terça-feira, 24 de novembro de 2009

O sub-udenismo

Por Emir Sader

Por mais diferentes que possam parecer as condições históricas, a polarização política atual se parece incrivelmente àquela de décadas atrás entre Getúlio e a oligarquia paulista. Alguns personagens são os mesmos – os Mesquitas, por exemplo -, outros se agregam a eles – os Frias, os Civitas -, os partidos tem outros nomes – PSDB no lugar da UDN; PSOL, no lugar da Esquerda Democrática; FHC no lugar de um udenista carioca, mas o xodó da direita paulista de então, Carlos Lacerda; intelectuais acadêmicos mudam de nome, mas repetem o mesmo papel.

O anti-getulismo era o mote central que aglutinava a direita e setores de esquerda que, confundidos, se somavam àquela frente. Na defesa da “liberdade” de imprensa, supostamente em risco, quando o monopólio era total – com exceção da Última Hora – em favor da oposição. Liberdade de educação, supostamente em risco, a educação privada, pelos avanços do “estatismo” getulista.

Em defesa do Estado, supostamente assaltado por sindicalistas e pelo partido do Getúlio – o PTB – e pelos sindicalistas, petebistas e comunistas. Excessiva tributação do Estado, populismo de aumentos regulares do salário mínimo. Denúncias de corrupção. Alianças internacionais com intuitos de abocanhar governos em toda a região, tendo Perón como aliado estratégico.

Era a polarização da guerra fria: democracia contra ditadura, liberdade contra totalitarismo. O Estadão se referia nos seus editoriais ao governo “petebo-castro-comunista”, quando falava do governo Jango, uma continuação do de Getúlio.

A Esquerda Democrática, que tinha surgido dentro da UDN, depois se abrigou no Partido Socialista, se opunha ferreamente à URSS (ao stalinismo), aos partidos comunistas e ao getulismo, como um bloco único. Era composta bascamente de intelectuais, os principais – como Antonio Cândido, Azis Simão, entre outros – fizeram autocrítica por terem finalmente ficado com a direita contra Getúlio.

O Partido Comunista, que em 1954 tinha ficado contra Getúlio, somando-se à oposição, teve que sentir a reação popular, quando os trabalhadores, assim que souberam do suicídio de Getúlio, se dirigiram em primeiro lugar à sede do jornal do PC, para atacá-lo. Um testemunho dramático revela os dilemas em que tinha se metido o PCB: Almino Afonso, extraordinário parlamentar da esquerda, ia se somar à marcha, apoiada pelos comunistas, contra Getúlio. Quando a marcha chegou ao Largo São Francisco, onde se somariam os estudantes, Almino se deu conta que a marcha era liderada pelas madames representantes da mais reacionária burguesia paulista. E, nesse momento, se perguntou, onde tinham se metido, com quem, que papel estavam jogando. E se deu conta que estavam do lado errado, com a direita, contra Getúlio.

Atualmente, o bloco opositor ao governo Lula está composto de forças as mais similares àquelas que se opunham a Getúlio. O governo Lula aparece sendo acusado de coisas muito similares: estatismo, impostos, sindicalistas, corrupção, apropriação do Estado para fins partidários, gastos excessivos com políticas sociais, alianças internacionais que distanciam o país da aliança com os EUA, favorecendo a lideres nacionalistas, etc.,etc. Então e agora, a oposição conta com a SIP – Sociedade Interamericana de Imprensa -, que pregou e apoiou a todos os golpes militares no continente.

Como agora, a frente direitista foi sempre derrotada pelo voto popular, a ponto que a UDN chego a pedir o “voto de qualidade”, com o pretexto de o voto de um médico ou de um engenheiro deveria valer mais do que o voto de um operário, no seu desespero de sentir que perdia o controle do país para uma coligação apoiada no voto popular.

Da mesma forma que depois da morte de Getúlio, se chocam o desenvolvimento e o “moralismo” privatizante da UDN, um projeto nacional e popular e o revanchismo de 1932, que pretende que a elite paulista é a locomotiva da nação, quando ela se apóia no trabalho dos milhões de trabalhadores superexplorados pelas grande empresas internacionalizadas, milhões de trabalhadores, entre os quais se encontram os retirantes do nordeste, que foram construir a grandeza de São Paulo.

O sub-udenismo atual – o primeiro como tragédia, o segundo como farsa - está tão fadado ao fracasso e a desaparecer de cena – FHC, Tasso Jereissatti, Bornhausen, Marco Maciel, Pedro Simon – como desapareceram seus antecessores, a começar por Carlos Lacerda – de que FHC é uma triste caricatura. Inclusive porque agora lhes falta um elemento essencial – poder bater nas portas dos quartéis, pelo que eram chamados de “vivandeiras de quartel”. Resta-lhes o traje escuro do luto, cor preferida de Lacerda e que cai tão bem em FHC – a cor do corvo, a ave de rapina, ave de mau agouro, a quem só resta ser Cassandra de um caos que souberam produzir, mas que foi superada exatamente pela sua derrota e seu fracasso. Sobre o seu cadáver se edifica o Brasil para todos.

Socialismo do século XX

Por Emir Sader

A queda do Muro de Berlim e o fim do campo socialista decretaram o término do longo período inaugurado com a revolução russa de 1917 e do socialismo do século XX. O socialismo, que havia passado a, pela primeira vez, fazer parte da atualidade histórica da humanidade, praticamente desapareceu da agenda contemporânea, há duas décadas. A China optou por uma via de economia de mercado, Cuba tratou de se defender de retrocessos ingressando a seu “período especial”, o Fórum Social Mundial surgiu para lutar contra o neoliberalismo.

Essa virada histórica – acompanhada pela passagem de um ciclo longo expansivo a um recessivo da economia capitalista, de um modelo regulador a um modelo neoliberal, - representou, ao mesmo tempo, a transição de um mundo bipolar a um mundo unipolar sob hegemonia imperial norteamericana. Mudanças todas de caráter regressivo, que alteraram de forma radical a correlação de forças mundial a favor das forças conservadoras.

Se esgotava um modelo de socialismo, que se caracterizou por promover a estatização dos meios de produção, a partir da expropriação da burguesia privada, e não da socialização dos meios de produção, produzindo uma imensa burocracia que dirigia os Estados de economia centralmente planificada. Seu esgotamento se deu tanto pela falta de democracia e de participação política dos trabalhadores, como pela falta de dinamismo econômico, que os relegou a não superar os ritmos de desenvolvimento econômico do capitalismo, como a depender das economias capitalistas, de forma subordinada.

Nunca um sistema daquela dimensão havia desmoronado por um processo de auto degeneração, a ponto de praticamente não apresentar nenhum tipo de resistência interna, adaptando-se de forma suave à restauração do capitalismo nos seus territórios. O que revelava os efeitos desagregadores que a ideologia ocidental tinha tido sobre o sistema, especialmente sobre seus estratos dirigentes, levando ao que os próprios ideólogos norteamericanos não esperavam – sua autodissolução.

O modelo do socialismo do século XX foi um modelo de socialismo de Estado – como alguns autores o caracterizaram. Buscou, através da ação determinante do novo Estado, o apoio para tentar recuperar a distância em relação ao capitalismo ocidental, decorrente das rupturas com esse sistemas terem se dado na periferia atrasada e não no centro do sistema, como previa Marx. Para Lênin se tratava apenas de uma mudança temporária de roteiro, até que a revolução em um país da Europa ocidental pudesse resgatar a Rússia do seu atraso. O fracasso da revolução alemã – o país em que mais se condensavam as contradições depois da sua derrota na primeira guerra – praticamente condenou a Revolução Russa ao isolamento. A partir daí, as rupturas seguintes se deram na direção oposta, da periferia profunda – China, Vietnã, Cuba.

Nas palavras de Lênin, era mais fácil tomar o poder nos países mais atrasados, mas sumamente mais difícil construir o socialismo. Reduzida ao seu isolamento, a Rússia optou pelo “socialismo em um só país”, em um país atrasado, afetado pelo cerco dos países ocidentais, pela guerra civil interna, posteriormente pela invasão alemã. O modelo estatal foi uma decorrência disso, de buscar uma acumulação socialista acelerada, que dificultasse o bloqueio ocidental contra a URSS. Stalin optou pela expropriação maciça dos camponeses, que permitiu a industrialização acelerada dos anos 30 – e propiciou as condições de resistência e derrota diante do poderoso exército alemão – mas às custas da ferida agrária de que nunca se libertaria a URSS até seu final, e da destruição da democracia interna no partido.

