto às Farc, segundo a imprensa
O que nem Virgílio nem a Veja disseram é que, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ele foi designado para manter contato com representantes das Farc, conforme noticiou a imprensa brasileira na época. No final de 1998, representantes da guerrilha colombiana se encontraram com vários parlamentares brasileiros, entre eles os deputados tucanos Tuga Angerami (SP) e Arthur Virgílio, secretário-geral do PSDB à época. Naquele ano, o atual líder do PSDB no Senado justificou do seguinte modo, à Folha de São Paulo, o encontro com os “narcoguerrilheiros colombianos envolvidos com corrupção, seqüestro e morte de brasileiros”: “O Brasil tem grande importância diplomática na América Latina. Podemos ajudar a Colômbia a pôr fim aos conflitos”.
A guerrilha colombiana tentava ser reconhecida oficialmente como força beligerante pelo governo brasileiro, com o argumento de que isso poderia ajudar nas negociações de paz. Com esse objetivo, as Farc enviaram ao Brasil um de seus comandantes, conhecido como Hernán Ramírez, para manter contatos com parlamentares e diplomatas brasileiros. O movimento não obteve êxito e o governo Fernando Henrique não reconheceu diplomaticamente a guerrilha, mas também não a classificou como um grupo terrorista, como pressiona até hoje o governo dos Estados Unidos. A idéia parecia ser deixar algum espaço para futuras negociações. Em agosto de 1999, o general Alberto Cardoso, declarou que as Forças Armadas brasileiras consideravam a possibilidade da guerrilha ganhar a guerra e chegar ao poder.
FHC evitou prisão de líder guerrilheiro
No dia 17 de outubro de 1999, Arthur Virgílio, já líder do governo FHC no Congresso, admitiu ao Jornal do Brasil que aceitara a responsabilidade de ser um contato das Farc com o governo no intuito de colaborar com o processo de paz na Colômbia. Segundo o jornal carioca, o líder tucano teria tentado, sem sucesso, interceder em favor da guerrilha colombiana junto ao Itamaraty. Cerca de um ano depois, em 2000, Fernando Henrique Cardoso teve a oportunidade de mandar prender um dirigente deste grupo, mas não o fez. Segundo matéria publicada no jornal Folha de São Paulo (06.09.2000), forças de segurança localizaram um dirigente das Farc do lado brasileiro da fronteira. “Por decisão de FHC, em vez de prender o guerrilheiro, os agentes que o vigiavam o mandaram de volta para a Colômbia”, informou o jornal, acrescentando: “o serviço de inteligência brasileira informou a FHC tão logo o comandante das Farc foi localizado. Após rápida confabulação, o Planalto julgou melhor enxotar o guerrilheiro a prendê-lo e empanar a reunião em Brasília de 12 presidentes sul-americanos”. Nenhum destes fatos mereceu destaque de capa pela revista Veja, uma desatenção, com certeza.
Mas agora, os editores da publicação redobraram sua atenção. Nesta segunda, o site de Veja tratou de repercutir sua denúncia, perguntando em uma enquete: Você acha que a simpatia de políticos do PT pelas Farc sobrevive até hoje, mesmo com o partido no poder? Além disso, apresenta na seção “Arquivo” outras matérias que envolvem críticas e denúncias contra o PT e o governo Lula. Uma delas, publicada em 26 de janeiro de 2005, tem como título “Risco de Involução” e pergunta: “o governo do PT deixou o Brasil mais atrasado?”. Outra, de 25 de fevereiro de 2004, denuncia o “vale-tudo do PT” e dispara: “surgem denúncias contra as campanhas petistas”. Uma terceira, de 25 de setembro de 2002, indaga, com espírito cético: “o partido está pronto a assumir a presidência?”.
Não é a primeira vez que a revista publica matérias de capa fazendo denúncias sobre o suposto envolvimento de petistas com ilegalidades. Em fevereiro de 2004, publicou uma entrevista de José Vicente Brizola, ex-diretor da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul no governo Olívio Dutra, na qual ele afirmava ter sido pressionado a obter dinheiro para campanhas eleitorais do PT com donos de bingos, jogos de cartela e máquinas de vídeo-loteria. Filho do falecido Leonel Brizola, José Vicente havia brigado com o pai no início de 2001 e ingressado no PT. Mesmo sem apresentar provas de suas denúncias, ele ganhou a capa de Veja. As denúncias nunca foram provadas, mas alimentaram semanas de noticiário na mídia. Durante o governo de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul (1999 – 2002), a presença de representantes das Farc no Estado também mereceu pesada cobertura em vários veículos de comunicação. O mesmo destaque não foi dado quando uma delegação da guerrilha colombiana foi recebida no Vaticano, em fevereiro de 2000, certamente mais uma desatenção.
Seguindo as pegadas de Veja, o site Primeira Leitura, ligado ao PSDB, também repercutiu amplamente, nesta segunda, a matéria da revista, afirmando, entre coisas, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o assessor especial para assuntos de política externa, Marco Aurélio Garcia, “são fundadores de entidade que junta, entre outros grupos, o PT e as Farc”, uma referência ao Fórum de São Paulo, organização que reúne grupos políticos de esquerda da América Latina. Além disso, critica o fato de que, até hoje, “o governo não reconhece os narcoguerrilheiros colombianos como um grupo terrorista”. Mas omite os contatos mantidos por representantes do governo FHC com os “narcoguerrilheiros colombianos” e que o governo tucano tampouco classificou as Farc como “grupo terrorista”. Mais uma desatenção, obviamente.
"Documentos da Abin" são falsos?