O socialismo se reatualiza, pelas próprias mazelas do capitalismo, porque o socialismo é o anticapitalismo, a incorporação dos avanços econômicos, mas em um outro tipo de sociedade, que nega o caráter discriminatório e injusto do capitalismo, negando-o e superando-o em uma sociedade solidária. Enquanto houver capitalismo, haverá, mesmo que embrionariamente, um projeto socialista, que sempre precisa ser recriado, renovado, a partir dos balanços do capitalismo e do socialismo existentes.

O socialismo do século XXI, para chegar a existir, tem que partir do balanço de conquistas e erros do socialismo do século XX, se não quiser repetir sua trajetória.

É o Estado

Por Emir Sader

Todo o extenso debate político e ideológico das últimas décadas tem o Estado como centro. Mesmo quando se tenta excluí-lo, ele volta como convidado de pedra, como sujeito oculto, que se buscou tornar invisível. O período histórico atual foi aberto com o triunfo do diagnóstico neoliberal de que a economia tinha se estagnado pelas excessivas regulamentações impostas pelo Estado.

Segundo esse diagnóstico, o Estado, de indutor do crescimento econômico, teria se tornado um obstáculo; de solução, teria se transformado no centro da crise. Daí a proposta de quanto menos Estado, mais crescimento econômico, da passagem de um Estado regulador a um Estado mínimo, que na prática abria caminho para se ter mais mercado.

Daí que o Estado tenha sido diabolizado, transformado na vítima privilegiada dos ataques do consenso neoliberal, de que o governo FHC foi uma expressão clara. Ajuste fiscal, privatizações, menos recursos para políticas sociais, arrocho salarial do funcionalismo, dispensas de empregados públicos – tudo na direção de rebaixar fortemente o peso do Estado na economia e nas políticas públicas, intensificar as desregulamentações, asssim como a abertura acelerada da economia ao mercado internacional.

O que centralmente foi atacado no Estado é seu poder regulador que, segundo os neoliberais, afugentaria os investimentos privados. Menos regulamentações, maior liberdade de circulação para o capital e, segundo eles, maior crescimento econômico, com consequências positivas para todos, inclusive para os trabalhadores, com maior criação de empregos.

No entanto, esse diagnóstico se revelou equivocado, não foi isso que aconteceu na prática, as economias nao cresceram. O que se deu foi uma brutal transferência de recursos dos setores produtivos para o setor especulativo, onde o capital – que não foi feito para produzir, mas para acumular, mesmo que seja na especulação financeira – ganha mais, pagando menos impostos e com liquidez total. As taxas de juros continuam a recompensar o capital especulativo com remunerações que nenhum outro investimento possibilita. Assim, menos Estado e menos regulamentação significou mais especulação e mais concentração de renda.

Mesmo assim, os setores neoliberais não repudiam todas as atividades estatais. Querem menos impostos, menos gastos com políticas sociais e funcionários públicos, mas seguem demandando créditos, subsídios, isenções e todo tipo de facilidades ao Estado. Esse lado do Estado lhes interessa. Financeirizaram o Estado, que passou a transferir renda do setor produtivo e da cidadania ao capital financiero, mediante os chamados superávits fiscais, que reservam o fundamental da tributação para pagar as dividas do Estado.

Um governo antineoliberal – que vai na direção do pós-neoliberalismo -, ao contrário, retoma funções clássicas do Estado, de indutor do crescimento econômico, de financiador da expansao econômica, de agente das políticas sociais, de regulador das relações econômicas, de zelador da soberania nacional, entre outras funções. Cria e alimenta mecanismos que induzem o investimento produtivo, cobrando que dirija parte substancial da sua produção ao mercado interno de consumo popular, com obrigatória geração sistematica de empregos.

O tema do Estado havia sido suprimido do debate político e das políticas neoliberais – todas elas de caráter privatizante. Na hora da crise se apelou de forma unânime ao Estado. Para a direita, apenas para recompor as condições de funcionamento do mercado, como uma ação emergencial apenas.

Para uma política antineoliberal, que defende o interesse público, o Estado tem papel central, estratégico, nos planos econômico, político, social e cultural. Mas, para efetivamente desempenhar esse papel, como instrumento de um novo bloco social que dirija os destinos do Brasil e não apenas reproduza a predominância dos interesses dominantes, o Estado tem que ser radicalmente reformado, refundado em torno da esfera pública, desmencantilizando-se, desfinanceirizando-se, tornando-se um Estado para todos os brasileiros.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Apareceu mais um filho de FHC

Agora danou-se!
Depois de aparecer um filho de 18 anos na vida do ex-presidente FHC (ver nas postagens abaixo), agora surge um novo herdeiro, esse tem 20 anos de idade.

A informação foi colhida na coluna de Cláudio Humberto na Tribuna do Norte.

Abaixo, acompanhe a nota, na íntegra!
"O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve outro filho fora do casamento, em Brasília. Chama-se Leonardo dos Santos Pereira, hoje aos 20 anos, que trabalha como carregador (ou “auxiliar de serviços gerais”) em um órgão público. Ele nasceu da relação do então senador FHC com sua empregada Maria Helena, uma negra que o impressionava pela formosura. Leonardo é muito parecido com o pai.

Indenização
Demitida com o filho nos braços, Maria Helena só recebeu R$ 130 mil dos R$ 250 mil prometidos. E uma pequena casa em Santa Maria (DF).

Sem retorno
Esta coluna tentou contato com o ex-presidente FHC, através de seu instituto, em São Paulo. Ele não retornou as ligações.

Segredo guardado
Quem administrava o segredo e os pagamentos a Maria Helena, diz ela, era o ex-senador Ney Suassuna (PB), que depois virou ministro
http://blogdojeancarlos.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

E se eles fossem do PT?

Em 1991 um senador da República eleito por SP, FHC, casado com uma renomada antropóloga, Ruth Cardoso, pai de três filhos, teve um caso extraconjugal com uma jornalista da rede Globo, Miriam Dutra. Desse relacionamento extraconjugal nasceu um filho. O apartamento para os encontros amorosos entre o senador FHC e a jornalista global Miriam Dutra, segundo o jornalista Ricardo Noblat, era cedido pelo então deputado federal na época, José Serra, também eleito por SP em 1990. José Serra, hoje governador de SP, foi o alcoviteiro do caso. Desde 1990 José Serra e FHC eram unha e carne. Serra não só ajudava o amigo a trair a esposa, mas compartilhava as idéias políticas do atraso, do entreguismo, de governar sempre para os ricos. José Serra foi eleito deputado federal nessa eleição com apoio preferencial da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Em 1994 foi eleito senador por SP, e de imediato declarou-se a favor da privatização da Companhia Vale do Rio Doce. A mídia escondeu por 18 anos os fatos. Hoje, após FHC ter revelado que vai reconhecer a paternidade do filho, os jornalões tratam do assunto muito discretamente. A jornalista teve o filho no Brasil, registrou-o apenas em seu nome e a Globo imediatamente a transferiu para fora do país. Miriam Dutra criou o seu filho na Europa durante 18 anos. Hoje os abestalhados da Veja e afins dizem que ninguém tem nada a ver com vida particular, íntima, de FHC e, pasmem, louvam o fato de ele reconhecer a paternidade do rebento – após 18 anos! Por isso, foi até chamado de ‘grande homem’ por muitos abestalhados.

Aqueles que pregam diariamente a moral, a ética, os bons costumes, a família, a fidelidade conjugal tão querida da Igreja, enfiaram o rabinho nos meios das pernas. Sumiram. Transformar esse fato em grande escândalo, com críticas ácidas da imprensa, de políticos, com condenação da Igreja, só se FHC e José Serra fossem do PT, ou da base aliada do governo Lula, como Renan Calheiros. A mídia tão investigativa, tão sedenta por descobrir e publicar a verdade, não vai procurar saber de onde vieram os recursos de FHC para o sustento do filho e da outra na Europa? Não vai apurar se o apartamento emprestado pelo José Serra, na época deputado federal, era o apartamento funcional, pago com o dinheiro do contribuinte? Cadê os juristas de plantão para opinar se houve quebra de decoro parlamentar? Se houve falta de ética?

No caso Renan Calheiros, justificaram o escândalo com o argumento de que era um homem público, um senador, e devia respostas e satisfação à sociedade. Foi massacrado pela mídia, só faltou ser enforcado em praça pública. FHC e Serra não são homens públicos? Não devem satisfações à sociedade? Por que? Porque são oposição ao governo Lula, porque mantêm grandes acordos e negócios com os jornalãos e com a mídia, que sempre os favoreceu financeira e politicamente. Os donos da mídia fazem parte da elite, e é para essa elite que FHC e Serra sempre governaram. Se FHC e Serra fossem do PT ou da base aliada do governo Lula, eles estariam perdidos, seriam manchetes nos jornais, na telinha da Globo, nas páginas da Veja. Seriam objeto de CPI, que convocaria até Miriam Dutra e o filho. Seriam massacrados sem dó nem piedade. Mas são do PSDB, então abafe-se o caso, afinal o nome do candidato deles, o Serra, está no rolo e tem que ser preservado.

Jussara Seixas

Rumo ascendente

O presidente Fernando Henrique costumava referir-se às críticas da oposição como mero “nhenhenhém” de gente incapaz de apresentar propostas racionais que servissem de alternativa viável aos seus ‘modernos’ projetos. Não foi, portanto, sem surpresa que lemos o seu artigo “Para onde vamos?”, publicado no Estado de São Paulo e no O Globo, em 1/11. Do nosso ponto de vista, esse artigo não faz jus à biografia política e intelectual do ex-presidente, de quem se espera postura mais comedida e contribuições qualificadas para o debate democrático.

A oposição deve cumprir a sua função de fiscalizar e criticar os governos, mas tem de fazê-lo de forma a contribuir para o aprimoramento de democracia, o que implica consistência nas avaliações críticas e apresentação transparente de propostas alternativas. O artigo em referência, redigido num tom inflamado e repleto de expressões tão exageradas quanto vazias (“pequenos assassinatos”, “autoritarismo popular”) e pitorescos neologismos (“subperonismo lulista”), dista muito disso. Sintomaticamente, ele falha em apresentar à nação um debate substantivo sobre os modelos de desenvolvimento que estarão em jogo no próximo pleito eleitoral.

Ao contrário de FHC, o governo Lula está inteiramente preparado para esse debate. Também não temos problema algum em reconhecer méritos de outros governos. Reconhecemos, por exemplo, que os governos do PSDB foram democráticos. Pena que, segundo alguns, a democracia que o ex-presidente tanto defende tenha sido empanada em seu governo com a aprovação, de forma aparentemente pouco louvável, da emenda da reeleição, que deflagrou um continuísmo hoje emulado em nosso entorno regional. À época, FHC ainda tinha popularidade. Será que essa foi uma manifestação precoce do que ele chama de “autoritarismo popular”?

O presidente Lula, que termina seu governo com 80% de aprovação, poderia ter imitado FHC, Chávez e Uribe e proposto, com amplas possibilidades de êxito, um terceiro mandato. Não o fez. Apesar da inegável popularidade, Lula resistiu à tentação fácil do continuísmo. O Brasil representa exceção de amadurecimento democrático, numa região que ainda tem regimes conturbados. Ponto para o Brasil e seus governos recentes.

Também reconhecemos que o governo FHC deu relevantes contribuições à economia brasileira. O Plano Real, iniciado no governo Itamar Franco e consolidado no governo FHC, foi de grande importância para conter o mal da crônica inflação brasileira. Lástima que a vulnerabilidade externa da nossa economia à época fizesse que as seguidas marolas periféricas se transformassem em substanciais tsunamis internos, com conseqüências econômicas e sociais gravíssimas. Não crescíamos e vivíamos pendurados no FMI.

Quando Lula assumiu, diziam que esse quadro de instabilidade se agravaria. Aconteceu justamente o contrário. Graças a um trabalho consistente de redução da vulnerabilidade externa, que resultou na eliminação do fantasma da dívida externa, no controle efetivo e duradouro da inflação, que em 2002 ameaçava sair de controle, e na redução substancial da dívida interna, hoje a nossa economia tem inegável solidez. Somos credores do FMI.

Disseram depois que esses resultados positivos vieram exclusivamente em função da boa conjuntura econômica internacional. Porém, tais resultados continuam na crise. O grande tsunami surgido no centro da economia mundial, o pior desde 1929, virou, no Brasil, uma onda administrável. O País entrou depois está saindo antes da crise. Já retomamos o crescimento e, ao contrário da maioria dos países desenvolvidos, o fizemos sem nos endividarmos com o financiamento de políticas anticíclicas, o que nos dá uma grande vantagem no cenário pós-crise. Méritos para País e seus últimos governos, especialmente para o governo Lula, que manteve a estabilidade monetária, a ela acrescentando o crescimento.

Ademais, o crescimento recente da economia brasileira é inclusivo. Estamos crescendo e repartindo o bolo, até na crise. Graças a programas como o Bolsa Família, bem como à política de recuperação do salário mínimo, iniciada no governo FHC, e à grande geração de empregos formais, cerca de 19 milhões de pessoas deixaram a pobreza. Ponto para o Brasil e o novo ciclo de desenvolvimento centrado na distribuição de renda e no mercado interno consolidado no governo Lula.

No que tange ao pré-sal, devemos assinalar que o modelo de concessões, concebido numa época em que o preço do petróleo era muito baixo e o risco da exploração bastante elevado, foi adequado naquelas circunstâncias. Mas agora, com os preços do óleo em níveis altos e o risco de exploração muito baixo, é necessário implantar o modelo de partilha, que permite o controle estratégico do Estado sobre as novas e gigantescas reservas, e fortalecer o papel da Petrobrás como indutora de desenvolvimento.

A inserção internacional do Brasil mudou da água para o vinho. Com uma política externa competente, diversificamos nossas exportações e apostamos exitosamente na cooperação Sul-Sul e na integração regional, sem descuidar das nossas parcerias tradicionais.Temos, atualmente, protagonismo internacional inédito, o que nos permite contribuir, dentro dos nossos limites, para a contenção de ameaças à ordem internacional, como nos casos da potencial nuclearização do Irã e do golpismo na América Central. Lá fora, até os mais conservadores admitem esses fatos. Louros para o País e a inflexão em nossa política externa gestada no governo Lula.

O nosso país vive inegável ascensão histórica. Combinamos crescimento econômico sustentado com distribuição de renda, plena vigência das instituições democráticas e protagonismo internacional crescente. De “país do futuro”, passamos a “nação do momento”. Ponto para todos os brasileiros, até mesmo para aqueles que, evitando o debate substantivo, refugiam-se num rancor típico dos que têm dificuldades para reconhecer o mérito alheio. O Brasil sabe para onde vai, mas tem gente que já não sabe para onde ir.

Aloizio Mercadante é senador da República pelo PT-SP

Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso?

Muuuuito bom o texto... é grande mas não vão se arrepender...

Há braços de luta!


Por que Luiz Inácio desagrada Caetano Veloso?

por Marta Peres, professora da UFRJ



Grande artista, não faz falta a Caetano Veloso um diploma de nível
superior. Seus recentes comentários injuriosos a respeito do
presidente com a maior aprovação da História do Brasil são
indiscutivelmente coerentes - com sua visão de mundo, com a visão da
classe a que pertence, assim como dos meios de comunicação que as
constroem incansavelmente, bloqueando qualquer ensaio de
questionamento ao seu insistente pensamento único.

Ao se referir a Lula como ?analfabeto?, o termo está sendo utilizado
de forma equivocada, pois ?analfabetismo? significa ?não saber ler nem
escrever?. Imagino que ele esteja se remetendo, de maneira exagerada,
ao fato de Lula não ter diploma de graduação, coisa que o compositor
tampouco possui. Esse tipo de exigência não é nem mesmo cogitada ante
outros artistas geniais como Milton, Chico, Cora Coralina... Gilberto
Gil, ex-ministro do governo Lula, graduou-se, mas não em música...
?Ah, mas eles são artistas...?. E não seria a Política uma arte? Um
pouco de Platão e Aristóteles não faz mal a ninguém...