E quanto às denúncias de Veja sobre o suposto financiamento de candidaturas petistas? Nesta segunda, o ministro do gabinete de Segurança Institucional, Armando Félix, disse ao líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que os documentos citados pela revista são falsos. A matéria fala de uma suposta transferência de R$ 5 milhões para candidatos petistas, sem, no entanto, apresentar provas para sustentar a denúncia. Na conversa com Mercadante, Armando Félix disse que o documento citado pela revista não respeita as regras da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O general Felix anunciou que vai propor uma reunião da Comissão de Controle Externo das Atividades de Inteligência nas próximas 48 horas. Segundo Mercadante, os documentos citados na matéria da Veja “serão tecnicamente desmascarados no momento oportuno”.
Outras lideranças petistas também repudiaram o conteúdo da publicação, principalmente pelo fato de a própria revista admitir não ter conseguido qualquer indício de prova para sustentar a denúncia, o que não impediu seu destaque na capa da edição desta semana. O presidente nacional do PT, José Genoino, divulgou ainda no domingo nota oficial repudiando a matéria de capa da Veja. A nota qualifica de irresponsável a reportagem, por destacar na capa “um ataque à honra do partido sem provas consistentes”. Na Câmara dos Deputados, o líder do PT, Paulo Rocha (PA), atribuiu as denúncias a uma possível tentativa da oposição de antecipar o processo eleitoral. Segundo Rocha, “não há nenhum tipo de relação do PT com as Farc, nem política, nem financeira”. “Nunca houve e nem haverá”, resumiu.
Paulo Rocha lembrou que durante o governo FHC, representantes da guerrilha entraram em contato com autoridades brasileiras para tentar estabelecer uma representação diplomática no país. Sem obter êxito em sua tentativa, esses representantes, entre eles o padre Olivério Medida (apontado por Veja como o intermediário da suposta transferência de dinheiro para candidaturas petistas), conversaram com parlamentares brasileiros de diversos partidos, entre eles lideranças do PSDB que agora querem uma CPI. Saia ou não a CPI, o senador Arthur Virgílio terá uma oportunidade de relatar como foram suas conversas com os representantes do grupo de “narcotraficantes, envolvidos em corrupção, seqüestro e mortes de brasileiros”, na tentativa de encontrar uma solução pacífica para o conflito que sangra a Colômbia há décadas. Como disse Virgílio na época, “isso poderá ajudar a Colômbia a pôr fim aos conflitos”. E também propiciar à revista Veja corrigir desatenções de outras épocas.
Fonte: Agência Carta Maior.
Serra quer instalar República Midiática
Sem nenhuma atualização dos métodos utilizados em 1954 contra Getúlio Vargas e, dez anos depois, no golpe de Estado que depôs Jango, a grande imprensa aponta sua artilharia para os atores que procuram romper a tradição brasileira de definir e encaminhar as questões políticas de forma elitista e autoritária. Jornalistas, radialistas e apresentadores de programas televisivos, sem qualquer pudor, tentam arregimentar as classes médias para um golpe branco contra a candidatura de Dilma Rousseff. Para tal objetivo, além do recorrente terrorismo semântico, as oficinas de consenso contam com alguns ministros do TSE e uma vice-procuradora pautada sob medida.
A campanha de oposição ao governo utiliza uma linguagem radical e alarmista, que mistura denúncias contra falsos dossiês, corrupção governamental, uso da máquina pública no processo eleitoral, supostas teses que fragilizariam a propriedade privada em benefício de invasões, além do ”controle social da mídia em prejuízo da liberdade de imprensa”. Temos a reedição da retórica do medo que já rendeu dividendos às classes dominantes. Em escala nacional, os índices disponíveis de percepção do eleitorado assinalam que dificilmente os recursos empregados conseguirão legitimar uma investida golpista. Mas não convém baixar a guarda.
Se tudo isso é um sinal de incapacidade do bloco oposicionista para resolver seus mais imediatos e elementares problemas de sobrevivência política, a inquietação das verdadeiras classes dominantes (grande capital, latifúndio e proprietários de corporações midiáticas) estimula pescadores de águas turvas, vitalizando sugestões que comprometam a normalidade do processo eleitoral. Todas as forças democráticas e populares devem recusar clara e firmemente qualquer tentativa perturbadora. Sugestões desestabilizadoras, venham de onde vierem, têm um objetivo inequívoco: impedir o avanço rumo a uma democracia ampliada.
É nesse contexto que devem ser vistos os movimentos do campo jornalístico. Apesar do recuo do governo na terceira edição do Programa Nacional dos Direitos Humanos, a simples realização da Confecom foi um golpe duro para os projetos da grande mídia. A democratização dos meios de comunicação de massa está inserida na agenda de praticamente todos os movimentos sociais.
A concentração das iniciativas culturais e informativas em mãos da classe dominante, que decide unilateralmente o que vai e o que não vai ser divulgado no país, está ameaçada não apenas por novas tecnologias, mas por uma consciência cidadã que conheceu consideráveis avanços nos dois mandatos do presidente Lula. Tem dias contados a sujeição cultural da população em seu conjunto, transformada em público espectador e consumidor. Como podemos ver, não faltam razões para o desespero das famílias Civita, Marinho, Mesquita e Frias.
Ao levantarem a cortina de fumaça da “República Sindicalista", em um claro exercício do "duplipensar" orwelliano, os funcionários do baronato ameaçado reescrevem notícias antigas para que elas não contradigam as diretivas de hoje. Um olhar no Brasil atual mostrará que o “duplipensamento" tem uma função clara até outubro: eleger José Serra para assegurar a instalação de uma República Midiática, onde os três poderes seriam editados ao sabor dos ditames do mercado e do espetáculo. Esse é o programa de governo que Serra ainda não apresentou. Há divergências na produção artística.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/