Quanto à suposta ?cafonice? de nosso presidente, situado na revista
americana Newsweek em 18° lugar entre as pessoas mais poderosas do
mundo, Pierre Bourdieu (1930-2002) nos traz uma contribuição preciosa.
De origem campesina, como Lula, o sociólogo francês criou conceitos
que desmoronam o velho chavão do ?gosto não se discute?. Para
Bourdieu, não só se deve discutir, como estudar, compreender, aquilo
que se trata de, mais que uma questão de ?classe?, uma questão de
?classe social?. Além do enorme abismo do ponto de vista propriamente
econômico, os ?gostos diferenciadores?, referentes ao ?estilo de
vida?, consistem na maior marca de violência simbólica e num
fundamental instrumento de legitimação da dominação das classes
dominadas pelas dominantes. Não somente é desigual a distribuição de
renda numa sociedade dividida em classes, mas também o acesso à
educação formal e informal - o hábito de freqüentar museus,
espetáculos de teatro, música, dança - à sofisticação do vocabulário,
às regras de etiqueta, à constituição da apresentação pessoal, dos
?modos? e atitudes corporais. Obviamente, alcançar maior poder
aquisitivo não possibilita a aquisição desse ?capital cultural?
adquirido ao longo de toda uma vida no convívio com ?outras pessoas
elegantes?, ou seja, com a ?elite?. Uma expressão precisa para
designá-las, utilizada corriqueiramente na Zona Sul do Rio, é ?gente
bonita? - como sinônimo de portadores de determinadas marcas de classe
evidentes pelo vestuário, linguajar, cabelos, corpos, modos, atitudes.
Bourdieu demonstrou os aspectos, às vezes despercebidos, da
?construção social? do gosto, seja o gosto de Caetano, das elites, dos
que gostariam de ser elite, pretendendo se distinguir da massa
supostamente ?inculta?. Em outras palavras, as classes às quais
pertencemos determinam, em grande parte, nossos critérios
aparentemente inatos do que vem a ser elegância, numa relação de
constante imitação, pelos ?cafonas?, dos considerados detentores dos
critérios de julgamento estético.

Lula não segue a corrente dos imitadores: mantém-se fiel à cafonice
que o identifica com suas origens populares. Ah, como isso incomoda...

Embora seja assistido desde tempos imemoriais, lembrando que Norbert
Elias estudou como a nobreza francesa era imitada por suas congêneres
do resto da Europa no Ancien Régime, aqui, no Brasil, o fenômeno da
distinção alcança as fronteiras do ?nojo?, das reações fisiológicas
desagradáveis, diante de tudo que possa remeter a atributos das
classes populares, tudo que venha do ?povão?.

Não é à toa que o REUNI ? Programa de Apoio a Planos de Reestruturação
e Expansão das Universidades Federais que tem como objetivo "criar
condições para a ampliação do acesso e permanência na educação
superior, no nível da graduação, pelo melhor aproveitamento da
estrutura física e de recursos humanos existentes nas Universidades
Federais" ? seja alvo de críticas ferrenhas, apesar de vir ao encontro
de demandas por mais vagas já presentes nos protestos estudantis da
França e do Brasil há quarenta anos, os quais, aqui, jamais sequer
haviam sido objeto de atenção pelos governos. A demanda por cidadania
e não por privilégios restritos é assunto que dá nojo, dá ?gastura?,
como se fala no interior do Brasil. Mas isso são outros quinhentos...

Embora o acesso universal à educação deva ser uma meta, podemos
questionar ? como muitos eminentes acadêmicos questionam ? que a
universidade seja a única fonte de conhecimento legítimo, sob o risco
de repetirmos, em outros moldes, o papel de detentora do saber
exercido pela Igreja Católica Medieval. O que seria de nós sem a
contribuição inestimável de tantos notáveis que por ela não passaram?

Pode-se argumentar, contudo, que o referido compositor não tem
preconceito de classe ou contra a falta de diploma, pois pretende
votar em Marina Silva que, como Caetano, não possui graduação, e que,
como Lula, tem origem humilde. (O curioso é que, sendo a candidata à
sucessão de Lula uma economista, dessa vez, a mesma é cobrada por não
possuir mestrado e acusada de ter lutado contra a ditadura militar:
sempre inventarão motivos contrários a políticas públicas que ferem
ideais de distinção de classe). Ao contrário do que parece, os
atributos de Marina caem como uma luva para nossa conservadora classe
média leitora do Globo e da Veja e que jamais se assumirá
preconceituosa: portar a nobre e indignada bandeira da causa verde faz
disparar sua pontuação no quesito ?elegância?. Os que se preocupam
ardentemente com a possibilidade de vida de seus netos e bisnetos são
tocados em seu íntimo pelas questões ligadas à salvação das florestas.

Só que, mais uma vez, como a História sempre ajuda a enxergar, o
buraco ? na camada de ozônio ? é mais embaixo: a destruição do planeta
é a consequência inexorável de um sistema perverso que nele vem se
instalando há alguns séculos. Ao longo de suas notáveis
transformações, atingiu um ponto em que passou a se dar conta de seu
próprio potencial de destruição e de identificar na preocupação com a
natureza uma boa ? e quem sabe, lucrativa - causa.

Do ponto de vista das chamadas ?Gerações? de Direitos Humanos, ao
longo dos desdobramentos do capitalismo, a causa ecológica nasceu como
a terceira filha. Enquanto a primeira, a segunda e a terceira gerações
são identificadas com os ideais da Revolução Francesa - Liberdade,
Igualdade e Fraternidade - a quarta, mais recente, relaciona-se a
questões da Bioética e aos movimentos de segmentos minoritários ou
discriminados da sociedade. A liberdade refere-se aos direitos civis e
políticos, chamados de ?direitos negativos?, pois limitam o poder
exorbitante do Estado, que deve deixar o indivíduo viver e atuar
politicamente. A igualdade consiste na luta pelos direitos sociais,
culturais, econômicos, e demandam uma atuação ?positiva? do Estado no
sentido de realizar ações que proporcionem condições de acesso de
todos os indivíduos à educação, saúde, moradia, assistência social,
dignidade no trabalho. Finalmente, a fraternidade esta ligada à
ecologia, à preocupação com o destino da humanidade, irmanada por sua
condição de habitante do planeta Terra.

Como se situaria o Brasil nessa História? Não vivemos mais no tempo de
Marx, das jornadas de trabalho de 18 horas que não poupavam mulheres e
crianças caindo mortas de fome ao redor das grandes máquinas sujas das
fábricas. Hoje, longos tentáculos buscam mão de obra barata como a
planta se dirige à luz do sol e os dejetos ? da poluição e os seres
humanos excluídos da participação em suas benesses - são escondidos do
campo de visão dos que têm ?bom gosto?. Depois de destruir suas
próprias florestas, os países ricos se preocupam e ditam regras da
etiqueta politicamente correta aos pobres, abraçando a ?causa
ecológica? com a mesma eloqüência que ontem defenderam que a ?mão
invisível do mercado? traria a felicidade geral. Hoje, uma mão visível
segura imponente a bandeira do orgulho verde. Porém, o corpo do qual
faz parte constitui-se de fome, miséria, doença, condições abaixo de
qualquer noção de dignidade da pessoa humana. A bandeira parece ser de
um médico, mas o sujeito que a segura é um ?elegante? monstro. Chega a
ser apelativo falar em salvar o planeta tirando de contexto uma causa
que ninguém ousará contestar. Mas que tal pesquisar casos concretos de
vínculos incontestáveis entre partidos verdes de diferentes países com
os setores mais conservadores das respectivas sociedades? Visualizando
a imagem do monstro, de braços dados com uma chiquérrima Brigitte
Bardot salvando animais, faz todo sentido. A Bela e a Fera...

De modo algum defendo qualquer teleologia e que tenhamos que passar
por fases que os outros já passaram. Nem que os sete anos de Governo
Lula tenham se proposto a enfrentar bravamente, contra tudo e contra
todos, o capitalismo que domina quase toda a superfície do planeta.
Ninguém falou em Revolução, aliás, não era esse o combinado. Apenas
assisto a um esforço hercúleo de instaurar políticas que ferem o
coração desses mecanismos de violência, real e simbólica, que o
julgamento do que é ou não cafona só vem a perpetuar, no sentido de
minimizar o enorme fosso que separa os que têm e os que não têm acesso
a conquistas históricas impreteríveis do Ocidente, independentemente
de obediência a qualquer cronologia, identificadas com os direitos
humanos: combate à fome à miséria, acesso universal à educação, à
energia elétrica, diminuição da desigualdade ímpar que nos assola.
Fraternidade, também quero, mas junto com a Liberdade, e
principalmente, o que mais nos falta, Igualdade! Não igualdade no
sentido anatômico, igualdade de condições, junto com a quarta geração.

Não indignar-se com a miséria, agarrar-se ferrenhamente a seus
privilégios, assim como espernear diante de sinais de mudança, faz
parte do aprendizado de cegueira, inércia e arrogância por que passam
nossas elites com seu gosto sofisticado. Mas ao contrário de um regime
de concordância geral, o ideal de democracia é caracterizado
justamente pela coexistência de opiniões diversas a respeito das
políticas do governo. À insatisfação proveniente de certo campo
ideológico correspondem, certamente, avanços jamais assistidos na
História do Brasil. Com vínculos ideológicos resumidos na figura de
ACM, nutridora de uma ordem social desigual desde 1500, existe uma
indiscutivelmente sincera elite baiana à qual, desagradar, é sinal de
que Lula está no caminho certo!

Educação e valorização para a polícia: mais segurança para quem precisa

Uma reforma quase silenciosa está ocorrendo em nossas instituições de Segurança Pública. Assim como as empresas, o Estado determinou que investir e valorizar o capital humano das instituições poderá fazer a diferença no enfrentamento à criminalidade.
Com mais preparo e motivação, os profissionais de segurança pública (policiais civis e militares, bombeiros, guardas municipais, agentes penitenciários e peritos) poderão se adequar às novas demandas da sociedade na área.
Incentivada pelo Governo Federal, que destina cerca de 60% dos recursos da segurança em ações de valorização e educação profissional, a mudança traz um novo modelo de fazer segurança pública comprometido com os direitos humanos e fundamentado no saber acumulado e nos avanços científicos.
Foram aplicados mais de R$ 185 milhões, nos últimos três anos, em cursos presenciais e à distância e de especialização que ajudarão a mudar a cultura policial.
Os currículos das Academias, que já não comportam mais a truculência, o senso ordinário e o improviso, estão passando por um processo de revisão e avaliação.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça, orienta as Academias por meio da Matriz Curricular Nacional, para que elas realizem o mapeamento das competências necessárias para atuação do policial para a construção de uma nova postura do profissional pautada na ética, na técnica e na legalidade.
Essa postura deve ser trabalhada tanto na formação como nos processos de aprendizagem continuada. A formação é o foco, mas a atualização, o aperfeiçoamento e a especialização deverão propiciar também um profissional reflexivo que pense antes de agir, que compreenda que a sua ação tem impactos na vida de outras pessoas e na sua própria vida.
Além de investir em projetos de educação continuada, na modernização das Academias de Polícia mediante a transferência de recursos, também implementou a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública - Renasesp, um projeto que propõe um processo de educação continuada, permanente, democrática e gratuita, a partir da parceria com Instituições de Ensino Superior e a promoção de Ciclos de Cursos a Distância (EAD).
Antes da EAD, era comum encontrar policiais que passaram pouco tempo na Academia e, outros, que há mais de 10 anos não participavam de capacitações. Logo no primeiro ciclo de cursos, mais de 30 mil profissionais participaram.
Com a criação do Bolsa Formação, que garante auxílio de R$ 400 para quem participar dos cursos, o último ciclo de aula teve 180 mil inscrições – encerradas num único dia.
Desde sua implementação em 2005, a Renaesp já disponibilizou 459 mil vagas para profissionais da área em todo o país. Isso significa que quase todo o contingente de 559 mil policiais e bombeiros já participou de pelo menos um curso de ensino á distância ou de especialização
A especialização envolve 66 Instituições de Ensino Superior (IES) com oferta de 82 cursos nas 26 Unidades da Federação. O conteúdo programático além de referendar a Matriz Curricular Nacional está pautado na andragogia e nos princípios dos Direitos Humanos.
A parceria com as IES contribui para a produção cientifica, a fomentação de novos núcleos de pesquisa e a abertura do diálogo entre dois mundos distantes – as Instituições de Ensino Superior e as Academias de Polícia.
Além disso, a Rede dispõem de uma ferramenta para democratizar e socializar o ensino policial - os cursos à distância. A cada 4 meses, a SENASP disponibiliza uma prateleira de 54 cursos que trazem conteúdos que abordam desde Polícia Comunitária à Investigação Criminal.
A partir de uma gestão compartilhada, foi possível institucionalizar grades mistas nas Academias de Polícia, promover o diálogo com a base e incluir todos os segmentos da área. Esse modelo despertou o interesse de incluir países que querem replicar essa tecnologia.
Agora, o desafio é conseguir o reconhecimento do curso de graduação em segurança pública, já que recente pesquisa revelou que 66,9% dos Policiais Civis, 87,2% dos Policiais Militares e 83,4% dos Bombeiros Militares não possuem curso superior. A iniciativa vai ajudar na especialização e oferecer uma alternativa para o profissional se aprofundar na sua área de atuação.
Trata-se de um processo de mudança de cultura que não é sentida, percebida a curto prazo, mas que com certeza mudará o cenário do país, assegurando um novo modelo de fazer segurança pública.

*Juliana Barroso, socióloga, formada na Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Comportamento Organizacional e Gestão de Pessoas. Trabalha desde 2001 com profissionais de segurança pública e atualmente é diretora de Ensino do Ministério da Justiça

Lula, que não sabe de nada

O inconcebível Lula


FHC, o farol, sociólogo, entende de sociologia tanto quanto o
governador de São Paulo pelo PSDB, José Serra, entende de economia.

Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de
miseráveis e pobres à condição de consumidores.

Lula, que não entende de economia, pagou as contas do
entreguista FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos
ricos...

Lula, que não entende de educação, pois a oposição e a mídia o
classificam como analfabeto e burro, criou mais escolas e
universidades que seus antecessores juntos e ainda criou o PRÓ-UNI
aonde filho de pobre vai à universidade...

Lula, que não entende de finanças, nem de contas públicas
elevou o salário mínimo de 64 para mais de 200 dólares e não quebrou a
previdência como dizia FHC...

Lula que não entende de psicologia, levantou o moral da nação e
disse que o Brasil está melhor que o mundo... mas o PIG (Partido da
Imprensa Golpista), que entende de tudo, acha que não...

Lula que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de
nada, Lula não entende de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no
biodiesel e levou o país a liderança mundial de combustíveis
renováveis...

Lula que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais
e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser
respeitado e enterrou o G-8...

Lula, que não entende de política externa nem de conciliação,
pois foi sindicalista brucutu, mandou as favas a ALCA, olhou para os
parceiros do sul e especialmente para o vizinhos da América Latina,
onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista, tem transito
livre com Chaves, Fidel, Obama, Evo, etc...bobo que é cedeu a tudo e a
todos...

Lula que não entende de mulher, nem de preto, colocou o
primeiro negro no supremo (desmoralizado por brancos), colocou uma
mulher no cargo de primeira ministra e vai fazê-la sua sucessora.
Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha e
afrontou nossa fidalguia branca de lentes azuis.

Lula, que não entende de desenvolvimento, criou o PAC, antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é
hora do Estado investir e hoje (o PAC) é um amortecedor da crise...

Lula que não entende de crise, mandou abaixar o IPI e levou a
indústria automobilística a bater recorde no trimestre...

Lula que não entende de português nem de outra língua, tem
fluência entre os líderes mundiais, é respeitado como uma das pessoas
mais poderosas e influentes no mundo atual...

Lula não entende nada de nada e mesmo assim é melhor que todos
os outros...

Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um
brucutu, já tinha uma empatia e uma relação direta com Bush, notada
até pela imprensa americana. E agora já tem a empatia do Obama.

Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um
agitador, é amigo do tal John Sweeny e entra na Casa Branca com
credencial de negociador lá, nos "States".

Lula, que não entende de geografia, pois nunca viu um mapa, é
ator da mudança geopolítica das Américas.

Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois
nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se
torna interlocutor universal.

Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um
locutor de bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado
dentro e fora do Brasil.

Lula que não entende nada de conflitos armados nem de guerra,
pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos Palestinos para
dialogar com Israel.



Quarta-feira, 22 de abril de 2009.

Pedro R. Lima, PhD.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

São Bartolomeu, a longa noite tucana

Ao querer transformar a queda de energia, causada por uma falha tripla nas linhas de transmissão de Furnas, no “apagão do governo Lula”, a oposição, com apoio da grande imprensa corporativa, mostra a estreita margem de ação que restou ao antigo bloco de poder do governo tucano. Reacender o Clube da Lanterna, fundado por Carlos Lacerda, em 1953, para combater o governo Vargas só amplia o blecaute em que vive a direita após duas derrotas em eleições presidenciais. De antemão é uma aposta perdida. Uma comemoração tão grotesca quanto fugidia.

Quando lideranças do PSDB, DEM e PPS se unem no Congresso para dizer que o episódio serviu para demonstrar o fracasso da política energética do governo petista, o discurso político cede lugar à farsa burlesca, ao lançamento inoportuno de afirmações que, por grotescas, surtem efeito contrário ao pretendido por seus autores. Rememoram um passado recente, estabelecendo padrões de comparação que lhes são extremamente desfavoráveis. Mais uma vez, a direita, ignorando a posição em que se encontra, mira no horizonte e atira no próprio pé. Um embuste que ignora a massa crítica acumulada por diversos debates sobre crise energética no governo anterior. Em todos há um denominador comum: a responsabilidade pela ineficiência de energia elétrica se devia a erros de gestão da então administração federal.

Em 2001, o BNDES publicou “O Cenário Macroeconômico e a Oferta de Energia Elétrica no Brasil". O documento, um alentado estudo dos economistas Joana Gostkorzewicz e Fábio Giambiagi, alertava que as dificuldades para a oferta de energia elétrica eram conseqüência direta da política de transição de um modelo gerenciado até então pelo Estado para a iniciativa privada. O açodamento entreguista deixava explícitas as “insuficiências do novo marco regulatório, bem como a ausência de articulação entre os vários órgãos governamentais, responsáveis pelo setor de energia."

Concluindo a análise, o estudo reconhecia que "nos últimos anos, os recursos das empresas estatais, ainda amplamente dominantes na geração e transmissão, foram prioritariamente destinados para o saneamento financeiro das empresas e, portanto, para a preparação das privatizações. Tendo as empresas estatais deixado de investir pelas razões apontadas acima e o setor privado não encontrado ambiente seguro para substituir as estatais, devido às debilidades dos novos marcos, pavimentou-se o caminho para o desastre."

O estudo, feito por órgão do Governo Federal, era categórico no diagnóstico: “O setor elétrico brasileiro possui um desenho próprio que o torna inadequado à operação por empresas privadas". Se em 2001, os reservatórios estavam quase secos e a inexistência de linhas de transmissão impedia o manejo de geração, a causa determinante para o racionamento de energia foi a implementação de uma política privatista que aprofundou a queda da produção, reduziu a arrecadação tributária e alimentou o processo inflacionário, mantendo a fragilidade do Brasil em relação à economia internacional.

Quando Lula destaca os investimentos feitos pelo governo nos últimos sete anos, dizendo que “nesse período, foram construídas 30% das linhas de transmissão feitas em 123 anos no país", não fala apenas de números relativos a um setor. O passo é maior. O que é anunciado é a retomada de decisões fundamentais para o desenvolvimento, deixadas em segundo plano, nos oito anos de gestão neoliberal. O que norteia a ação governamental é a criação de mecanismos que possibilitem ao Estado retomar seu papel de indutor do desenvolvimento nacional.

Comparar o blecaute de 10 de novembro de 2009 ao longo tempo das trevas que vigorou no país entre junho de 2001 e fevereiro de 2002 é um apagão histórico bem típico de uma elite que não soube atualizar as linhas de transmissão do seu ideário. Um autêntica confissão pública de fé no modelo monetarista-liberal que impossibilitou o crescimento econômico, aumentou as desigualdades e enfraqueceu as instituições políticas. A noite de São Bartolomeu deseja revisitar os huguenotes que ousaram sobreviver.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Opinião ou informação?

Opinião ou informação?
É interessante ver como os grandes meios de comunicação se comportam. Por mais que saibamos, não tem como se acostumar com a falta de compromisso com a verdade por parte deles. De fato, se prioriza a opinião – a forma com que as pessoas vão entender os acontecidos, ou a forma com que querem que o entendam – do que a informação.
O jogo de palavras utilizado por estes veículos é um dos pontos chave nessa manipulação para ludibriar a opinião pública. Apenas uma palavra pode mudar todo o sentido da notícia sendo divulgada. Nesse caso, podem-se destacar fatos que estão frescos na memória da população.
O incidente ocorrido nesta semana com a distribuição de energia elétrica é um deles. A simples troca da palavra “blecaute” por “apagão” muda completamente o sentido do que ocorreu. As reportagens relacionadas ao caso só tratam o assunto – de maneira sensacionalista – como “apagão”. Foi imprevisível o que aconteceu, e nenhuma gestão está livre disso. Mas, um “acidente” provocado por ações naturais não quer dizer que seja uma falta de planejamento. Falta de planejamento é o que houve no governo FHC, onde tivemos que racionar energia por um grande período – isso sim foi “apagão”. Essa é uma manobra que, sem felicidade, tenta atribuir falhas na gestão de Lula para prejudicar a candidatura de Dilma.
Outra “troca de palavras” recente é em relação ao golpe que aconteceu em Honduras. A substituição do termo “governo golpista” por “governo interino” muda toda conotação da história. Houve um golpe porque o presidente eleito pela população, Manuel Zelaya, estava tomando medidas que destoavam com o programa da direita naquele país – que ele mesmo fazia parte. Mas os veículos de comunicação não apontam quem assumiu o poder como golpistas, mostrando, mais uma vez, seu apoio a tomada do poder pelas elites na América Latina. Por estes e outros motivos podemos perceber que, não só as pessoas que estão na frente do governo hondurenho, mas os grandes veículos de comunicação que os apóiam, podem ser chamados de verdadeiros Golpistas.
É tão verdade o apoio as elites e a projetos que não priorizam a população, com menos poder aquisitivo, por parte dos grandes meios de comunicação, que é só lembrar a criminalização feita em relação ao pleito de tentar disputar outro mandado, por Hugo Chávez. Dizia-se que era tentativa de ditadura, que era antidemocrático. Tentaram fazer esse jogo – reeleição é igual a ditadura – também aqui no Brasil. Nem o partido do Presidente, nem ele próprio tinham se pronunciado a favor mas em terceiro mandato, e a mídia gorda já falava em monarquia – a Veja até lançou uma capa de revista com Lula coroado e no trono. Isso tudo para tentar desgastar um governo que luta pelo social e pela melhoria da vida dos brasileiros.
Por que será que não foi feito este mesmo estardalhaço quando Fernando Henrique tentou, e conseguiu, o direito de disputar um segundo mandato? Será que a gestão tucana, ou melhor, a mídia, estava do lado de quem? E Uribe, presidente da Colômbia? Ele está tentando terceiro mandato. Alguém está vendo algum enfoque para a tentativa de reeleição dele? Por que não é tentativa de golpe, de ditadura, ou de manutenção do poder ad eternum? Será que Uribe está de que lado? A importância maior que os noticiários estão dando para Colômbia é sobre a implantação das Bases norte-americanas e suposto combate ao narcotráfico. Por que será?
É importante que essas informações, já desmascaradas, sejam passadas a frente, pois esses grandes meios tentam sempre “apagar” ou enfraquecer a memória do povo. A população tem direito de saber quem serve a quem. A grande mídia e os partidos de direita servem as elites e a interesses privados, e o Governo Lula, a Ministra Dilma e o Partido dos Trabalhadores servem, sem sombra de dúvida, ao povo brasileiro como um todo.


Leno Miranda

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Entrevista de Leno Miranda para o "Blog da Dilma Presidente"

1) Quem é o companheiro Leno Miranda? Fale um pouco da cidade Jequié na Bahia, onde você mora?
Sou militante do Movimento Estudantil – já fui do Centro Acadêmico de Biologia e coordenador do DCE UESB/Jequié – e faço parte de um coletivo de esquerda que se organiza nacionalmente – o Movimento Mudança . Cursei Ciências Biológicas na UESB/Jequié e agora vou tentar cursar Ciências Sociais em outra universidade pública. Tenho 26 anos, sou casado com uma grande companheira e militante, Priscila Figueiredo. Sou filiado ao PT há um bom tempo, faço parte do Diretório Municipal da cidade de onde sou natural, Ipiaú. Mas, moro numa cidade do interior da Bahia chamada Jequié, que tem mais ou menos 150 mil habitantes e é pólo de uma microrregião no sudoeste baiano. O PT na Bahia está passando por um processo de consolidação. Não é fácil pegar um estado que tem vários vícios e práticas fisiológicas entranhadas na boa parte da população, que é ligada a direita – sem contar que era o “carlismo” que comandava. Mas, aos poucos o Partido e o governo do estado vêm mudando esse quadro. Em Jequié não é diferente, e temos dois vereadores e um Deputado estadual do PT que estão desempenhando bem esta tarefa de consolidação para fazer diferente, e trabalhando para melhorar a situação da população.
2) Como foi sua experiência no M
ovimento Estudantil no Estado da Bahia?
O Movimento Estudantil baiano não é muito diferente de outros estados. Temos um número de pessoas que não querem sem envolver – influenciados, mesmo que inconscientemente, pela lógica do individualismo e egoísmo, que se proliferam na sociedade, dizendo que a organização coletiva não funciona e só atrapalha quem visa acumular capitais.

Não só o Movimento Estudantil, mas todo Movimento Social, sofre períodos de refluxos. Neste sentido, a tarefa dos militantes desses movimentos é fazer sempre uma auto-avaliação e procurar maneiras de trazer cada vez mais pessoas para a luta. Esta é uma importante tarefa de quem acredita que o povo organizado pode contribuir positiva
mente para o futuro de qualquer sociedade.
Sempre fazemos discussões sobre assuntos ligados a realidade social, mídia, política, a problemática interna da universidade, educação como um todo. Isto é feito, boa parte, no período de começo de semestre, para trazer os novos/as estudantes – que estão querendo conhecer como funciona a univer
sidade – para a luta. Dentre muitas ações que fizemos na gestão que participei do DCE (2007/2008), participamos = da reconstrução do Fórum dos DCE’s das Estaduais Baianas e construção do Projeto de Assistência Estudantil da UESB – que hoje está sendo, aos poucos, concretizado. Realizamos – o Fórum dos DCE’s em parceria com o atual governo do estado – o 1º Seminário de Assistência Estudantil do Estadual. E hoje, apesar das intempéries, a caminhada continua, e o pessoal do DCE e demais militantes – incluindo o grupo feminista Maria Quitéria – acabaram de realizar na UESB/Jequié o 1º EME (Encontro de Mulheres Estudantes) e o 1° Encontro de Extensionistas da Universidade.
3) O que falta para que nível educacional melhore no Brasil?

A meu ver, vários pontos são relevantes nesta questão. Então vamos discutir alguns deles.

É fato que a educação precisa de mais investimentos. No governo Lula isto cresceu bastante, mas ainda assim, a demanda por recursos é muito grande. Além disso, este dinheiro precisa ser gerido de forma correta, evitando-se desperdícios, e para que pessoas não utilizem a verba para benefício próprio.

O aumento da remuneração docente é outro fator extremamente importante. A profissão de educador é uma das mais importantes na sociedade, se não a mais importante, por isso, deveria ser uma das profissões mais bem remuneradas. Toda profissão tem que passar por um professor. E se ele não é valorizado, não tem como se dedicar à profissão para dar o seu melhor, compromete o futuro e o desempenho de vários cidadãos e cidadãs. E essa falta de compromisso ou de incentivo, talvez possa ter outros fatores embutidos. Muita gente só leciona porque não
conseguiu fazer alguma outra coisa que queria – e vira um profissional frustrado, desmotivado. Como a remuneração já é ruim, muitos nem tomam gosto pela profissão, contribuindo para que haja a má qualidade do ensino.
A Assistência Estudantil é outro ponto super relevante. Para que tenhamos um ensino de qualidade, o estudante também precisa ter condições de construir conhecimento. Não adianta termos uma mega escola, com um
a mega estrutura, com professores super comprometidos e bem remunerados, se o estudante não tem condições nem de chegar à escola – podendo ressaltar neste sentido as pessoas que moram afastados da escola ou universidade, incluindo os que são de outras cidades. Estes estudantes também precisam se alimentar descentemente; precisam se manter, ter tempo para estudar, etc. Deve ser indissociável a oferta de uma educação de qualidade junto com as condições para a manutenção dos educandos/as nas instituições de ensino.
Acredito que se avançarmos nestas e em outras questões, daremos longos e promissores passos para um ensino realmente de qualidade, que emancipe os indivíduos, que não seja voltado só para o mercado de trabalho; que seja dada uma atenção especial para a formação do indivíduo, do ser humano, do cidadão; que este ensino não seja meramente reprodutor de conteúdos; que haja a produção e construção dos conhecimentos, e que estes atendam as demandas da população.
4) Quais os avanços na área da Educação promovidos pelo Governo Lula?
Como citei a pouco, temos alguns pontos que devemos avançar no sentido educacional. Porém, é fato que a preocupação com o sistema educa
cional no governo PTista é grande. Sem dúvida foi um governo que investiu muito nesta área, em todos os sentidos. Desta forma, vejo que temos o que comemorar, mas não deixando de lutar por avanços maiores – esse é o papel do Movimento Social. O acesso a educação é cada vez mais crescente – tanto em relação a alfabetização, ao ensino fundamental, médio e superior – principalmente de pessoas de renda familiar baixa. O ENEM é um fator que contribui para este acesso, além disso apresenta uma proposta avaliativa inovadora, interdisciplinar, e que não privilegia o “decoreba” do assunto, mas sim, quem realmente assimilou o conteúdo. E isto, é lógico, concomitante ao crescimento do número de instituições de ensino. A universidade brasileira sempre foi um espaço ocupado por pessoas que conseguiam ter “um bom estudo” para adentrá-la – ou seja, ter boas condições financeiras. Nunca se abriu tantas vagas e se inseriu tantas pessoas – de condições financeiras mais variadas, principalmente de origem humilde – nestes espaços. E um dos principais responsáveis por esta inserção social é o atual governo. Em quinhentos anos do país só tínhamos uma universidade federal criada na Bahia. Em menos de oito anos já foram criadas mais duas federais no nosso estado. Se fosse fazer uma comparação – exagerada, é claro – que deve-se abrir uma federal, em um estado, a cada quinhentos anos, já teríamos avançado mil anos neste campo. Essa é uma comparação bem lúdica, mas a intenção é mostrar o quanto pouco foi feito – antes do governo Lula – em relação à educação e a importância que é dada agora.
5) Os jovens de hoje são mais ou menos politizados que os da época do Regime Militar?

Esta comparação é um pouco complicada. Os jovens que viveram o período da ditadura, principalmente os que lutaram contra o regime, são referências para a juventude atual. Com certeza não foi fácil enfrentar um regime que ceifava a maioria das liberdades
individuais, perseguia e matava muita gente. Talvez muitos jovens de hoje não teriam a coragem de adentrar ao movimento atualmente sabendo que logo poderiam ser presos, torturados ou mortos. Mas em relação à quantidade de jovens politizados, se analisarmos com calma, a grande maioria das pessoas que lutaram na ditadura tinham acesso a educação – boa parte na educação superior. Só que a proporção de pessoas que freqüentavam estas instituições era pequena em relação ao número de habitantes do país. Se relacionarmos o “número de habitantes X número de militantes”, de hoje e de antes, talvez tenhamos hoje mais jovens inseridos nesses processos sociais. Mas, comparando as dimensões ganhadas pelo movimento no período militar, sua perseverança e a coragem que tiveram, a juventude que viveu naquele período está à frente da nossa.
O padrão de vida baseado no acúmulo de capitais – a idéia de que “VOCÊ deve vencer na vida”, ganhar muito dinheiro “para ser ALGUÉM”, e esse negócio de “lutar pelos direitos” é coisa de baderneiro e “não leva ninguém a nada” transmitida, mesmo que maqu
iadamente, pela mídia – favorece muito esta despolitização e desmobilização. Hoje tem muita gente que quer ser como os principais personagens das novelas e dos filmes “hollywoodianos”. A criminalização dos Movimentos Sociais que é propagada pelos mesmos meios de comunicação também faz com que as pessoas não se envolvam.
Em contra partida, temos muita gente boa, com vontade de mudar para melhor este país, se organizando e que a grande imprensa não mostra. Tem muita gente que luta todo dia, colado com a base, em muitas escolas, universidades, associações de bairro, na periferia e em vários outros espaços. Só que, para alguns, não é interessante que isso seja divulgado, propagado, a não ser que se queira manipular a informação para desgastar a imagem de um grupo.

6) Com o surgimento da internet e de novas tecnologias, o que aconteceu com Movimentos Sociais?

A internet é uma super ferramenta. Só que o problema é a forma que usamos este recurso. Por exemplo, a comunicação de militantes do Brasil inteiro se dá, em grande parte, pela internet. É muito mais econômico e prático. A busca de informações também é uma coisa fantástica. Temos como saber o que está acontecendo em qualquer parlamento ou governo no mundo, eventos, mobilizações, a qualquer hora, ou no mesmo momento.

O problema é quando se usa a internet, e demais tecnologias, de uma forma que afaste a pessoa da vida social. Tem gente que não consegue conversar direito
com as pessoas pessoalmente, só atrás de uma tela de computador ou de um celular. Não tem nada que substitua a relação interpessoal, o contato humano. A vivência cotidiana com as pessoas é de um enriquecimento tremendo, a troca de experiências e a aprendizagem são bem maiores. Com relação aos movimentos sociais devemos ficar atentos a essa problemática, pois os militantes não devem se restringir as tecnologias como única forma de interação com suas bases.
7) Como você analisa o Governo Lula com o anterior, do tucano Fernando Henrique Cardoso?

Acho que o exemplo que citei em relação a criação de universidades federais na Bahia já dá para ilustrar um pouco. Não acho que o governo atual é perfeito, mas tenho certeza que é um dos melhores – senão o melhor – que este país já teve. Não é fácil ter mudanças extremamente profundas, em curto prazo – como os imediatistas, oportunistas, sectaristas e direitistas querem – numa sociedade que foi explorada e têm vícios e ranços, produzidos ao longo de mais de quinhentos anos. Me lembro muito que nas eleições de 2002,
Lula sempre falava que um projeto para ter mudanças maiores na nossa sociedade não tem condições de ser concluído em 4 ou 8 anos. Esse projeto tem que ser de no mínimo 30 anos.
Não precisa ser um grande analista político para enxergar que a vida dos brasileiros e das brasileiras mudou para melhor ao longo destes sete anos. Em plena crise mundial, todos os “jornalões” profetizando o apocalipse, torcendo para aqui dar tudo errado, mostrando a situação difícil das grandes economias mundiais, e aqui no país não sofremos estes grandes abalos sísmicos que os grandes “gurus” previam. Aqui foi apenas uma marolinha mesmo – sábio Lula.

A população percebe essa melhora e uma prova é a grande aprovação do governo Lula. O poder de compra do salário mínimo é bem maior que no governo FHC. A média de empregos é maior que o governo FHC e a taxa de desemprego é menor. Quem assistir hoje a aquele vídeo que a Regina Duarte gravou – para tentar convencer a população que um governo do PT seria ruim, em 2002, falando um monte de baboseira – deve morrer de rir. Eu mesmo fiz isso esses dias e dei muitas gargalhadas. O que ela fala é tão apelativo que qualqu
er pessoa que assistir ao vídeo hoje percebe o jogo de interesses que está por de traz daquela fala dramatizada da “ex-namoradinha do Brasil”.
8) Quem faz o pior jornalismo da imprensa brasileira? E por que?
Bem, como as grandes empresas de comunicação nacional são propriedade de algumas poucas famílias – que são representantes e porta-vozes das elites, diga-se de passagem
– e a democratização dos meios de comunicação precisa avançar, é difícil apontar quem faz o pior papel nessa história. Só frisando que estou me referindo a chamada “grande mídia”. É urgente que os meios de comunicação brasileiros sejam democratizados e acredito que a Companheira Dilma pode ajudar a dar importantes passos nesse sentido. Vou apenas citar um exemplo: a revista Veja, a meu ver, apresenta um conteúdo jornalístico de péssima qualidade e não só porque não concordo com seus ideais. A Veja mente ao povo brasileiro quando o induz a crer na sua imparcialidade. Além disso, diversas vezes li colunas com idéias preconceituosas e discriminatórias. Os jornalistas não respeitam a fonte de suas pesquisas, manipulando as informações ao seu bel prazer. Outro fator pejorativo é o espaço para propagandas. Na maioria das edições são encontradas mais páginas de anúncios do que material jornalístico propriamente dito, assim o leitor têm que “procurar” as matérias em meio a tanto lixo visual.
9) Se a ministra Dilma Rousseff fosse uma candidata "morta eleitoralmente", por que a Mídia Golpista e os tucanos bombardeiam tanto?

O sucesso provado e aprovado, por toda população brasileira, de um governo administrado pelo PT, com um nordestino como presidente, metalúrgico e de origem humilde – características sempre abominadas e rechaçadas pela “direitona” tosca brasileira – prova que há incoerência nas afirmativas destes segmentos conservadores. Além disso, mostra também que o modo de administrar da direita está bem longe de ser o ideal para o Brasil. A história de luta, a fibra da companheira Dilma, e as provações que ela passou, por uma causa maior, também devem aterrorizar os oligarcas – e seus porta-vozes, a “grande mídia”. Como o Brasil e uma parte da América Latina estão caminhando à esquerda, esse pessoal deve estar com medo de que uma mulher de pulso firme, e muita garra, ir cortando as vantagens e moral deles cada vez mais rápido.

10) Qual a força do presidente Lula na possível vitória da Ministra Dilma Rousseff em 2010?

Toda a força! Com certeza tem algo errado com estas pesquisas. Você só houve o pessoal falar muito bem do nosso presidente – uns o tem quase como um santo. E a população fala que quer continuar vendo o PT na presidência, quer ver a sucessora de Lula governando o nosso país, quer ver uma mulher no poder, ainda mais quando é apoiada por esse ícone da política mundial e brasileira. Não acho correto quando dizem que Companheira Dilma está na “sombra” de Lula. Acho que isto serve para despolitizar o debate. A Companheira tem cacife, história e tamanho para não ficar recoberta pela sombra do nosso presidente. Nosso Companheiro Lula não governou sozinho durante estes sete anos. A ajuda e participação da Futura Presidente do país – Dilma Rousseff – contribuiu muito para o sucesso do governo atual. Mas, é claro, que o Lula é uma referência inigualável de competência, compromisso e honestidade, e os brasileiros e as brasileiras têm muita confiança nele. Certamente essa confiança está toda depositada na Companheira Dilma.

11) Por que você vai votar na Dilma Rousseff, candidata do PT a presidência da República em 2010?

Com tudo que falei antes fica fácil de saber, né? E ainda tem mais. Está mais do que na hora de nosso país ter uma mulher como presidente. Mas não pura e simplesmente isso. Tem que ser uma mulher que tenha coerência política, prática e ideológica. Tem que ser uma mulher que tenha uma grande história de luta – destas histórias que não têm críticas chulas, vulgares, conservadoras e preconceituosas, que consigam manchar seu passado e suas convicções. Tem que ser uma mulher de compromisso com a luta social, compromisso com o povo, que não criminalize os Movimentos Sociais, que não seja privatista e que saiba aliar desenvolvimento com justiça social e sustentabilidade. Tem que ser uma mulher de garra, pulso firme e que não se sinta superior a ninguém. E tem que ser uma mulher PTista. Acho que a Companheira Dilma é isso e muito mais e a nossa nação, sobretudo os mais carentes, terão muito orgulho de tê-la no comando do país. Por isso voto na Dilma.

12) SUAS CONSIDERAÇÕES:

Penso que para quem acredita em um mundo melhor – sem desigualdades, com justiça social, respeito entre os seres humanos e destes com a natureza, não há espaço social que não deva ser ocupado ou conquistado. Não só agora, não só essa hora, mas todos os momentos são de mobilização. Quem acredita nisso tudo deve se conscientizar que não basta sermos a maioria da população de um município, de um estado, de uma nação que quer ver mudanças positivas e profundas na sociedade. Temos que ser maioria organizada. Só a nossa organização na sociedade nos ajudará a acelerar as mudanças que queremos ver. A dinâmica social é uma “queda de braço” constante com diversos setores, e se não estivermos organizados, as mudanças poderão até acontecer, mas demorarão muito, ou não serão do jeito que queremos. O governo Lula está avançando bastante, o apoio popular está ótimo, mas precisamos nos organizar, ainda mais, para ampliarmos a melhoria da situação social brasileira.

Queria agradecer também o convite, me sinto muito honrado por participar desse importante espaço. E dizer que estou a disposição para o que precisarem. Abraços e vamos a Luta!

Saudações Mudancistas, Estudantis, PTistas e Socialistas!

Leno Miranda -
hilheno@yahoo.com.br
PT - Partido dos Trabalhadores - Movimento Mudança – Bahia

"Cresci sob um teto sossegado, meu sonho era pequenino sonho meu. Na ciência dos cuidados fui treinado. Agora, entre meu ser e o ser alheio a linha de fronteira se rompeu."(Waly Salomão - Câmara de Ecos)